Por Victor Amancio. Fotos de Allan Duffes e Magaiver Fernandes
Totalmente dentro do seu estilo, irreverente e crítica, a São Clemente fez um desfile belíssimo com alegorias empolgando quem assistia. O abre-alas da escola, em dourado, impressionou por sua estética. No quarto carro ‘malandro oficial’ o humorista e compositor do samba-enredo, Marcelo Adnet, veio fazendo críticas e referências diretas ao presidente Jair Bolsonaro e arrancou aplausos do público. O problema do desfile ficou por da comissão de frente que errou em dois dos três módulos de julgamento.
Comissão de Frente
O quesito coreografado por Júnior Scapin apresentou uma disputa pela imagem da santa pelas ruas de Ouro Preto. Disputando a imagem de Nossa Senhora os vigários das paróquias duelam. O tripé representando uma capela revela a má intenção de um dos vigários. Por fora a capela era bonita, com o visual da época e por dentro devastada e se completava com a imagem do vigário que depois de revelar seu lado mais ‘diabólico’.
No primeiro módulo a comissão apresentou problemas em controlar o tripé, que além de quase derrubar alguns bailarinos, os deixou sem espaço para apresentação. Num segundo momento o tripé quase colidiu com a grade imprensando os fotógrafos que estavam no espaço. No fim da apresentação a ‘santa’ escorregou e caiu.
No segundo módulo, ainda com problemas na direção, o tripé não parou em frente a cabine ficando um pouco à frente fazendo com que precisassem virar o carro na diagonal para os jurados assistissem. Somente no último módulo a comissão conseguiu acertar o problema e encerrou sem errar.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal vestiu a fantasia ‘a santa e o vigário’, compondo os personagens principais da primeira parte do enredo. Usando uma roupa belíssima com tons de vermelho e dourado a dupla dançou com sintonia. Giovana esbanjou graciosidade, sorrisos e leveza em seu bailado. Fabrício, por sua vez, cortejou muito bem sua porta-bandeira, mas acabou tendo dois problemas, o primeiro no segundo módulo quando deu uma escorregada por conta da pista molhada e no último, quando não pegou a bandeira.
Harmonia
O canto da escola oscilou no desfile. Com bons e outros regulares. Destaque para as alas 11 e a ala 25. O carro de som composto pelos cantores Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Grazzi Brasil fez um bom desfile, provando que estavam em sintonia.
Enredo
O primeiro setor abriu com o tempo histórico, a barroca Minas Gerais com suas igrejas. Foi o cenário onde surgiu a expressão que nomeia o enredo. Depois o carnavalesco passeou por diversos exemplos de golpes e vigarices. Fechando o desfile com a “moderna vigarice” com a evolução dos vigaristas que seguem aplicando golpes e enganando o povo. Jorge Silveira realizou um enredo crítico e irreverente, a cara da São Clemente. Desenvolvendo bem o quesito e permitindo uma leitura de fácil entendimento através das alas e alegorias.
Evolução
Pode-se notar alas evoluindo pouco e andando durante o desfile. Em relação ao andamento do desfile a escola passou bem e não teve problemas grandes, tirando pelo momento em que a bateria entrou no recuo e as duas alas seguintes, 16 e 17, correram para alcançar a outra ala, sem necessidade.
Samba-Enredo
O samba, que tem como um dos compositores o humorista Marcelo Adnet, é a cara da São Clemente e foi funcional para o desfile. Irreverente e cheio de referências atuais o samba contou o enredo de forma clara e casou com o que foi apresentado na avenida.
Fantasias
O conjunto de fantasias foi um acerto da São Clemente. Jorge retratou de forma clara e direta o enredo em todas fantasias. Quem assistia conseguia entender cada ala. Deve-se elogiar a forma como o carnavalesco trabalhou, carnavalizando e dando sua assinatura a figuras que já estão no imaginário do público, como a grávida de Taubaté na última ala.
Alegorias
O conjunto de Jorge Silveira impressionou quem assistia o desfile. O abre-alas, ‘A santa, o burro e os vigários” arrancou aplausos do público. Todas alegorias bem acabadas e contando bem o enredo, o carnavalesco provou mais uma vez seu talento e fez um desfile memorável para agremiação da Zona Sul.