Por Diogo Cesar Sampaio
O site CARNAVALESCO, em parceria com a Unidos do Viradouro, reuniu durante a tarde e noite de sábado, todas as 27 agremiações que compõem a Série A e o Grupo Especial do Rio de Janeiro para um Grito de Carnaval do Sambista, que entregou presentes da D´Samba e homenagem casais, mestres de baterias, cantores e compositores. O evento simbolizou um ato de resistência em meio a uma das mais graves crises enfrentadas pelo carnaval. O maior espetáculo da Terra vem sofrendo com a perda de patrocinadores da festa, constantes cortes de verba da prefeitura, além do afastamento do grande público em geral.
Sobre esse momento delicado, o presidente da Portela Luiz Carlos Magalhães, que esteve presente no evento, ressalta que a união é fundamental, e que não se pode buscar uma solução do dia para a noite. Para ele, é imprescindível lutar e fazer de tudo para continuar botando um carnaval na rua.
“Em qualquer momento é importante aproximar o sambista das agremiações, ainda mais nesse momento. As escolas de samba estão sobre uma pressão nunca vista antes. Falo das escolas da cidade do Rio de Janeiro principalmente. As escolas de samba de Niterói, de Nilópolis, de Caxias estão sobre pressão também, mas uma pressão menor, até porque os prefeitos respectivos consideram o carnaval uma festa importante, e as escolas de samba como instituições de importância. Coisa que não estamos vendo no Rio de Janeiro. Estamos lutando como nunca. As escolas estarem reunidas é muito bom, por uma questão de perspectiva. Nós não podemos mais ter ilusões que isso vai se resolver logo, no ano que vem ou no outro. Não se resolveu até agora, o carnaval está aí e vamos nos virar mesmo”, declarou.
Com uma bandeira de união em prol do samba, o evento além de forte adesão popular, contou com a presença de várias figuras importantes do mundo do samba, de todos os escalões. De presidentes a diretores, passando por artistas e segmentos.
O diretor de carnaval da Unidos da Tijuca, Laíla, foi homenageado como o principal sambista do carnaval. Milton Cunha foi ao palco e discursou para os sambistas, deixando casais, cantores, mestres de baterias e compositores emocionados com suas palavras.
Os casais do Especial participaram de uma bênção inter-religiosa, envolvendo um padre e um representante de religião de matriz africana. O padre João Cláudio também fez a bênção para os casais da Série A.
“Esse evento é uma confraternização que agrega muito ao povo do samba. A gente vem sendo injustiçado e massacrado por uma questão financeira e política. Um evento desses, para unir todas as escolas, é do samba e da cultura popular. O carnaval se mostra unido em meio a todo esse cenário político negativo”, disse Phelipe.
“A importância de um evento como esse é muito grande. Ele ajuda a não deixar realmente o samba morrer. O carnaval está passando por uma dificuldade enorme esse ano, mas temos de nos unir para fortalecer a nossa cultura que é o samba”, ponderou Tinga.
“É maravilhoso ver essa integração, essa união dos sambistas principalmente nesse momento tão difícil que o samba vem passando. É fundamental saber agregar valores, amor, paixão e o que a gente mais tem de especial, que é essa vontade de se expressar, de se ‘mostrar’. A iniciativa do site CARNAVALESCO, juntamente com o Marcelo e o Marcelinho é maravilhosa. Que venham outros encontros como esse”, desejou Emerson Dias.
Série A celebra o encontro
O evento teve a abertura para o público a partir das 13h do sábado. As escolas da Série A começaram o seu shows um pouco antes das 17h, tendo a Acadêmicos de Santa Cruz recebido a missão de abrir a maratona. Logo em seguida, vieram às apresentações das agremiações do Grupo Especial, que só foram terminar já no início da madrugada de domingo, com a Viradouro. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o intérprete oficial da Estácio de Sá, Serginho do Porto, celebrou esse encontro dos grupos.
“O site CARNAVALESCO teve uma iniciativa muito boa em estar reunindo a Série A e o Grupo Especial nessa tarde e noite na quadra da Viradouro. Esse evento é muito pertinente para que a gente mantenha acesa a chama do carnaval. O carnaval não pode morrer, e nós sambistas temos o dever de deixar essa semente cada vez mais crescer, para que no futuro, com melhores administrações, faça nosso carnaval prosperar muito mais”, falou o cantor.
Grande anfitriã, a Unidos do Viradouro contou com time completo na quadra. Em suas duas apresentações, a escola empolgou e contagiou os presentes com seus segmentos, sambas antigos e a obra desse ano. O intérprete da vermelha e branca de Niterói, Zé Paulo Sierra, e o mestre Ciça, de volta depois de nove carnavais, falaram da experiência de receber as escolas co-irmãs em um evento como o Grito de Carnaval, e o que difere ele de outros eventos do calendário do samba.
“No momento que o carnaval carioca vive, essa festa é mais do que importante para provar o quanto o sambista está unido, o quanto o sambista quer mostrar o seu valor, o quanto o ele tem espaço na cultura popular brasileira e o quanto o carnaval é importante para a cultura do país. Só tenho a parabenizar a Viradouro, a todas as co-irmãs que participaram e ao site CARNAVALESCO por estarem imbuídos no propósito de trazerem o carnaval para o seu devido lugar, que é um lugar de destaque”, afirmou Zé Paulo.
“Esse evento é muito bacana, pois reuniu e foi feito para o verdadeiro sambista. A diferença de uma festa como essa para o lançamento do CD oficial na Cidade do Samba é que aqui o sambista está presente. Deveria haver mais eventos como esse, não só perto do carnaval, mas o ano todo”, concluiu Ciça.