Após algumas semanas afastado dos ensaios de rua, o Salgueiro voltou com tudo para a Maxwell na noite da última quinta-feira. Embalada pelo canto forte e empolgante da dupla Emerson Dias e Quinho, a Academia do Samba deu show para os espectadores presentes. A bateria Furiosa, de Guilherme e Gustavo, também ditou o ritmo de mais um ensaio de sucesso da escola neste pré-carnaval.
Como de costume, o chão do Salgueiro representou mais uma vez e a comunidade não economizou no grito para exaltar o samba que traz a mensagem de ‘Resistência’. Os versos ‘Torrão Amado, o lugar onde eu nasci’, ‘Sabiá me ensinou, sou diferente’, e o refrão ‘Salgueiro, Salgueiro’, eram as partes mais cantadas pelos componentes. Quinho falou sobre a força do samba e da comunidade.
“A comunidade emana uma energia forte demais desde a fundação, no canto, no ritmo e na dança. O samba do Salgueiro é sempre escolhido para a comunidade e o carro de som se integra a isso. É um refrão de fácil assimilação, de excelente leitura, que a escola abraçou, e agora vamos em busca do título. O ensaio técnico vai ser uma pequena prévia. Vai ser a oportunidade de acertar algumas arestas. Todas as escolas começam com 10 e vão perdendo, e a intenção é minimizar os erros. O nosso carro de som não tem vaidade, é um conjunto de canto que tem que estar alinhado, é o que estamos fazendo”, disse Quinho.
“O samba do Salgueiro, pra surpresa de muitos é o que mais acontece no Carnaval, mesmo muita gente torcendo contra. Onde vamos cantar, o samba é ouvido, pela comunidade nem se fala. Na Sapucaí eu quero primeiro matar a saudade, a expectativa é total. O Salgueiro está muito animado e com muita vontade. A escola está preparada e com sangue nos olhos para mostrar nosso potencial. Nós somos amigos, eu Gustavo, Guilherme e Quinho, e isso facilita muita coisa. Um participa do grupo do outro no WhatsApp. Nos falamos todos os dias, a gente conversa às vezes ‘ah, é melhor o andamento x, o andamento y, essa bossa poderia mexer aqui, ali’. As coisas são construídas dessa forma com a gente, e isso ajuda muito”, comentou Emerson Dias.
Organizado, o Salgueiro evoluiu bem pela Maxwell e sem perder o pique na voz até o fim, com destaque para as alas ‘Negões do Salgueiro’ e ‘Loucura Salgueirense’. Quem também brilhou foi a ala Maculelê, comandada por Carlinhos do Salgueiro, que fez grande espetáculo de dança com passos famosos do ‘TikTok’. Diretor de harmonia, Jô Casimiro comemorou mais um ensaio de rua.
“Estávamos morrendo de saudade de ensaiar aqui. Tinha essa emoção contida no peito do salgueirense. É claro que falando tecnicamente, não são as condições que a gente precisa para a Avenida. Mas sabemos usar isso com o canto e com força da nossa comunidade. Estamos aprimorando cada vez mais, mas se o desfile fosse há uma semana, já estaríamos prontos. Agora é mais samba, alegria e carnaval. Temos que trabalhar porque a disputa é árdua, porque tem muita gente com o mesmo objetivo que o nosso, que é campeonato”, analisou Jô.
Nota máxima nos últimos cinco carnavais, Marcella Alves e Sidclei vieram como último casal, riscaram o chão da Rua Maxwell e chamaram atenção dos espectadores com uma linda dança e excelente sincronia. Quem fechou o ensaio de forma impecável foi a Furiosa dos irmãos salgueirenses. Com bossas criativas, contagiantes e com algumas coreografias, a bateria brilhou mais uma vez. Guilherme falou sobre o trabalho com os ritmistas e analisou a utilização do metrênomo pelos julgadores.
“O trabalho está sendo feito desde agosto e estamos gostando muito. Lógico, sempre tem alguma coisa para melhorar. Tem dias que são dias, outros que a energia da galera não é a mesma e a nossa também. Mas o trabalho está pronto, agora é só acertar alguns pontos”. Estamos esperando bastante para o ensaio técnico, principalmente por todo mundo tocar junto. O importante de ensaiar lá é pegar as medidas do desfile, com seis fileiras de cada lado. Aqui na Maxwell não é nem metade da Avenida, então não dá pra usar a bateria toda. Aqui tem árvore, gente no meio, a rua afina no recuo, ou seja são vários problemas que lá na Sapucaí não vamos ter. A expectativa é boa”, disse Guilherme, que concluiu:
“Eu já usava metrônomo há algum tempo, desde quando era diretor, para entender o andamento da bateria. Agora, o jurado usar o metrônomo, eu não sei qual motivo disso, mas acho que vai somar. Mas se for um processo comparativo, eu acho errado, porque cada bateria tem seu andamento. Não existe padrão, porque se existisse seriam todas iguais. Vamos ver”, encerrou o mestre do Salgueiro.