InícioGrupo EspecialSalgueiro traz o histórico massacre Yanomami para a Sapucaí

Salgueiro traz o histórico massacre Yanomami para a Sapucaí

Foi uma barbárie que resultou na morte de 16 indígenas, homens, mulheres e crianças

Apesar do enredo “Hutukara” do Salgueiro ter sido elaborado por conta dos recentes males do garimpo na terra dos Yanomamis e pelo descaso do poder público com esse povo. Não é de hoje que o garimpo fere esse povo originário. A ala 16, chamada “Massacre de Haximu” representa um fato histórico muito triste ocorrido com esses indígenas há mais de 30 anos.

Foi no ano de 1993 que aconteceu uma chacina encomendada por um garimpeiro com um bilhete: “Faça bom proveito desses otários”, foi uma barbárie que resultou na morte de 16 indígenas, homens, mulheres e crianças que habitavam a região montanhosa da Terra Yanomami, conhecida como Haximu, em Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela.

O acontecimento brutal ganhou notoriedade na mídia, dos 24 garimpeiros apontados, apenas cinco foram identificados plenamente e condenados.

Para a professora Tatiana Fagundes, contar sobre o massacre indígena no carnaval é trazer um debate sério em um dos maiores palcos do mundo, e ajuda a ampliar a compreensão do tema.

“Esse ano nós estamos desfilando com o tema Hutukara, que vai trazer um pouco da história dos Yanomamis. E a minha ala, que é a 16, vai trazer a representação do Massacre de Haximu, que foi quando a gente teve um pouco mais de noção, mas ainda muito vaga, em relação daquilo que acontece com os Yanomamis no nosso país. A escola traz essa perspectiva ampliada desse debate em relação aos Yanomami de uma maneira muito profunda e é isso que a gente vai mostrar na avenida. O carnaval amplia a possibilidade da gente compreender aquilo que está acontecendo no nosso país. Então existe um processo de carnavalização mesmo de toda essa discussão que tem, de fato, com um fundo político, mas também com a alegria de estar aqui. Uma coisa não exclui a outra e essa que é a grande questão para nós. É importante que esses temas apareçam porque fazem parte da história do nosso país, tanto as culturas indígenas na sua ruralidade, quanto as culturas de matrizes africanas, tudo aquilo que nos forma enquanto povo, sobretudo a população negra e a população indígena. Que são as maiorias minorizadas no nosso espaço, na nossa cidade, enfim, no nosso país”, disse a professora Tatiana Fagundes, de 39 anos.

Até hoje, o massacre de Hamixu é o primeiro e único caso de julgamento por genocídio indígena no Brasil. Diante da sensibilidade do tema, o figurino da ala caracteriza a morte dos indígenas apenas pelo símbolo da caveira e o bilhete sujo de sangue na gola da roupa.

Sendo uma fantasia volumosa, com uma caveira em cada ombro e uma no topo da cabeça, simbolizando a morte, os componentes tinham um bilhete ensanguentado no peito. As cores fortes e maquiagem marcante deixam nítido que a fantasia é sobre algo triste.

“A nossa fantasia é maravilhosa. Achei que podia ter mais cor, mas está de acordo com o tema que a gente vai retratar, que foi uma chacina de indígenas que ocorreu a muitos anos atrás. Então conforme o tema é uma fantasia mais sombria, com caveiras, com cores escuras, totalmente de acordo com o significado. Não nego que eu esperava uma coisa mais alegre, falando das festas indígenas, já que a grande maioria da escola vem colorida. Mas ficou para gente a parte ruim. Alguém tem que contar, mas é importante também”, contou a biomédica, Nicole Santos de 28 anos.

Samara Silva, técnica em radiologia, elogiou a maneira pela qual a fantasia foi feita.

“Apesar do significado triste, mas necessário, a fantasia é maravilhosa, boa para a evolução e espero trazer o título do Salgueiro, que traz para o carnaval história de um povo originário tão sofrido e importante para o nosso país.”

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