Há 23 anos no carnaval carioca, Marcelo Misailidis se consolidou como um dos grandes nomes da comissão de frente. Desde 1999, quando começou na Unidos da Tijuca, com passagens por Salgueiro e Vila Isabel, até os dias de hoje na Beija Flor de Nilópolis, o artista coleciona prêmios e boas notas. Em entrevista dada ao Site CARNAVALESCO, o coreógrafo, que vai para seu oitavo carnaval pela escola da Baixada Fluminense, destaca a importância e relevância de tratar de um tema tão importante, com o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“É uma oportunidade de dar voz a uma questão tão relevante, tão importante, nos dia de hoje, é um processo que acho que nós temos que combater diariamente, não pode ser uma coisa só do carnaval, porque é uma situação que se a gente não lembrar a todo momento, sempre acaba acontecendo uma injustiça envolvendo essa questão da consciência da questão do povo preto”, destacou o artista.

Branco, de origem uruguaia, Missailidis afirma contar com pessoas negras em sua equipe, com “lugar de fala” dentro do enredo Beija-Flor. Além disso, o coreógrafo ressalta a colaboração de Rui Moreira no desenvolvimento do projeto para o carnaval de 2022, que é negro, bailarino, coreógrafo e investigador de culturas, com passagens por diversas companhias de dança brasileiras.

“Toda a minha equipe é basicamente formada por negros e também teve a participação do Rui Moreira, que é um dos maiores pesquisadores nessa área”.

Na primeira passagem de Alexandre Louzada por terras nilopolitanas, o coreógrafo não era o responsável pela comissão de frente da escola. Desde o retorno do carnavalesco à Beija-Flor, em 2020, os dois formam parceira na troca de ideia, que, no último carnaval, resultou em quatro notas 10 e um 9.9, descartado. Apesar de afirmar não ter contato diário com o carnavalesco, Misailidis afirma possuir boa relação com o mesmo, com quem tem um “trabalho em paralelo”.

“É muito boa(a relação com o carnavalesco Alexandre Louzada), são questões que a gente trabalha em paralelo, não há necessidade de uma troca diária, a questão maior é no início, quando a gente traça as metas. A partir dali, a gente encontra os projetos na avenida”.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Como mostrado no ensaio técnico, a comissão de frente da Beija-Flor não contará com a presença de mulheres, em 2022. “Não tem mulheres”, afirmou Misailidis, sem relevar o número exato de integrantes. No teste na Sapucaí, os integrantes da comissão, 15 homens negros, com corpos pintados com tinta dourada, realizaram uma coreografia muito plástica e expressiva, com movimentos corporais fortes.

Marcelo Misailidis preferiu não adiantar muitos detalhes do trabalho da comissão para o carnaval. “A questão da comissão é surpresa”, disse. Contudo, o coreógrafo deu pistas de que usará o elemento cenográfico, em sua apresentação. “Provavelmente, sim(Usar o elemento cenográfico). Para o que eu vou fazer, acho ele importante”.

Por fim, ao tratar de assuntos específicos do quesito, o coreógrafo destacou a mudança pela qual as comissões de frentes passaram no carnaval carioca. Sobretudo a partir de 2010, quando a Unidos da Tijuca levou o campeonato, com o enredo “Segredo” e a comissão das “trocas de roupa”, de Priscilla Motta e Rodrigo Negri, as comissões de frente se tornaram um show à parte nos desfiles das escolas de samba.

“Apresentar a escola é um elemento de obrigatoriedade, mas a comissão de frente, há décadas, já mudou a sua configuração e é um espetáculo, um grande espetáculo. Então, ela tem que, sobretudo, introduzir o enredo”, concluiu.

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