Para quem ama carnaval e as escolas de samba não há como negar a ambiguidade de sentimentos vividos nesse ano de 2021. Se por um lado foi reconfortante ver sambistas aos poucos sendo imunizados contra a Covid-19, por outro lado foi doloroso receber a confirmação de que não haveria carnaval nesse ano. Foi a primeira vez, desde a criação do desfile das escolas de samba em 1932, que não houve carnaval. Nem durante a segunda guerra mundial a maior celebração da cultura popular brasileira deixou de acontecer.
Seguindo a tradição dos finais de ano, o site CARNAVALESCO dá sequência à série de reportagens com a retrospectiva do ano de 2021. Na última reportagem da série é hora de relembrarmos os meses de outubro, novembro e dezembro. O programa ‘Seleção do Samba’ foi ao ar na TV Globo, os ensaios das escolas foram retomados e a venda de ingressos de arquibancada bateu recorde.
Outubro: Está no ar o ‘Seleção do Samba’
Com todos os sambas escolhidos pelas 12 escolas do Grupo Especial, os sambistas finalmente puderam matar a curiosidade e acompanhar o programa ‘Seleção do Samba‘, que mostrou as escolhas dos hinos em um estúdio construído na Cidade do Samba. Luiz Roberto foi o apresentador e Milton Cunha e Teresa Cristina os comentaristas. Apesar do horário escolhido para a exibição a audiência obteve um acréscimo significativo.
Com o carnaval praticamente confirmado, a roda do samba voltava a girar na expectativa pelos desfiles em fevereiro de 2022. A Liesa bateu recorde nas vendas de arquibancadas para as apresentações do Grupo Especial. A Série Ouro concluiu a produção do álbum das agremiações do acesso. A Unidos da Tijuca promoveu a cantora Wic Tavares, filha de Wantuir, a intérprete oficial da escola ao lado do pai.
Em outubro alguns jovens sambistas perderam a vida em trágicos acidentes de trânsito. O passista Jhonata Henrique, da Nenê de Vila Matilde, morreu após um acidente de moto. A passista da Beija-Flor, Kianne dos Santos, também nos deixou após um atropelamento. Além deles o compositor da Portela, Beto Fininho, faleceu em outubro.
Novembro: Regulamento para 2022 é o mesmo de 2020
Quem acompanhou esta série de reportagens com atenção pode atestar que não foram poucas as vezes em que o poder público acenou positivamente para a realização do carnaval, em caso de taxa de imunização elevada no Rio de Janeiro. Em novembro Eduardo Paes voltou a garantir a realização da festa e chegou até a participar da reabertura da quadra da Mangueira.
Com a situação praticamente definida, as escolas através de seus dirigentes aprovaram o regulamento para o Grupo Especial em 2022, com os mesmos critérios de 2020, ano do último desfile. Durante o ano surgiram possibilidades de mudanças, como fechar os envelopes no domingo de carnaval e abolir o descarte de notas. Mas ambas as possibilidades foram rejeitadas em plenária.
O julgador Eri Galvão, um dos mais antigos da Liesa, e que era responsável pelo quesito samba-enredo, foi uma sentida perda para o mundo do samba no mês de novembro.
Dezembro: A saudade de Monarco da Portela
O ano de 2021 chegará ao fim trazendo um paradoxo de sensações. Se por um lado a esperança de uma vida melhor com a vacina e o controle da pandemia, que permitirão a realização do carnaval, por outro, em dezembro demos a notícia que ninguém gostaria: o mestre Monarco, presidente de honra da Portela, nos deixou aos 88 anos de idade. O jornalista Robson Aldir, imperiano e amante das escolas de samba, faleceu no mesmo dia do mestre. E o integrante da comissão de carnaval da Beija-Flor, Léo Mídia, foi brutalmente assassinado.
Mas nem só de tristeza viveu o sambista no último mês do ano. A Liga SP e a Liga RJ brindaram os sambistas no final de semana do Dia Nacional do Samba com eventos grandiosos em São Paulo e no Rio de Janeiro para divulgar o lançamentos de seus CDs para o Carnaval 2022. O site CARNAVALESCO premiou na quadra do Salgueiro os destaques do ano de 2021. E o prefeito Eduardo Paes confirmou mais uma vez em suas redes sociais a realização dos desfiles na Marquês de Sapucaí em 2022.
