Viradouro e Águia fazem história nos desfiles de Rio e São Paulo
No segundo capítulo da Retrospectiva 2020 vamos abordar os meses de fevereiro e março. O mês dos desfiles chegou com muita expectativa para todos os sambistas. A folia entretanto só ocorreria a partir do dia 23 de fevereiro. No início do mês o ex-presidente da Portela, Carlinhos Maracanã morreu e recebeu muitas homenagens do mundo do samba. Faltando poucos dias para os desfiles uma nova indefinição angustiava as escolas e a Liesa: o Sambódromo ainda não estava liberado pelos Bombeiros. A autorização só foi concedida na bacia das almas.
No Rio de Janeiro a Viradouro fez história. A vermelha e branca de Niterói foi a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval e rompeu dois tabus de uma vez: foi a escola campeã a desfilar mais cedo na história e venceu desfilando domingo depois de dez anos. O desfile impressionou pela grandiosidade e bom gosto e garantiu à escola o segundo campeonato de sua história. Em uma apuração emocionante a Grande Rio ficou com o vice-campeonato depois de empatar com a Viradouro e perder no desempate. A Mocidade tirou o 3º lugar com uma emocionante homenagem a Elza Soares. Beija-Flor, Salgueiro e Mangueira completaram as campeãs. A Portela não conseguiu voltar pela primeira vez, desde 2013. União da Ilha e Estácio de Sá foram rebaixadas.
Na Série A, a Imperatriz fez um desfile sem nenhum defeito e garantiu o acesso com 10 em todos os quesitos. A Lins Imperial e a Em Cima da Hora regressaram ao Sambódromo.
Se a história foi escrita no Rio de Janeiro, em São Paulo não foi diferente. Depois de muitas vezes ficar no quase, finalmente a Águia de Ouro levantou o caneco pela primeira vez na história, com um desfile sobre a educação. Mancha Verde, Mocidade Alegre, Tatuapé e Vila Maria completaram as campeãs. Estreando em São Paulo, Paulo Barros não conseguiu nem uma vaga nas Campeãs pela Gaviões da Fiel, o que causou revolta em muitos sambistas. X-9 Paulistana e Pérola Negra foram rebaixadas. Vai-Vai e Tucuruvi regressaram ao Grupo Especial.
Março – Em meio à dança das cadeiras, Covid-19 abala as escolas de samba
Como acontece todo ano após os desfiles foi frenética a chamada dança das cadeiras, como os sambistas chamam a troca de profissionais entre as escolas. Com exceção da campeã Viradouro, muitas escolas realizaram trocas visando o desfile de 2021. As principais mudanças, escolhidas pelos leitores do site CARNAVALESCO, foram as contratações de Paulo Barros pelo Tuiuti e de Rosa Magalhães pela Imperatriz. O que ninguém sabia é o que estava por vir.
Foi no dia 15 de março que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou o mundo perplexo ao decretar a pandemia de Covid-19. Reação em cadeia em todo mundo, não foi diferente no mundo do samba. A primeira decisão causada pela decretação da pandemia foi o cancelamento do evento de apresentação da equipe da União da Ilha para 2021. Em seguida, Portela e Mangueira cancelaram também todas as suas atividades. A Lierj também recomendou total paralisação e o Sambódromo passou a servir de abrigo para moradores de rua. A primeira morte por Covid que teve relação com o mundo do samba foi a da atriz Érika Ferreira.