A Mocidade Unida da Mooca é uma agremiação que vem trilhando um forte caminho em busca da primeira vez no Grupo Especial. Mas desde 2019, quando chegou no Grupo de Acesso I, vem batendo na trave, na estreia no 5ª lugar, mas depois três anos no 4ª lugar e sempre bem próximo da agremiação que subiu. O presidente da MUM, como é conhecida carinhosamente a agremiação da Mooca, Zona Leste de São Paulo, Rafael Falanga conversou com o site CARNAVALESCO e relatou sobre como funciona a escola que era presidida por seu pai Roberto Falanga até 2012.
“É uma construção na verdade, a MUM chega no Grupo de Acesso I, uma escola mais jovem de acesso, no ano passado por exemplo nós tínhamos um grupo com títulos que o Grupo Especial, na somatória, então a MUM é uma construção. Acreditamos muito no processo, esse que nos trouxe até o acesso e é o que vai nos levar até o Especial. É isso, continuidade, é trabalho, a comunidade precisa continuar acreditando e vamos chegar”.
Um dos pontos que orgulha muito a MUM nos últimos carnavais é na construção de seus enredos sempre com resgates importantes da história, como o presidente Rafael Falanga citou em conversa conosco ‘trazer histórias apagadas que dialoguem com a sociedade’, e explicou todo esse contexto construído pela agremiação da Mooca.
“Muito curioso que desde o enredo do Xangô, fizemos os três santos Reis na verdade que era ‘A Santíssima Trindade de Oyó’ que falava sobre sincretismo religioso em uma época que ninguém falava sobre intolerância religiosa. Nós trouxemos esse enredo, no ano seguinte trouxemos o ‘Manto Sagrado’ trazendo a história dos sambas de São Paulo através dos pavilhões, paninho, história de seu Fernando Penteado. Depois viemos com ‘Aruanda’, outro enredo de extrema importância para o momento, que se falava de religião, aceitação, das religiões de matrizes africanas, de racismo. Trouxemos Abdias do Nascimento, uma história apagada, um dos grandes negros deste país, intelectual, foi senador, enfim. A ideia da MUM é trazer histórias apagadas que dialoguem com a sociedade e que tragam de fato a importância da representatividade dos personagens que abordamos. Buscamos resgatar isso, as histórias apagadas, os enredos e homenageados que merecem de fato estarem em uma posição de um carnaval, sendo homenageados. Tenho falado muito sobre isso internamente, fazer um enredo de homenagem, seja ele cultural, de forma rasa, já fizemos muito e já vimos muito”.
Completando sobre o momento que vive a vermelho, branco e verde, Falanga disse: “Então é momento de construir algo mais profundo e a MUM vem nesta vertente, acredito que vem acertando, agora trazendo, depois de um grande enredo de Chaguinhas, um enredo de uma história apagada também, de um negro paulistano, trazendo agora a professora Helena Theodoro, uma das maiores intelectuais pretas deste país. É uma construção de DNA, de identidade, de uma escola que busca uma afirmação, de dentro para fora, e estamos muito felizes”.
Para 2024, a MUM renovou boa parte da sua equipe, teve uma troca na porta-bandeira, Graci Araújo deixou a escola, e Paulinha Penteado, nome forte carnaval paulista, que esteve no Vai-Vai em 2022, retornará para o Anhembi na escola. O presidente Falanga comentou que ainda terão novidades.
“O Gui e o Clayton se completam, é o arroz e o feijão, uma coisa muito especial. O Clayton com toda qualidade musical dele, o Gui com todo astral, clima, e com todo talento que ele tem, nas composições, ele é um dos grandes responsáveis por esses últimos anos, da discografia da MUM. E a Paulinha vem para somar, uma grande porta-bandeira, talvez uma das maiores porta-bandeiras do carnaval de São Paulo, grande história, vem para agregar muito nesse time da MUM, e ainda tem muita coisa para chegar. Ainda embora tenha lançado o samba um pouco antes do que o costumeiro, foi também por uma questão de estratégia, vamos aumentar um pouquinho a escola, então vamos começar mais cedo a trabalhar. Ainda tem bastante coisa para acontecer, bastante gente para chegar e várias novidades”.
Com o enredo “Oyá Helena”, a Mocidade Unida da Mooca será novamente a última agremiação a desfilar no Sambódromo do Anhembi, ou seja, fecha o carnaval de São Paulo no domingo, dia 11 de fevereiro.