A sede da Liga-SP recebe durante essa semana o ‘Congresso do Samba’. É um projeto que irá durar quatro dias e, nele, diversas pessoas irão participar, sendo cada dia um assunto de relevância diferente. É uma iniciativa realizada pela instituição Zumbi dos Palmares com apoio da Uesp, Liga-SP, Fenasamba e Unisamba. O pontapé inicial foi dado com o tema: “Mulheres e o carnaval: O matriarcado e o papel feminino da organização do carnaval paulistano”. As participantes presentes para a palestra foram: Edleia dos Santos, Lyllian Mendonça, Rosemeire Marcondes e Solange Cruz, sendo ministradas por Maitê Freitas.
Vale ressaltar que a presidente Angelina Basílio, da Rosas de Ouro, fez uma pequena participação falando da história de seu pai com a agremiação da Brasilândia, também exaltando sambistas da comunidade Azul e Rosa que lá estavam presentes acompanhando.
Uma curiosidade é que todas as personalidades da mesa enalteceram a importância dos desfiles que eram realizados na Av. Tiradentes e São João, antes da migração para o sambódromo do Anhembi.
Rosemeire Marcondes
Primeira a falar, Rose, como é conhecida, é neta da icônica Madrinha Eunice. Tal figura feminina dispensa apresentações. Fundadora da Lavapés e primeira mulher a presidir uma escola de samba no Brasil.
Rose contou um pouco sobre a história da sua avó e falou do orgulho que tem dela. De acordo com ela, o legado sempre precisa ser passado para frente. Pediu aos sambistas presentes para visitarem a estátua de sua avó, que fica no bairro da Liberdade e que à pouco tempo foi totalmente violada moralmente em um evento. Rosemeire também enfatizou que Liberdade é um bairro negro e essas raizes jamais devem ser esquecidas.
Edleia dos Santos
Segunda a palestrar, Edleia teve uma fala mais curta que as demais. A senhora, que presidiu a Uesp (entidade que cuida de divisões inferiores das escolas de samba paulistanas) por dois mandatos, falou da importância que é presidir uma entidade e se auto avaliou como uma boa gestora. Também elogiou a parceria entre Uesp e Liga que está sendo realizada neste evento.
Solange Cruz
Terceira a fazer participação, presidente da Mocidade Alegre e figura conhecida no carnaval brasileiro, Solange Cruz, realizou grande discurso falando sobre a sua história dentro da Morada até virar a grande gestora reconhecida nos dias de hoje, ganhando o apelido de ‘leoa’, por tamanha sabedoria e liderança dentro de uma agremiação.
Falou brevemente da história de sua escola, dos fundadores, que são sua família e, principalmente, do nascimento da Mocidade, com raízes no Rio de Janeiro.
A mandatária explicou as dificuldades que sofreu no início, a resistência que sofreu quando virou presidente, as dívidas que teve de pagar quando assumiu a escola e os títulos vencidos. Segundo ela, no primeiro campeonato, o cansaço era tanto que nem compareceu na apuração pois estava dormindo. Só acordou com a Mocidade Alegre liderando a tabela.
Também contou como trabalha com algumas questões dentro da comunidade, componentes que às vezes é complicado de lidar, entre outras coisas.
Outra ponderação importante foi uma reflexão é de como uma escola deve fazer para se reinventar, pois muitas pessoas querem liberdade no carnaval, saindo em blocos ou comprando abadás, e não querendo receber cobranças para executar bons desfiles.
Terminou seu discurso dizendo: “Você pode trocar sua camisa, mas o seu coração sempre será o mesmo”.
Lillyan Mendonça
Última a se apresentar, Lillyan falou da importância que as demais mulheres que lá estavam significava para a vida dela, enalteceu os terreiros valorizados nas escolas de samba e a negritude nas escolas de samba, especialmente quando se trata das mulheres.