Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Terceira escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, a Dragões da Real mostrou o porque se preparou no mais alto nível para o Carnaval 2024. Alegorias luxuosas deram o tom do desfile, além de uma harmonia muito bem entrosada com o carro de som. A comissão de frente de Ricardo Negreiros foi bem vista, tendo uma coreografia complexa. Vale destacar a abertura forte nas arquibancadas. A equipe de apoio da Dragões da Real distribuiu bandeirinhas do enredo por todas as arquibancadas e fez a alegria do público, que mostrou alegria na arrancada do samba. A agremiação fechou os portões com 1h de desfile, cravados. A Dragões da Real levou o enredo “África – Uma constelação de Reis e Rainhas”, assinado pelo carnavalesco Jorge Freitas. Erramos: antes citamos que um drone poderia prejudicar a escola por ter batido em uma alegoria, porém, recebemos a informação que o objeto não era da agremiação e que a Liga-SP atuou imediatamente retirando e recolhendo o drone, que era de um popular, ou seja, o ocorrido não tem relação nenhuma com o desfile.

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Comissão de frente

Comandada pelo coreógrafo Ricardo Negreiros, a comissão de frente fez uma apresentação grandiosa na avenida. Vários atores entraram em cena, tendo inúmeros papéis dentro da encenação, como a entidade Exú para abris os caminhos. Havia criança sendo coroada, personagem representando um senhor que parecia uma espécie de ancião. Havia uma espécie de misticismo com realidade dentro da comissão de frente, que abriu muito bem o desfile, fazendo várias encenações na passagem do samba e, sobretudo, explicando o que é a África.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rubens de Castro e Janny Moreno, representou a “alma africana”, com uma fantasia toda requintada nas cores escuras em preto e marrom.

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A dupla executou uma grande apresentação, deu belos giros e, apesar da bela e alta vestimenta com costeiros, se sentiram leves. Rubens e Janny ‘brincaram’ na pista, fazendo danças afros e mostrando o porquê a experiência está valendo a pena. Sem dúvidas um dos destaques da comunidade da Vila Anastácio.

Enredo

A Dragões quis mostrar uma África diferente. A religiosidade existiu, mas se viu no desfile o predomínio de um contexto histórico abordando um continente alegre e rico de histórias. Como diz o refrão do meio de seu samba-enredo, realmente uma África que “a história nunca quis contar”. Para isso, a Dragões levou a entidade ‘Exú’, que tem outro nome no continente, mas foi para mostrar que estava abrindo os caminhos da escola, como cita o samba, além de carros de savana e luxo.

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Alegorias

Dragões da Real optou por levar algo totalmente monocromático e luxuoso. Uma característica notável é que nas quatro alegorias predominava uma cor só. Realmente a ideia do carnavalesco Jorge Freitas era colocar algo monocromático, como citado. A ideia dos carros alegóricos foi bem observado e explicou o enredo de forma notória.

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O abre-alas, intitulado como “Tributo à Savana”, como diz o nome, representou na pista a savana africana, com animais como leões, girafas e rinoceronte. Um primor de acabamento e iluminação, todo em laranja. Havia um efeito de engrenagem que girava e causava um efeito de ilusão nas laterais do carro. Grande abertura para embalar o desfile.

A segunda alegoria foi chamada “Poder além da sedução”, tendo como nome uma frase inspirada no samba-enredo da escola, que se localiza na segunda parte. O carro teve como objetivo retratar o Egito e sua mitologia, tendo como escultura principal a rainha Cleópatra. Iluminação toda em roxa e acabamento altamente satisfatório.

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O terceiro carro simbolizou o “Reino Matamba” – Havia duas esculturas de mulheres negras. Tais rostos esculpidos eram bastante realistas. Era o carro com mais cara de África em forma de carnaval, pois também tinha bastante palha.

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Por fim, encerrando o quesito, a última alegoria assim como a segunda, tem como o título inspirado no samba-enredo – “O luxo visita a sabedoria”. Um carro iluminado todo em vermelho que deu um belo contraste na pista para encerrar com as cores da escola.

Fantasias

As fantasias em seus costeiros e adereços de cabeça tinha um requinte especial, com matérias padrão Jorge Feitas. Todas bastante organizadas. Apesar de todo essa grandeza, as vestimentas dos componentes não impossibilitaram de que a escola cantasse e dançasse com força, como aconteceu nos dois ensaios técnicos que a agremiação realizou.

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Harmonia

O canto da escola confirmou a força e novamente mostrou um desempenho para lá de satisfatório no desfile. A Dragões da Real tem esse quesito muito bem trabalhado ao longo dos anos e desta vez não foi diferente. Fez valer o desempenho do quesito realizado no ensaio técnico e o levou para o desfile oficial. O refrão de cabeça e os últimos versos explodiam a arquibancada. “Coragem, resistência, comunidade…africanidade!”.

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Samba-enredo

Interpretado por Renê Sobral, o samba-enredo da Dragões da Real teve um desempenho satisfatório. Dá para analisar que até bastante gente no Anhembi pegou a letra logo de cara. Foliões dos camarotes cantavam trechos a todo instante.

Sobre o carro de som, Renê colocou a comunidade para cima. Fez questão de esperar a sirene tocar para começar a cantar a trilha-sonora, com o intuito de levantar não só o povo, mas também a arquibancada.

Evolução

Foi outro ponto destaque da escola. Apenas há de se observar que houve uma parada no último módulo de alegoria quando a comissão de frente estava por lá. Não se sabe se foi estratégico, para apresentação ou erro, mas houve essa pequena lentidão quando o primeiro setor se aproximava do último módulo. Entretanto, a Dragões, assim como na harmonia, sempre foi um exemplo de evolução. Tudo bastante compacto, harmonias entrosados e nenhum risco de buracos e espaçamento entre fileiras. Realmente é uma escola totalmente ensaiada.

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Outros destaques

A bateria “Ritmo que Incendeia”, comandada por mestre Klemen, levantou a arquibancada quando soltava as suas bossas. Não jogou toda hora, foi um tanto estratégico no recuo, mas nas arquibancadas claramente quis provocar a adrenalina nos componentes.

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Ala das baianas foram logo atrás do casal vestidas de “Matriarcas Sarcedotisas”, desfilou com uma fantasia elegante, com a cor predominante marrom e tons de bege no saiote. As mães do samba acompanharam a escola e cantaram o samba com força.

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Karine Grum, rainha de bateria, desfilou representando as “Riquezas do rei Mansa Musa”. A princesa Yohana Obyara foi para a pista simbolizando “O luxo da peregrinação ao oriente” e Kelly de Paula, musa da bateria, “Genorasidade e o cerne da riqueza”.