Hoje, não é artigo. Vou soltar alguns pitacos sobre a primeira versão ao vivo das seis primeiras colocadas do Especial no Carnaval 2023. Podem concordar ou discordar. Estou encantado com o conteúdo. Vamos ao que penso.
– Ponto principal: Como é bom ouvir samba-enredo ao vivo. Não cabe mais gravação em estúdio para o álbum do carnaval;
– Impressiona como perdemos mais de 20 anos sem o produto dos sambas-enredo ao vivo;
– Aliás, ainda nesse contexto de tempo perdido cabe tanta coisa no carnaval das escolas de samba que não fazemos. Ainda torço por uma agenda anual de eventos. Um mês de férias e depois atividades mensais nas escolas e ligas. Aqui, eu não estou citando feijoadas, cozidos, “convidas” e etc. Mantém, mas é preciso pensar em mais atividades;
– A Liga pode fazer um álbum ao vivo com cada escola escolhendo sua obra antiga/inesquecível. Essa gravação pode acontecer em dois ou três fins de semana em julho, na Cidade do Samba. Pronto, a forma está aí de ocupar o local e ainda utilizar o mês que é de férias;
Ver essa foto no Instagram
– EP das seis primeiras escolas está maravilhoso. Para ser o ranzinza da vez vou citar duas melhorias: mais tempo para cada escola (15 minutos) e deixar aquela “sujeira” gostosa que gostamos. Não precisa corrigir tudo;
Impressões das primeiras escolas
– Como é bom o Pitty de Menezes e o mestre Lolo. Dupla muito talentosa. O samba-enredo da Imperatriz teve ótima condução no desfile. Na fase de disputa, ouvi uma pequena xiadeira e quem falou errou. A escola estava muito bem servida;
– A versão ao vivo do samba da Viradouro, pra mim, é a prova que quem errou foi o júri e não o carro de som no quesito Harmonia. São duas passadas, mas parece claro que o início não foi afetado. A reprodução dos componentes cantando ‘eu sou a santa que o povo aclamou’ é linda;
– A junção Tinga e mestre Macaco Branco é negócio parecido com os tempos de glória da Seleção com a dupla Bebeto e Romário. O tão criticado samba da Vila Isabel mexe com a gente, óbvio, que também ajuda toda sinergia que houve entre escola, componentes e público;
– Como é bom o samba de 2023 da Beija-Flor. Sem dúvida, um dos melhores do ano. Ainda bem que não tiraram o “deixa” e o “ordem”. É marca. Ah… discordo que julgador tinha que tirar décimo disso. Essa chatice técnica está tolhendo os intérpretes. Como é gostoso ouvir o Neguinho cantando. Mesmo quem não torce para Beija-Flor sente laço afetivo com ele e sua condução das obras de Nilópolis;
– O samba da Mangueira 2023 é a obra do ano. Parceria fantástica entre Marquinho Art Samba e Dowglas Diniz. Espetáculo ouvir a “Tem que respeitar meu tamborim” sob comando dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Um balanço sensacional.
– Confesso que fico abismado com o padrão da Grande Rio. Evandro Malandro é um cantor gigantesco. O cara não sofre para cantar. É delicado na condução do samba e consegue mexer com o componente. A parceria com mestre Fafá faz muito bem para Grande Rio. É um deleite ouvir os sambas da escola de Caxias nos últimos anos. Ouço os abutres falando que é “chato”, pelo amor de Deus, acordem para vida. Obrigado, Fafá e Malandro.