Com bom desempenho de seus quesitos de chão, com forte canto da comunidade, a Unidos de Padre Miguel, no último sábado, encerrou os ensaios técnicos da Série Ouro. Impulsionado pela garra do povo da Vila Vintém, o samba da UPM, composto por Sidney Myngal e parceiros, cresceu e teve bom desempenho na pista. Além disso, a comissão de frente do Boi vermelho, coreografada por David Lima, e o primeiro casal, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, também se destacaram nos aproximadamente 55 minutos de ensaio da escola da Zona Oeste. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
“Sinceridade, eu já esperava isso. Estamos ensaiando desde novembro, ensaio de canto na quadra. A gente começou e no incio foi massivamente. Mas a escola passou cantante. Sempre tem umas coisinhas e eu detectei isso durante o ensaio. Essa semana terei uma reunião com a direção de harmonia para poder vermos os detalhes e para no dia 21 (desfile) chegar à perfeição”, comentou Cícero Costa, diretor de carnaval.
Em seu esquenta, a escola de Padre Miguel cantou seu samba-exaltação, que abre a gravação de seu samba no cd da Série Ouro. Além disso, a UPM recordou um de seus maiores sucessos, também em homenagem a um orixá, Ossain. Nesse momento, uma ala da escola que trazia os orixás fez um “xirê”, junto com uma apresentação da ala de passistas e a utilização de fumaça, antes do início oficial do ensaio. O diretor de carnaval, Cícero Sousa, aproveitou para pedir o empenho e garra da comunidade.
Harmonia e Samba
Sem sombra de dúvida, a harmonia foi o principal quesito da Unidos de Padre Miguel em seu ensaio técnico. Do início ao fim, todas as alas da escolas entoavam o samba a pleno pulmões, muitas vezes impedindo que se escutasse as vozes do carro de som da escola. As alas “Semente da criação”, do início da escola e a ala 19, já perto do final, berravam o samba na Marquês de Sapucaí.
“O samba é muito bom! Temos uma grande obra. Demos uma amostra muito grande do que será o desfile da Unidos. Conseguimos fazer tudo conforme o planejado, graças a Deus na minha visão foi bem positivo. A escola cantou muito forte, principalmente nas alas. Eu acredito que foi um belo teste”, afirmou Guto.
“É um samba bom de cantar, com o uso de notas abertas. É um grande presente que os compositores prepararam para a escola. A harmonia foi bem legal, as pessoas cantavam com alegria e o sorriso no rosto. Isso é muito importante, o povo da Unidos de Padre Miguel, da Vila Vintém está de parabéns. O ensaio foi bem maduro. Agora nós vamos estudar para fazer ainda melhor no dia do desfile”, completou Diego Nicolau.
O samba da UPM, composto por Sidney Myngal e companhia, cresceu e teve ótimo desempenho na avenida, impulsionando o forte desempenho do chão da escola. O refrão principal, sobretudo o trecho “É tempo de xirê no terreiro da Vintém”, no qual os componentes entoavam com orgulho o local de origem da escola, foi o mais cantado pela comunidade de Padre Miguel. O carro de som, comandado por Diego Nicolau e Guto, teve bom desempenho na avenida e também contribui para o desempenho do canto. Diego desfilou no meio da bateria da escola, interagindo com os ritmistas.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Padre Miguel, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, também se destacou no ensaio da escola. Vestidos com uma bela roupa no vermelho da UPM, a dupla mostrou muito entrosamento e elegância na condução do pavilhão da agremiação.
No trecho “E ao reluzir o opaxorô, Seu povo pede salvação!”, o casal fazia alguns passos coreográficos afro, de acordo com o enredo da escola. Além disso, a se destacar, os dois cantavam o samba a todo instante.
“Somos um pouquinho críticos e exigentes com nós mesmos, então hoje foi um 9.8, talvez um 9.9. Até mesmo para gente poder correr atrás do 10. Nós também ainda queremos ensaiar bastante até o dia do desfile. Eu acabei de ser mãe, meu filho vai fazer cinco meses
um dia depois do meu desfile, então é um dia não só para comemorar estar aqui novamente, mas também celebrar a vida do meu filho”, comentou a porta-bandeira.
“Realmente não há palavras para esse momento aqui, porque é uma coisa somente para sentir. Nós amamos o carnaval, trabalhamos e vivemos disso, então não tem palavras para dizer, é realmente apenas sentir cada momento e vibrar”, completou o mestre-sala.
Bateria
A bateria do boi vermelho de Padre Miguel, comandada pelo experiente mestre Dinho, teve desempenho satisfatório na avenida Marquês de Sapucaí. Com uma bandana na cabeça, os ritmistas souberam conduzir bem o ritmo e o andamento, no ensaio. No trecho do samba “Tempo, misterioso Tempo…”, a bateria realizava uma bossa com a participação de atabaques, que sustentavam o ritmo enquanto os outros instrumentos faziam a paradinha. Em outro momento, no refrão principal do samba, a bateria “jogava para o público cantar”. Durante a apresentação da escola na avenida, em diversos momentos, eram lançados papéis picados e acendia-se uma fumaça vermelha e branca sobre a bateria.
“A avaliação que eu faço do ensaio, é que foi 1000. Se melhorar, estraga. Nós vamos apresentar no desfile tudo que nós mostramos aí hoje, nem precisa de mais, são essas bossas. A fantasia está guardada, só esperando a hora, não posso revelar”, comentou mestre Dinho.
Evolução
A evolução da Unidos de Padre Miguel também teve um desempenho bem satisfatório na pista de ensaios, com as alas bem leves, soltas e com muita animação. O único porém ficou por conta do primeiro tripé levado pela escola, com um tamanho considerável, no qual estava escrito “Aqui se aprende a amar o samba” e “Sou Vila Vintém”, com um boi vermelho. Em alguns momentos, o tripé se locomovia de maneira mais lenta que o resto da escola, dando uma “travada” na evolução, mas nada que comprometesse o desempenho, nem ocasionou grandes buracos.
Nesse quesito, o destaque ficou por conta da ala “Iroko”, que, com uma folha como acessório nas mãos, demonstrou muita animação, leveza e entusiasmo, na avenida.
Outros destaques
Coreografada por David Lima, a comissão de frente da Unidos de Padre Miguel brindou o público com uma excelente apresentação na Sapucaí, arrancando aplausos das arquibancadas. Vestidos de dourada, com pinturas no corpo, os 15 homens da comissão fizeram uma dança muito expressiva. O ponto alto da apresentação se dava quando um dos componentes era levantado pelos demais e nele se acendia uma luz de led, o que animava o público presente no Sambódromo.
A ala das baianas da Unidos de Padre Miguel, algumas com roupa branca e outras com roupa vermelha, também deram um show na Sapucaí, com muita alegria e o samba na ponta da língua. Artigo raro nas escolas hoje em dia, a ala das crianças da UPM também se destacaram na noite, esbanjando fofura, com balões brilhosos ou em forma de coração nas
mãos.
Com o enredo “Iroko-É tempo de xirê”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, a Unidos de Padre Miguel será a quinta escola a desfilar na segunda noite de desfiles da Série Ouro. A julgar pelo desempenho apresentado no ensaio técnico, o Boi vermelho da zona oeste tem tudo para rasgar a Sapucaí na quinta-feira, com ótimo desempenho de seus quesitos de chão.
Participaram da cobertura: Lucas Santos, Dyego Terra, Gabriel Gomes, Nelson Malfacini, Leonardo Damico, Ingrid Marins, Karina Figueiredo e Walter Farias