Com a força da energia de Dangbé, a Unidos do Viradouro realizou, na noite do último domingo, seu sexto ensaio de rua, na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, rumo ao carnaval de 2024. Comandada por Mestre Ciça, a bateria “Furacão Vermelho e Branco” proporcionou verdadeiro espetáculo ao público presente ao longo da via. Muito elogiado, o samba da Vermelha e Branca, defendido com maestria pelo intérprete Wander Pires, foi combustível para o forte canto, no “padrão Viradouro da qualidade”, da comunidade. Em 2024, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação irá em busca do terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, em seu segundo carnaval solo na escola.
“A escola vem em uma crescente. A internet, as redes sociais apressam muito alguns processos que são naturais de carnaval, já tem campeão disso, campeão daquilo e acho que a Viradouro vem mostrando nos últimos anos que tem sua organização, seu tempo de acontecer. De fato, entramos em dezembro já muito mais forte do que entramos novembro e assim vai ser janeiro e fevereiro. A escola vem correspondendo a altura da expectativa que temos de ganhar o carnaval, o décimo perdido, com todo respeito a campeã, nós ficamos mordidos, com mais vontade de ganhar. Tudo ocorrendo maravilhosamente bem, a escola mantendo esse nível de exigência que todos têm internamente e externamente, também. A escola ensaia na Amaral Peixoto com grande contingente, não é um grande
ensaio, maravilhoso que é um bloquinho. É um ensaio com gente, com pressão, atendendo ou buscando atender as dificuldades que o Sambódromo vai nos colocar em fevereiro. Estou muito feliz com o trabalho que está sendo realizado até agora e pode ter certeza que em fevereiro, a escola vai chegar no ápice”, salientou o diretor-executivo, Marcelinho Calil.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A abertura do ensaio de rua da Unidos do Viradouro, no último domingo, ficou por conta do experiente casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da escola, Julinho Nascimento e Rute Alves. A dupla realizou excelente apresentação ao longo da Avenida Amaral Peixoto. Julinho Nascimento vestia uma roupa na cor vermelha, da escola, enquanto Rute apostou em um modelo estampado, com as cores da bandeira da escola, vermelho e branco. Nos módulos de julgadores, sinalizados por placas na pista, o casal realizou fortes apresentação, mesmo com o vento que acometia a cidade de Niterói na noite.
A dupla apostou em uma coreografia que mescla elementos da dança tradicional com alusões à letra do samba e o enredo da escola, como quando realizavam movimentos de cobras com as mãos. A se destacar, também, a potência dos giros da porta-bandeira Rute Alves, que eram acompanhados pelo mestre-sala Julinho. A força do enredo da escola podia ser sentida em cada movimento do casal.
Harmonia
O canto da comunidade da Viradouro no ensaio de rua da escola foi intenso, potente e linear ao longo de todas as alas. O samba da escola, elogiado durante o pré-carnaval, impulsionou o desempenho da harmonia da Vermelha e Branca. O carro de som da Vermelha e Branca, comandado por Wander Pires, teve contribuição fundamental para o desempenho da obra e do canto da escola. Em certos momentos, quando a bateria da escola realizava “apagões”, o canto da escola podia ser notado em todos os cantos da Avenida Amaral Peixoto. A tradicional ala de baianas da Viradouro foi destaque positivo no quesito, com o samba na ponta da língua no ensaio.
“Hoje foi um ensaio muito produtivo, uma escola muito grande, com uma participação de quase 100% do corpo da escola. O samba funcionando cada vez mais, a bateria, o carro de som cada vez mais aprimorando o que a gente entende que é chegar perto de uma perfeição. Hoje, nós fizemos alguns testes de bossas, principalmente de canto e a comunidade correspondeu, cantou, gritou o samba, principalmente na parte do refrão, na qual se exige essa parada para jogar para o povo e a retribuição foi um canto forte e é isso que a gente busca nesse trabalho”, comentou o diretor de carnaval da Viradouro, Dudu Falcão.
Evolução
Leve, compacta e fluída, assim pode ser definida a evolução da Unidos do Viradouro no ensaio de rua. As alas da escola deslizaram ao longo da Avenida Amaral Peixoto. A se destacar a espontaneidade de diversas alas da escola, sobretudo as que vinham após o carro de som, que esbanjaram alegria e leveza. As alas coreografadas da escola também foram destaque, com as bonitas e bem sincronizadas danças apresentadas. Ao longo dos cerca de uma hora e dez minutos de ensaio, não se percebeu nenhum buraco, muito menos alas emboladas ou acelerações exageradas no passo.
Samba–Enredo
O samba-enredo da Unidos do Viradouro, composto por Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno confirma a cada ensaio de rua da escola, o motivo dos elogios recebidos neste período de pré-carnaval. Com excelente condução do carro de som da Vermelha e Branca, sobretudo do intérprete Wander Pires, a obra foi combustível para a animação e canto dos componentes da escola. O refrão principal, sobretudo o trecho do “Pra vitória da Viradouro”, foi cantado a plenos pulmões pelos componentes, assim como o bis anterior “ê alafiou, ê alafiá…”. As bossas realizadas pela bateria “Furacão Vermelho e Branco” também contribuíram para o bom desempenho da obra.
Outros destaques
A bateria “Furacão Vermelho e Branco”, comandada por mestre Ciça, foi um show à parte no ensaio de rua da Viradouro. Quem esteve presente no local pôde acompanhar novidades apresentadas pelo mestre de bateria da escola, o que já se tornou marca registrada de Mestre Ciça. A primeira delas foi uma nova bossa, testada pela primeira vez diante do público, no refrão do meio do samba-enredo, “Ergue a casa de bogum, atabaque na Bahia…”, onde os ritmistas da Furacão se agachavam na pista e só permaneciam de pé os que tocavam atabaques, que fazia apresentação solo nessa parte da letra. Além disso, o “apagão” realizado pela bateria no refrão principal do samba agora é feito por mais tempo, desde a parte do “Derrama nesse chão..” até o final do refrão, em “Pra vitória da Viradouro”. A mudança foi feita a fim de facilitar e impulsionar ainda mais o canto da comunidade da escola.
“A gente está sempre querendo inventar alguma coisa diferente, hoje nós colocamos em prática algumas coisas. Nós tentamos colocar em prática hoje aqui, mas não é nada definitivo ainda não. Como está se aproximando do Natal, mês que vem nós já vamos ensaiar todos os dias, a ideia é essa. Acho que a bateria está pronta, faltam só alguns detalhes. A gente precisa bater firme na tecla do andamento, que é importantíssimo, treinar mais a levada de caixa, aperfeiçoar melhor. Vamos realizar ensaios isolados na quadra, às segunda-feiras, com cada naipe isolado. A partir da primeira semana de janeiro, a gente não para mais”, explicou mestre Ciça.
Sempre presente, a rainha de bateria da Viradouro, Érika Januza, vestiu uma bela fantasia em tons prateados e brindou o público com muita simpatia e samba no pé. Quem também marcou presença foi a musa da Viradouro, Lore Importa, em uma bela roupa dourada.