O Salgueiro definiu as três obras que vão disputar o posto de hino oficial da escola para o carnaval 2023 na grande final que acontece no próximo dia 11 de outubro. A parceria de Pedrinho da Flor foi o grande destaque mais uma vez, mas viu a obra de Xande de Pilares e Cia crescer de rendimento nos últimos momentos. Ian Ruas e parceiros completou a finalíssima. As obras de Moisés Santiago e Fred Camacho deixaram a competição. Nesta semifinal, cada parceria teve direito a 20 minutos, sendo a primeira sem bateria e aos 10 minutos de exibição, uma passada apenas com a torcida sem os cantores. O site CARNAVALESCO mais uma vez acompanhou tudo através da série “Eliminatórias”. A análise das obras nesta última eliminatória você acompanha ao longo do texto.
Em 2024, o Salgueiro será a terceira escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na primeira noite do Grupo Especial. A Academia do Samba levará para Avenida o enredo “Hutukara”, que pretende fazer um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. O desfile terá a assinatura do carnavalesco Edson Pereira.
Parceria de Ian Ruas: Primeiro samba da noite foi produzido pelos compositores Ian Ruas, José Carlos, Caio Miranda, Sonia Ruas Raxlen, David Carvalho e Gabriel Rangel. Nêgo, da União da Ilha, Nino do Milênio, da União de Maricá, e o novo intérprete da São Clemente, Vitor Cunha, foram os responsáveis por liderar o time no palco. A parceria uniu um time de vozes entrosado e combinou muito bem o timbre de vozes. Vitor Cunha foi o grande destaque pela potência vocal que empregou na apresentação. A parceria surpreendeu e não demonstrou problemas em abrir a noite, esquentando o clima na quadra e jogando a responsabilidade para quem viria depois. O andamento utilizado pela Furiosa permitiu uma apresentação mais cadenciada, agradável, e com destaque de explosão para o refrão principal “”Ya Nomaimi! Ya temi Xoa…”. Dadas as características de outros sambas da noite, foi o refrão de baixo que mais pegou nesta eliminatória. O samba aposta já no refrão principal em uma melodia mais pra cima, menos densa que outras composições da noite, com o “Ya Nomaimi! Ya temi Xoa…” e o refrão do meio “Aê Aê, carrega a caça”, a partir do arranjo de notas tem um caráter mais valente, mais vivo. Outro ponto de destaque na melodia está no final da segunda do samba pelas nuances harmônicas no sexteto que começa com “O céu é o destino de uma chuva acinzentada” e vai até “Brasil original”. Já na cabeça, em uma melodia mais reta, os três primeiros versos “A noite é mágica/Reluzem espíritos na floresta/Chamado de Omama se manifesta” dão progressão ao samba e fazem a obra “andar”, ajudando a ter energia na apresentação. A torcida trouxe bandeirões em vermelho e branco e foi muito bem no canto, principalmente, na passagem da obra sem os cantores. Os integrantes também pularam o tempo todo e trouxeram uma enorme faixa com o trecho final do refrão principal. Já no restante da quadra, o envolvimento foi mais tímido, com algumas poucas pessoas cantando e até respondendo na palma da mão quando provocado pelo time do palco. No geral, uma surpresa positiva da noite que terá mais uma chance para mostrar suas qualidades.
Parceria de Xande de Pilares: Quarto obra da noite é uma composição de Xande de Pilares, Cláudio Russo, Betinho de Pilares, Jassa, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Marcelo Werneck e W Corrêa. O intérprete Igor Vianna, da Unidos de Bangu, e Igor Sorriso, da Mocidade Alegre conduziram a música no palco, apoiados por Roninho, Leonardo Bessa e Tinguinha. Grande apresentação no palco, muita energia, potência, e qualidade musical, tudo muito bem ensaiado também. Destaque para as terças e vocalizações de Igor Sorriso, principalmente nas respostas de “Curumim Auê”, e a potência vocal de Igor Vianna. Mas, os apoios também estiveram à vontade no palco e contribuíram para uma exibição animada. O samba teve um andamento mais pra frente, porém bem adaptado a Furiosa, bom de ouvir e com bastante energia. A composição possui uma melodia mais densa, representando toda a seriedade que o enredo apresenta. Mas, há beleza em diversos pontos como na segunda do samba no trecho “Êê curumim auê/ Livre pra viver por minha alma e meu nome/ Êê curumim auê/Meu povo originário não pode morrer de fome”. Esta parte também era aquela cantada pela torcida com maior entusiasmo. Os refrãos “Sou eu, Yanomami Waitheri…” e “Foi a beira da estrada sem remorso,sem perdão…”, também seguem essa linha, mais densa, melodiosa, mas ainda assim, valente. A torcida trouxe bolas nas cores do Salgueiro, também no verde das matas, e apresentou também o “curumim” , representado por uma criança vestida de indígena em cima de um pequeno tripé enfeitado como as matas. O canto dos componentes foi um pouco mais tímido do que de outras torcidas da noite, mas os integrantes demonstraram bastante animação. Já na quadra, a apresentação da parceria recebeu um bom envolvimento do público que não fazia parte da torcida. Apresentação que demonstrou muito crescimento da obra, inflamado pela exibição no palco.
Parceria de Pedrinho da Flor: A última parceria a se apresentar na noite foi composta pelos compositores Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via 13 e Ralfe Ribeiro. O intérprete Tinga, da Vila Isabel, e Pitti apoiado por Charles Silva e Lissandra Oliveira foram os responsáveis por conduzir o samba. Sem tantas vozes dessa vez e em comparação com outros grupos, aquelas que subiram no palco nesta eliminatória foram suficientes e eficientes. Tinga mais uma vez empregou toda a sua potência vocal e a sua presença de palco para colocar o samba lá em cima e os apoios mostraram a mesma energia do intérprete. O samba encaixou muito bem com aquilo que a Furiosa gosta de fazer, ritmistas à vontade na obra. A música relacionou muito bem uma melodia forte, densa, com um andamento para cima, dando o tom de protesto que o enredo também tem. Ao mesmo tempo, a melodia é bastante original que varia em tons mais melodiosos e valentes respeitando o contexto que a letra apresenta. Um dos trechos de maior destaque está logo no início da segunda do samba a partir de “Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de abril”, que foi cantando a plenos pulmões até por pessoas fora da torcida. Outra parte de grande potencial melódico está nos dois “bis” do meio da obra, no “falar de amor enquanto a mata chora é luta sem Flecha, da boca pra fora!” e “Yoasi” que se julga: “família de bem/ ouça agora a verdade que não lhe convém”, diferente, mas bonito. A torcida trouxe bandeiras vermelhas, algumas com o formato da bandeira do Brasil, mantendo a tonalidade rubra, e como adereço, os componentes levavam bastões iluminados em cores diferentes. Os integrantes cantaram bastante, tanto na passada sem os cantores como no restante da apresentação. A quadra teve um bom envolvimento com a obra, com alguns segmentos bastante animados. Apresentação para colocar a obra em uma posição de destaque na final pela regularidade de exibições em nível alto no concurso.