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Com chuva e vento, Colorado do Brás realiza seu primeiro ensaio técnico

Fechando o final de semana de ensaios em São Paulo foi a vez da Colorado do Brás voltar ao Sambódromo do Anhembi depois de dois anos e com um enredo perfeito para comunidade: “Carolina, A Cinderela Negra do Canindé”. Ensaiando perto do Canindé, a escola vestiu a camisa literalmente. Ou seja, muitas alas ensaiaram com camisas variadas de Carolina de Jesus e cantaram bastante principalmente o trecho marcante: “Vencer o preconceito, lutar é o nosso direito. Não duvide da bravura da mulher”. O que mostra que o samba e o enredo estão juntos com a comunidade.

Harmonia cumpriu dever

Com quantidade menor de componentes no ensaio técnico, a Colorado do Brás mostrou um canto positivo, assim como seu carro de som e a bateria. Vale ressaltar a comissão de frente veio toda de branco e com rosto pintado de vermelho e branco. Com uma dança forte e bem encenada. A ala das baianas ensaiou vestida de branco e com colares.

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Fotos: Fábio Martins/Site CARNAVALESCO

Analisando o primeiro ensaio do aspecto da harmonia, um dos diretores do quesito, João Daniel falou com o site CARNAVALESCO: “Dentro do nosso trabalho, o que a gente está dois anos trabalhando foi esperado. O povo cantar, se divertir e correções tem a fazer, normal, mas dia 10 estamos de volta e corrigir tudo isso”.

O diretor de carnaval, Jairo Roizen, avaliou esse primeiro momento da Colorado em 2022: “Faz mais de dois anos que a gente não vem com a escola aqui na pista. Desde o carnaval 2020, a expectativa era grande, ansiedade, de poder vir passar aqui. Fazer o que a gente gosta. Esse primeiro ensaio foi lógico para a gente tecnicamente pensar no que a escola vai fazer no desfile oficial, dia 22 de abril. Pensar no nosso andamento, na nossa bateria. Mas principalmente para se divertir e celebrar esse momento que a gente pode estar aqui no Sambódromo, pode brincar o carnaval. E a partir de agora, sabendo o que fizemos aqui e o que precisamos fazer”.

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Em outro momento, Jairo revelou um acontecimento do início do ensaio: “As ligações hoje, fiquei sabendo aqui na dispersão, agora mesmo, hora que o André Machado (carnavalesco) estava na concentração, uma borboleta pousou no ombro dele, isso só pode ser um bom sinal de que a gente vai ter um grande desfile e um grande carnaval. A gente está precisando, não só a Colorado, mas o carnaval de São Paulo precisa de grandes desfiles, de uma grande festa para a gente poder celebrar que estamos passando esse momento tão difícil que foi a pandemia, que ainda é, mas estamos vencendo”.

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Por fim, Jairo finalizou: “Ponto alto neste ensaio foi o nosso samba. É um dos sambas, não vamos dizer se é o melhor ou pior, não estamos aqui para avaliar isso. Mas sem dúvidas é um dos sambas mais alegres do carnaval de São Paulo. Samba para cima, com a característica do Chitão que é nosso interprete, que na largada foi difícil não emocionar. O samba casado com a bateria do Mestre Allan que está cada dia melhor e mais bem ensaiada. Mas vamos melhorar ainda, dia 10 estará melhor, e no dia 22, vai estar melhor ainda, vai ser o melhor desfile, repete isso quantas vezes quiser, vai ser o maior desfile da história da Colorado do Brás”.

Vento atrapalha o casal de mestre sala e porta-bandeira

Em boa parte do desfile, o casal encarou um dos piores desafios para eles, o vento. Portanto acabaram sendo prejudicados por essa situação climática, e claro, o desenvolvimento da dança foi comprometido. Vestidos de amarelo, Ruhanan e Ana Paula, tiveram que adaptar coreografia. O mestre-sala avaliou o treino: “Como somos um casal mais experiente e dançamos faz muito tempo, para a gente mudar a coreografia por causa de intempéries da natureza a gente consegue desenrolar bem. Mas que isso dificulta muito, dificulta. Quem for devoto de Iansã, quem for católico, de Santa Bárbara, o santo que for, reza para ajudar a gente a vencer essa garoa. O chão escorregadio foi o de menos comparado ao vento. O vento é horrível”.

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E a porta bandeira Ana Paula complementou seu desafio em manter o pavilhão: “Minha mão está aqui formigando porque o vento foi demais. Eu chorava por causa do vento contra o meu rosto. Era muito vento, aí o pavilhão pesa o triplo”, e completou: “Mas é um desafio que temos que estar sempre atentos para vermos o que fazer o pavilhão não enrolar ou alguma coisa no meio do caminho”.

Apesar das dificuldades, o mestre-sala Ruhanan Pontes, diz que o principal foi feito: “E eu acho também que no dia do desfile, com alegoria na concentração, venta menos. E como viremos na frente da abre-alas, provavelmente ele dá uma segurada no vento, porque hoje, aqui, foi bravo. Mas desenrolamos bem, e se fosse hoje o desfile, 40 pontos garantidos, fechadinho”.

Samba-enredo é trunfo

Com um samba vindo da comunidade é um trunfo revelado por muitos diretores da Colorado do Brás. E deu para sentir isso principalmente em trechos antes do refrão, e claro, o próprio refrão, isso na partida da comunidade. O carro de som comandado por Chitão Martins funcionou com o ritmo que o samba pede. Ao CARNAVALESCO, ele avaliou o desempenho: “Depois de dois anos voltando e sem o som da avenida, julgando a nossa parte musical, foi um bom ensaio. O coro veio pesado e a ala musical veio animada como sempre. Acho que têm coisas para melhorar ainda, mas eu gostei muito, a escola veio animada, apesar da chuva e do frio que espantou um pouco os componentes, mas tenho certeza que o próximo vai ser melhor”.

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Sobre a importância do entrosamento de carro de som e bateria do mestre Allan, o interprete da Colorado comentou: “Eu vou para o meu décimo ano no Colorado e a gente começou junto, temos uma amizade há anos, já nos entendemos só de olhar um para o outro, nos sinais também. A gente conversa bastante sobre bossa, melodia, esquenta. Temos um bom relacionamento que dá certo na avenida”.

Bateria: Ritmo Responsa supera chuva no ensaio

O Ritmo Responsa, comandado pelo mestre Allan Meira, teve o ponto alto no apagão na hora do ‘vencer o preconceito’. Claro que devido à chuva, também acaba atrapalhando um pouco nos instrumentos, mas a bateria conseguiu conduzir sem problemas. Mestre Allan ressaltou superação da escola.

“A avaliação é muito positiva. Não esperava tudo isso. É claro que a gente tem muito o que melhorar, mas viemos de uma dificuldade muito grande de ensaios porque não temos quadra, não conseguimos quadra até pouco tempo atrás. E quando a gente ensaiava tinha chuva, teve pouco ensaio, então a dificuldade era muito grande. Aqui é o nosso segundo ensaio, ensaiamos no primeiro só de bateria, que já foi bom mas poderia melhorar, e hoje surpreendeu bastante positivamente. Foi tudo muito bem encaixado, dentro do que a gente planejava. É claro que podemos melhorar, teremos outro ensaio técnico dia 10 de abril, então a avaliação é muito positiva e espero que a gente continua nesse caminho para conseguir o sucesso”.

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Confidenciado pelo mestre Allan ao CARNAVALESCO, a bateria virá vestida de “Malandros do Canindé” no desfile oficial, enquanto neste ensaio vieram com a camisa preta da Ritmo Responsa.

Evolução fluiu, mas…

A Colorado do Brás vai amadurecendo ao longo dos anos, mesmo com essa pausa sem carnaval em 2021, mostrou que estão aprimorando pontos técnicos na evolução. Apesar que a escola não veio com tantos componentes em relação as outras que já ensaiaram no Anhembi neste ano. Com sua comunidade mais compacta, a escola fez um ensaio que fluiu bem no quesito evolução.

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Outros destaques: Rainhas e musas da escola

A Colorado do Brás conta com a rainha LGBTQIA+, a bailarina transexual, Camila Prins, que roubou a cena na frente da bateria, toda produzida como domadora de circo. O motivo é que Carolina de Jesus foi moradora de um circo, portanto mais uma homenagem da escola. A rainha da bateria, Maisa Magalhães, veio com uma fantasia muito brilhante, e em roxo. E também a jovem princesa Yasmim Lagatta fechando o trio a frente da bateria da Colorado. Por fim, a musa do carro de som, Kethellen Soares roubou a cena com seu look transparente e com borboletas. Vale ressaltar que a ala dos passistas mostrou samba no pé. Dentro do que será uma alegoria, vimos a Ala Ginacros, aparentemente com ginastas, ensaiando passos.

Mangueira honra memória de baluartes em grande ensaio técnico sob forte chuva na Sapucaí

A Mangueira fechou a segunda noite de ensaios técnicos do Grupo Especial com chave de ouro. Com enredo e homenagem a Cartola, Jamelão e Delegado, três grandes baluartes da escola, a Verde e Rosa fez uma ótima apresentação, com destaque para a comunidade e a bateria de mestre Wesley. Além da diversidade de roupas e adereços, a agremiação marcou o espaço dos setores. O treino durou 58 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

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Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

A apresentação da Mangueira foi marcada por grande chuva, que aumentou ainda mais quando a Verde e Rosa estava na Avenida. No entanto, o mau tempo não foi páreo para o canto e empolgação dos mangueirenses na Sapucaí. Tanto na pista quanto nas arquibancadas era possível ouvir o samba ecoando na Sapucaí. Antes mesmo de começar, o público foi a loucura e a escola se inflamou com as obras antigas da agremiação. Os componentes não pararam de cantar um só minuto.

“Quando se fala de nós mesmos, falar de Cartola, grande poeta, Jamelão, a maior voz dessa passarela e Delegado, o maior bailarino que já passou por aqui, é uma emoção muito grande para nós e por isso fizemos um ensaio tão bom. Se Deus quiser faremos também um ótimo desfile não só por nós da Mangueira, mas sim pelo público. Depois de dois anos sem pisar na passarela, fizemos uma bela apresentação. No dia 22 de abril estaremos aqui para celebrar uma grande festa e disputar o título”, prometeu o presidente Elias Riche.

Harmonia

Ponto forte do ensaio. Desde o primeiro até o último setor a escola cantou e contagiou todo o público. As baianas se destacaram não só pelo canto, mas pela roupa, que na parte de cima, representava uma grande bandeira da Mangueira, aliada a uma saia branca. Todas as alas merecem destaque, mas a ‘Carcará’, no segundo setor brilhou com muita animação e potência na voz. A escola trouxe muitas alas com balões e adereços que aumentaram ainda mais o espetáculo. Com bastante verde e rosa, a agremiação também mostrou alas coreografadas.

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“A Estação Primeira de Mangueira fez o papel dela. A comunidade fez o papel dela. Nós trabalhamos muito para trazer esse desfile aqui na Sapucaí. Fomos brindados com os raios e chuvas de Oyá. Aconteceu isso em 2019 e nós levantamos o título. Acho que nossa apresentação foi pra lavar a alma do mangueirense, da comunidade, e pra firmar nosso nome como uma das favoritas ao título. A sensação de pisar na Sapucaí novamente é maravilhosa por tudo que isso aqui representa para o mangueirense, para o samba e para comunidade. É a nossa casa, é o ar que a gente respira e que o sambista respira. O grande final pro sambista é fazer essa apresentação aqui na Marquês, que é a casa do sambista”, comentou Renato Kort, diretor de harmonia da Verde e Rosa. * VÍDEO: VEJA AQUI COMO FOI O ENSAIO TÉCNICO DA MANGUEIRA

Mestre-sala e porta-bandeira

Quem também não ligou para o temporal na Sapucaí foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Matheus Olivério e Squel Jorgea fizeram brilhante apresentação no Sambódromo e esbanjaram simpatia, elegância e competência. Em 1m58s de dança, a dupla mostrou sincronia nos movimentos e foi ovacionada pelo público. Em determinado momento, ela teve que arrumar o pavilhão rapidamente, devido ao vento e a chuva, mas nada que atrapalhasse o show do casal. Ele vestia roupa marrom com detalhes em dourado, enquanto ela veio quase toda em dourado.

“Antes do ensaio começar a falamos que precisávamos de dois ensaios, um para extravasar e para valer. Que bom que choveu, lava a alma e é uma nova era, fizemos o nosso ensaio em paz e a nossa parte saiu bem. Essa chuva e esse vento são abençoados, mas para a gente acaba sendo um terror. Fizemos o melhor para a nossa escola, estamos ensinando aqui há um bom tempo e a pista está ótima”, disse o mestre-sala.

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“A nossa fantasia é segredo. Não somos comissão de frente, mas é segredo”, comentou a porta-bandeira.

Samba

Criticado no pré-Carnaval, o samba da Mangueira foi cantado por todos os componentes e por boa parte da Sapucaí. A composição de Moacyr Luz e companhia rendeu no Sambódromo e mostrou força para o desfile em abril. Marquinho Art Samba também fez ótimo trabalhando e a todo momento impulsionava a escola.  ‘A voz do meu terreiro’, até o fim do refrão foi a parte mais cantada pelos integrantes, enquanto a virada do samba apresentou leve queda.

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“Pra mim, foi o andamento de samba ideal para a avenida. Logicamente que ensaio tem sempre algumas coisas para ajustar no dia do desfile. No geral foi bom, muito bom mesmo. Ainda temos um mês pela frente e ainda vamos melhorar muito ainda. Eu acho que pelo pouco que vocês viram, com toda essa chuva e a avenida vazia, deu para perceber o impacto que foi. Nós estamos muito positivos, logicamente com muito pé no chão como sempre, mas vamos fazer mais um grande trabalho. Cantar os três, principalmente Jamelão que é ícone do carnaval é uma responsabilidade muito grande e me sinto extremamente agradecido, primeiramente a Deus, por me dar essa oportunidade. É um presente de Deus e espero retribuir no dia do desfile”, afirmou Marquinho Art Samba.

Um destaque especial também é merecido para a ala da gafieira, que além de muito bem coreografada, estava composta por componentes com o samba na ponta da língua. A escola garantiu um ótimo rendimento, muito também responsável não só pela harmonia, mas também pelo ótimo trabalho do carro de som.

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Comissão de frente e bateria

Com linda dança, roupas verde e rosa e chapéu de palha de Delegado, a comissão de frente também brilhou neste domingo. Um dos destaques da noite foi sem dúvida a bateria da Verde e Rosa. Mestre Wesley apresentou trabalho impecável na Sapucaí e levantou as arquibancadas. A paradinha em ‘A voz do meu terreiro’ faz o componente gritar o samba e emenda em uma grande bossa até o o fim do refrão. Exuberante como sempre, a rainha Evelyn Bastos comandou os ritmistas com muito charme e samba no pé.

“Primeiro, a gente precisava mostrar isso porque uns dois, três meses atrás, nossa escola estava sendo muito criticada, como um dos piores sambas e, de um tempo pra cá, a gente foi devagarinho, de degrau em degrau, e hoje, não foi diferente, debaixo dessa tempestade, a gente conseguiu mostrar que a Mangueira é muito forte e foi igual 2019, a gente veio para o ensaio técnico debaixo de chuva e na quarta-feira de cinzas, fomos abençoados com o título e eu espero que em 2022 não seja diferente. Muito feliz com o resultado. Eu costumo dizer para os meus ritmistas e diretores que ninguém faz nada sozinho e eles mostraram que a bateria está muito unida para o carnaval 2022”, explicou mestre Wesley, que levará 250 ritmistas para o desfile.

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Evolução

Com alas coordenadas e organizadas, a Mangueira evoluiu muito bem no Sambódromo. Componentes dançavam, brincavam e sambavam durante o ensaio, sem atrapalhar o andamento da escola. Outra característica que chamou atenção foi a quantidade de crianças mangueirenses presentes na apresentação. A Verde e Rosa trouxe uma ala só com mestres-sala e porta-bandeiras mirins, que deram show. Outra ala, a ‘Crianças da Mangueira’, também fez bonito na Sapucaí e mostrou importância da cultura local desde cedo.

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Nos primeiros setores, a escola abriu pequenos espaços entre a bateria e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, e Evelyn Bastos preencheu a lacuna. Contudo, nada que prejudicasse a evolução. A escola levou para a avenida tripés que representavam as alegorias, assim fazendo com que a evolução funcionasse previamente como o planejado no desfile oficial.

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Outro ponto forte da Mangueira conhecido por todos é a ala de passistas, que mais uma vez deu um show de samba no pé e presença, arrancando olhares admirados do público. O grupo não economizou na perfomance mesmo com tamanha chuva. Fica a expectativa para o desfile da Mangueira, que é a segunda a desfilar no dia 22 de abril, e promete uma grande ode aos gigantes da escola e do samba.

Participaram da cobertura: Leonardo Damico, Luan Costa, Danilo Freitas, Isabelly Luz, José Luiz Moreira, Ingrid Marins e Gabriel Gomes

Embalada pelo samba e com a força de Martinho, Vila Isabel celebra a vida em ensaio impecável e emocionante

A Unidos de Vila Isabel mostrou toda força de sua comunidade, realizando um excelente ensaio técnico na noite de domingo. A chuva, que não dava tréguas no Centro do Rio de Janeiro, não prejudicou em nada a emocionante passagem da azul e branco do bairro de Noel. O casal Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, a bateria de mestre Macaco Branco e o canto dos componentes foram os grandes destaques do treino. Além, é claro, do Martinho da Vila, o grande homenageado da escola neste carnaval de 2022, que hoje desfilou em cima do carro de som. O ensaio durou 60 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“Emocionante, emocionante! Eu tô assim…. não dá pra dizer porque é muita emoção ser homenageado num desfile, ainda mais sendo da minha vila Isabel, a maior escola de samba do mundo. Carnaval debaixo de chuva e a gente vai”, disse Martinho ao site CARNAVALESCO.

Harmonia e Samba

A comunidade de Vila Isabel mostrou um excelente canto durante a passagem da escola pela avenida. Praticamente todas as alas pareciam saber o samba de cor, cantando forte e com muita empolgação. Em especial, as alas 6 e 12, que entoaram o samba com um vigor ainda mais intenso. O refrão do “Partideiro, Partideiro Ó” é um dos pontos altos deste samba-enredo que conquistou a avenida. * VEJA AQUI: VÍDEO DO ENSAIO

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Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

Antes do início do desfile, Tinga cantou vários sucessos de Martinho durante o esquenta. O samba-enredo de 2022 da Vila Isabel confirmou os elogios que tem sido feitos à obra de Evandro Bocão, André Diniz, Dudu Nobre, Professor Wladimir, Marcelo Valença, Leno Dias e Mauro Speranza. Seu desempenho foi excelente, muito por conta da harmonia da escola, que “cantarolava” todos os versos. Tinga e seu carro de som deram um show, como de costume, mantendo a mesma intensidade de canto ao longo do treino.

Sem dúvida, a parte final do samba foi a mais cantada pelos componentes e também pelas pessoas nas frisas e arquibancadas, o orgulho em cantar “Modéstia à parte, o Martinho é da Vila” estava estampado no rosto de cada desfilante.

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“A Vila Isabel cada vez mais se supera no ensaio técnico. Viemos da 28 de setembro com um excelente ensaio e hoje provamos mais uma vez que estamos brigando para ser campeã do carnaval. Temos que agradecer a Deus por estar aqui vivo. Agradecer tudo de bom que está acontecendo agora na Vila. É o que eu falo para os componentes: temos que agradecer e viver a Vila. O Martinho representa o pagode, samba, carnaval, poemas e poesias. Esse enredo é a cara da Vila Isabel, do Morro do Pau da Bandeira e do Morro dos Macacos. A escola pediu esse enredo, que era uma vontade do Tinga (intérprete) que no último carnaval disse que precisávamos fazer um enredo sobre o Martinho. Acho que nada nessa vida é por acaso, era a hora de ser Martinho agora”, afirmou Marcelinho Emoção, diretor de harmonia.

Mestre-sala e porta-bandeira

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, apresentou um bailado extremamente elegante e sincronizado. Embora ventasse bastante, os dois fizeram bonito do início ao fim, dançando no chão molhado da Sapucaí e arrancando aplausos do público. As vestimentas do casal eram em tons de azul, sendo a dele um azul mais claro. A apresentação em frente ao módulo de julgamento durou cerca de 2m13seg.

Marcinho riscou toda a Sapucaí sempre com o sorriso no rosto e agiu como se a pista não estivesse molhada, o mesmo vale para Cris, a porta-bandeira usou toda experiência a seu favor, e mesmo com as adversidades do tempo, realizou giros arriscados. Em alguns momentos, devido ao vento forte, a bandeira quase enrolou, mas nada que tirasse o brilho do casal. O destaque da apresentação foi a garra e o vigor de ambos, além da evidente sintonia que demonstraram ter.

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“Toda a humanidade passou dificuldades nesse período de pandemia e a gente poder voltar de fato a fazer o que gostamos, é momento de glória. Nós (casal) estamos voltando para o Grupo Especial e eu para a minha escola do coração. Pegamos uma chuva e vento no decorrer do ensaio, mas conseguimos driblar”, disse o mestre-sala.

“Sim, o chão da Marquês está aprovado, está ótimo. Nota 10 pra avenida. Vamos vim com algumas surpresas na avenida. Semana passada tivemos uma mudança na nossa coreografia. Seremos um casal muito bonito, afro e com muitos detalhes”, garantiu a porta-bandeira.

Bateria

A bateria Swingueira de Noel, comandada por mestre Macaco Branco, executou três bossas com perfeição. Em uma delas, a batucada se cala para que a escola cante que “Modéstia à parte, o Martinho é da Vila”. Então o repique faz a chamada e a bateria volta com pressão e precisão. Mart’nália, filha de Martinho da Vila, passou na avenida tocando o seu xequerê.

“Foi maravilhoso, mesmo com a chuva e é como diz a música “chuva forte lá na Vila é garoa”. Nem essa chuva iria atrapalhar a gente de homenagear o nosso grande Martinho. A bateria hoje estava muito feliz em poder representar nossa cultura e agora devagarinho vamos comemorando. Vamos fazer três bossas. Uma pra cabeça do samba, uma pro refrão do meio e uma paradona pra galera cantar ‘o Martinho é da Vila'”, explicou mestre Macaco Branco, que terá 276 ritmistas no desfile.

A rainha de bateria, Sabrina Sato, esteve presente e levantou o público por onde passou, a japa estava com uma fantasia futurista toda em azul com algumas argolas prateadas, ela, que está de volta ao posto após hiato de um ano, demonstrou muito carisma na frente dos ritmistas. Bastante empolgada, Sabrina fez questão de agradecer a presença do público mesmo sob forte chuva.

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“O samba está maravilhoso. E escola escolheu um andamento alegre para evoluir bastante e estamos conseguindo mantê-lo. Estamos muito felizes com o samba e com a escola que está vibrante e alegre. A gente vai vir forte para a avenida. Martinho é um ícone, nosso ídolo maior. Poder falar sobre ele é uma honra muito grande e ficamos muito felizes. Eu sempre lutei pelo enredo e fui um dos primeiros a falar que ele deveria ser o nosso tema central, falava para toda a diretoria. A emoção vai ser muito grande de cantar Martinho na avenida”, citou o intérprete Tinga.

Comissão de frente

A comissão de frente do coreógrafo Márcio Moura arrebatou o público com um bailado forte, vigoroso e impactante, muito aplaudida. O ápice acontecia quando uma bandeira em homenagem aos mortos pela Covid-19 no país era levantada pelos bailarinos. A frase “por nós e pelos 656 mil que nos deixaram, a vida vai melhorar” arrepiou quem estava presente. O grupo, composto por homens descalços, vestidos e pintados de azul e branco, se dividia em dois.

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Evolução

A Vila Isabel exibiu uma evolução muito compacta entre seus componentes, sem apresentar buracos na pista de desfile. A escola manteve o mesmo andamento do início ao fim. Entre os segmentos que se destacaram estão a ala das baianas, com as senhoras todas de azul e branco, girando lindamente, e a ala de passistas, que exibiu muito gingado e samba no pé. A escola levou elementos para demarcar os setores e facilitar a distribuição das alas. O ponto negativo fica por conta do forte assédio em cima de Sabrina Sato, em alguns momentos, principalmente próximo ao setor 3, foi possível notar muita aglomeração em torno da rainha, o que atrapalhou a evolução da bateria.

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“Sem palavras, essa chuva veio para lavar. O carnaval precisava disso, a vida precisava disso, o samba precisava disso, e agora é festa. Independente da chuva a Vila Isabel veio pronta. Bateria está pronta, comunidade pronta para cantar, para homenagear esse mestre Martinho da Vila que leva o samba para onde vai. Energia positiva para esse desfile, pode ter certeza que disputaremos o campeonato”, afirmou Moisés Carvalho, diretor de carnaval.

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Foi uma apresentação digna de quem tem todos os quesitos para brigar pelo título do carnaval 2022. Os morros dos Macacos, do São João e do Pau da Bandeira pulsam essa merecidíssima homenagem ao mestre Martinho da Vila. A Vila Isabel será a sexta e última escola a pisar na Marquês de Sapucaí no dia 23 de abril, sábado, com o enredo “Canta, Canta, Minha Gente! a Vila é de Martinho!”, do carnavalesco Edson Pereira.

Participaram da cobertura: Eduardo Frois, Luan Costa, Danilo Freitas, Isabelly Luz, José Luiz Moreira, Walter Farias, Philipe Rabelo e Gabriel Gomes

Mestre Marcão lava a alma com show da SuperSom, mesmo com temporal, em ensaio de canto forte do Tuiuti

Depois de muito tempo a chuva voltou ao Rio de Janeiro e esteve presente em boa parte da noite de ensaios técnicos no domingo se fazendo presente desde o início do Paraíso do Tuiuti. Muita água, vento, mas treino serve para isso, tem que testar todas as possibilidades. E, apesar das dificuldades que foram impostas pela natureza, a agremiação de São Cristóvão não decepcionou e manteve o padrão de mais um ensaio com muito canto da comunidade e com mestre Marcão, mais uma vez, apresentando uma variedade muito grande de bossas, de desenhos, sem perder o ritmo que embala o ótimo samba mesmo com alguma desafinação dos instrumentos causada pela grande quantidade de chuva. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, teve que enfrentar, além da chuva e a pista alagada, o forte vento. Dandara mostrou muita garra e foi aclamada pelo público. Além disso, a grande atração da noite da escola foi a
princesa de bateria, Mayara Lima, que arrancou aplausos por todos os setores em que passava e mostrou todo seu samba no pé. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

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Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

“Um momento muito esperado pela Tuiuti e por toda a comunidade. A minha avaliação hoje foi um sucesso graças a Deus. Passamos bem firmes com toda a comunidade cantando, foi maravilhoso. Um momento incrível, uma sensação incrível voltar para Sapucaí. Todos nós do mundo do samba estávamos esperando esse momento, estou feliz de estar aqui. Na verdade o nosso ensaio técnico tão desejado é justamente para ajustar uma coisa ou outra, digo isso por todas as minhas coirmãs. Percebi hoje que estamos 100% prontos para pisar nessa avenida no dia 23 de abril, correndo atrás do nosso décimo que ficou lá trás”, comentou André Gonçalves, diretor de carnaval do Tuiuti.

Harmonia e samba-enredo

Celsinho Mody e Grazzi Brasil precisaram guiar o samba em cima do carro de som, cobertos, devido à grande chuva que acontecia no momento da arrancada e que se manteve durante boa parte do desfile. A dupla foi bem apesar das dificuldades, não acontecendo nenhum desencontro entre carro de som e bateria. Ajudaram a fazer com que a escola se mantivesse animada, cantando o samba. Tem sido um padrão nos ensaios da Tuiuti o canto dos componentes, até porque o samba de parceria de Cláudio Russo, presente no ensaio, é bastante elogiado desde que foi anunciado vencedor. A única correção que deve ser pensada é em relação a algumas alas que estavam após a bateria, no meio do ensaio, deram uma diminuída no canto. * VEJA AQUI VÍDEO DO ENSAIO DO TUIUTI

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“Ao meu ver o samba da Tuiuti é uma obra prima. Uma reparação histórica muito grande que o negro por muito tempo foi blindado do seu próprio espelho. A gente não tinha na televisão ou nas mídias algo para se espelhar. As meninas negras não tinham algo do cabelo enrolado. Não se falava sobre cientistas e historiadores negros. O Tuiuti juntou todos eles e trouxe para o palco mais popular do Brasil para que seja apreciada e valorizada a força da melanina. O samba tem uma melodia primorosa. Estamos com uma bateria espetacular puxada pelo mestre Marcão e eu tenho certeza de que o povo vai sentir a força da nossa história, a força da negritude e vamos sacudir essa avenida. Com todo o respeito e humildade às outras escolas de samba, mas jogador não entra em campo para perder. Nós vamos pra cima e com Deus na frente buscar esse título para São Cristóvão, pro Morro do Tuiuti”, afirmou Celsinho Mody.

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“Eu acho que o samba está maravilhoso. É uma obra que fala sobre nós. O povo está vindo, a escola está acreditando e a gente tem tudo para vir quebrando tudo aí. A escola vai vir com tudo e nós acreditamos no que estamos fazendo. É algo que fala da gente, então temos essa propriedade. Fazemos com coração e com amor. É um samba e um enredo maravilhoso. Mais um samba necessário e pretendemos vir quebrando tudo. Tuiuti é grandona”, comentou Grazzi Brasil.

Mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane estavam muito elegantes em um tom de azul mais escuro, próximo do roxo. A dupla teve um grande desafio, pois entrou na Avenida no momento em que caía muita chuva e que o vento estava muito forte. Dandara teve dificuldades para manter a bandeira desfraldada, exigindo muita força da porta-bandeira. Os dois, inclusive, precisaram forçar um pouco os movimentos para vencerem as rajadas de vento, além do piso molhado. Foi um teste para caso tenham que enfrentar um clima assim no dia, o que deve ser pouco provável pela época do ano. O esforço foi reconhecido pelo público que a todo o momento vibrava com os movimentos executados pelo experiente casal. A apresentação na frente de cada módulo de julgamento durou mais de dois minutos e meio.

“Voltamos após dois anos e pisamos na Marquês de Sapucaí com esse vento, com essa chuva e assim, tinha hora que achávamos que não íamos conseguir, mas fomos guerreiros e conseguimos mostrar o nosso trabalho, foi emocionante! Essa parceria para a gente está sendo um renascimento. Estamos nos preparando para o dia 23 deixar essa pista marcada”, contou o mestre-sala.

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“A gente vê uma evolução nesta pista nova, estamos entendendo, mas o saldo é positivo, foi o teste e passamos com esse desafios naturais”, completou a porta-bandeira.

Bateria

A bateria “SuperSom”, de Mestre Marcão, mais uma vez, foi um grande destaque da escola. Voltando a pisar na Sapucaí comandando uma bateria, agora no Tuiuti, Marcão brindou o público com boas bossas, desenhos muito bem alinhados com a métrica do samba, o que valorizou e tem valorizado ainda mais a obra que originalmente já foi bastante aclamada. Destaque mais uma vez para o naipe de chocalhos que tocou muito bem e fez coreografia muito bem sincronizada entre os ritmistas. No refrão principal a escola fazia uma bossa com uma pegada mais africana e um toque parecido com o de atabaque. O ensaio teve a presença da rainha Thays Magalhães e da princesa de bateria Mayara Lima.

“Tenho que agradecer essa rapaziada e agradecer ao presidente Thor por me colocar na linha de campo de novo. Agora, a gente tem que seguir nosso caminho, porque até dia 23 tem muita coisa ainda para acontecer, mas estou muito feliz e muito satisfeito pelo
desempenho. A chuva é que tirou um pouquinho da nossa afinação, mas a gente já sabe como é que é. De restante nós viemos bem e da forma como deveria ser feito”, explicou mestre Marcão, que terá 250 ritmistas, e fará cinco bossas no desfile oficial.

Evolução

A chuva não atrapalhou a evolução do Tuiuti que foi fluída, constante, sem correrias, nem lentidão, e sem deixar buracos. O que parece ter atrapalhado um pouco com a chuva foi a presença de algumas alas que traziam uma dança bem com pegada africana, e bastante coerente com o enredo que se viu um pouco menos no ensaio técnico em comparação com outros ensaios. Em compensação, a espontaneidade da maioria das alas que brincavam e pareciam “se lavar de chuva e alegria” pela volta à Sapucaí foi notável. Uma ala que dançava bastante era a ala 13, em que os componentes vestidos na cor laranja executavam passos de dança com estilo afro. Outro destaque ficou para as passistas com muito samba no pé e ousadia, vieram com os seios desnudos, em uma fantasia bastante pertinente com o enredo.

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“Ensaiamos bastante e acredito que fizemos um grande ensaio aqui. Nós pegamos uma chuva, desde quatro horas com chuva em cima da gente e ainda passamos com essa garra, com essa vontade e cantando desse jeito, a única coisa que tenho que falar para rapaziada é parabéns para todo mundo e aguardem a Tuiuti no dia 23. Pra gente, é muito emocionante essa volta, pra mim é mais ainda, eu estava afastado da escola, voltei em 2021, quando não teve carnaval, e sigo aqui. Só felicidade”, disse o diretor de harmonia, Luiz Carlos Amâncio.

Outros destaques

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Antes do ensaio, o presidente Renato Thor aproveitou para agradecer ao prefeito Eduardo Paes pela ajuda em relação ao terreno que a escola conseguiu para construção de uma nova quadra próxima a Avenida Brasil, mas ainda em São Cristóvão. Celsinho e Grazzi relembraram no esquenta o samba de 2018 que gerou para escola sua melhor colocação no Grupo Especial, o vice-campeonato.

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A comissão de frente de Cláudia Mota trouxe os bailarinos pintados em dourado e com algumas marcações em branco na estética de signos africanos. Pena que a chuva apagou um pouco a pintura corporal. Na coreografia, executavam uma dança com forte pegada africana e com muita expressividade. Logo depois da comissão e do casal, a escola trouxe seu padroeiro, São Sebastião, uma imagem enorme retirada de um dos carros do desfile de 2020.

O Paraíso do Tuiuti mostrou muita maturidade e a presença de quesitos para brigar pelos primeiros lugares, venceu as diversidades de uma noite atípica e tira boas lições para se preparar para o dia do desfile. Com o enredo “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram” , o Tuiuti abre a segunda noite de desfiles do Grupo Especial.

Participaram da cobertura: Lucas Santos, Danilo Freitas, Isabelly Luz, José Luiz Moreira, Walter Farias, e Gabriel Gomes