Última escola a realizar o ensaio técnico no ciclo do carnaval 2022, a Mocidade Alegre entrou na avenida em clima de desfile e incendiou o arquibancada. Isso porque, as interações com o público tiverem retorno. Emocionada, a presidente Solange Cruz agradeceu aos Prettos (grupo de samba) que desfila na quarta alegoria, junto à velha-guarda. Ela também aproveitou pra agradecer todo comprometimento com a escola da Thelminha, ex-BBB.
Fotos: Fábio Martins/Site CARNAVALESCO
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Harmonia
A parte musical da escola foi um dos destaques, tanto na parte do canto da escola, quanto no carro de som. As alas apresentaram um nível de regularidade no canto que destacou. O samba, que tem características de pagode, teve um retorno muito positivo, o que não torna a experiência de assistir ao desfile massivo.
O carro de som apresentou arranjos de cordas que casaram com o samba. Logo na retomada da bossa do “se ajoelha”, os cavacos fazem uma caída proposital de três notas. Também no trecho: “Na hora da sede”, o violão faz um dedilhado.
Em relação ao time de intérpretes, as vozes femininas enriqueceram. Pôde-se notar variações de canto, como no trecho: “Onde Deus fez a morada”.
“Estamos fazendo um trabalho árduo já, com esse tempo de pandemia que sabemos que é o carnaval da vida. A gente precisa muito transparecer isso na avenida, com nosso pessoal, nossa comunidade. Trabalho forte de canto. Hoje nós fizemos algumas coisas que estamos trabalhando massivamente e diariamente para conseguirmos almejar nosso ideal. É um pouco complicado, mas a gente almeja e tem fé que irá conseguir. No dia a dia, com as pessoas com medo de ir para a quadra, com as pessoas que trabalham e estão longe da gente, aí a gente pensa nas pessoas que já partiram e somamos tudo isso à emoção, que acho que passamos um pouco aqui hoje. O trabalho ainda não acabou. Temos ensaios essa semana toda, alguns trabalhos na outra semana, e só pararemos os trabalhos na última quarta-feira pré-carnaval”, disse Magno Oliveira, diretor de harmonia da Mocidade Alegre.
Evolução
A escola teve um andar seguro e uma boa sincronia entre os componentes durante as coreografias. “Yô, yô! Yô, yô!” é uma parte que a escola aproveita pra se movimentar de um lado pro outro, de forma sincronizada. “Na hora da sede” também é um trecho que os componentes aproveitam pra evoluir com os braços.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da Mocidade Alegre, Uilian Cesário e Karina Zamparolli, esbanjaram simpatia e carisma no último técnico. O bailado do casal equilibra o clássico com moderno, e adicionam passos característicos do enredo, como no momento antes do giro de cortejo. O casal usou uma fantasia laranja, com detalhes em amarelo.
Bateria
Vestidos de malandro e divididos entre vermelho/verde e azul/branco na camiseta, a Ritmo Puro do Mestre Sombra foi também uma das responsáveis por levantar as arquibancadas. Durante a passagem na monumental, bateria realizou a bossa “se ajoelha”. Na entrada no recuo, o Grupo miscigenação realizou uma coreografia com a Rainha Aline Oliveira.
“Ensaiamos, estamos dentro da proposta. Somos suspeitos para falar alguma coisa. O desempenho que queríamos, nós tivemos. Fizemos nada diferente hoje, a não ser a proposta que a gente tinha na letra do samba que é de ajoelhar. O ponto alto, ritmo, entrosamento, tudo dentro dos conformes”, afirmou mestre Sombra.
Outros destaques
A comissão também foi um destaque. Com o tripé que pareceu ser do desfile, eles evoluíram com dois grupos (verde, apenas com mulheres e vermelho, apenas com homens).
Pela faixa, deu pra notar que o abre-alas será acoplado, o que fez preencher um grande espaço da avenida. Outro destaque ficou por conta da animação e empolgação da ala das crianças, que vem no segundo carro. Todas as crianças vieram com adereço verde e prata nas mãos.
O último domingo foi marcado pela tradicional lavagem da Sapucaí e pelo teste de luz e som da atual campeã Viradouro. E quem marcou presença no Sambódromo foi o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Sambista e portelense, o político prometeu ida à Cidade do Samba antes dos desfiles e falou sobre a expectativa para o Carnaval.
Fotos de Allan Duffes/site CARNAVALESCO
“Essa semana eu vou lá ver os barracões, mas a expectativa para o Carnaval é a melhor possível, vai ser lindo. Acabou o covid, depois dessa lavagem de hoje acabou o covid”, disse Eduardo Paes ao site CARNAVALESCO.
Eduardo Paes chegou por volta das 19h na Marquês de Sapucaí e participou da lavagem do Sambódromo do início ao fim. Animado, o prefeito posou para fotos com o público, conversou com algumas personalidades do samba e brincou à frente da bateria com um tantan. Durante a passagem pela Avenida, Paes teve o nome gritado e foi aplaudido pelas arquibancadas.
A Dragões da Real realizou o seu último ensaio técnico visando o seu desfile no dia 22/04. O treino foi marcado pelo grande desempenho da evolução dos componentes. A comunidade soube colocar em prática tudo o que foi ensaiado em quadra. As coreografias padronizadas, se sobressaíram. O ajuste no canto também se fez presente. O sistema de som completo do Anhembi, beneficiou a agremiação em corrigir alguns problemas que tiveram no primeiro ensaio. Vale destacar a presença da porta-bandeira Evelyn Silva, que dessa vez foi ao ensaio, visto que no anterior não pôde comparecer, devido à uma lesão.
Fotos: Fábio Martins/Site CARNAVALESCO
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Harmonia
A escola conseguiu ajustar o quesito. No primeiro ensaio, não havia sincronia no canto entre os setores. Por exemplo, havia uns 2 ou 3 segundos de diferença dentro do samba. Isso já é muita coisa. Porém, com a introdução do sistema de som, que agora está completo, o departamento de harmonia conseguiu trabalhar de forma satisfatória junto aos componentes.
A Dragões da Real, é outra agremiação paulistana que se destaca no canto, por isso tem o apelido de ‘comunidade de gente feliz’. Neste ensaio, todos os setores tiveram atuações dignas, sem exceção.
Márcio Santana, diretor de carnaval, falou sobre o canto.“O entrosamento de canto melhorou muito. É claro, nesse ensaio temos o efeito das caixas de som, que diminuem a possibilidade de o samba cruzar, então isso melhorou muito. O nosso processo de evolução dentro da pista foi muito mais positivo dentro desse segundo ensaio”, avaliou.
Márcio também fez um balanço geral. “Na real é que a gente vem em uma crescente. O ensaio de hoje foi muito melhor que o nosso primeiro e está dentro do que nós tínhamos como expectativa e como meta. Acredito que, para a vinda nas próximas semanas, virão com um amadurecimento maior da escola, um ‘encorpamento’, digamos assim, do samba e da comunidade. Hoje eu saio bem satisfeito”, disse.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O ensaio do casal foi marcado pela presença da porta-bandeira Evelyn Silva, que não pôde comparecer ao treino anterior, devido à uma lesão no tornozelo e, hoje, o mestre-sala Rubens de Castro, enfim, ensaiou com a sua parceira. Dentro disso, a dupla fez um ensaio seguro e executou movimentos leves, pois o samba pede. O bailado se destacou principalmente no refrão principal. O sorriso no rosto de ambos foi fundamental para uma boa performance. Outra coisa legal de se notar, foi a reação do público quando o casal estendia o pavilhão para a arquibancada e arrancava muitos aplausos.
Samba
Como é típico da Dragões da Real, o hino da agremiação é aquele famoso ‘chicletão’. Palavras fáceis de cantar e assimilar, fazendo com que a evolução da escola tenha facilidade para evoluir. É uma estratégia que a escola adota desde que conseguiu o acesso, no ano de 2011. Com certeza, essa obra vai beneficiar todo o público do Anhembi no dia do desfile, visto que a ‘comunidade de gente feliz’ será a última a passar na avenida no dia 22/04.
Renê Sobral tomou conta do carro de som. É interessante observar uma parte do samba onde uma parte em do samba em que o cantor faz o barulho de um trem, fazendo referência à música ‘trem das onze’, do Demônios da Garoa. As partes mais cantadas foram o refrão principal e a última estrofe.
Bateria
É interessante notar como a bateria ‘Ritmo que Incendeia’, regida por mestre Tornado, ensaiou com um número de ritmistas abaixo do comum entre as baterias das escolas de samba de São Paulo. Porém, mesmo com o contingente menor, a batucada teve um desempenho dentro do que se pede. Fez os apagões dentro do samba e retornou com os compassos de maneira correta. Teve participação fundamental para deixar a comunidade cantar em uma só voz.
O diretor de bateria da escola, mestre Tornado, avaliou o desempenho. “Foi muito melhor que o primeiro. Bateria encaixou, canto da escola encaixou e as bossas encaixaram. Do que eu esperava da bateria foi além. Só tenho que agradecer à minha bateria”, disse.
Tornado também falou sobre o contingente da bateria. “Trabalho, família, é complicado. Ser-humano é complicado, mas o que veio hoje compensou. Nossa bateria vai sair bem menor que o ano passado, saímos com 230 no último carnaval e esse ano vou sair com 190. Parece que está pequena, mas deve ter faltado uns 10 ritmistas, mas foi tudo bem”.
O mestre “A alegria, vontade de tocar, de fazer, pegar o instrumento e fazer pelo amigo. Não tocar para você, tocar pelo amigo do lado. E é isso, a parada é essa, a bateria é tocar para a bateria, não é tocar para mim, não é tocar para eles, é para a bateria. É conjunto”, concluiu.
Evolução
Foi o quesito destaque da escola. A Dragões soube ocupar bem o espaço na pista. Comissão de frente e casal abriram o desfile e, aparentemente, tudo ocorreu como esperado por parte da agremiação. O departamento de harmonia conseguiu conduzir bem as alas, incentivando o canto e a evolução a todo momento.
Quase todas as alas são padronizadas no andamento na pista. No refrão principal, onde se canta ‘é Adoniran’, os componentes levantam os braços duas vezes para o alto. Nos dois primeiros versos, balançam os corpos para os dois lados.
No local onde se canta: ‘botei torresmo no verso, na contramão do amor, fiz da miséria poema, se alembra disso doutor’, entre as fileiras das alas, intercaladamente, os componentes vão da esquerda para a direita. Isso requer muito treino e, de fato, foi muito bem executado.
Outros destaques
A comissão de frente fez uma dança de fácil leitura, simbolizando muito bem o que é os ‘Demônios da Garoa’, grupo de Adoniran Barbosa. Inclusive, a detalhada maquiagem dos componentes, era um demônio. Óbvio que levando para o lado engraçado.
Com o intuito de colorir a pista, as alas carregavam adereços de mãos. Bexigas, bandeiras, bastões e tudo mais. Na medição de alegorias, a agremiação levou um elemento alegórico de um dragão. Deu um belo visual na pista. Cada ala tinha a sua camisa. Dando uma noção de que estava tudo muito bem separado e organizado.
Terceira escola do Grupo Especial a realizar o ensaio técnico na noite do domingo, o Acadêmicos do Tatuapé fez o Anhembi vibrar com a energia da comunidade. Dos quesitos que dependem dos componentes (evolução e harmonia), a agremiação mostrou que não tem com o que se preocupar. O início do ensaio foi emocionante pela presença do antigo presidente, o Roberto Munhoz. O presidente Eduardo Santos, o Edu, prestou uma pequena homenagem e se emocionou.
Fotos de Fábio Martins/Site CARNAVALESCO
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“Foi bom. Nós tínhamos feito há dois domingos um ensaio que achamos que tinha sido muito bom por ser o primeiro, e esse acho que foi melhor. É como a gente disse lá na quadra para o nosso povo, que temos que fazer um primeiro ensaio maravilhoso, um segundo ensaio técnico melhor que esse maravilhoso, e no dia 22, se Deus quiser, fazer um desfile melhor que os dois ensaios juntos. Graças a Deus, até agora, nós vimos cumprindo e batendo a nossa meta. Espero que no dia 22 a gente possa voltar aqui, já com fantasias e alegorias, e repetir o que estamos fazendo nesses ensaios. Isso pode estar demonstrando que estamos no caminho certo. A escola está cantando muito bem e evoluindo muito bem. Agora é colocar fantasia, colocar alegoria no meio e vambora fazer o nosso desfile. O nosso objetivo é a cada ano fazer o melhor desfile das nossas vidas. Acho que iremos conseguir mais uma vez, com a graça de Deus e com as bençãos de São Jorge, porque nós vamos desfilar no dia dele, por uma incrível coincidência nós iremos desfilar já na madrugada do dia 23 de abril e isso é uma benção que não podemos desperdiçar. Faremos um grande desfile, eu tenho certeza absoluta”, garantiu o presidente Eduardo Santos.
Harmonia
A escola tem um domínio claro do quesito, o que faz com que eles usem recursos arriscados durante o treino. Por exemplo: os breques e apagões dependem da resposta do canto, o que acontece.
Além disso, é muito comum ver o carro de som parando de cantar para que a comunidade leve o samba sozinha. Quando a bateria passava pela monumental (setor B), a ala musical parou de cantar por quase uma passagem inteira.
Falando sobre o carro de som, o intérprete Celsinho Mody não tem medo de brincar e ousar com a ala. As variações de vozes são notadas, mas também tem trecho que o próprio cantor pede arranjos das cordas.
Evolução
Outro quesito de muito domínio foi: evolução. A escola teve um compasso no andar extremamente seguro, e o recuo foi realizado com perfeição. Aliás, a estratégia do recuo foi um ponto de destaque.
Uma ala coreografada vem logo na frente da bateria. Ao entrar no recuo, essa ala entra primeiro e vira de frente pra bateria, que logo está entrando. Conforme os ritmistas se posicionam no recuo, a ala volta por dentro e preenche o espaço vazio. Assim que a ala de trás anda, esses componentes coreografados também entram no recuo. Na saída, eles vão na frente da bateria. Estratégia ousada, mas realizada com perfeição.
Um ponto notório de organização é a numeração das alas nas camisetas. Todos tem o número de posição do desfile e o significado da ala bem na parte das costas.
A escola toda realiza uma pequena coreografia de um lado pro outro, no trecho: “Tanacilê, tanasanã”.
Bateria
A bateria Qualidade Especial, comandada pelo Higor, trouxe bossas de características afro, realizadas com frequência, não só abaixo da torre de jurados.
O apagão, característico da escola, não faltou. No trecho “incorporei”, apenas os atabaques e agogôs tocam, enquanto a escola responde no canto.
“Avaliação da bateria é que nós evoluímos muito do primeiro ensaio para esse. Continuamos trabalhando. Você vê aí a quantidade de bossas que a gente vem fazendo. Quantidade de riscos que corremos. Mas carnaval é isso, queremos trazer o público para o nosso desfile, deixar os componentes satisfeitos com nossa apresentação. E o único objetivo que nós temos é comum da escola, buscar novamente um grande resultado e o primeiro lugar. Isso vai depender muito do que a gente apresentar aqui no dia, a escola está pronta, bateria está pronta e é esperar o dia chegar”.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da agremiação, Diego e Jussara, fez um apresentação bem segura na torre do segundo jurado. Eles realizaram passos estrategicamente pensados e demonstraram entrosamento, principalmente ao cravar o passo após o cortejo. O casal teve um pequeno problema com o suporte.
Outros destaques
A comissão realizou a coreografia que pareceu ser a oficial. Todos de branco e com uma asa como adereço, a ala fez uma passagem segura. Ter a primeira ala com uma coreografia mais clássica já é uma característica da agremiação, que está mantido para esse carnaval.
O presidente Edu acompanhou com muita felicidade todo o ensaio, e demonstrou estar empolgado com o que assistia.
A Colorado do Brás realizou seu segundo ensaio técnico, no Sambódromo do Anhembi, na noite de domingo. A escola, que será a segunda a entrar na avenida na primeira noite de desfiles, levou um contingente maior do que no primeiro treino. Esse reforço, somado com o vigor demonstrado nas danças da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, deram um gás importante para garantir uma harmonia coesa que pode ajudar muito a vermelho e branco em suas pretensões no carnaval de 2022. Por outro lado, a evolução precisa saber lidar com a totalidade de desfilantes e conversar melhor entre si.
Fotos de Fábio Martins/Site CARNAVALESCO
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Harmonia
O samba em homenagem a escritora Carolina de Jesus mostrou suas qualidades e foi cantado com vigor pelos componentes, que se deu ao luxo de arriscar várias paradonas. Em um momento, já na segunda parte do desfile, o sistema de som do Sambódromo falhou por alguns segundos, e mesmo assim o canto foi mantido forte e bonito. Isso motivou ainda mais a ousadia do carro de som em jogar o canto para a comunidade. O casamento entre o canto da escola com as vozes principais foi um dos pontos altos do ensaio da Colorado.
O diretor de carnaval, Jairo Roizen, fez um levantamento geral do ensaio. “O ensaio foi muito legal, foi muito bom. Tivemos um primeiro ensaio já há algum tempo, mas ainda não tinha o som da avenida. Conseguimos essa data para fazer com o som da avenida e faz uma diferença na empolgação do componente e no pessoal da arquibancada. Foi muito bom para a gente testar o canto, o andamento da escola e o nosso tempo. Treino é treino, e jogo é jogo. Foi um grande treino. Ainda temos algumas coisas para corrigir, não está tudo 100% certo, mas o bom é assim. Se a gente tivesse vindo para cá e estivesse tudo 100% certo, aí ficaríamos preocupados porque se veio tudo certo, o que faríamos no desfile? Então a gente já sabe que temos que nos concentrar, nos focar para chegar no dia 22 e fazer o melhor desfile da história da Colorado”, disse.
Evolução
A escola manteve um ritmo fluído de desfile, mas visivelmente houve erros de andamento entre as alas. Algumas demonstraram bastante empolgação no canto, como a Ala Papel, mas ao retornar da primeira paradona o gás acabou sendo um pouco acima da dose, o que causou um efeito “sanfona” nela, abrindo espaço considerável em relação aos que vinham atrás.
O diretor está atento a esses detalhes, e apontou as prioridades da Colorado nos dias que antecedem o desfile oficial. “Sim, temos bastante coisa para ser ajustada. A gente não teve muitos ensaios ainda. Faremos só mais um ensaio na quadra. Temos algumas questões de evolução para ajustar, um pouquinho mais do canto em alguns momentos do samba, mas isso é normal. No último carnaval fomos reconhecidos como uma das melhores evoluções do carnaval de São Paulo, então a ideia é sermos melhores em 2022 para que a gente possa levar a Colorado a ter o resultado que ela merece.”
Samba
Ainda na concentração, o intérprete Chitão Martins recebeu uma calorosa homenagem da escola Antônio Carlos Borges, de diretores e toda equipe de canto, que ensaiou com camisas em homenagem aos seus 10 anos defendendo a escola.
Jairo exaltou a celebração um como ponto alto do ensaio. “Sem dúvida, são os 10 anos do Chitão Martins na Colorado do Brás. Acho que isso é o que temos realmente que celebrar, temos que comemorar. A partir daí vamos ver. Vamos deixar o ponto alto para o dia 22, a segunda escola a desfilar, para ser o nosso ápice nesse dia. E se Deus quiser, dará tudo certo”, concluiu.
Bateria
De dentro da bateria, o líder maior dos integrantes da Ritmo Responsa, mestre Allan, gostou do que viu. “Avaliação bem positiva. Evoluímos bastante do primeiro ensaio para cá. Está vindo evoluindo de uns anos para cá. Isso é fruto de um trabalho que começou em 2018, com escolinha, formando pessoas novas. Hoje a bateria da Colorado eu posso dizer que 95% são formados e criados dentro da Colorado. Nesses poucos anos então, é uma evolução constante. Acredito que foi um dos melhores ensaios que a Colorado já fez e espero que melhore ainda mais para o dia de desfile para chegar no resultado positivo”, declarou.
Allan apontou as dificuldades que a bateria tem para ensaiar ao defender a atuação de seus comandados. Para ele, todos os elementos melhoraram. “O conjunto. A gente tem uma dificuldade muito grande de ensaiar, pelo fato de não ter quadra. De chuva, para juntar toda essa quantidade de pessoas, é muito complicado na nossa sede. Falta conjunto um pouco em nosso trabalho. Já é o terceiro ensaio técnico, essa repetição acaba evoluindo o conjunto dos naipes e ficando cada vez melhor equalizado, entrosado e acredito que foi a melhor evolução que tivemos”.
A escola apostou em diversos momentos de bossas e apagões, muito bem respondidos pela comunidade. O mestre falou sobre esses momentos e viu neles os melhores momentos da apresentação da Colorado nesse ensaio. “Foi muito emocionante, a Carolina merece ser ouvida. O apagão é justamente para isso, a escola cantar e mostrar que o preconceito não vale nada. E como diz o samba ‘não duvide da bravura da mulher’. Então que isso tem que ser cada vez mais alto, e o apagão é justamente para isso, escola cantar e principalmente prestar atenção na letra do samba que às vezes muita gente passa e pensa da bateria sem saber o que está cantando. É para a pessoa parar e pensar no que está cantando. A Carolina merecia isso, as obras delas merecem isso, e é justamente por isso que fazemos, vou fazer na avenida também, o máximo possível. O ponto alto é o apagão. A bateria teve outras bossas, tudo saiu tudo perfeito. Mas o apagão dá aquele gás a mais, a bateria canta, se alegra, então o ponto alto é o apagão e essa frase que fica marcada na cabeça de todo mundo”, finalizou.
Ao longo dos dois ensaios, a comunidade da Colorado do Brás mostrou que é capaz de ser vibrante sem perder o controle da harmonia. A comissão de frente mais uma vez fez uma apresentação cheia de energia, mostrando que estão se dedicando muito ao desfile e seu enredo, que é a cara da escola.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ruhanan Pontes e Ana Paula, seguiu o ritmo da comissão, com uma dança marcada por uma disposição acima da média do visto em outras escolas. Ruhanan encontrou energia para voltar para o final da escola após sua apresentação e brincou e interagiu com o público.
Disposição é importante para todos os componentes, mas é preciso apreciar com moderação. A boa sintonia entre toda a comunidade permitirá a escola melhores condições para acertar esses pontos tão importantes.
Única escola a ensaiar neste domingo, a Unidos do Viradouro fez uma apresentação emocionante durante o teste de luz e som da Marquês de Sapucaí. Cantando alto a todo momento, a comunidade da escola abraçou o samba composto por Felipe Filósofo e parceria. A bateria Furacão Vermelho e Branco, comandada por mestre Ciça, deu um show à parte em suas bossas e coreografias. O elegante bailado do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, também foi um dos pontos altos do treino. A atual campeã do carnaval mostrou no chão da avenida, ao longo de 1h05 de ensaio, que deverá disputar o bicampeonato. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
Antes da arrancada da escola, o intérprete Zé Paulo Sierra entoou trechos do samba de cada uma das agremiações que compõem o Grupo Especial no carnaval de 2022. No esquenta, o cantor relembrou o samba do bicampeonato da escola, o famoso “Ensaboa”, que foi muito cantado pelo público das arquibancadas. Antes do início, o presidente de honra da escola, Marcelo Calil, discursou para incentivar a comunidade no ensaio. A se destacar, também, apresentação da bateria ao setor 3, na qual os ritmistas tiraram as máscaras, em alusão ao verso do samba da Viradouro. Em seu grito de guerra, Zé Paulo homenageou o falecido Dominguinhos do Estácio, muito identificado com a escola de Niterói, com o seu “Olha a Viradouro chegando”.
“Eu venho na bateria. Por isso, eu vou falar meu sentimento. Foi o melhor possível, conseguimos alinhar tudo aquilo que eu venho falando desde sempre que é emoção, alegria, espontaneidade e técnica. Isso é o que nós entendemos ser necessário para fazer um bom desfile, não estou falando de ganhar título, porque o importante é fazer um bom desfile e aí o título se torna uma consequência. A avaliação de hoje é a melhor possível, até mesmo pela resposta do público e pela resposta de alguns profissionais que passaram por aqui. Estou muito feliz e a gente sabe que treino é treino e jogo é jogo, mas é bom saber que se treina bem. É manter essa pegada de hoje, mas se você me perguntar no último ensaio eu ainda vou te responder que queremos trabalhar alguma coisa. Eu diria que hoje estamos 100% prontos, porque no desfile temos que estar 120%”, disse o presidente Marcelinho Calil.
Harmonia e Samba
Confirmando o que já vinha se repetindo nos ensaios da Avenida Amaral Peixoto, em Niterói, o canto dos componentes da Viradouro é forte e contínuo. Os componentes de todas as alas, do início ao fim da escola, berravam o samba, muitas vezes dificultando a audição da voz do intérprete e do carro de som. A ala das baianas passou cantando e girando bonito, com todas elas de saia branca, lenço branco e cordões coloridos. A escola está totalmente envolvida em um “lirismo e estado de graça” por conta dessa volta do carnaval. A primeira ala coreografada, e a ala 21, já perto do fim, que tinha componentes com guarda-chuvas na mão, foram os grandes destaques no canto.
Se havia qualquer dúvida ou questionamento acerca do funcionamento do samba da Viradouro, em formato de carta, essas foram completamente sanadas na Sapucaí. O auge é a declaração de amor no fim: “Carnaval te amo, na vida és tudo pra mim”, cantada com ainda mais intensidade pelos componentes da escola. O “clima envolvente” de todo o ensaio foi mantido com excelência pelo carro de som da escola, que tem o intérprete Zé Paulo Sierra como voz principal.
“Hoje a gente sabe que é uma grande festa. A Viradouro foi campeã, então é legítimo fazer essa festa, esse teste. Mas não esquecemos da parte técnica, pois estamos fazendo um bom trabalho na Amaral. Mostramos que de fato estamos preparados para disputar título e fazer uma boa apresentação no dia 22 de abril. A gente tem trabalhado muito tempo. É um carnaval que está demorando dois anos e dois meses. É claro que entre uma proibição e outra de fazer o carnaval, viemos ensaiando e treinando. A escola ensaia muito, a expectativa foi fazer o melhor possível aqui e no desfile ainda mais. O que erramos aqui, temos 10 dias para sentar, conversar e consertar. Não temos que ir com esse peso todo. Fazendo algo parecido com o que acontece na Amaral, consigo que seja satisfatório. Se alguma outra escola fazer melhor do que a gente, não é conosco. O que vamos fazer é algo melhor do que em 2020, posso garantir”, disse Dudu Falcão, um dos diretores de carnaval.
“Reproduzimos o que fizemos esse tempo todo na Amaral Peixoto. Queria muito aproveitar para agradecer a Deus por estar aqui, toda hora e glória a ele. Atravessamos um momento de muita dificuldade, não digo só a iradouro, e sim todas as outras escolas. Noite maravilhosa, espero que todos tenham sido abençoados por esse desfile. Se não estivéssemos prontos faltando 10 dias para o carnaval, seria um erro nosso. Mas aquilo que por ventura analisarmos que deu errado, sentaremos para conversar e ajustar com certeza. A marca da Viradouro é ser uma escola eclética. Uma escola que fala de amor, paixão e emociona as pessoas. Nosso sentimento é esse, nossa mensagem é essa. Retomar, renascer. Nossos artistas nos brindaram com um enredo que não é nosso, é de todos vocês que podem esperar um desfile com muito amor e paixão, pois é o que sabemos fazer”, completou Alex Fab, outro comandante da direção de carnaval.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, fez uma excelente apresentação, esbanjando talento e emoção do começo ao fim. A coreografia da dupla está muito bem sincronizada entre eles e o samba da escola. Os dois conversam no olhar para executarem seus movimentos e apresentarem o pavilhão da Viradouro. O figurino impecável era predominantemente bege, com detalhes amarelo na barra da calça dele e na barra da saia dela, como se fosse um tecido do século passado. Julinho levava uma coroa na cabeça, enquanto Rute usava uma tiara com as flores de Obaluaê, as pipocas. Os dois cantavam o samba durante toda a avenida. O bailado do casal em frente ao módulo de julgamento durou cerca de 2min23s.
“Eu vou repetir uma palavra para você que eu já repeti várias vezes, minha palavra é gratidão! Eu estou muito grata por poder estar aqui hoje. Sou grata pela saúde, saúde dos que podem estar aqui na arquibancada, cada desfilante e, que também é a sensação de poder estar aqui representando, desfilando e ensaiando para quem não pode estar aqui. A gente sempre ensaia com outro andamento, com o samba ao vivo, mas hoje pudemos fazer mais um ajuste de tempo, junto com a bateria. O bom é que a gente conseguiu ajustar no próprio ensaio e nas cabines saiu super certo”, disse a porta-bandeira.
“A sensação é de paz, de alegria, de agradecimento por a gente ter passado esses dois anos, do jeito que a gente passou, independente do carnaval foi o que aconteceu em nossas vidas, no mundo inteiro. Hoje, a gente tem a sensação de sobrevivência, o carnaval sobreviveu porque bateram muito na gente. Poder estar brindando o público depois de todas as escolas que passaram e a gente fechar um ciclo de ensaios, eu acredito que a Viradouro fez um grande desfile, não é ensaio não. Só agradecimento. Estou comemorando 15 anos dançando ao lado dessa diva que é a minha porta-bandeira”, completou o mestre-sala.
Bateria
A Furacão Vermelho e Branco, de mestre Ciça, já começou o ensaio levantando a arquibancada do setor 1, ao executar uma bossa coreografada, conhecida como “bossa dos pratos”. Os integrantes se ajoelham, silenciados, enquanto os repiques tocam. Depois, os ritmistas das caixas se levantam e mantêm o ritmo, até que tocadores de pratos surgem para complementar a convenção, que lembra o ritmo de marchinha. O público correspondeu aplaudindo e vibrando durante todas apresentações em frente aos módulos de julgamento. O andamento da escola foi mantido até fim, dando sustentação a todo o treino da Viradouro. Em seu primeiro carnaval à frente da bateria, a rainha Erika Januza utilizou uma bela roupa dourada. No momento da “bossa dos pratos”, ela levantava uma bandeira que remetia aos antigos carnavais.
“A bateria veio legal, teve problema com o som da Avenida, ainda não estava 100%. O desempenho da bateria foi ótimo, maravilhoso, a gente viu o resultado da nossa proposta para a bateria. Foi muito bom. A ‘bossa dos pratos’ é essa que apresentamos, ainda temos ajustes, mas até o dia do desfile tudo estará certo”, contou mestre Ciça, que vai desfilar com 290 ritmistas.
Evolução
A Viradouro evoluiu de forma compacta e dinâmica durante o seu ensaio. As alas percorreram a pista com muita fluidez. Destaque para a sincronia das alas coreografadas, que dançam, evoluem e não param de cantar o samba. O único problema aconteceu durante a passagem da ala de passistas pelo setor 10, um componente se machucou e teve que ser retirado. Abriu um espaçamento excessivo entre o segundo casal, o tripé, a ala de passistas e a ala que veio à frente dos passistas. Logo depois, a direção da escola e os componentes conseguiram corrigir o deslize para retomar a evolução compacta.
Outros destaques
A Unidos do Viradouro levou para a avenida, três caminhões/tripés com telões de led. No primeiro, eram exibidas imagens do carnaval de 1919. No segundo, um homem recebia uma carta e depois também eram exibidas imagens que remetiam a um carnaval antigo. E, no mais emocionante, o terceiro, eram mostradas personalidades do mundo do samba, de várias agremiações, retiram as máscaras, em uma referência a letra do samba-enredo.
“O som não ajudou em nada a gente hoje. Eu estou feliz demais, cansado. A gente pede um pouco mais de seriedade nisso, o espetáculo para ficar bonito, tem que estar tudo funcionando direitinho. A gente confia e tem certeza que no dia 20, o som vai estar ok. Mas hoje não é dia de reclamar, é dia de agradecer. A escola cantou muito e a arquibancada também correspondeu, espero que seja assim para o dia do desfile”, comentou o intérprete Zé Paulo Sierra.
A comissão de frente da Unidos do Viradouro abriu o ensaio com muita desenvoltura e dramaticidade em sua coreografia. Seus integrantes realizavam movimentos ágeis e expressivos para contar essa história de amor pelo carnaval. Dirigido por Alex Neoral e Márcio Jahú, o grupo dividiu a apresentação em dois momentos. O primeiro foi um grande bailado de saias vermelhas. O segundo envolvia uma dança mais suave, com os bailarinos de preto e vermelho trazendo leques nas mãos. Junto com a comissão de frente vinha lindo um tripé vermelho com o brasão da escola em dourado. Em frente ao módulo de julgamento, o grupo levou por volta de 2min16s para concluir sua apresentação.
“A energia foi lá em cima, a gente tentou jogar bastante com o público, também trabalhamos bastante a comissão para estar aqui hoje, produzimos, escolhemos uma roupa bonita e para mim a nossa nota de hoje é 10, ou melhor, é 50. A escola toda está preocupa em trazer o melhor carnaval, um desfile a altura do que foi o último ano”, comentou Márcio Jahú.
“Como no desfile de 2020, nós estamos sintetizando o enredo todo, mas é sempre uma incógnita qual será a recepção do público. A gente sempre acha que falta coisa, então realmente só sabemos no dia. Eu brinco que não tivemos tempo de comemorar nosso campeonato, mas parando para pensar nós fomos campeões por dois anos, né? Então representa muita ansiedade, não só pelos dois anos de carnaval parado, mas também pelo adiamento que tivemos, aí ficamos num misto de emoções. É uma aflição, porque estamos trabalhando há dois anos, mas também é a espera de uma catarse e eu acho que esse vai ser o carnaval do século. Vai ser o carnaval de todos os carnavais”, afirmou Neoral.
Pode-se ver uma escola alegre, emocionada e muito confiante de que fará um ótimo desfile. O amor pelo carnaval está no ar e no rosto maquiado dos componentes da Viradouro. Muitas alas utilizavam adereços de mão ou máscaras. Toda de vermelho e branco, a velha guarda passou com estilo e elegância. Veio até um grupo de artistas desfilando de ‘pernas de pau’. Lore Improta, musa da escola, também esteve presente no ensaio, com uma fantasia toda branca.
A vermelho e branco de Niterói encerrou os ensaios técnicos para o carnaval 2022 com muito lirismo e empolgação, confirmando que é uma das favoritas na briga pelo título. “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria” é o título do enredo que pode trazer à Viradouro um bicampeonato inédito. A agremiação será a quinta a desfilar no dia 22 de abril, pela primeira noite do Grupo Especial, que será em uma sexta-feira. Até lá, sua comunidade seguirá virando noites à sua espera.
Participaram da cobertura: Eduardo Fróis, Gabriel Gomes, Allan Duffes, Lucas Santos, Leonardo Damico, Isabelly Luz, Ingrid Marins, Karina Figueiredo, Philipe Rabelo, Marina Perdigão, José Luiz Moreira, Luan Costa e Walter Farias
Após dois anos de saudade, a tradicional lavagem da Marquês de Sapucaí foi feita na noite de domingo. Com o objetivo de abençoar e abrir caminhos para as escolas de samba, a cerimônia deste ano teve um significado especial: o reencontro dos sambistas com o Sambódromo e a celebração da vida após momentos difíceis durante a pandemia. O cortejo, mais uma vez, encantou e emocionou o público presente. A celebração que une diferentes religiões contou com a presença de representantes religiosos, além de inúmeros componentes das agremiações dos Grupos Especial e da Série Ouro. * VEJA AQUI FOTOS
Fotos de Allan Dufes/Site CARNAVALESCO
A imagem de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, abriu o cortejo junto com a corte do carnaval e casais de mestres-salas e porta-bandeiras mirins e adultos das agremiações, além das baianas, munidas de vassouras, água de cheiro e defumadores. Esse ano o cortejo contou com a participação especial da cantora Mart´nália, que veio no carro de som, onde cantou sambas históricos, como “Kizomba, a festa da raça”. Ao lado da cantora, os intérpretes, Nêgo, Serginho do Porto, Leonardo Bessa e Diego Nicolau, entoaram sambas-enredos clássicos de todas as agremiações. O prefeito Eduardo Paes, vestido de branco e de chapéu, acompanhou os ritmistas, junto de um tantam.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, e o diretor de Carnaval da Liesa, Elmo José dos Santos, destacaram a importância desse momento para o carnaval e projetaram um ano de desfiles grandiosos. “É uma noite muito especial para todos nós, muita emoção e religiosidade, depois de alguns adiamentos a casa está pronta, já preparada para os desfiles e não vai ser pouco não, serão grandes desfiles, as escolas vão fazer o dever de casa”, pontuou Perlingeiro.
“Agradecer a papai do céu e a todos os orixás, é o momento de celebração, estamos celebrando a vida, obrigado a Deus por nos manter vivos e podendo continuar a ajudar manter viva a nossa raiz, vamos fazer o maior espetáculo de todos os tempos”, disse Elmo.
A lavagem começou com o sistema de som da Sapucaí tocando “Nossa Senhora”, de Roberto Carlos. Na sequência, nas vozes dos cantores Serginho Piciani e Flávia Saoli, a música “Coisa de Pele” e “A voz do Morro” foram performadas, ao som dos cavaquinhos e dos atabaques. A cerimônia seguiu com o Centro Espírita Vovó Carolina. Foi formada uma roda com atabaques para as representações de Exu e Iemanjá. Logo após, Marcelo Guimarães cantou o hino de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. A imagem do santo, que representa Oxóssi no sincretismo religioso com a religião de matriz africana, foi levada por um carro na avenida.
Em seguida, o padre Antônio, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, pediu um minuto de silêncio pelos mortos da Covid-19. Depois, o padre chamou todos os foliões e os componentes, para orar o Pai Nosso. “É um momento único, de muitas felicidades, depois de um período de pandemia, de muita tristeza, nós estarmos aqui para expressar a nossa alegria e gratidão é muito bom, feliz por estar aqui novamente e partilhar dessa alegria, sinto uma grande felicidade no coração por estar aqui junto com a nossa comunidade carnavalesca”, disse o padre.
Antes da entrada das baianas de todas as agremiações para realizar a lavagem, o comentarista Milton Cunha foi chamado ao palco para discursar para os componentes. “Chegou o dia, a hora é essa de pedir a benção das nossas mães baianas. Nossas tias protetoras, rezadeiras, curandeiras, curadoras. Mães baianas, condutoras dos destinos da sagrada família do samba”.
O que se viu a seguir foi pura emoção, nas frisas e arquibancadas as pessoas acompanhavam com atenção a passagem dos integrantes, muitas baianas carregavam nas mãos água e folhas que serviam como prosperidade e purificação. O ritual, que já virou tradição no carnaval carioca, limpou os caminhos e enviou energias positivas e sorte nos desfiles oficiais das escolas de samba.
“Estava todo mundo com saudades, é uma felicidade só, estávamos todos doidos para voltar, cada uma pela sua agremiação, defender o hino da sua escola, a saudade tava enorme, a expectativa é de muita luz para a Marquês de Sapucaí, um grande retorno para todas as escolas, que tenhamos saúde, felicidade e um carnaval esplendoroso de alegria, foi difícil ficar longe, o coração ficou apertado e a lágrima rolou, mas estamos de volta”, contou Maria da Glória, representante da Associação de Baianas do Estado do Rio de Janeiro.
Tia Nilda, de 80 anos, que representava as baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel, falou sobre esse momento que estamos vivendo. “A emoção é muito grande, temos que agradecer a Deus por nos dar a oportunidade de estarmos aqui, então a gente precisa saber a aproveitar com pé no chão, as pessoas tem que tirar o ódio do coração, deixar o seu amigo caminhar, na vida nós estamos se reinventando, a vida é um presente, vamos aproveitar”, comentou a baiana.
O site CARNAVALESCO conversou com diversos sambistas e personalidades, que nos falaram sobre a importância do evento para o mundo do samba e também sobre seus projetos para os desfiles oficiais. “É maravilhoso estar aqui, para nós, sambistas, é a redenção da realidade, visto tudo isso que a gente passou, poder estar aqui na Sapucaí lotada ver a lavagem é muito positivo, contando os dias para os desfiles oficiais, há pouco tempo atrás parecia inimaginável que isso aconteceria outra vez. Temos certeza que todo mundo no planeta precisava disso e o sambista também, então chegou a nossa hora de cantar e de sambar muito aqui”, comentou o diretor de marketing da Liesa, Gabriel David.
Sobre a expectativa para os desfiles, Gabriel acredita que serão todos de alto nível e que poder assistir esse espetáculo será um grande privilégio. “Os desfiles serão de altíssimo nível, tenho acompanhado a Cidade do Samba diariamente, praticamente todos os barracões estão prontos, todas as escolas, sem a menor sombra de dúvidas vão entregar desfiles para serem campeãs, agora só observando todas elas vamos ter o privilégio com certeza de ver um carnaval de alto nível e tão aguardado depois de um ano sem carnaval, expectativa lá em cima e que vença a melhor”.
Porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis há 26 carnavais, Selminha Sorriso esteve ao lado de seu mestre-sala, Claudinho, durante a lavagem. Eles vieram a frente das crianças do projeto de escolinha de mestre-sala e porta-bandeira que ambos têm na escola da Baixada, bastante emocionada, ela falou sobre a importância dessa noite para o samba. “Eu já me emocionei no começo, ver a vida voltando, a nossa cultura sendo preservada, envergamos, mas não quebramos, foi um momento difícil para a humanidade, a cultura sofreu muito, nós somos aglomeração mesmo, ver o dia de hoje acontecendo é gratificante, é motivo de entrar aqui, agradecer aos deuses do samba e levar mesmo a avenida, com água de cheiro e abençoar a todos e os desfiles que acontecerão em breve. É um carnaval atípico, mas não perdeu o encanto, estamos com mais amor, estamos mais agradecidos e será o melhor e maior de todos os tempos, hoje é um dia de bençãos”, disse Selminha.
Sobre a importância das crianças no carnaval, Selminha acredita que é fundamental para a manutenção e perpetuação do samba junto às gerações futuras. “Criança é o futuro, vem as tias baianas, que são as nossas tradições, os moldes da nossa cultura e vem as crianças com os seus pavilhões mostrando que o samba tá vivo e que somos resistência cultural de um povo, vamos passar de geração em geração nossa cultura, que tudo se perpetue, que seja mais 100 anos da nossa cultura sendo elevada e preservada”, contou a renomada porta-bandeira.
Estreando na Unidos da Tijuca neste carnaval, a porta-bandeira Denadir Garcia fez questão de acompanhar a lavagem, ela desfilou ao lado de outros casais logo na abertura do cortejo, bastante emocionada, ela conta que é um privilégio estar ali. “A sensação é inexplicável, foram dois anos longe, a gente tentando fazer aquilo que mais ama e com a pandemia não conseguimos, hoje eu fiz questão de estar aqui, a lavagem da avenida é muito importante e o meu desfile com certeza com papai do céu abençoando vai ser maravilhoso”, pontuou Denadir.
Durante a lavagem, em torno de 130 ritmistas ficaram responsáveis por tocar pelo percurso, o mestre Casagrande foi responsável pela liderança, mas dividiu o comando com os outros mestres presentes. Dentre eles, o mestre da Unidos de Vila Isabel, Macaco Branco, que se mostrou extremamente feliz por poder presenciar esse retorno da lavagem. “A expectativa é a maior possível, poder voltar a fazer aquilo que a gente tanto ama é muito bom, a nossa cultura, o carnaval, não tem preço, não tem dinheiro no mundo que pague viver isso aqui, isso aqui é indescritível, parecia que a gente tava preso em um livro de história sem fim, que não acabava nunca, mas graças a Deus estamos voltando a respirar o carnaval outra vez”, comentou o comandante da bateria Swingueira de Noel.
A última lavagem da Sapucaí, em 2020, foi marcada pela grande quantidade de chuva que caiu, um verdadeiro dilúvio lavou a alma do sambista naquela noite, para esse ano a previsão era novamente de chuva. Mas, nem a natureza foi capaz de estragar o que se tornou mais uma noite memorável para os cariocas. (Colaborou Gabriel Gomes)