Chegou pra ficar! Unidos de Padre Miguel brilha em seu retorno ao Grupo Especial com um conjunto visual impressionante
Após décadas de espera, a Unidos de Padre Miguel finalmente pisou na Marquês de Sapucaí, abrindo com grandeza a primeira noite de desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2025. A imponência visual foi, sem dúvida, o grande destaque da apresentação. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato realizaram um trabalho estético impressionante, respeitando as características da escola, que sempre prezou pela grandiosidade. O desfile trouxe requinte e extremo cuidado, tanto nas alegorias quanto nas fantasias, resultando em um conjunto visual luxuoso e impactante. Além do apuro estético, os quesitos de chão também foram excelentes, com destaque para a evolução, que manteve-se coesa e bem distribuída do início ao fim.
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O desfile do “Boi vermelho” era cercado de grandes expectativas no mundo do samba, e ao final do cortejo, todas foram correspondidas. A apresentação consolidou a Unidos de Padre Miguel como uma das melhores escolas a abrir os desfiles do Grupo Especial.
A vermelho e branca da Vila Vintém levou para a Avenida o enredo “Egbé Iyá Nassô”, em homenagem a Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O tema foi desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato, e a escola encerrou sua apresentação com um tempo total de 78 minutos.
Comissão de Frente
A Comissão de Frente da Unidos de Padre Miguel, coreografada por Sérgio Lobato, apresentou o conceito “De Orí para Orí”, representando a força espiritual da ancestralidade e a jornada de Iyá Nassô.
A apresentação simbolizou a proteção e a autorização dos orixás para a saga de Iyá Nassô no Brasil. A dança sagrada de Ayrá formava um redemoinho de resistência, enquanto a Coroa de Xangô, carregada de fé ancestral, abria caminhos e guiava a sacerdotisa. Iyá Nassô surgiu ao lado de Iyá Adetá e Iyá Akalá, guardiãs dos segredos de Ifá, iniciando sua missão envolta nos mistérios do Axé.
A cenografia trouxe um cenário onde todos os componentes vestiam branco, evocando espiritualidade e conexão com os orixás. A coreografia, pautada em movimentos afros e religiosos, reforçou a narrativa sagrada.
A apresentação utilizou uma passada e meia do samba-enredo e foi dividida em dois atos: o primeiro, no chão, e o segundo, sobre o elemento cenográfico. No momento em que os componentes do chão desapareciam, as mães de santo surgiam no carro por meio de elevadores. O grande ápice foi a aparição de Xangô, que emergia em uma espécie de mola, evoluindo sobre a coroa. A execução foi precisa e impecável em todas as cabines de jurados.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, representou a corte real de Oyó e ostentou um figurino imponente, com tons de branco e prata. A passagem da dupla pela avenida teve uma crescente ao longo das cabines de julgamento. No primeiro módulo, a execução da coreografia foi lenta, o que gerou dificuldade para que Jessica conseguisse esticar a bandeira durante os giros. O espaço gerado pelos guardiões foi pouco. A segunda apresentação foi parecida, sendo o maior problema o fato da dança estar travada. Porém, nas últimas cabines o casal se encontrou e a dança foi clara, limpa e com os passos bem definidos, dentro da coreografia eles realizaram movimentos em referência aos orixás.
Enredo
Os carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato desenvolveram o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que homenageou Iyá Nassô, fundadora da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O desfile contou sua trajetória, desde suas origens no Império de Oyó, na África, passando pela travessia forçada pelo Atlântico até sua chegada a Salvador, onde ajudou a consolidar o Candomblé. A escola também destacou sua luta durante a Revolta dos Malês e o legado deixado por suas sucessoras. O interessante é que os carnavalescos fizeram mais que uma homenagem, a escola exaltou a resistência negra, a força do Candomblé e o papel fundamental das mulheres na preservação das tradições afro-brasileiras.
Alegorias e Adereços
A Unidos de Padre Miguel apresentou um conjunto de alegorias imponente, rico em detalhes e repleto de elementos. No total, foram seis carros alegóricos e um tripé, além do elemento cenográfico da comissão de frente. A iluminação funcionou perfeitamente em todas as alegorias, realçando a cenografia e garantindo um impacto visual ainda maior.
Outro ponto de destaque foram as esculturas, bem trabalhadas e expressivas, agregando realismo e imponência ao desfile. Chamou a atenção o fato de que cada alegoria possuía uma concepção própria, com propostas distintas que se diferenciavam entre si, garantindo identidade e força individual a cada uma delas.
As alegorias retrataram com maestria a trajetória de Iyá Nassô e a formação do Candomblé no Brasil, as falhas observadas foram mínimas perto da grandeza e riqueza de detalhes. O primeiro carro, “O Império de Oyó”, representou a grandeza da terra natal de Iyá Nassô, destacando o Boi Vermelho, símbolo da escola, a riqueza do reino e a força de Xangô, orixá da justiça, o único ponto de atenção foi o desgaste da pintura em alguns elementos que simulavam fogo. Em seguida, o segundo carro, “A Travessia”, mostrou o doloroso percurso dos africanos escravizados pelo Atlântico, com um navio tumbeiro cercado por elementos marinhos e a proteção de Iemanjá e Olokun
O terceiro carro, “Barroquinha: Reduto de Mistérios e Fé”, retratou a Igreja da Barroquinha, onde Iyá Nassô e outras sacerdotisas estabeleceram o primeiro terreiro de Candomblé, misturando referências católicas e africanas para representar o sincretismo religioso. Já o quarto carro, “Salvador de Xangôs e Imalês”, abordou a Revolta dos Malês, com elementos islâmicos e símbolos de Xangô, destacando a perseguição sofrida pelos praticantes do Candomblé e a deportação dos filhos de Iyá Nassô para a África. O carro possuía espelhos em sua decoração.
Um tripé, “O Clã de Obatossi”, homenageou Marcelina Obatossi, sucessora de Iyá Nassô, que consolidou a Casa Branca do Engenho Velho, tema da quinta alegoria, “Casa Branca de Fundamentos e Axés”. Essa alegoria exaltou o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, destacando a coroa de Xangô, o verde de Oxóssi, as águas de Oxum e a presença de líderes religiosos da Casa Branca. Houve uma falha no acabamento, no pescoço do jabuti foi observado um pequeno rasgo.
O desfile encerrou com o sexto carro, “Egbé Vila Vintém”, mostrando como o legado de Iyá Nassô se espalhou até a comunidade da escola. A alegoria trouxe Olorun, criador do universo, guiando o Boi Vermelho, além das águas de Oxalá e da Velha Guarda, representando a ancestralidade. Cada alegoria reforçou a grandiosidade do enredo e manteve as características de grandiosidade da agremiação.
Fantasias
Assim como em alegorias, o conjunto de fantasias foi extremamente inspirado, os carnavalescos entregaram um trabalho de muito cuidado em cada ala. O volume das fantasias impressionou, algumas alas pareciam destaques, como por exemplo a ala 22, “Oxum”, que impressionou pelo tamanho do costeiro. Apesar de grandiosas, as fantasias não prejudicaram a evolução dos componentes, que pareceram não se importar com o peso. Luxo é a palavra ideal para expressar as fantasias da agremiação, em nenhum momento do desfile o nível caiu, se mantendo sempre no mais alto patamar.
Harmonia
O desempenho harmônico da Unidos enfrentou problemas no início do desfile por conta da sonoridade da avenida. Porém, ao longo do cortejo o problema foi parcialmente resolvido e o desenvolvimento musical foi bem trabalhado pelo carro de som encabeçado por Bruno Ribas. A bateria de mestre Dinho também evoluiu de forma significativa e contribuiu para que o canto da escola fosse satisfatório. Apesar de não haver uma explosão por parte da comunidade, o canto foi constante durante todo o desfile sendo o refrão o momento de maior destaque, principalmente o verso: “Vila Vintém é terra de macumbeiro”.
Samba-Enredo
Os compositores responsáveis pelo samba foram Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça Do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo, a obra seguiu a linha narrativa do enredo e contou com versos fortes e referências ao iorubá. A obra teve uma crescente ao longo do desfile, o início morno deu lugar a uma explosão no final. Muito comentado no pré carnaval, o samba passou muito bem, impulsionou o canto da escola e também foi festejado nas arquibancadas.
Evolução
A evolução foi um dos grandes destaques do desfile. A agremiação demonstrou excelente técnica, com um tempo muito bem controlado. Apesar da grandiosidade das alegorias, a entrada e a saída da Avenida ocorreram de forma tranquila e organizada.
As alas evoluíram de maneira coesa, linear e fluida, sem momentos de estagnação ou aceleração excessiva. Além disso, os componentes atravessaram a Avenida felizes, sem demonstrar nervosismo ou excesso de seriedade, mas sempre mantendo o alinhamento e a harmonia, garantindo um desfile leve e envolvente.
Outros Destaques
O desfile contou também com outros momentos especiais, a rainha de bateria Dedê Marinho ostentou um visual diferente e impressionou por toda sua entrega. A ala das crianças da Unidos é sempre cercada de muita expectativa, eles vieram no final da escola representando a perpetuação do legado, o canto na ponta da língua arrancou aplausos do público.
A força de Malunguinho: Comunidade da Viradouro exalta o enredo que reivindica as raízes quilombolas e indígenas
Pelo segundo ano consecutivo abordando um enredo afro-religioso, a Viradouro trouxe em 2025 a história de Malunguinho com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”. Figura central na Jurema Sagrada, ele é amplamente reverenciado no Norte e Nordeste, especialmente em Pernambuco, mas ainda pouco conhecido pelo grande público.
A escola, atual campeã do carnaval, dá visibilidade a tradições populares negras e indígenas frequentemente marginalizadas. O enredo também denuncia o apagamento histórico dos povos originários e a exploração ambiental.
O CARNAVALESCO ouviu a comunidade da Viradouro sobre as suas compreensões sobre o enredo.
“Minha ala vem falando do fogo do carnaval e mais um ano iremos colocar fogo nessa avenida, dessa vez com a ajuda do Malunguinho. Eu não conhecia a história dele, passei a conhecer por conta do enredo e adorei, tem tudo a ver com o nosso objetivo que é trazer a vitória para a nossa escola. Confiante eu já estou, aliás, todos nós estamos bem confiantes na busca do bi, que com certeza já é nosso”, disse a comerciante Rosângela Oliveira, de 55 anos de idade, moradora de São Gonçalo e componente da Viradouro há 25 anos.
Emocionada com a sua estreia na Viradouro, a professora universitária Etiene Santos, de 31 anos, recém-chegada do Pará para morar em Niteroi, se sentiu acolhida pela escola e pela potência do enredo.
“Quando eu vim morar no Rio de Janeiro, a Viradouro representou para mim esse espaço de acolhida. Quando eu me sinto triste, é lá que eu me recarrego. E vir aqui para o carnaval e chegar aqui nesse local é uma emoção que invade a minha alma e me faz minimizar a saudade de casa. Viradouro é catimbó! Não conhecia a história e a figura do Malunguinho, mas escola de samba é isso, estamos aqui. Estou há seis meses no Rio e tenho uma história com a Viradouro desde 2018, a última vez eu morei um ano aqui no Rio de Janeiro e tive que retornar, mas deixei aqui uma semente. E quando foi final do ano passado, me chamaram no concurso e eu vim morar aqui colhendo os frutos da semente”, contou a Etiene com os olhos marejados, componente da ala 2 “Semente, folha e raiz”.
“Fiquei encantada pela história do Malunguinho, não conhecia e passei a conhecer na quadra com os ensaios, e achei uma maravilha. A comunidade abraçou, o samba é ótimo, a escola está cantando bem. Aliás, nossos últimos carnavais são sempre excelentes. Mas esse ano será ainda melhor, iremos com a força dos reis Malunguinho, falando de uma história nordestina, que não deixaremos apagar. A minha fantasia fala dos indígenas, se chama “Folha do Catucá, que era uma planta curativa que os indígenas cultivavam”, disse Vani do Nascimento, empregada doméstica de 57 anos que sai de Itaboraí para desfilar pela Viradouro.
Ao apresentar Malunguinho como um rei quilombola, a escola reforça a resistência e a força das raízes populares brasileiras. O enredo é vasto e traz reflexões sobre demarcação de territórios indígenas, preservação de quilombos e suas histórias, o contrário do que a sociedade escravista brasileira continua tentando fazer.
“Eu sempre fui torcedora da Viradouro, mas esse é o meu segundo ano desfilando. Já estreei campeã, dei sorte e agora venho em busca do bi. Conheci o Malunguinho através da escola e achei lindo, interessante. São muitas coisas que a gente desconhece. Muitas coisas interessantes que vão ficando para trás, por conta da vontade que algumas pessoas têm de apagar a trajetória de pessoas pobres e, se não é um evento como esse, a gente nunca toma conhecimento. A minha fantasia mesmo fala sobre o poder da cura indígena pelas ervas. Então a gente vem desfilar para falar desse apagamento de tradições também”, contou a aposentada Solange dos Anjos, componente da ala 9 “Cipó de Japecanga”.
Com um enredo que exalta a luta quilombola e a espiritualidade afro-indígena, a Viradouro não apenas busca o bicampeonato, mas também fortalece a preservação da memória de Malunguinho. Em um país marcado pelo apagamento de suas raízes, a escola transforma o carnaval em um grito de resistência e orgulho ancestral.
Conjunto visual deslumbrante e harmonia animada embalam desfile da Unidos de Vila Maria
A Unidos de Vila Maria desfilou neste domingo pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo no carnaval de 2025. O conjunto de alegorias e fantasias da escola foi deslumbrante, e o canto da comunidade levantou ainda mais o astral do desfile encerrado após 57 minutos. A Mais Famosa foi a quarta escola a se apresentar com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É tempo de renovar e preservar!”, assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano.
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Comissão de Frente
Coreografada por Taiana Freitas, a comissão de frente da Vila Maria foi intitulada “Consciência e Ganância” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba e fez uso de um tripé. A coreografia representou o conflito que ocorre em um momento de caos na Terra. As atitudes ruins proporcionadas pela humanidade predominam no primeiro ato, com componentes e elementos representando a destruição do meio ambiente. No segundo ato, Gaia surge de dentro do Planeta Terra representado na alegoria para suprimir o caos, e os Guardiões da Mãe Natureza aparecem para conduzir o mundo a uma nova era.
A comissão conseguiu transmitir a mensagem do desfile com exatidão. O destaque do primeiro ato fica para a atriz no topo da alegoria, que interpretou a essência do caos, e sua gargalhada digna de uma vilã. O segundo ato, mesmo que com uma coreografia mais simples, teve nos guardiões belas fantasias e um momento bonito no final onde Gaia abre um pequeno pavilhão da Vila Maria. Uma bela forma de abrir um desfile de uma causa tão importante como a preservação do meio ambiente.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da Vila Maria, formado por Kawê Lacorte e Nathalia Bete, se apresentou representando o “Mensageiros do Tempo”. A dupla teve um desempenho irretocável ao longo da Avenida, cumprindo todas as obrigatoriedades do quesito com sincronia e elegância. Um momento da coreografia é especialmente interessante, quando Kawê faz um movimento de braço seguido do giro de Nathalia como se a ação dele carregasse a dela de energia. Uma atuação de gala no primeiro ano do casal na escola.
Enredo
O enredo da Vila Maria retrata um futuro pós-apocalíptico, onde o planeta Terra sofre as consequências da destruição propagada pelo homem ao longo de séculos. Em um mundo dominado pelo caos e a destruição, a deusa da mitologia grega Gaia renasce, e ao ver a iminência do fim de tudo, decide por voltar no tempo para buscar no conhecimento de povos que conseguiram desenvolver tecnologias e uma civilização organizada em comunhão com a natureza, como os Incas, Maias e Astecas. Inspirada pelas lições que aprendeu, Gaia retorna ao futuro para combater o caos e fazer prosperar um mundo de esperança renovada.
É interessante a proposta de trazer Gaia dentro da interpretação da própria mitologia grega quanto ao seu nascimento, que conta que a deusa veio ao mundo em meio ao caos. A abertura do desfile, em meio ao cenário pós-apocalíptico, causou especial impacto principalmente por conta da caracterização do Abre-alas, o qual quem entendeu a referência não teve dúvidas do que se tratava o primeiro setor. O decorrer da apresentação também teve uma facilidade de leitura fantástica, valendo destacar a beleza do conjunto visual da escola como um todo.
Alegorias
A Vila Maria apresentou um conjunto alegórico formado por três carros. O Abre-alas foi nomeado “Um Futuro Pós-Apocalíptico”, e representou o cenário de destruição do Planeta Terra onde Gaia renasceu. A referência para a concepção da alegoria foi bem óbvia: Mad Max, um clássico dos cinemas que retrata justamente um mundo fictício nessas circunstâncias e que não poderia ser opção melhor para atrair a atenção do público presente no Anhembi.
O segundo carro, “Sabedoria Ancestral”, simbolizou a jornada de Gaia em direção ao passado para buscar o conhecimento dos povos que conseguiram se desenvolver ligados à natureza. A alegoria se inspirou nos templos dos povos do continente americano da era pré-colombiana, causando um efeito visual também marcante. O desfile se encerrou com a alegoria “O Planeta Renovado e Preservado”, mostrando que a missão de Gaia foi cumprida com sucesso, trazendo um futuro repleto de verde e esperança. Não apenas pela beleza, o ponto de charme da última alegoria da Vila foi a presença de crianças em ambas as faces cantando o samba da escola com impressionante empolgação. Um conjunto de carros alegóricos fantástico por parte da Vila Mais Famosa.
Fantasias
As fantasias da Vila Maria costuraram a narrativa dos três setores do enredo dentro de suas propostas em boa sintonia com o conjunto de alegorias. O primeiro setor mostrou aqueles que conseguiram sobreviver no mundo pós-apocalíptico, aqueles por quem Gaia vai em busca de soluções para um futuro melhor. O segundo setor mostrou os povos nos quais Gaia foi atrás em busca de conhecimento para combater o caos. O terceiro setor mostrou nas alas a vida renovada no Planeta Terra purificado após a vitória de Gaia na luta contra o caos. O conjunto de fantasias conseguiu traduzir muito bem a proposta do enredo, sendo de fácil leitura e alto nível de acabamento.
Harmonia
A comunidade da Vila Maria pode se orgulhar de ter feito uma das suas melhores apresentações em termo de canto já vistas no Sambódromo do Anhembi. O coral da Mais Famosa foi forte por toda a Avenida, embalado pela torcida que compareceu em peso ao Sambódromo. Vale destacar um momento curioso testemunhado pela reportagem: durante a passagem da escola pela arquibancada da Monumental, já afastado da visão do primeiro jurado, um componente da ala “Purificação das Águas” fez questão de chamar o público para cantar o samba da escola com bastante entusiasmo.
Samba-enredo
A obra que conduziu o desfile da Vila Maria é assinada por Panda (in memoriam), Edmilson Silva, Sandro Neves, Rick Ramos, Wilsinho Medieval, Ferreira de Matos e Renato William, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Clayton Reis. O samba consegue criar em versos e melodias a ambientação inicial de caos e final de renovação propostas pelo enredo. A primeiro do samba contém palavras fortes, que levam à reflexão quanto a realidade da situação da natureza, e a partir do refrão do meio o nível melódico vai evoluindo de forma a conduzir a narrativa para o futuro renovado através da sabedoria obtida por Gaia. Na Avenida, o samba teve um grande desempenho, sendo facilmente associável aos elementos contidos no conjunto visual da escola e embalado pelo excelente desempenho da ala musical comandada por Clayton Reis, que estreou na escola como intérprete oficial.
Evolução
O cortejo da Vila Maria foi encerrado após 57 minutos, sem sustos em relação ao fechamento dos portões. Um problema com a entrada do segundo carro na Avenida, porém, obrigou a escola a ficar parada por alguns minutos pouco depois da passagem da comissão de frente pelo primeiro módulo. O desfile voltou a fluir normalmente até a parada para o recuo da bateria, quando diante do segundo módulo, a parte da escola que vinha à frente do Abre-alas andou mais do que deveria e abriu um espaço de seis grades antes que o restante do conjunto voltasse a andar. É uma preocupação em relação a como os dois primeiros jurados interpretarão esses ocorridos.
Outros destaques
A bateria “Cadência da Vila” levantou o público com suas bossas muito bem aplicadas, especialmente no refrão principal do samba da escola. A rainha Nathany Piemonte, com uma bela fantasia de acabamento dourado, levantou o público com muito samba no pé. Vale destacar também o retorno de Dani Bolina ao carnaval, agora como musa da escola, também atraindo olhares com seu gingado. Outro elemento a se destacar esteve fora da pista: a torcida da Vila Maria deu um espetáculo estendendo faixas nas cores da escola e lançando chuvas de serpentinas na arquibancada Monumental.
Comissão de frente marcante e bateria se destacam em sólido desfile da Independente






Imperatriz Leopoldinense exalta Oxalá em desfile marcante no Carnaval 2025
A Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida um desfile que celebrou a cultura africana e a soberania de Oxalá, o Senhor de Ifón. Com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca Para o Senhor de Ifón”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira, a escola de Ramos apresentou uma alegoria grandiosa que reverenciou o Orixá em seu trono, cercado por sua corte e elementos simbólicos que remetem à pureza e ao poder divino.
O abre-alas da escola trouxe uma representação imponente do reino de Oxalá, com esculturas de elefantes, marfins e atabaques, que simbolizam a força e a ancestralidade africana. Vitor Rangel, diretor de alegoria da Imperatriz, destacou a importância do Itã escolhido para o desfile. “A grande importância desse Itã foi a viagem que Oxalá fez para o reino de Oió. E esse primeiro carro é a representação do reino de Oxalá, que representa toda a pureza, todo o poder e importância de Oxalá, não só para o nosso enredo, mas para toda a cultura de matriz africana”, explicou.
Irineu Nogueira, destaque da alegoria, representou o Pai de Todos os Orís e ressaltou a relevância do enredo para os dias atuais. “O enredo representa tudo o que está acontecendo hoje no Brasil. Estamos trazendo um pouquinho das águas que estão limpando, tirando tudo o que não presta”, afirmou o coreógrafo e professor, que veio diretamente da Alemanha para desfilar na escola. Sentado em um trono à frente da alegoria, Irineu performou a dança lenta do Orixá, acompanhado por atabaques que ecoavam uma sonoridade de paz e tranquilidade.
“O Obí é uma dança lenta tocada para o nosso grande Oxalá. Aqui nós temos uma representação muito africana, não muito parecida com os que tocam no Brasil, eles têm feições africanas. Esses atabaques tocam uma sonoridade de paz para todo mundo. Representa uma sonoridade que diz ‘tenha calma’, ‘siga em frente’, ‘trabalhe’, ‘as coisas vão acontecer'”, declarou.
O desfile da Imperatriz Leopoldinense foi uma verdadeira imersão na cultura e na espiritualidade africana, celebrando a ancestralidade e a resistência de um povo.
Ala da Imperatriz traz as vestes brancas na tradição de Oxalá como simbolismo de renovação e pureza
Nas religiões de matriz africana, a cor branca tem um significado profundo e sagrado, especialmente quando associada a Oxalá, considerado o orixá da criação, da paz e da sabedoria, principalmente na Umbanda e no Candomblé. Oxalá é reverenciado por sua energia serena e conciliadora, sendo a cor branca uma manifestação de sua essência divina. O branco simboliza a pureza, a calma, a espiritualidade e a luz. No culto a Oxalá, vestir-se de branco representa respeito e devoção, além de demonstrar a busca por equilíbrio e harmonia sugerindo a ideia de neutralidade e paz, que são essenciais para aqueles que seguem os ensinamentos desse orixá.
A ala ‘’ASO FUNFUM’’ no segundo setor da Imperatriz Leopoldinense, que em iorubá quer dizer ‘’roupa branca’’, tem a fantasia representada como Oxalá deveria manter a sua ritualística. ‘’Nós somos uma das primeiras passagens da mitologia, é responsabilidade nossa, dos componentes, representar Oxalá nesse enredo de forma mais efetiva. Ela representa esse ser puro, as águas de Oxalá que fazem com que mantenha essa limpeza de toda a situação, banhando em águas limpas’’, diz o responsável pela Ala, Sidnei de Castro, Guarda Municipal que desfila está na Imperatriz há 4 anos.
A indumentária ritualística da ala é um ita Iorubá que dispõe de Adê (coroa), Ojá (filá ou barrete), calça e saias contando a história de como os tons alvos evidenciam como Oxalá deveria se manter. ‘’Nossa fantasia é um itan em Iorubá que conta a história que vestir saia branca e usar leque que é muito significativo na relação do orixá com a pureza’’, explica Patrícia, de 60 anos, guia turística e componente da escola há quase 40 anos.
A ala traz os ibebés (leques) com esse contexto na fantasia ‘’O ibebé significa a pureza e a leveza, é fazer que Oxalá abane e refresque, que faça passagem no seu ritual de magia, de festividade’’, declara Sidnei.
Vestir saia branca e usar leque é muito significativo na relação do orixá com a pureza. A ala traz os ibebés (leques) com esse contexto na fantasia ‘’O ibebé significa a pureza e a leveza, é fazer que Oxalá abane e refresque, que faça passagem no seu ritual de magia, de festividade’’, declara Sidnei.
‘’Tendo Oxalá como nosso enredo e trazendo para o nosso dia a dia que também é uma saga de situações difíceis que a gente precisa vencer e traz uma representatividade para nós seres humanos aqui encarnados muito importante e isso traz para mim muito significado’’, relata Fernanda, de 41 anos, propagandista da indústria farmacêutica e estreante como desfilante na agremiação de Ramos.
Nos ritos dedicados a Oxalá, as vestes e oferendas brancas são elementos fundamentais. parte dos rituais, pois representam a suavidade e a pureza do orixá. Além disso, os templos e espaços sagrados costumam ser enfeitados com tecidos brancos, reforçando o clima de paz e espiritualidade.
O branco associado a Oxalá é um convite à reflexão sobre a importância da paz e da serenidade no cotidiano. Em um mundo marcado por conflitos e tensões, a mensagem de Oxalá se mantém atual e necessária na busca do equilíbrio, respeito às diferenças e a ações com sabedoria.
‘’É um orixá muito importante na religião e cultura afro-brasileira, essa roupa é linda, é tudo muito emocionante estar aqui representando’’, finaliza Yasmin, fisioterapeuta de 32 anos e componente da escola há um ano.
São Lucas comemora desfile sobre o Ijexá e aguarda mais um resultado positivo
Primeira a desfilar na noite do grupo de Acesso 1 do carnaval paulistano, a Unidos de São Lucas trouxe o ritmo do Ijexá para avenida. A escola da Zona Leste que vem de 3 acessos seguidos nos últimos carnavais fez um belo desfile que empolgou sua comunidade. A tônica ao final da apresentação era de comemoração e muita expectativa por um bom resultado na apuração.
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Adriano Freitas, Presidente da São Lucas
“A gente que vem aí há pelo menos uns três anos brigando para ser notada entre as maiores de São Paulo. A gente está trabalhando muito. O acesso 1 ele é praticamente o terceiro dia de especial, então a gente tem que trabalhar muito. A gente vem trabalhando muito para se manter nesse grupo e daí pra frente a gente vai se estruturando, porque a gente sabe que até agora a gente teve um bom pé mas pra chegar lá. E não é só ter um bom pé, tem que ter um bom pé e a pisada firme, e a gente está querendo firmar essa pisada pra quando chegarmos lá fazer história”. E continuou.

“Estamos vindo de uma semana que deu muita trave, muita coisa que estava tudo certo e aí tivemos alguns probleminhas, mas eu acho que o ponto alto foi ver a minha comunidade passando feliz e cantando, podendo dar e receber aquilo que eles querem. Alegria. Eu sabia que nós íamos chegar, nós íamos passar. Estava preocupado com as surpresas que o dia podia nos oferecer, até porque a gente está sujeito a isso. Mas eu estava confiante no meu pessoal, a família que eu tenho aí é uma família muito unida, é um pelo outro, e eu sabia que tudo daria certo. É a sensação de dever cumprido, independente do resultado que for vir, nós estamos fazendo o que foi proposto para a comunidade há quatro anos atrás, quando nós assumimos a gestão dizendo que nós íamos fazer uma escola competitiva, uma escola de portas abertas para a comunidade e uma escola viva. E é o que vem acontecendo. São de três para quatro anos de gestão, dois acessos como campeão e um como vice. Então isso já mostra que as coisas estão caminhando da forma correta”.
Erich Sorriso, Mestre-sala da São Lucas
“Hoje a gente completa nove meses de ensaio. A gente fez, além dos específicos, dois ensaios gerais. E acredito que a gente conseguiu fazer aquilo que a gente vem ensaiando. A gente conseguiu fazer a nossa coreografia completa, conseuimos se olhar. Agora eu espero o resultado, mas a gente está feliz por tudo que a gente superou, por a gente estar aqui e é isso, feliz. Feliz com a nossa passagem”.

Vitória Devonne, porta-bandeira da São Lucas
“Foi um desafio e tanto, mas a gente conseguiu executar aquilo que a gente estava ensaiando com êxito. Graças a Deus, aos nossos orixás, correu tudo bem, tudo certo, tudo dentro da forma que a gente esperava”.
Mestre de bateria Andrew Vinícius, da São Lucas

“A bateria veio muito confiante hoje. Acertamos os detalhes que faltavam. A gente vem ensaiando desde março e acho que é por isso que as coisas vêm evoluindo constantemente. E é isso aí, é ensaiar, ensaiar para chegar no dia e fazer o máximo da excelência possível”.
Jonathan Santos, coreógrafo da Comissão de Frente da Unidos de São Lucas
“Saiu muito melhor do que eu esperava porque esse elenco aqui é muito forte, é muito potente. Nos ensaios a gente se concentrou em poder fazer o alinhamento, a coreografia, mas hoje sinceramente a gente se preocupou em representar a força da nossa escola, mas principalmente da Zona Leste. Então a gente obviamente trouxe movimentos afros, representou um pouco do que significa o ijexá, mas mais do que isso, a gente representou e trouxe essa força. E pra mim o que mais me contagiou foi o público vindo junto com a gente. A cada grito, a cada passo, a cada olhar, a cada letra cantada desse samba enredo, do nosso samba enredo, o público vinha junto. Então, pra mim, não tem outro destino, senão um grupo especial”.

Tuka Maia, intérprete da São Lucas
“A expectativa foi das melhores. A gente viu o resultado hoje. Todo mundo cantando esse samba maravilhoso e com certeza era um dos sambas mais esperados do carnaval de São Paulo. E todo mundo viu o resultado. Samba maravilhoso. O desfile maravilhoso que a escola fez. E todo mundo cantando. A expectativa é das melhores, se Deus quiser, se papai nos abençoar, a gente vai conseguir esse título”.
Fernando Dias, Carnavalesco da São Lucas
“Eu fiz o que eu gostaria de ter feito e fiz muito bem feito. Foi muita luta mas nós conseguimos chegar aqui. Sem luta não há vitória. Então eu só tenho a agradecer a Deus e aos orixás, a Oxum ao ijexá por esse trabalho maravilhoso que eles me proporcionaram”.

Vanderley, diretor de carnaval da São Lucas
“Essa reta final foi muito conturbada pra gente, muito difícil. É uma escola que tá crescendo muito rápido, e aí a gente precisa tapar alguns buracos na caixa d’água às vezes. E nessa reta final a escola mostrou que é muito unida. Botamos essa escola na avenida, então tudo que a gente fez aqui hoje foi o que a gente planejou, foi o que a gente almejou e principalmente acho que a gente tem que reforçar essa união que a São Lucas está mostrando desde esses últimos resultados e principalmente o que a gente fez na pista hoje. Estou muito satisfeito”.