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Emocionados com a tradicional águia da escola, portelenses se derretem: ‘O maior símbolo e mais forte do carnaval’

desfile portela 2022 026Não há como falar da Portela sem mencionar o seu maior símbolo. Cercada de expectativas, a águia altaneira de Oswaldo Cruz e Madureira desperta a emoção dos torcedores portelenses. Para o carnaval deste ano, com o enredo “Igi Osè Baobá”, em homenagem à árvore sagrada africana, a escola volta, depois de muito anos, a se reencontrar com suas raízes africanas.

Logo no abre-alas, no azul e branco do pavilhão da escola, estava ela, a tradicional águia altaneira da maior campeã do carnaval carioca. A alegoria, muito bem acabada, representava o “Berço do mundo”. Já na concentração, o carro era o principal objeto de curiosidade dos portelenses, por portar o símbolo da escola.

Em entrevista ao Site CARNAVALESCO, componentes da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira, sempre muito críticos, comentaram sobre a águia desenvolvida pelo casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage. Para o advogado Felipe Camargo, veterano desfilante da escola, a águia altaneira é o maior símbolo do carnaval carioca.

“A emoção é grande. A águia, talvez, seja o símbolo mais forte do carnaval. Para mim, que já desfilo desde 1993 seguidamente na Portela, a águia é de suma importância, ela tem de estar sempre presente. Se você pensar em um símbolo no carnaval, o primeiro que virá à mente será a águia da Portela. A Portela está com a cara da Portela, com muito azul e branco. A águia está belíssima, parabéns ao Renato e a Márcia Lage. A Portela vem para brigar porque ela está com a cara da escola.”, afirmou.

A apaixonada portelense Daniele, minutos antes de ser entrevista, estava admirando o símbolo da escola da qual é torcedora. Emocionada, expressou sua opinião acerca da águia do carnaval de 2022. Segundo ela, o animal está “imponente”, no abre-alas da escola.

“A águia deste ano está vindo imponente, com a força desse enredo da Portela sobre Baobá para, se Deus e os orixás quiserem, trazer a vigésima terceira estrela para nossa escola. A Portela merece porque ele vem com a força que ela sempre tem. Eu estava aqui me tremendo, quando vi a águia. Esse é o sentimento. Estou muito emocionada, muito feliz e agradecida por estar aqui com saúde, aos portelenses, aos baobás da Portela e aos que estão lá em cima, que também estão conosco hoje”, disse.

Já o cabeleireiro Pablo de Araújo, além de elogiar o trabalho do casal Lage, foi categórico ao falar da representatividade da águia em sua vida. Para ele, o animal é “perseverança, conquista e orgulho”.

Sou componente da Portela, sou filho da Portela e, embalada pela beleza da águia, creio que a Portela fará um belíssimo desfile. A águia altaneira está linda, grandiosa, sou um pouco suspeito para falar, mas a Portela vai entregar um desfile muito lindo. A águia é um sinônimo de perseverança, de conquista, de orgulho”, concluiu.

Enredo da Portela, árvore Baobá é representado em segunda alegoria

Portela01aA segundo escola adentrando a Sapucaí neste sábado (23), trouxe para os espectadores o enredo “Igi Osè Baobá” onde contou a história e a simbologia das gigantescas e milenares árvores que representam a ancestralidade, religiosidade, identidade e a memória do povo africano.

Em sua segunda alegoria, apostou em trazer a entidade representada na religiosidade africana, onde são templo e altar, ao mesmo tempo. A principal escultura do carro é um Baobá, em que ficou cercado pelos destaques que compunham o carro e representavam os Orixás Nanã, Omulu, Oxumaré e Oxum, padroeira da Azul e Branca de Madureira. Carlos Ribeiro, destaque principal da alegoria e um dos responsáveis, em entrevista ao site CARNAVALESCO, destacou alguns detalhes do carro.

“O segundo carro veio representando o enredo, o Baobá, veio trazendo também outros Orixás que são membros da família da palha, contando a história e a força dessa entidade que trouxemos esse ano.”

desfile portela 2022 038Na parte da frente da alegoria, a Escola de Madureira trouxe Xangô, o Orixá da justiça. As árvores, consideradas sagradas, vieram diretamente das cisternas naturais, o que aproxima de Nanã, primeira divindade das águas. No topo da alegoria, foi trazido o Orixá que simboliza a paz, Oxalá. Veio representado por Carlos Ribeiro que, em entrevista ao site carnavalesco, contou a importância dessa fantasia e sua composição.

“Representar Oxalá foi uma responsabilidade muito grande, é um Orixá branco que é o maior. A fantasia veio toda em branco, com muito branco, prateado, estava grande. Uma particularidade é que sou espírita e filho dele”, comentou.

Vai-Vai 2022: galeria de fotos do desfile

Vai-Vai levanta as arquibancadas e reafirma potência em desfile com chão imponente

Atual campeã do Grupo de Acesso, o Vai-Vai incendiou as arquibancadas, levantou o público e fez um desfile forte na segunda noite de desfiles. A escola contou a presença do maestro João Carlos Martins, que declarou seus sentimentos pela agremiação momentos antes do início do largada, e desfilou ao lado do Mestre Tadeu. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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HARMONIA

O canto forte e intenso da comunidade foi um dos principais destaques da agremiação. Notou-se uma grande regularidade no nível do volume, e a fácil interpretação da letra do samba. Trechos como: É Dona Olímpia” e “Anansi” foram cantados com mais ênfase, sem contar os refrões.

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ALEGORIAS

O abre-alas “A Quimera de Ananse – Origem do reino axante e da sabedoria adinika”, ilustrou a passagem lendária, trazendo em sua parte frontal a representação de Ananse, como se o malandro Deus puxasse o emaranhado de teias encantadas que cintilam sobre o chão retinto. Emaranhado composto por fitas de LED.

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A segunda alegoria, “O apogeu do reino das artes”, trouxe a representação do apogeu do Reino Axante através das artes. Notórios por suas criações exuberantes, os Axantes transformavam o ouro que abundava da terra nas mais variadas formas de expressão. No canto direito, uma parte quebrou e um apoio segurou a estrutura pra que não caísse.

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Elementos de floresta e mata foram vistos na terceira alegoria, que representou “A sobrevivência da cultura ante a sinistra fortaleza”. Tal carro soltou papel picado, o que deu um ótimo efeito visual.

E a última marcou o encontro de Sankofa com a Saracura. Integrantes da velha-guarda estiveram presentes. Na coroa na parte central, a escola trouxe fotos de personalidades da história do Vai-Vai.

Comissão de frente

Seguindo na temática africana, a comissão de frente fez uma viagem ao encontro de uma África misteriosa, fascinante, soberana e imortal. Através dessa energia sintetizada, a comissão coloca o próprio Vai-Vai como a ave Sankofa. Um início forte, que colocou a escola como personagem principal da história.

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A ala contou com personagens diferentes: “Rainhas retintas” e “Africanidade que nos espera”. Um destaque visual foi o figurino dos (as) bailarinos (as), que apresentou uma estética afrofuturista, moderna, dourada com detalhes em prata. A coreografia deles tinha uma referência à forma de bater as asas e movimentar o olhar de uma ave.

Componentes estavam dentro do tripé, que no caso era o “saiote” da Rainha retinta, conduzindo o andar, e os apoios da comissão ficavam ao lado avisando o momento de parar e continuar.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal oficial, Pingo e Ana Paula, vieram vestidos em preto e branco, com detalhes vermelho e laranja. Durante a apresentação ao segundo jurado, o casal sofreu com uma forte ventania.

Enredo

O enredo defendido pela escola tem com missão recuperar a dignidade do povo africano, através de uma conexão aos herdeiros ancestrais e civilizações, esquecidos por conta de um período escravista.

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O início marca a “redescoberta dos Adinkras”, um conjunto de imagens que detalha toda a rica ancestralidade. Por conta do Adinkras, cresce uma civilização no berço do ouro, os Axantes. Povo que, através das suas diferenças, se uniram.

No terceiro setor a escola entra na arte, como o povo Axante se comunicou atráves de artefatos. Roupas, amuletos, joias e máscaras, os Axantes fizeram de seu ofício artístico. O último setor marcou o encontro do pássaro Sankofa com o ninho da Saracura.

Evolução

O estilo de andar mais acelerado já é uma característica da escola, principalmente por sempre entrarem com um número de componentes superior as concorrentes.

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Notou-se um pequeno descompasso enquanto o segundo setor passava em frente setor B, mas foi concertado num rápido momento.

Samba

O intérprete Luiz Felipe decidiu adotar uma postura de valorizar e sustentar o samba, o que fez cacos não serem escutados com frequência.

Pro final, o cantor começou a se soltar mais, conversar com a comunidade e interagir com o público. Variações vocais femininas enriqueceram o módulo musical da escola.

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Fantasias

O Vai-Vai entrou na avenida com fantasias simples, sem grandiosidade nas composições. A ala das baianas, nomeada como “Realeza africana”, abriu a escola logo após a comissão de frente. Já a ala 7 caracterizou seus componentes como Guerreiros Selvagens, que evoluíam de forma coreografada.

Outros destaques

A ala das crianças foi um destaque da escola. Os pequenos estavam felizes e alegres, cantando o samba com muita intensidade. Logo atrás, vieram os passistas mirins. Lucas Penteado, ex-bbb, veio a frente deles.

Velha-Guarda da Portela se emociona com homenagem a Monarco: ‘Aprendemos muito com ele’

Portela02bSegunda escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial, a Portela, maior campeã do carnaval carioca, apresentou o enredo “Igi Osè Baobá”, abordando a tradicional árvore sagrada africana. No desfile, a tradicional Velha-Guarda da escola estava presente na quinta alegoria, “Ancestralidade do samba”.

No carro alegórico, além da escultura de Monarco, que faleceu ano passado, a escola trouxe imagens de tradicionais baluartes, como Natal da Portela. Além disso, os carnavalescos Márcia e Renato Lage apostaram em uma bela imunização azul para a alegoria.

Em entrevistas ao Site CARNAVALESCO, componentes da Velha-Guarda falaram sobre o sentimento de representar Monarco, no primeiro desfile da Azul e Branco sem sua presença. Carregando 48 anos de experiência na Portela, Aimoré foi taxativo ao falar sobre a importância do baluarte para a escola.

“A gente vem fazendo essa homenagem a esses grandes baluartes da Portela, a grande maioria já se foi. É um sentimento de muito orgulho, a gente tinha um sentimento muito grande por eles, aprendemos muito com eles, o Monarco principalmente e, com esse aprendizado, a gente também ensina a garotada nova, que amanhã será a Velha-Guarda. A escola está lindíssima, alegorias muito bem feitas, com brilhantismo, o samba é muito aguerrido, comunidade cantando muito e a gente vem para as cabeças”, comentou emocionado.

Portela02aOs estreantes na Velha-Guarda Luiz Antônio e Caetano, apesar da pouca experiência na ala, também enaltecem a figura de Monarco para a escola. Ansiosos pela estreia, ambos confiam no vigésimo terceiro título da Azul e Branca.

“Essa homenagem representa muita coisa para nós da Velha-Guarda da Portela, o Monarco era só nosso mestre. Eu, inclusive, nem sei como meu coração vai aguentar. A expectativa está enorme”, disse o eletricista Caetano.

“É uma honra muito grande homenagear nosso Mestre Monarco, ainda mais que, este ano, é minha estreia na Velha-Guarda da Portela. É extraordinário e espetacular. A expectativa é muito grande.”, concluiu o representante comercial Luiz Antônio.

Também muito emocionada, a costureira Dayse Linares reforçou o sentimento do portelense para com Mestre Monarco. “É muito emocionante homenagear o Monarco. Para mim, estar aqui hoje, representar estar viva porque eu poderia não estar aqui hoje, mas Deus me deu essa chance. O Monarco era um símbolo da escola e vai ser emocionante para todos representá-lo”, afirmou.

Fotos: desfile de Paraíso do Tuiuti no Carnaval 2022

Tuiuti apresenta boa plástica, se destaca no samba, mas erra em evolução e estoura tempo de desfile

Primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, o Paraíso do Tuiuti somou vários problemas de evolução. A agremiação abriu inúmeros buracos durante a apresentação em frente aos módulos julgadores e precisou correr no fim da exibição. Os destaques positivos ficaram por conta da criativa e bonita comissão de frente, e do samba, que funcionou bastante na Avenida. A escola também somou bom conjunto estético, porém, confuso. Apesar da velocidade na reta final, o Tuiuti não conseguiu completar o desfile no tempo regulamentar e estourou o limite em dois minutos. Fora isso, a escola pode ter problema em obrigatoridade, afinal, a princesa Mayara Lima passou por apuros com o tapa-sexo, segundo o jornal Extra, e deixou a genitália à mostra, o que pode ocasionar penalidade. * VEJA FOTOS

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Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Coreografada por Claudia Mota, a comissão de frente foi composta por 15 homens. Os dançarinos do Tuiuti fizeram uma representação do momento de criação do homem na terra, ordem de Olodumarê a Oxalá, que teve dificuldades para realizar o pedido. Nanã chega então para ajudar, com moldes em barro, e Oxalá faz o homem o apresentando ao ‘Deus Supremo’ Olodumarê.

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A comissão de frente foi um dos grandes destaques do Paraíso do Tuiuti neste sábado. A apresentação se iniciava no chão, com Oxalá e Nanã coreografando, na sequência, Oxalá subia no tripé para encontrar com Olodumarê. O elemento cênico brilhava, simbolizava a terra e se abria. Oxalá, então jogava sementes e nasciam os homens negros. Estes desceram e seguiram coreografia sincronizada com as dançarinas que representavam as Nanãs. A apresentação durou cerca de três minutos e levantou o público presente.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira veio em representação de Zumbi e Dandara dos Palmares, que simbolizavam a resistência e a força da ancestralidade africana. Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane vieram com figurinos com bastante detalhes em prateado e amarelo. A saia da porta-bandeira vinha cores amarela e laranja, as mesmas do esplendor do mestre-sala. A dupla fez grande apresentação nas duas cabines duplas, mostrou bastante sincronia, coreografia diversificada e sintonia nos olhares e gestos. No terceiro módulo, no setor 6, em um dos giros, Dandara esbarrou o pavilhão de forma leve em Raphael. A apresentação total da dupla durou cerca de 2m15s.

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Harmonia

O Paraíso do Tuiuti foi uma das escolas que mais se destacou no canto até aqui. Todas as alas cantaram bastante o samba, passaram brincando e pulando nos primeiros módulos. A força na voz e a energia foi atrapalhada pela correria no final. Destaque para as alas 3, ‘Poder e Prosperidade’ e 4 ‘Guerreiros Implacáveis da Resistência: Ogunhye, Zumbi! Epa Hey, Dandara!’. As últimas alas, no entanto, não tiveram a mesma entonação e não brincaram por conta da evolução ruim da escola.

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Enredo

O Tuiuti abriu seu desfile abordando a criação dos homens através das figuras dos orixás, e os primeiros grandes personagens negros da história da civilização, como Piankh Piye, primeiro faraó preto da história. A partir daí surgem os nomes pretos de resistência à escravidão, como Zumbi e Dandara. Chegando a um passado mais recente, a escola trouxe nomes como Nelson Mandela, Angela Davis e Barack Obama. No segundo setor, ‘Beleza do Movimento’, o Tuiuti contou a importância dos artistas negros e da representatividade dos mesmos, com nomes antigos como Benjamin de Oliveira, Mercedes Baptista e Maria Lata D’Água, até artistas contemporâneos, como Ru Paul, Beyoncé e Chadwick Boseman.

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Em seguida, a escola rende homenagem a grandes nomes negros que contribuíram na história da ciência da humanidade, como Wangari Maathai, George Washington Carver, Katherine Johnson e mais recentemente a biomédica brasileira Jaqueline Goes de Jesus, que ajudou no combate à pandemia da covid-19. Por fim, o Tuiuti trouxe a fé nas religiões de matrizes africanas como ato de resistência negra, como o Candomblé. Também é abordado outros cultos e ritos como o surgimento do movimento Rastafári, a Congada, e no Brasil, o Maracatu, e o movimento religioso de atribuições de outras religiões que resultaram na Umbanda. A escola encerrou o carnaval com uma saudação em respeito aos ensinamentos dos orixás e do povo preto por luta de resistência.

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Evolução

O Paraíso do Tuiuti somou inúmeros problemas de evolução durante todo desfile. O quarto carro teve problemas para a colocação de composições na alegoria e acabou retratando a passagem da escola na Avenida. Foi aberto um buraco na frente do carro logo na primeira cabine de jurados por conta do erro. Na sequência, outro buraco foi aberto no setor seis à frente do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira. A alegoria quatro teve problemas novamente no final e não acompanhou a ala anterior, que avançou. Um novo buraco foi formado no setor 11, em frente a cabine dupla de jurados. Além dos buracos abertos, a escola correu bastante no fim, algumas alegorias passaram rápido pelos jurados no final e alas também correram bastante. Apesar da velocidade, a escola não evitou o estouro no cronômetro.

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Samba

O samba funcionou bastante na Avenida, todas as alas cantaram muito obra, além das arquibancadas, que gritavam o refrão junto com a comunidade, principalmente na bossa do mestre Marcão. Além do refrão, o samba também foi bastante entoado do verso ‘Sou alabê gungunando o tambor’ até ‘Inundou um oceano até a Pedra do Sal’. O carro de som também fez ótimo trabalho com Celsinho Mody e conduziu a escola com maestria pelo Sambódromo.

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Fantasias

O Paraíso do Tuiuti promoveu uma diversidade de fantasias dentro das alas para simbolizar a ancestralidade africana do início da civilização, como no Egito. A ala 2, ‘O Egito é Negro: Salve o Faraó Piankh Piye’ tem ao todo cinco figurinos diferentes, com representações de Piankh Piye e Orunmilá, além de griôs africanos. A fantasia de Orunmilía, branca com elementos em prata ainda tinha foto de personalidade negras homageadas no alto de um adereço. As alas seguintes apresentaram os mesmos modelos de exibição. Na ala 8, o Tuitui homenageou Ru Paul, com uma personagem de roupa rosa, perucas loiras e saltos, enquanto na sequência a homenageada foi Beyoncé, que teve uma mulher com vestido dourado, seguida por outros componentes com a fantasia de Oxum.

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A ala das Baianas rendeu homenagem a Angela Davis, mulher negra ligada aos movimentos antirracistas e feministas nos Estados Unidos. Com saias em branco e dourado, as matriarcas representavam a força das mulheres negras que enfrentam opressão. A ala ‘A Ialorixá Imortal: Oke Aro, Mãe Stella de Oxóssi’ também apresentou bonita fantasia nas cores verde e branco do orixá, com flecha na mão e detalhes em dourado. A ala 21, que rendia homenagem a Katherine Johnson também teve riqueza de detalhes na fantasia, com bonitos esplendores em alusão à satélites variedade de cores. Já no fim, a ala ‘As Dama do Paço e as Calungas do Maracatu’ também chamaram atenção no visual, com elementos nas mãos e riqueza de detalhes nas saias.

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Apesar de apresentaram bom acabamento, criatividade e chamarem atenção no visual, a quantidade de figurinos diferentes na mesma ala causou certa estranheza. Um personagem principal vinha no meio de cada ala, os principais ao redor, e outros fantasias diferentes nas laterais e no fundo. Apesar da coerência com o que foi proposto, ficou esteticamente confuso.

Alegorias

A primeira alegoria de Paulo Barros trouxe a mensagem de Orunmilá, orixá a quem os homens devem ouvir e seguir os ensinamentos. O carro traz duas rampas onde era feita coreografia pela composição. A alegoria tinha bonitos totens nas laterais. Contudo, os movimentos de subida e descida dos componentes não causou impacto interessante, as fitas brancas se soltaram e ficaram por cima do carro. O movimento também não teve total sincronia. Na sequência, o carnavalesco trouxe a alegoria ‘Dragão do Mar: Kawóó Kábiyési, Francisco José do Nascimento’, em homenagem líder cearense abolicionista. O carro fazia menção a dragões e ao ‘mar de fogo’ por conta da profissão de jangadeiro e a luta contra a escravidão no país. Apesar da beleza, as composições não apresentaram sincronia no momento de abertura dos panos azuis.

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O terceiro carro fazia alusão a ‘Wakanda’, cidade imaginária super desenvolvida de predominância preta. A alegoria trouxe duas panteras na parte de cima em referência ao herói Pantera Negra, interpretado por Chadwick Boseman. O carro tinha detalhes de design africano nas cores branca, preta e laranja, e as composições, vestidas de Pantera Negra vinham em gangorras, apresentando bonito efeito de movimento. A alegoria quatro, ‘Estrelas Além do Tempo’ mostra um globo terrestre na parte do topo como referência a cientista negra Katherine Johson, que revolucionou a pesquisa espacial. Contudo, foi nessa alegoria que o problema de evolução foi gerado.

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O último carro do Tuiuti teve o nome ‘Que Nossos Caminhos Se Abram’ com um culto aos orixás e destaque para as religiões de matriz africana. A intenção foi retratar a mensagem de cada orixá parar transmitir a sabedoria e o legado que os personagens retratados deixaram ao longo do desfile da escola. Uma grande escultura de Oxalá marcou o último carro, no pedido de um mundo mais justo. Todos os carros apresentaram ótimo acabamento, cores vibrantes, luzes em neon piscando, e chamaram atenção do público.

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Outros Destaques

Os problemas de evolução foram tantos que alguns membros da bateria Super Som tiveram que ajudar na saída do último carro, o empurrando. A bateria do mestre Marcão, no entanto, levantou o público com as bossas. A ideia de trazer personagens negros importantes na história foi boa, mas eles foram quase imperceptíveis escondidos no meio das alas.

Análise da bateria do Tuiuti no desfile de 2022

A estreia de mestre Marcão na bateria do Paraíso do Tuiuti foi muito boa. Apresentação que fez jus ao apelido da bateria, exibindo um Super Som. Uma composição musical refinada proporcionando a plena audição de naipes de todo o ritmo. Uma afinação de surdos impecável, o som ressonante do surdo de segunda preenchia musicalmente as demais peças da cozinha de forma notável. O balanço irrepreensível dos surdos de terceira foi notado.

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O trabalho rítmico das peças leves foi Impecável. Uma sincronia com respeito ao solo de cada instrumento, incluindo chocalhos estupendos com sonoridade ímpar, tamborins eficazes com excepcional volume acrescentando molho à sonoridade e cuícas com desenho melódico encantador no refrão do meio. O desenho das cuícas, inclusive, fica ainda mais destacado na bossa da segunda passada do refrão do meio, preenchendo a musicalidade de forma espetacular. A ala de chocalhos dançantes casou bem com a personalidade pop do diretor do naipe, inserindo movimentos sincronizados, propiciando além de ritmo exemplar a cabeça da bateria, uma leveza inegável ao ritmo do Tuiuti. Um conjunto de bossas de grande profundidade musical, complexidade de execução e imenso valor sonoro.

Um misto de competência, criatividade e concepção requintada. A paradinha da primeira é musicalmente profunda, bem como se apresentou de forma enxuta. Já a bossa do refrão principal uniu ritmo de imensa qualidade e uma subida explosiva, com pressão, mas com leveza de movimentos dos ritmistas nos momentos de retomada, configurando uma educação musical elevadíssima. Essa paradinha ainda apresentou interação de movimentação dos ritmistas, finalizando dançando pra lá e pra cá, iguais ao arranjo musical da bateria. As execuções de bossas ocorreram de forma precisa por toda a pista.

A apresentação no primeiro módulo foi um espetáculo com direito a efusivo aplausos dos julgadores de cabine dupla, além de ovação popular. Simplesmente incompreensível e inconcebível a harmonia da escola optar por fazer a bateria do Tuiuti não passar reto sem entrar no segundo recuo já com problemas na evolução da escola cada vez mais nítidos ao longo da pista. Esse fato fez com que Mestre Marcão não pudesse exibir o belo modelo de apresentação dos outros dois módulos de julgadores, o que pode prejudicar a avaliação de um quesito com potencial pra gabaritar, complicando inclusive as pretensões da escola. Assim como ocorreu na São Clemente, mais uma vez um julgador apresentou uma cordialidade, gentileza e compreensão acima do normal, merecendo ressalva positiva pela consciência acima da média.

Tuiuti traz o vôo de Pantera Negra na terceira alegoria

Tuiuti04aO Paraíso do Tuiuti veio com o enredo “Batizado Ka ríba ti ye – Que nossos caminhos se abram”, mostrando na avenida os ensinamentos dos orixás e daqueles que povoaram o mundo, trazendo em suas almas a diáspora africana. A escola associou cada Orixá a uma dessas personalidades históricas, em que cada um seria o Orixá de cabeça dessas pessoas.

O primeiro setor da escola de São Cristóvão fez referência a grandes lideranças negras na política. No segundo setor, o Tuiuti homenageou artistas pretos de diferentes áreas, do Brasil e do mundo. A terceira alegoria do Paraíso se chamava “Wakanda – O reino do Pantera Negra”, em alusão ao premiadíssimo filme da Marvel, dirigido por Ryan Coogler.

Nas laterais da alegoria, componentes da escola vestidos como T’Challa, rei de Wakanda, ficavam pendurados em pêndulos que balançavam de um lado para o outro, criando um belíssimo efeito visual. A impressão que se tinha foi de que esses homens, que representavam o protagonista do filme Pantera Negra, voavam pela passarela do samba.

Eduardo Ferreira, 24 anos, aderecista da escola, falou sobre a preparação do grupo para executar a performance no carro. “Tivemos um mês de ensaios pra gente se acostumar com o movimento e se tornar uma coisa mais tranquila”. Ele conclui: “Poder estar aqui representando esse filme (Pantera Negra) é maravilhoso”.

“Tem muito a ver com a nossa história, do povo negro”, confessa Thiago Ramos, 32 anos, fisioterapeuta. Ele detalha o processo para chegar ao resultado apresentado na avenida: “A gente fez um teste, passou e desde então estamos ensaiando. E ninguém aqui é artista circense”.

Os quatro destaques do carro simbolizaram a sabedoria de Oxaguiã, o guerreiro da paz e da vida. O filme Pantera Negra foi escrito, dirigido e encenado por afrodescendentes, se tornando um verdadeiro sucesso de bilheteria pelo mundo todo, eternizando o herói e seu reino Wakanda.