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Império da Tijuca segue fiel às origens afro-brasileira e apresenta o enredo ‘Cores do Axé’ para o Carnaval 2023

O Império da tijuca realizou neste domingo a apresentação do enredo e da equipe responsável pelo desfile de 2023. Mais uma vez, a escola segue fiel a suas origens e virá com um enredo afro, “Cores do Axé”. A agremiação fará uma homenagem ao artista Carybé (pintor argentino que apaixonado por Salvador e suas manifestações culturais, fez sua obra em cima das expressões e fé) e sua relação com o axé. Esse encontro passará pelo nascimento da natureza, dos Orixás, das festividades, além de visitar a Bahia.

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Fotos: Walter Farias/Site CARNAVALESCO

Para o desenvolvimento, a diretoria contratou os carnavalescos Junior Pernambucano e Ricardo Hessez. Sendo o primeiro ano dessa parceria, a dupla acredita que suas ideias e experiências se completam e serão um trunfo para o desfile de 2023. Vale ressaltar que este será o primeiro carnaval de Ricardo Hessezassinando na Sapucaí, enquanto isso, será o recomeço de Junior, inclusive, a volta ao primeiro império do samba.

“Está sendo muito bom trabalhar com o Ricardo. Acredito que ele tenha um futuro muito bom! Ele é um cara inteligentíssimo e está somando muito na parceria que está buscando representar bem a Império da Tijuca. Eu estou muito confiante com a nossa parceria” disse Junior Pernambucano ao site CARNAVALESCO.

“Eu vi a escola chegar no Especial com o Junior, vi o trabalho dele anterior aqui na escola e admiro muito. Agradeço ter essa oportunidade com ele que também é uma pessoa generosa e ainda tem muita coisa e muita novidade para marcar. Ele traz todo o entendimento do que é a escola, enquanto eu trago mais o olhar da arte. Está casando bem e se Deus quiser dará certo”, afirmou Ricardo.

Quanto ao assinar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí, Ricardo se mostra calmo na maior parte do tempo e afirma que até nesse sentido a sua parceria com Junior Pernambucano é preciosa.

“Eu estou relativamente calmo. Claro que de vez em quando bate uma ansiedade, mas esse é outro ponto bom de estar em dupla, porque da pra dividir com alguém a carga”, comentou Ricardo.

Enquanto isso, Pernambucano lida com sua volta ao carnaval. “A escola que é minha mãe. Hoje passa um filme na minha cabeça e reencontrar as pessoas está sendo muito bom, até mesmo por conta dos últimos desfiles que foram uma coisa desastrosa e me marcou bastante. Estou empolgado com essa volta e já está sendo um trabalho muito especial”, contou.

presidente te

O presidente Tê também marcou presença na apresentação do enredo e conversou com a nossa equipe a respeito do enredo de 2023 e a expectativa para o trabalho da equipe.

“Enredo bem afro e de muita macumba, um enredo na linhagem da escola e produzido por uma equipe de total confiança. Sentamos com os carnavalescos e comissão de frente, estamos todos alinhados e buscaremos fazer um desfile para brigar pelo título”, garantiu.

Quando perguntado sobre como está o planejamento para 2023, o presidente explicou: “Se a prefeitura já tivesse programada a liberação da subvenção, já daria para adiantar nosso planejamento, mas a gente ainda não sabe quando vai receber 2023. Acredito que a prefeitura poderia trabalhar mais afinada com a Riotour, porque as escolas do Acesso dependem muito dessa verba municipal. Até porque estadual não tivemos nada esse ano”, desabafou.

luan teles

Além de uma equipe de confiança, o Império da Tijuca também precisará de um samba forte. Para isso, o diretor de carnaval, Luan Teles, já tem uma programação definida.

“Estamos apostando na novidade com um carnavalesco experiente e vencedor. Tenho a total certeza que a dupla apresentará um sucesso na avenida, mas também precisamos de um bom samba. Nós queremos iniciar a competição em agosto e definir o samba em setembro”, revelou.

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Junto a nova dupla de carnavalescos, um samba forte e a fidelidade às raízes da escola, o Império da Tijuca também apresentou confiança no amadurecimento de integrantes importantes para o desfile, como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Laís Ramos.

“Nós estamos voltando agora de uma mini-férias, mas estudamos muito o carnaval de 2022 para entendermos o que mudar para 2023. Agora que oficialmente, estamos ansiosos, até porque o enredo está incrível”, comentou Laís

“Esse ano foi nosso melhor desfile. Foi o desfile de melhor performance e o mais seguro também. Já estudamos bastante 2022, para iniciarmos o processo de 2023 e manter o trabalho numa crescente de alto nível e ajudar a apresentar esse enredo maravilhoso”, acrescentou Renan.

daniel silva

Quem também continua na comunidade do morro da Formiga e ajudará a contar esse enredo, é a tropa imperial comandada pelo intérprete Daniel Silva e a bateria “Sinfonia Imperial” liderada pelo mestre Jordan.

“Está sendo uma honra fazer parte dessa família. Eu e o carro de som, quer dizer, a “Tropa Imperial”, estamos ansiosos para descobrirmos logo qual será o samba do ano e começar os trabalhos para apresentação na avenida”, disse o cantor.

mestre jordan

“O balanço de 2022 foi muito bom. Foi um desfile de muita alegria, conseguimos executar tudo o que tínhamos planejado e o resultado foi ótimo, mesmo as notas não tendo sido. Mas daqui a uma semana já começamos os preparativos para 2023 e se Deus quiser vamos conquistar os 40 pontos”, afirmou mestre Jordan.

Fotos: eleição presidencial do Salgueiro

Salgueiro: Oposição entra com liminar, alegando irregularidade na chapa 1, pedido é indeferido, mas grupo diz que segue na batalha

A chapa 2 na eleição do Salgueiro, de Thiago Carvalho, informou que entrou com uma liminar alegando irregularidade na chapa 1. Porém, ela foi indeferida. A oposição promete seguir na batalha. Ao site CARNAVALESCO, o presidente André Vaz disse não temer nenhuma liminar. * VEJA AQUI COMO FOI O PLEITO NO SALGUEIRO

candidatos salgueiro
Foto: Anderson Borde/Divulgação

“Entramos com liminar na quarta-feira. A juíza do caso está de férias e o pedido foi indeferido, mas a batalha continua. As regras do estatuto precisam ser cumpridas. Um componente da chapa deles é diretor de harmonia de uma coirmã. O estatuto não permite que um dirigente de outra escola seja votada aqui. A gente sabe a importância de um diretor de harmonia. O jogo tem que ser justo. Nossa expectativa é que isso seja resolvido o mais rápido possível. Aguardar a Justiça e ser aclamado”, disse Thiago Carvalho, em entrevista ao site CARNAVALESCO.

Foram 513 votantes no pleito. A chapa 1 recebeu 442 votos, chapa 2 teve 70 votos e 1 voto foi em branco. Após a apuração, André Vaz foi empossado presidente por Francisco Latorre, presidente do Conselho Deliberativo do Salgueiro. O mandato é de quatro anos.

ANDRÉ VAZ É REELEITO PRESIDENTE DO SALGUEIRO

Em eleição realizada neste domingo, na quadra, o Salgueiro reelegeu o empresário André Vaz para presidência da Academia do Samba. O mandato é de quatro anos. Foram 513 votantes no pleito. A chapa 1 recebeu 442 votos, chapa 2 teve 70 votos e 1 voto foi em branco. Após a apuração, André Vaz foi empossado presidente por Francisco Latorre, presidente do Conselho Deliberativo do Salgueiro. A chapa 2, de Thiago Carvalho, informou que entrou com uma liminar na Justiça, alegando irregularidades entre os integrantes da chapa 1. Porém, ela foi indeferida. A oposição promete seguir na batalha. Ao site CARNAVALESCO, o presidente André Vaz disse não temer nenhuma liminar. * VEJA AQUI FOTOS DA ELEIÇÃO

andre vaz
Foto: Divulgação

“De um total de 04 anos, tivemos , de fato, pouco mais de 02 anos para administrar uma escola com dívidas e muitos outros problemas. Nosso compromisso principal sempre foi a transparência nos atos é isso continuará. Agora teremos tempo de realizar os projetos que sempre estiveram em pauta é que, por conta dos percalços da pandemia e dos problemas financeiros, não puderam ser concluídos. A gente conta com o salgueirense para avançar e conquistar o título do Carnaval e também da responsabilidade social, independente de qualquer coisa, o Salgueiro está de portas abertas a quem quiser, de fato, contribuir para o crescimento da escola”, disse o reeleito presidente salgueirense.

Ao site CARNAVALESCO, o candidato Thiago Carvalho explicou a liminar da chapa 2. “Entramos com liminar na quarta-feira. A juíza do caso está de férias e o pedido foi indeferido, mas a batalha continua. As regras do estatuto precisam ser cumpridas. Um componente da chapa deles é diretor de harmonia de uma coirmã. O estatuto não permite que um dirigente de outra escola seja votada aqui. A gente sabe a importância de um diretor de harmonia. O jogo tem que ser justo. Nossa expectativa é que isso seja resolvido o mais rápido possível. Aguardar a Justiça e ser aclamado”, disse Thiago Carvalho.

Na apuração dos votos, o presidente do Conselho Deliberativo do Salgueiro, Francisco Latorre, agradeceu às duas chapas pela forma que se portaram até aqui neste processo eleitoral, no que chamou de “festa da democracia salgueirense”.

André Vaz chegou no Salgueiro no final da década de 1980. “Dali virou uma paixão muito grande pela escola. Todo ano desfilando, ajudando a ala montagem em 1995/1996 e no final dos anos 1990 me tornei presidente da ala paixão salgueirense. Fiz amizades, tive encontros marcantes, a paixão só aumentou. No começo dos anos 2000 já ajudava a diretoria da escola, participava de reuniões e de lá pra cá o laço André e Salgueiro só aumentou”.

Conheça as propostas de André Vaz para mais quatro anos no comando do Salgueiro

Equipe do Salgueiro para 2023
“A expectativa é a melhor possível. Já tínhamos um time forte, um time de segmentos fortíssimo. Trouxemos um carnavalesco que no nosso entender é um dos melhores do carnaval atual. Trouxemos um diretor de carnaval, o Julinho, que a gente acredita muito. A nossa diretoria está sempre dando estrutura para que eles possam, no desfile, exercer a melhor expectativa para que o Salgueiro venha muito bem na Avenida”.

Obras na quadra
“Em relação a nossa quadra a gente sempre projeta melhorias. Hoje estamos finalizando, se Deus quiser, daqui a uns 15, 20 dias, a obra no barracão, a qual tinha que acontecer e, consequentemente, daqui a pouco vamos fazer umas reformas na quadra, nos banheiros, piso do segundo andar, no corredor dos camarotes. Deixar a quadra cada dia que passa mais confortável pra que a gente possa levar artistas de nome e receber nosso público com tranquilidade nos camarotes, lá embaixo, receber convidados, patrocinadores. Esse é nosso objetivo; todo ano ter uma projeção pra quadra. Vamos dividir os investimentos entre quadra, barracão e a escola, para que a gente possa manter as contas equilibradas”.

Lado social
“Quando se fala de Salgueiro, consequentemente você fala do social. A ideia é sempre melhorar, oferecer projetos para que a comunidade desfrute. Já temos um centro médico hoje que atende mais de mil pessoas por mês. Junto com o social da vila olímpica trazer a comunidade para dentro da nossa vila olímpica, dentro da nossa quadra. Quando se fala de Salgueiro temos que lembrar onde tudo começou que foi no Morro do Salgueiro. Temos que fazer vários projetos no morro, projetos de dança, com os profissionais que a gente já tem e projetos de esporte também para que o Morro do Salgueiro seja beneficiado junto com a escola”.

Vila Olímpica do Salgueiro
“Foi o que a gente mais teve dificuldade na nossa gestão. A gente pegou uma vila olímpica interditada e conseguimos, no ano passado, fazer um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e agora conseguimos, junto com o governo do estado a liberação de uma verba para que a gente possa reformar nossa vila olímpica. A partir daí alcançar coisas boas, trazer nossa comunidade, as crianças, a terceira idade. Então acho que a gente vai fazer uma gestão diferente na vila olímpica. Vão ter profissionais capacitados em cada setor para que a gente possa levar estrutura para essas crianças e para a terceira idade. E, também trazer parceiros porque com certeza você trabalhando bem o social, a vila olímpica, tem empresas que só investem no social. A expectativa é essa, fazer um trabalho diferenciado para que essas empresas possam viabilizar nosso projeto tanto de professores, de aulas, de tudo para que a comunidade seja beneficiada nesse projeto. Então o salgueirense pode esperar muita coisa boa na vila olímpica porque esse é nosso foco”.

Shows no Salgueiro
“Cada mês que passa procurar trazer grupos famosos, pessoas famosas para que possam abrilhantar nossa quadra junto com novos parceiros. Existem grupos aí que para você trazer, só com uma parceria, então, a gente trabalha nisso. Para que o Salgueiro sempre esteja com vários eventos grandiosos para que a gente possa trazer parceiros, outro público, para que eles venham conhecer a quadra do Salgueiro e apra que a gente possa estar transformando a nossa quadra em uma casa de show. Esse é o objetivo. Buscar sempre melhorias para que a gente possa trazer shows e parceiros que possam nos ajudar muito no nosso carnaval”.

Nei Lopes é o enredo da Renascer de Jacarepaguá para o Carnaval 2023

A Renascer de Jacarepaguá contará a história do escritor, compositor, poeta, e pensador Nei Lopes que esse ano completa 80 anos de vida. O enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Plinio Santos.

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“É uma grande honra poder falar desse gênio da cultura afro-brasileira nos seus 80 anos. Vamos comemorar juntos os 30 anos da Renascer e os 80 de Nei Lopes no dia 25 de fevereiro de 2023 na Intendente Magalhães”, disse o presidente André Augusto (Dedé).

História de Esperança Garcia é o enredo da Em Cima da Hora para o Carnaval 2023

A Em Cima da Hora anunciou que contará no Carnaval 2023 a história de Esperança Garcia, mulher negra escravizada que, no século XVIII, no Piauí colonizado, ergueu-se como voz da resistência e lutou contra os terrores da escravização. Confira abaixo a publicação da escola.

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“Esperança, combatendo a estrutura opressora da época, aprendeu a ler e a escrever, e usou o saber como arma de enfrentamento: redigiu uma carta denunciando os horrores do Piauí escravocrata e as violências que sofria, documento hoje considerado uma das primeiras cartas de Direito.

Em 2017, Esperança foi reconhecida pela OAB/PI como a primeira advogada piauiense e sua carta é também foi considerada uma das primeiras obras da Literatura Negra brasileira.

Assim, convidamos toda a nossa comunidade para ecoar a voz e a vida de Esperança Garcia!

“Esperança agoniza, mas não morre, brada! Ergue a cabeça, Esperança, e escreve! E ela escreveu para lutar pelos seus! Escreve, Esperança, tu que és verbo vivo da justiça de Xangô!”

Carnavalescos: Marco Antonio Falleiros e Carlos Eduardo
Enredistas: Victor Marques e Clark Mangabeira
Arte: Bruno Coelho

Sinopse do enredo do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2023

Enredo: Mogangueiro da Cara Preta

O termo “especiarias” era conhecido na Europa nos séculos XIV e XV para designar temperos e condimentos, que não só davam mais sabor aos alimentos como serviam também para conservá-los, sendo alguns usados como remédios. Os preços altíssimos cobrados então causaram indiretamente o “Descobrimento” da América e do Brasil.

enredo tuiuti23

Sua importância vai até os dias de hoje.

Quem nunca saboreou um mingau com canela ou um doce de coco com cravo da Índia – que até hoje mantém no nome sua origem?

Neste rol de especiarias, vamos listando a pimenta do reino, a canela, o açafrão, o anis, e até mesmo a noz moscada, natural da Indonésia, mas que se aclimatou muito bem na Índia, além do cominho e o curry. Na verdade, esses são alguns dos produtos que enriqueceram a mesa europeia a partir da Idade Média. Seu alto custo era cobrado por importadores que bloqueavam sua comercialização. A saída foi procurar um caminho direto a seus produtores, pelo mar – dando origem às “descobertas” de novas terras.

O comércio se tornou bastante comum entre o Ocidente e o Oriente.

E assim começa nossa história…

Conta-se que um carregamento de búfalos, originários da Índia, também fez parte desse grande rol de exportações.

Viajavam num navio que, devido a forte tempestade, acabou naufragando perto da costa brasileira. Muitos deles, milagrosamente, conseguiram se salvar nadando até a terra firme.

Chegaram a um lugar que, tal qual a Índia, era habitado havia milhares de anos. Desses antigos moradores, temos apenas restos de uma civilização admirável em seus trabalhos em argila, cuja fabricação era especialmente decorada.

Nossos búfalos sobreviventes se aclimataram muito bem nessa região. Foram se multiplicando e hoje formam o maior rebanho de búfalos do país. A terra que os acolheu era em alguns lugares alagadiça, e esses animais se refrescavam nesses oásis de águas cristalinas, por conta de sua constituição que lhes permitia sair d’água sem esforço graças a seus fortes músculos traseiros.

A terra a que chegaram tão bravamente, na verdade era uma ilha, a Ilha de Marajó, situada entre a desembocadura de um rio e o oceano. E seu povo tem por esses animais a maior reverência.

Aproveitando as influências de festas nortistas, Mestre Damasceno, grande artista popular marajoara, criou um “Búfalo – Bumbá”, uma adaptação do Auto do Boi, tendo como figura central o búfalo.

A presença do boi foi largamente disseminada entre os povos Bantos africanos que, no período da colheita, conduziam um boi estilizado, em procissão animada por cantos e danças.

Os escravos, cantadores de muitas gerações, usavam palavras e ritmos de seus universos poéticos, narrando aventuras de outros tempos e espaços, com histórias nas quais os bichos falavam, dançavam, cantavam e assombravam reinos humanos e os animais.

“Que já houve um tempo em que eles conversavam entre si e com os homens é certo e indescritível, pois que bem comprovado nos livros de fadas carochas. Mas, hoje em dia, agora, agorinha mesmo, aqui, ali e em toda parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim, por todo mundo, por qualquer filho de Deus?!”

São histórias contadas pelas avós.

“Meu boi preto mogangueiro,
árvore para te apresilhar?
Palmeira que não debruça: buriti
– sem entortar…”

Os búfalos passeiam pela cidade, servem de montaria para a polícia e ajudam na coleta do lixo. E, à noite, ouve-se as vozes de mães ninando seus pequenos:

Boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta…

Rosa Magalhães.
João Vitor Araújo.

‘Eles querem um show de abertura’, diz Saulo Finelon sobre trabalhar com Jorge Teixeira na Beija-Flor de Nilópolis

A Beija-Flor contratou a dupla de coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon para lideraram a comissão de frente em 2023. Eles que estavam na Mocidade desde 2015, chegam com prestígio para fazer valer a estratégia da escola para o quesito: ter mais comunicação com o público e ser um número de impacto.

jorge saulo beijaflor
Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

Em busca de ir além da dança e de uma apresentação dentro do enredo, a Deusa da Passarela apostou nos criadores do Aladim voador para o lugar de Marcelo Misaidilis, hoje na Imperatriz Leopoldinense. Ainda que o quesito não estivesse comprometendo os resultados da escola, o objetivo agora é marcar presença, uma vez que as últimas aberturas de desfiles da Beija-flor não figuravam na lista das mais lembradas dos carnavais. Jorge e Saulo chegam justamente para dar notoriedade ao quesito, com a bagagem de profissionais que aprenderam a encantar o Sambódromo.

Há sete carnavais frequentando a Vila Vintém, eles colecionaram trabalhos que arrancaram aplausos do público. Se em 2015, o temporal atrapalhou os planos de literalmente incendiar a abertura do desfile, em 201616, o público ovacionou Dom Quixote colocando políticos na cadeia. Em 2017, a catarse marroquina com o Aladim que saía voando e a perfeição coreográfica, em 2018, alocaram Jorge Teixeira e Saulo Finelon de vez na galeria dos grandes trabalhos em comissões de frente. Os dois ainda colocaram uma máquina do tempo na avenida, em 2019, encantaram os espectadores com a história de Elza Soares, em 2020, e as flechas de Oxóssi, em 2022.

De casa nova, a dupla agora vai encarar uma torcida acostumada a vencer e uma escola que sempre é aguardada e favorita. Para Jorge Teixeira, o peso de ser um dos favoritos é minimizado pela confiança no trabalho a ser executado.

“Nós procuramos não pensar muito na questão do peso. Tentamos levar as coisas com muita naturalidade, confiamos em nós mesmos e já sabemos como gostamos de trabalhar. Então, se foi um convite, é porque a diretoria da Beija-Flor confia também. Sabemos da responsabilidade, do tamanho da escola para o carnaval, mas faremos um trabalho como fizemos sempre: buscando o nosso melhor”, afirmou Jorge, falando do convite da escola e o motivo que os levaram até Nilópolis.

O diretor de Carnaval Dudu Azevedo também mostra confiança na dupla. Ele conta que a ideia é fazer um show de abertura para, além da nota máxima, o público mergulhar no desfile e no enredo já no início. Dudu afirma que a escola está buscando ajustar os quesitos que podem se desalinhar com os planos da agremiação, como acontecia com Enredo e, agora, com Alegorias e Adereços, que deixa décimos preciosos pela pista, há 7 anos.

“A gente quer buscar uma comissão de frente que não tenha só o impacto de dança. Isso a gente tinha e ganhava 10, com o Marcelo Misaidilis. Mas, se viu a necessidade de ir além. Mesmo dentro do enredo, criar uma comissão que cause um ponto marcante dentro do desfile. Nisso, a gente tem total confiança de que o Saulo e o Jorge vão trazer para a gente”, disse o diretor de carnaval.

Dois pontos ajudarão os coreógrafos na construção de uma comissão de frente de impacto: primeiro é que a escola deu a eles a liberdade total para executar o trabalho. E segundo, é o entrosamento com Alexandre Louzada, que assina o enredo para 2023, ao lado de André Rodrigues. Jorge, Saulo e Louzada, trabalharam juntos na Mocidade entre 2016 e 2019. A dupla comemora o fato de que o carnavalesco os deixa à vontade para trabalhar e eles já sabem o que pode deixá-lo feliz ao retratar o seu enredo.

“Quando se tem um diálogo com o carnavalesco fica muito mais fácil. Porque, por mais que nós procuramos fazer um trabalho de autoria nossa, o carnavalesco também precisa ficar feliz. Afinal, nós estaremos retratando um enredo dele”, contou Saulo Finelon.

Agora, com enredo lançado, a dupla começa o trabalho de pesquisa e montagem. O trabalho deles será conhecido no desfile de 2023, quando a Beija-Flor levará para a avenida o tema “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da independência”, que será, a partir da independência da Bahia, uma reivindicação pelos que lutaram no processo de se separação do Brasil de Portugal, mas não ganharam a notoriedade que mereciam, e ainda uma contestação do real significado de ser independente. Já o resultado final dessa comissão de frente, é conversa para depois da apuração.