Na noite desta terça-feira, a Acadêmicos da Abolição brilhou na disputa da Série Prata na Intendente Magalhães. Com o samba-enredo “Somos os Reis da Rua!”, a escola homenageou Zé Pilintra, levando para a avenida sua malandragem e espiritualidade. O enredo exaltou a figura dos bate-bolas, personagens icônicos do carnaval suburbano carioca, e celebrou a ocupação das ruas como espaço de resistência e celebração da identidade popular.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de Frente
A comissão de frente, comandada por Layla Diamante e Patrick Carvalho, trouxe um espetáculo visual e coreográfico que arrepiou quem assistia. Representando o orixá Zé Pilintra, os componentes apresentaram uma coreografia precisa e sincronizada, vestindo fantasias deslumbrantes que capturavam a essência da entidade. Incorporaram o tema com maestria, evocando o mistério e a malandragem da figura homenageada. Além disso, durante a apresentação, os componentes também trouxeram referências do carnaval de rua e os bate-bolas.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Os irmãos Vinicius e Jack Pessanha brilharam com uma apresentação repleta de leveza e garra. O casal mostrou uma dança harmoniosa, com muita conexão entre si, o que encantou o público. Além da técnica impecável, esbanjaram carisma e trouxeram ainda mais brilho ao desfile da Abolição.
Harmonia
A comunidade da Abolição cantou com alma e entrega. O samba-enredo, interpretado por Emerson Dias e Digão, era um grito de orgulho suburbano, ecoando pela Intendente como um chamado ancestral. O refrão “Somos os Reis da Rua!” estava na boca do público e dos componentes, que desfilavam com o peito estufado e os olhos brilhando.
Evolução
A escola mostrou um desfile coeso e vibrante. As alas estavam muito animadas, contagiando o público com sua energia e animação. O desfile trouxe referências visuais marcantes aos bate-bolas, ressaltando a identidade suburbana com cores vibrantes e movimentação intensa. Os carros alegóricos estavam lindos e muito bem feitos, ricos em detalhes, utilizando tecnologia LED para destacar elementos visuais tanto nos carros quanto nas roupas das baianas, que cintilavam sob as luzes da avenida. Além disso, um dos carros contou com um lança-confete.
A bateria de Mestre Bruzaca levantou a arquibancada com seu ritmo pulsante, fazendo a plateia cantar e vibrar a cada batida, consolidando a festa da Abolição como uma das mais marcantes da noite. As alas avançavam sem atropelos, em perfeita sintonia com a bateria, que pulsava como um coração suburbano. A cadência bem marcada permitiu que os componentes dançassem e interagissem com o público.
Outros destaques
A bateria, com sua rainha Katarina Harmony, não apenas sustentou o ritmo, mas contou uma história com cada repique e tamborim.
O último carro alegórico, com intervenções artísticas de Guilherme Kid, sintetizou a alma da escola: bandeiras tremulando, cores vibrantes e a imagem dos reis da rua tomando o trono que lhes pertence por direito.
A Alegria do Vilar foi com tudo na disputa da Série Prata na madrugada desta quarta-feira, na Intendente Magalhães. Com um samba-enredo vibrante e envolvente, a escola fez jus ao nome e transbordou emoção, entrega e paixão pelo espetáculo.
Neste ano, a escola levou para a avenida o enredo “Zé Lourenço, do Caldeirão da fé à semeadura da vida”, que resgata a trajetória do beato José Lourenço e sua luta por dignidade e esperança para o povo nordestino. Através da força da fé e do trabalho coletivo, a história de Zé Lourenço se transformou em símbolo de resistência, inspirando gerações e agora sendo imortalizada no desfile da Alegria do Vilar.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de Frente
A comissão de frente foi o ponto alto da apresentação. Muito bem coreografada, com muita sincronia e um show de teatralidade, ela impressionou a todos. Além disso, trouxe efeitos especiais que tornaram a performance ainda mais grandiosa. O público, encantado com a exibição, ovacionou a comissão, demonstrando sua aprovação entusiasmada. Com uma coreografia marcada por giros precisos e expressões carregadas de teatralidade, o grupo trouxe para a avenida a essência do enredo, conduzindo o público a uma viagem pelo tema escolhido. Os figurinos, riquíssimos em detalhes e brilho, ajudaram a construir a narrativa, arrancando aplausos entusiasmados das arquibancadas. A comissão foi coreografada por Marcus Mesquita, que soube explorar a essência do enredo com movimentos bem ensaiados e teatralidade.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira foi um espetáculo à parte. Com um bailado envolvente e uma sintonia impecável, o mestre-sala Walber Negreiro conduziu o porta-bandeira Anderson Morango com maestria. Destacando a leveza e a imponência, a dupla rodopiava com graça, empunhando o pavilhão com orgulho. O figurino luxuoso e a presença marcante garantiram a aprovação do público.
Harmonia
O carro de som e a bateria embalaram os componentes com uma cadência envolvente, garantindo que o samba-enredo fosse entoado com potência do início ao fim. O canto da comunidade era forte, demonstrando o quanto a Alegria do Vilar fez seu dever de casa. Não houve quebras ou descompassos, e a sintonia entre os setores foi exemplar, fazendo a escola cruzar a avenida com unidade e empolgação.
Evolução
A evolução foi bem conduzida, sem correrias ou buracos. Os componentes desfilaram com energia e alegria, respeitando os tempos de cada setor e explorando bem os espaços da Intendente Magalhães. As alas mostraram coreografias bem ensaiadas, sem comprometer o avanço da escola. O destaque ficou por conta da ala das baianas, que esbanjou garra e emoção com suas saias rodopiando em perfeita harmonia.
Outros destaques
As alegorias da Alegria do Vilar impressionaram pelo capricho e criatividade. Mesmo com as limitações da Série Prata, os carros alegóricos trouxeram impacto visual e se integraram bem à narrativa do enredo. A bateria, comandada pelo mestre Alex Vieira, com uma batida cadenciada e ousada, mostrou por que é chamada de “coração da escola”.
Entre os destaques da escola, a rainha de bateria Tina Bombom brilhou à frente dos ritmistas, esbanjando carisma e energia. Além dela, as musas Paty Padilha, Vânia Cortes, Adriane Pretinho, Elizabete Borges e Jarcilene Barbosa também chamaram atenção com seus figurinos exuberantes e muito samba no pé.
O Boi da Ilha levou à Intendente Magalhães, na madrugada da última terça-feira, pela Série Prata, um samba-enredo que homenageava o Quinho do Salgueiro e revisitava a vida do icônico intérprete e sua trajetória no carnaval. João Oliveira e Duda Martins, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, sofreram com o vento, tendo alguns problemas na apresentação perante os jurados. Já na evolução, a escola precisou acelerar, mas não foi suficiente para que não estourasse o tempo regulamentar.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de frente
Sob o comando dos coreógrafos Wania Magalhães e Carla Soares, a comissão de frente do Boi da Ilha apresentou uma coreografia ritmada e envolvente, que trouxe componentes vestidos de boi e sincronizando com alguns versos do samba-enredo: “Eu sou o Quinho/ sou da Ilha/ sou Salgueiro/ Orgulho/ nasci boiadeiro”. Nas fantasias predominavam o vermelho.
Mestre-sala e Porta-bandeira
João Oliveira e Duda Martins apresentaram uma dança cadenciada, com movimentos leves e muito carisma. O casal mostrou conexão com o enredo e entre si. A coreografia foi bem executada, entretanto, faltou vigor, além dos problemas enfrentados devido ao vento, que fez com que a bandeira acabasse enrolando e sendo puxada pela porta-bandeira para esticá-la novamente, em frente aos três primeiros módulos julgadores.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Harmonia e samba
Os componentes e o público presente entoaram o samba-enredo com animação e paixão. O intérprete Nino do Milênio conduziu de forma satisfatória o samba envolvente. A bateria, comandada pelo mestre Maurício Santos, passou pela Passarela Popular do Samba empolgando os foliões, com direito a paradonas, agogô presente e pura cadência.
Evolução
A escola passou com carros alegóricos grandiosos, componentes bem fantasiados, com destaque para a ala de baianas que homenageava o samba “Explode Coração” do Salgueiro. A agremiação precisou acelerar, ainda assim estourou em um minuto e onze segundos o tempo regulamentar, contudo não tirou o brilho do belo desfile apresentado.
A Império da Uva levou à Intendente Magalhães, na última terça-feira, pela Série Prata, o samba-enredo “Abayomis! A boneca preta do Brasil – Da ancestral referência à resistência atual”, com muita representatividade e a comunidade pulsando. Wagner Lobo e Raquel Silva, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, mostraram sincronia e entrosamento para os jurados com fantasia luxuosa.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de frente
Comandada pelos coreógrafos Marcos Silva e Luciano Caten, a comissão de frente da Império da Uva envolveu o público com uma coreografia que apresentava a força da ancestralidade e da mulher preta. A comissão contava somente com integrantes mulheres. Enquanto dançavam, as componentes entoaram com força e autoconfiança os versos do samba-enredo, sincronizando a coreografia com o que era cantado. Não foi utilizado nenhum elemento cenográfico, buscando centralizar a atenção na força das mulheres pretas e suas raízes ancestrais representadas através de seus figurinos, maquiagem e pinturas corporais.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Wagner Lobo e Raquel Silva apresentaram uma dança cadenciada, com movimentos impactantes e envolventes. A fantasia do casal era repleta de plumas e pedrarias. Mostraram conexão com o enredo e entre si. A coreografia foi bem executada e, assim como a escola, o casal também cantou o samba durante todo o desfile, trazendo a porta-bandeira como símbolo de resistência.
Harmonia e samba
Os componentes apresentaram canto forte durante sua passagem pela Intendente. O intérprete Charles Silva conduziu de forma satisfatória o samba, em total sincronia com a bateria comandada pelo mestre Dó, que passou pela Passarela Popular do Samba empolgando os foliões que assistiam da arquibancada, com um ritmo contagiante, cadenciado e com muitas paradinhas.
Evolução
A escola acabou acelerando muito no final do desfile, que até o momento fluía e evoluía bem, deixando buracos em frente ao último módulo de jurados, encerrando o desfile na casa dos 37 minutos. Apesar de ter apresentado grandes carros alegóricos, a escola deixou para trás minutos que poderiam ter evitado erros técnicos no quarto módulo.
A Tubarão de Mesquita levou para a Avenida, na última terça-feira, o samba-enredo “Repense, Reflita, Recicle. Vem na onda da sustentabilidade com a Tubarão de Mesquita”. A escola apresentou carros alegóricos com excelente plástica, grandiosos e fazendo uso de LEDs e efeitos especiais. A escola da Baixada se credencia como forte candidata na disputa pelo acesso à Série Ouro, em 2026.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de frente
Thamires Leal, coreógrafa da comissão, usou um elemento móvel, com efeitos especiais, e integrantes apresentando ao público a importância da preservação ambiental. A comissão despertou a curiosidade do público presente, encantando e cativando-os. A teatralização da coreografia desenvolvida para a comissão de frente foi uma grata surpresa, que introduziu fielmente o que viria a seguir para ser apresentado pela escola, tanto na temática quanto na grandiosidade dos carros alegóricos e fantasias.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rafael Gomes e Thamires Ribeiro, apresentou uma dança cadenciada, com movimentos suaves e elegantes. A coreografia leve e delicada sincronizava com o verso do samba “A missão é proteger”, quando o mestre-sala mostrava cuidado com a porta-bandeira que, através da fantasia verde, representava a natureza.
Harmonia e Samba
A harmonia da escola se destacou pelo canto da comunidade presente durante todo o desfile. Um samba que fluiu bem e contagiou componentes e a arquibancada, retratando a importância da preservação do meio ambiente para o futuro das cidades e como pode ser feito também no carnaval. O intérprete Ito Melodia, juntamente com os outros músicos, conduziram a escola de forma satisfatória, conseguindo um excelente entrosamento com a bateria comandada por mestre Michel, que apresentou paradonas, fantasias muito coloridas e empolgou os foliões presentes.
Evolução
Devido à grandiosidade apresentada pelos carros, alas coreografadas e efeitos especiais, a escola da Baixada, no final do desfile, acabou apresentando certa correria dos componentes e estourou o tempo regulamentar em um minuto.
A Beija-Flor de Nilópolis celebrou com muita emoção, na noite da última quarta-feira, seu 15º título no carnaval carioca. A conquista foi ainda mais especial por homenagear Laíla, um dos maiores nomes da história da escola e do samba. Após uma apuração tensa, em que a azul e branca assumiu a liderança e confirmou o campeonato no último quesito, a quadra se encheu de alegria. O festejo reuniu componentes, torcedores e figuras importantes da agremiação, como Neguinho da Beija-Flor, que se despediu do microfone principal, os filhos de Laíla, que viram o legado do pai ser eternizado com mais um campeonato, e Gabriel David, presidente da Liesa, que tem uma forte ligação com a escola, sendo torcedor declarado da azul e branca da Baixada.
Fotos: Luan Costa e Marielli Patrocínio
Presidente destaca importância de Laíla
Almir Reis, presidente da Beija-Flor celebrou a conquista do título com emoção, ele destacou todo o trabalho realizado pela escola desde o pré-carnaval. Para ele, independentemente do resultado, a escola já havia honrado Laíla com um desfile à altura de sua história. “Claro, sem preço. Desde quando lançamos a proposta, essa comunidade ficou hiper feliz. Você via que eles ensaiavam com muito vigor, acreditando no projeto”, disse Almir.
O presidente também exaltou a dedicação do carnavalesco João Victor Araújo e reforçou que o título foi um reconhecimento merecido para todos que fizeram parte desse momento. “Graças a Deus, a gente encontrou um caminho, e esse menino João foi incansável. E deu certo. O Laíla merecia, ele merecia isso.” disse Almir. Além disso, ele fez questão de mencionar a importância de Neguinho da Beija-Flor, que se despediu da escola campeã. “O Neguinho merecia ter uma saída digna para o campeão. É isso, essa comunidade aí. Você está vendo a felicidade deles”, completou.
Gabriel David comemora título
Gabriel David, atual presidente da Liesa, comemorou a vitória da Beija-Flor destacando a força do desfile da escola e a emoção que tomou conta da Sapucaí. Com uma ligação profunda com a agremiação por ser filho de Anísio Abraão David, patrono da escola, ele ressaltou que o título foi merecido e coerente com o que se viu na avenida. “Se você pegar o resultado do Carnaval como um todo, vai ver muita coerência entre as notas, muita coerência dentro daquilo que a gente imaginava que poderia acontecer após os desfiles. E a Beija-Flor merece o título, a comunidade nilopolitana merece o título. Faz sentido ter sido o desfile que mais empolgou a Sapucaí. Acho que foi, de longe, o desfile mais emotivo que teve no Sambódromo. E isso ganha Carnaval, isso sempre ganhou Carnaval e continua a ganhar Carnaval”, disse Gabriel.
Ele também elogiou a diretoria da escola, reconhecendo o trabalho do presidente Almir Reis e da comunidade. “Tem que ser valorizado. A diretoria tem que ser aplaudida, o presidente Almir tem que ser aplaudido, a comunidade nilopolitana tem que ser reverenciada.” disse Gabriel. Além disso, como presidente da Liesa, destacou o alto nível da competição deste ano e celebrou o planejamento das escolas. “Fico feliz de poder participar de um Carnaval onde todas as escolas tiveram um ciclo de bom planejamento e um nível de competitividade altíssimo, porque esse é o meu trabalho dentro da Liga: garantir que todas apresentem o melhor espetáculo possível na avenida e compitam no mais alto nível que eu já vi no Carnaval. Não tenho dúvidas de que foi o Carnaval de mais alto nível possível. E, mais uma vez, parabéns para a Beija-Flor, parabéns para toda a comunidade nilopolitana”, completou.
Neguinho se emociona durante despedida
Neguinho da Beija-Flor se despediu do microfone principal da escola após uma vida inteira dedicada ao samba e à comunidade nilopolitana. Ícone da azul e branca, ele acompanhou gerações de desfilantes, embalou vitórias históricas e construiu uma trajetória inigualável no Carnaval. Seu ciclo como intérprete oficial se encerrou da melhor forma possível: com a escola campeã, em um enredo que homenageou um dos maiores nomes da sua história, Laíla. Para ele, essa despedida coroada com mais um título teve um significado especial. “Eu entrei sendo campeão e estou entregando o microfone como campeão, em uma homenagem ao nosso grande mestre Laíla, o maior de todos os tempos, diretor de Carnaval e Harmonia. Isso não tem preço”. disse Neguinho, emocionado.
Carnavalesco dedica vitória à Rosa Magalhães
João Victor Araújo viveu a emoção de conquistar seu primeiro título como carnavalesco, um momento ainda mais especial por ser na Beija-Flor e em um desfile que homenageou Laíla. João viveu um ano desafiador após a colocação da azul e branca no carnaval passado. Como carnavalesco da escola, sentiu na pele as cobranças constantes e precisou encontrar forças para seguir em frente. “Eu fui cobrado o tempo todo por conta da colocação da escola no ano passado, fui muito cobrado. A minha cura foi o silêncio e a disciplina, para poder fazer um trabalho tão bom quanto o anterior. Mas isso deixa marcas na gente.” disse João.
Além desse desafio profissional, João também viveu um momento de grande perda pessoal com o falecimento de Rosa Magalhães, uma referência em sua trajetória. Ele fez questão de dedicar a vitória à artista, que sempre acreditou em seu talento. “Tenho certeza de que ela estaria muito feliz, muito orgulhosa de mim, porque torceu muito por mim no ano passado. Ela não está aqui fisicamente, mas espiritualmente, junto com o Laíla, junto com o João, certamente está vibrando.” disse João. Para ele, a coincidência de o troféu deste ano ser uma homenagem a Rosa tornou tudo ainda mais especial. “Olha que alegria: o troféu deste ano é uma homenagem à Rosa Magalhães! Olha que momento, gente! Que momento terno. Que momento, senhores!” disse o carnavalesco.
Comissão de frente decreta vitória
O quesito Comissão de Frente foi o último a ser lido na apuração, e, naquele momento, a escola já ocupava a liderança, restando apenas a confirmação do título. A tensão tomou conta da equipe, mas a confiança no trabalho apresentado na avenida era grande. Após meses de estudo e dedicação, o grupo sabia que havia entregado uma apresentação marcante, alinhada com a proposta do desfile. Cada nota anunciada aumentava a expectativa, e, quando o resultado se concretizou, a emoção tomou conta, selando uma conquista construída com esforço e paixão.
Saulo Finelon, um dos coreógrafos, descreveu a sensação no momento decisivo: “Foi realmente muito emocionante, porque a gente já tem a responsabilidade de entregar uma nota, e, neste ano, essa responsabilidade era tripla. Falar do Laíla, viver esse momento histórico da escola e, ainda, deixar por último uma nota que decidiria o título… Nossa, nem sei mensurar”, disse Saulo.
Já Jorge Teixeira destacou toda a preparação por trás da performance: “Foram meses de estudo, pesquisando sobre a vida do Laíla, principalmente por todo o lado espiritual dele. E aprendemos muito, foi um grande ensinamento. Durante o desfile, passamos muito tensos, mas, conforme cada jurado dava a nota e o público reagia, saímos de lá muito felizes, muito realizados. Hoje foi um dia muito emocionante, mas também muito tenso. Ser o último quesito, com a escola já em primeiro lugar, foi de tirar o fôlego. Mas agora é só felicidade”, explicou Jorge.
Ruan Montes, que representou Xangô na comissão de frente, não escondeu a emoção ao ver a Beija-Flor campeã. Para ele, viver esse papel em um enredo sobre Laíla e sair vitorioso foi algo inimaginável. “Nem nos melhores sonhos, eu ia imaginar que ia vir representando Xangô no enredo sobre Laíla e ainda ia ser campeão. Eu estou aqui, eu vim para a quadra confiante na minha escola, só que quando eu vi as notas, quando eu vi o resultado se revelando na nossa frente, chorei muito, vou chorar mais ainda. Eu estou radiante, estou feliz da vida. Muito feliz mesmo. Sem acreditar até agora”, disse Ruan, ainda emocionado.
Porta-bandeira com mais títulos
Selminha Sorriso viveu uma noite especial ao conquistar mais um título pela Beija-Flor, escola onde construiu sua trajetória sob a liderança de Laíla. Para ela, a vitória teve um significado ainda maior por ser uma homenagem ao diretor de Carnaval, que foi responsável por levá-la para Nilópolis e moldar sua história na azul e branca. “O sentimento é de gratidão por tudo que ele fez por nós, pelos ensinamentos, pelo que ele representou em vida. Passou um filme na minha cabeça, lembrando que ele foi o responsável por nos trazer para a Beija-Flor, onde estamos há quase três décadas. Ele respirava Beija-Flor e, onde quer que esteja, sei que está muito feliz agora”, disse Selminha.
Ela também destacou que, mesmo com o passar dos anos, sente-se plena para continuar exercendo sua função, mandando uma mensagem contra o etarismo. “Exercer essa função há 36 anos, num país que muitas vezes acha que as pessoas não têm mais condições, é uma luta diária. Mas eu sou da escola do mestre Laíla e vou provar que não existem regras para isso. O que existe é amor, trabalho, dedicação e respeito”, disse Selminha, reafirmando seu compromisso com a Beija-Flor.
Com mais essa vitória, Selminha entrou para a história ao se igualar a Dodô da Portela como a porta-bandeira com mais títulos no Grupo Especial. “Agora, acho que empatamos com a Tia Dodô, que era a porta-bandeira com mais títulos. Então, é mais uma conquista coletiva. Nada se faz sozinho. Hoje é dia de comemorar e agradecer ao terreiro de Laíla”, disse Selminha, emocionada com mais uma marca histórica em sua carreira.
Família emocionada
Os filhos de Laíla, Luiz Cláudio e Laísa, viveram uma noite de grande emoção com o título da Beija-Flor, que homenageou o legado do diretor de Carnaval. Para Luiz Cláudio, a conquista reafirmou a grandiosidade do pai e sua contribuição para a cultura brasileira. “Essa vitória representa a realidade do grande sambista, do sambista de raiz, que vem desde criança para uma comunidade inteira. Para a família, representa uma pessoa que trabalhou em prol do Carnaval desde os 18 anos de idade, em prol da cultura do Brasil, porque nós somos uma cultura. E ele promoveu essa cultura.” disse ele.
Ele fez questão de destacar que Laíla era maior do que qualquer escola, sendo uma peça fundamental para o Carnaval e o samba como um todo. “Laíla não era só Beija-Flor, Laíla era o Carnaval, era o samba.” completou Luiz Cláudio. Por fim, emocionado, falou sobre a forte conexão espiritual sentida durante o desfile e a apuração. “Hoje essa comunidade abraçou um lado espiritual muito grande, porque todos sentiram a presença dele. Isso representa o amor e carinho que ele deu para todos nós”.
Já Laísa, diretora de bateria da escola, reforçou sua paixão pelo samba e pela Beija-Flor, destacando a honra de ver sua escola escolhendo homenagear seu pai e voltando ao topo. “Acima de tudo, acima de qualquer coisa, eu sou muito sambista. Eu desfilo em outras escolas, meus amigos ritmistas, meus amigos mestres, eu sei a importância do samba, a importância do Carnaval para cada um de nós, eu trabalho com isso. Para minha agremiação, para minha escola, de onde eu vim, não poderia ser o enredo de outra escola. Eu tive a honra da Beija-Flor o escolher novamente e ver minha escola de novo no topo, minha comunidade feliz, minha comunidade sorrindo, não tem preço”, disse Laísa.
Ela também falou sobre a emoção de sentir a presença do pai nessa conquista. “Estou radiante e parece que a ficha não caiu. Nem nos meus melhores sonhos imaginei isso, é como se meu pai estivesse aqui de novo, impulsionando a gente, falando ‘vamos ganhar, vamos vencer’. A sensação que eu tenho é essa nostalgia, essa saudade gostosa que estou tendo, e a ficha não caiu ainda, a realidade é essa. Eu estou muito feliz. Eu sou muito Beija-Flor, eu sou muito Laíla”, finalizou, emocionada.
Sem vencer desde 2018, a escola voltou ao topo justamente com o desfile que a fez se reencontrar com sua identidade, reafirmando sua força e se consolidando, com folga, como a maior campeã da era Sambódromo.
Na noite da última terça-feira, encerrando o Carnaval de 2025, o Império da Tijuca mostrou à torcida que não está de brincadeira. O principal destaque foi a comissão de frente, que dançou de modo muito sincronizado. Além disso, as fantasias e a maquiagem dos componentes beiraram a perfeição. O primeiro tripé atrás da comissão era composto por tridentes e “quartinhas”, bastante utilizadas nas religiões de matriz africana, fazendo alusão às giras que ocorrem nos terreiros de umbanda e nos barracões de candomblé. Esses detalhes emocionaram o público, gerando uma energia poderosa.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
O integrante que representou Exu, com certeza, interpretou-o muito bem, não apenas pela fantasia atribuída ao orixá, mas também pelos trejeitos, no modo como se movimentava e no seu olhar, que assustava e, ao mesmo tempo, causava admiração.
Comissão de Frente
Os integrantes coreografaram de forma impecável, com uma sincronia tão grande entre si que parecia uma apresentação de balé de “matriz africana”, digna de ser exibida no Theatro Municipal. O orixá Exu, que adentrava entre os componentes, abrilhantou ainda mais a apresentação do grupo, transmitindo simbolicamente “a energia que move a vida e abre caminhos”.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Maycon Ferreira e Lorenna Brito brilhou em sua apresentação, demonstrando simpatia e grande expertise na dança. O mestre-sala dançou com maestria, enquanto a porta-bandeira girava com facilidade. As cores dourada, preta e azul de suas fantasias valorizaram a beleza do casal.
Harmonia e Evolução
As alas estavam bem organizadas, com cores chamativas e componentes integrados. A ala das baianas tinham fantasias fossem lindas. Os carros alegóricos que se seguiram mostraram a mistura do sagrado com o profano, com oferendas e padês feitos aos orixás.
A agremiação seguiu com destreza, sem buracos perceptíveis, demonstrando organização e profissionalismo.
Samba
O samba “Ebó, oferenda para os deuses“, criado pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, exaltou e valorizou aspectos das religiões afro-brasileiras, especialmente o culto aos orixás. O trecho “Caminhos abrir, recomeçar e juntos seguir. Não há nada maior do Orun ao Ayè do que o saber do Ifá. Gratidão aos divinos odus e a todos os orixás” compartilhou um pouco do saber religioso com o público, e a bateria amplificou essa simbiose entre o divino e a música.
Outros destaques
O carro alegórico, com frutas em referência a oferendas e homenagens prestadas aos orixás, emocionou a todos até os não adeptos da religião, que ficaram tocados com a riqueza de detalhes, claramente pensada com muito amor.
Sétima escola da noite, o Concentra Imperial se apresentou na Intendente Magalhães com o enredo “Quem Me Guia!”, de autoria do carnavalesco Davi Gbanna, que contou sobre a fé em todas as suas vertentes, abrindo os caminhos para a vitória. Com simplicidade e criatividade, a agremiação sonha com o título inédito, que poderá garantir a sua estreia na Marquês de Sapucaí.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de frente e Mestre-sala e Porta-bandeira
A comissão se apresentou com muita leveza e sincronismo. Vestidos de orixás, transmitiram em suas encenações diante das cabines dos jurados, executando uma boa leitura do enredo.
O casal William e Cássia Maria se apresentaram com muito sincronismo e bailado. Com a dança clássica, transmitiram uma fácil leitura, atendendo à proposta do enredo.
Harmonia e Evolução
Os componentes da escola se apresentaram com um forte canto, em sincronismo com o carro de som e a cadência da bateria, elevando o samba e contagiando o público.
A Comissão de Harmonia, formada por Edmilson, Marcos Nepomuceno e Alessandro Mogin, realizou um trabalho coeso, sem espaçamento entre as alas, deixando a escola compacta. Seu tempo de desfile foi de 39 minutos e 45 segundos.
Samba
Composto por Marcelo Borboleta, Douglas Ramos, Nito de Souza, Burunga, Alan, Renan Diniz, Marcota, Pedro Silva, Alexandre Lima, Naval e Wendel Couto, o samba transmitiu bem a leitura do enredo. Com letra de fácil linguagem e assimilação e com a riqueza melódica, cativou o público através do canto forte da comunidade.
Outros Destaques
A Furacão Imperial, regida pelo mestre Vinicius Ramos, se apresentou com várias bossas criativas, elevando ainda mais o samba, fazendo com que a comunidade cantasse forte e trazendo o público das arquibancadas para o desfile. Foi um show à parte.
Sexta escola da noite, da última terça-feira, a Unidos do Jacarezinho levou para a avenida o enredo “Eureka! E fez-se a luz!”, de autoria do carnavalesco Carlos Eduardo (Cadu), que falou sobre a luz como um elemento de importância para as nossas vidas ao longo da história da humanidade. Com o impacto e o canto forte da comunidade, a agremiação contagiou e emocionou o público presente na Intendente Magalhães, confirmando seu favoritismo ao título da Série Prata, o que poderá garantir seu retorno à Marquês de Sapucaí depois de 12 anos de ausência.
Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO
Comissão de frente e Mestre-sala e Porta-bandeira
Comandada pelo coreógrafo Jan Oliveira, a comissão realizou uma apresentação de impacto diante das quatro cabines dos jurados, com uma coreografia que simbolizou a dança dos astros em torno do sol, com muita técnica e sincronismo. Sem erros, a encenação foi perfeita.
O casal Yurii Souza e Débora de Almeida se apresentou com muita leveza e sincronismo, com um bailado clássico e refinado.
Harmonia e Evolução
Os componentes, embalados pelo samba, se apresentaram com canto forte em sincronismo com o carro de som e a cadência da bateria, contagiando seus torcedores e quem estava presente nas arquibancadas.
A harmonia, comandada por Wallace Irani, realizou um desfile com muita técnica, sem espaçamentos entre as alas, praticamente sem erros, dispostos a conquistar a nota máxima. Sem sustos, a escola terminou seu tempo de desfile em 39 minutos e 20 segundos.
Samba
A composição de Neguinho da Beira, Marcelo Poesia, Carlinhos Maciel, Ari Jorge, Hailton Lima, Vinicius Bin Laden, Ricardo Construção e Himalaia transmitiu bem a leitura fácil do enredo. Com linguagem simplificada e melodia rica, casou perfeitamente com a letra. Foram muito felizes.
Outros destaques
Sob a regência do mestre Pelezinho, os ritmistas se apresentaram com várias bossas e nuances que mantiveram o samba sem oscilações, com ritmo alto, contagiando os componentes que fizeram a diferença no desfile da escola, tornando-o grandioso do início ao fim.
A apuração das notas do carnaval 2025 trouxe um drama inesperado para uma das grandes escolas de samba do Grupo Especial, a Imperatriz Leopoldinense. A agremiação perdeu exatamente um décimo em cada uma das notas atribuídas por dois jurados no quesito samba-enredo. A perda uniforme de pontuação chamou atenção e gerou questionamentos nos bastidores do carnaval. Com um samba-enredo elogiado pelo público e bastante aclamado nos ensaios técnicos e no desfile oficial, a expectativa era de uma pontuação máxima. No entanto, os jurados identificaram aspectos que comprometeram a avaliação, como possíveis falhas na melodia do samba e pouca compreensão de trechos durante o desfile.
O julgador Alfredo Del-Penho justificou sua nota 9.9 para o samba-enredo da Imperatriz. “Desponto 0,1 décimo em melodia, pois o samba traz padrões melódicos recorrentes, com notas estruturais similares e assim, mesmo quando há modulação, é gerado pouco contraste entre as partes, fazendo o samba ser alongado. Ex.: “vai começar’, ‘destina seu caminhar’, ‘se tornar fiel’, ‘justiça maior’, ‘da imperatriz’.
Já a julgadora, Ana Paula Fernandes, tirou 0,1 décimo da escola nesse quesito alegando que “o samba possui, letra, melodia e enredo alinhados de forma adequada. No entanto, alguns trechos são pouco compreensíveis devido ao andamento do samba e, ou, entrosamento entre versos e desenhos melódicos. Ex.: ‘Alá, majestoso em branco marfim’, ‘transborda axé no Ibá e na quartinha’, entre outros”.