Botafogo Samba Clube faz desfile para carimbar passaporte para Série Ouro ao homenagear João Saldanha
Última a entrar na avenida, com o dia amanhecendo e as arquibancadas vazias, a Botafogo Samba Clube desfilou disposta a carimbar o passaporte para a Série Ouro em 2023. Os carnavalescos Marcelo Adnet e Ricardo Hessez foram felizes na elaboração do enredo “João Saldanha – Um apaixonado pela verdade caminhando em tempos de ilusão“, em homenagem ao ídolo alvinegro”, que foi técnico da Seleção Brasileira até pouco antes da Copa de 1970, quando foi afastado por criticar o regime militar. A agremiação entrou animada e cantando forte.

O samba-enredo, de Diego Nicolau, Thiago Brito, Richard Valença, Fernando Professor, Alcino Pega Pega, Leonel Querino e Paulão Vianna, foi cantado a plenos pulmões por todos os componentes, da primeira à última ala, incluindo aí os destaques das alegorias e a bateria. A evolução foi tranquila. A Harmonia foi outro ponto forte da escola, que apresentou um chão espetacular. A bateria, comandada por Wallan Amaral, homenageou o craque Garrincha, eterno ídolo botafoguense. Com uma cadência forte, arrancou aplausos das pessoas presentes e ainda fez uma coreografia. As alegorias bonitas e bem acabadas foram outro ponto alto do desfile. O cojunto de fantasias, embora simples, estava bonito.
A Comissão de Frente, cuja fantasia tinha como tema “Voz que ainda ecoa”, fez uma boa apresentação do tema e também foi aplaudida. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Moreira e Layne Ribeiro, fez um belo bailado, deslizando na pista. A escola encerrou o desfile com um largo sorriso no rosto.
Prejudicada pela chuva, Difícil é o Nome faz desfile repleto de problemas na Intendente
Penúltima a entrar na avenida, Difícil é o Nome terá dificuldade em permanecer na Série Prata, devido aos diversos problemas em seu desfile. A escola teve muita dificuldade na apresentação do enredo “Nobreza na cor, soberanas na raça… Rainhas do ventre da humanidade”, do carnavalesco Cássio Carvalho, uma homenagem às mulheres negras de diversas etnias, que foram arrancadas da África e trazidas ao Brasil como escravas. Devido à forte chuva que caiu, muitos componentes não apareceram para desfilar, desfalcando alas
inteiras. Para piorar, teve problemas com alegorias e a evolução foi prejudicada.

O samba, de autoria de Fábio Martins, Silas Augusto, Mano Gaspar, Juninho Madureira e Jean Marques, cantado quase solitariamente pelo intérprete Raphael Krek, com participação especial de Pixulé, pois os poucos componentes que desfilaram, mal abriram a boca. Harmonia pouco se viu no desfile. A última alegoria, “Samba e escolas de samba, heranças afrodescendentes na cultura brasileira”, quebrou, provocando um grande buraco ao longo da pista e o esplendor do destaque principal, Paulo César, caiu, o que pode provocar perda de pontos em alegorias. Além disso, o carro teve desfalque de outro destaque.
A Comissão de Frente, com a fantasia de África, de Reis e Rainhas, apresentou-se bem e estava bem vestida, mas, não impactou. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Douglas Vale e Jack Gomes, com belas fantasias representando a África em sua magnitude, fez uma apresentação correta.
Com tema indígena, Acadêmicos da Diversidade faz belo desfile na Intendente
Com o enredo “Os Guardiões Indígenas da Floresta Natural: Salve Oxóssi e a Preservação Ambiental”, a Acadêmicos da Diversidade, nona agremiação a entrar na avenida, falou do papel dos indígenas na defesa das florestas, criado pelos carnavalescos Ismael Costa e Evandro Sebastian. Eles usaram várias cores nas alas e as fantasias, bonitas, embora simples, eram de fácil entendimento. Mas, no decorrer do desfile, foram caindo pedaços de fantasias. A última alegoria quebrou e causou um grande buraco no desfile, prejudicando a evolução da escola, que teve que correr no final para não estourar o tempo.

O samba, de autoria de Dudu Senna, Carlos Senna, Marquinhos Beija-Flor, Renan Diniz, Jota Pê e Wallace Oliveira, não foi cantado por vários componentes nas alas, o que pode custar pontos preciosos. A bateria, comandada por Washington Paz, apresentou uma cadência forte e levantou o público presente. Bem vestida, representou os guardiões indígenas.
A última alegoria, “Oxóssi proteja a natureza e nos ensine a grandeza de suas matas” quebrou e causou um grande buraco no desfile, prejudicando a evolução da escola, que teve que correr no final para não estourar o tempo. A Comissão de Frente representou o mito da criação e o ritual da vida, fazendo uma bela coreografia, mas, esqueceu de cantar o samba, atravessando a pista em um silêncio ensurdecedor, inclusive diante dos jurados. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jefferson Pereira e Alana Couto, apresentou-se com uma dança leve e foi bastante aplaudido.
Império da Uva faz desfile vibrante e correto na Intendente
A Império da Uva foi a oitava agremiação a pisar na Avenida Intendente com o enredo “Andar com fé eu vou”, do carnavalesco Amauri Santos, passando a mensagem de que estamos em um mundo em que precisamos dar valor às coisas mais simples da vida. Fez uma apresentação bonita, vibrante e correta. Os componentes cantaram o samba interpretado por Lid Souza a plenos pulmões. As fantasias, embora bonitas, eram mais
simples que algumas que passaram pela avenida na madrugada deste sábado.

A Comissão de Frente veio com os integrantes vestidos como os quatro cavaleiros do Apocalipse (a peste, a guerra, a fome e a morte), destruindo os zumbis que representavam o povo maltratado diante do caos dos dias de hoje. A coreografia foi animada e correta, apesar da fantasia ter sido prejudicada com a forte chuva. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, respectivamente representados por Roberto Vinícius e Osanna Baptista, cujas fantasias eram a Luz da Consciência.
O samba é inspirado em uma canção de Gilberto Gil é de autoria de Denilson Sodré, Thiago Valverde, Marcelinho Santos, Didi, José Roberto Strayller, Edmar Júnior e Professor Oswaldo Mendes. Em algumas alas, porém, alguns componentes não cantaram o samba. A agremiação, contudo, evoluiu de forma tranquila. A bateria arrancou aplausos do público as arquibancadas, tocando de forma cadenciada, comandada pelos mestres Novato e Ronaldo Júnior. A fantasia foi de Afoxé, uma manifestação que tem forte ligação com os rituais religiosos dos terreiros de candomblé.
Renascer de Jacarepaguá mostra força da comunidade na briga pela volta para Sapucaí
Sétima escola a desfilar no primeiro dia de desfiles da Série Prata na Intendente Magalhães, a Renascer de Jacarepaguá apresentou o enredo “Jacarepaguá – Fábrica de Sonhos”, uma reedição do enredo de 2007. Presidida por André Augusto de Abreu, o Dedé e com desfile assinado pelos carnavalescos Alex de Oliveira e Plínio Santos, a agremiação Vermelho e branco levou 800 componentes para a Avenida, divididos em 17 alas e duas alegorias. Destaque para o enredo que destaca o bairro como uma grande fábrica de sonhos culturais, de fé e do carnaval.

Samba da parceria de Cláudio Russo, Carlinhos Detran, André Malheiros, Marquinhos, Flávio “Flavinho do Cavaco” e Julinho Cá e interpretado por Leonardo Bessa, a obra reeditada ganhou corpo e empolgou os brincantes e o público presente. As alas brincaram e cantaram muito a obra, com destaque para “Fauna e Flora” e “Bafo de Bode”. A bateria Guerreira, comandada pelo mestre Felipe D’Lélis apostou em bossas e se destacou na potência do retorno. Os componentes trajavam uma roupa preta, com detalhes em dourado e coroas. Cabe salientar também o investimento no movimento das alegorias. Logo no abre-alas, um enorme jacaré com movimento na cabeça e na parte traseira.
A comissão de frente representou Arthur Bispo do Rosário, que é o narrador do enredo. Ao utilizar um tripé, a escola se destacou nesse quesito e impressionou pela coreografia e interpretação dos bailarinos. Na sequência, o primeiro casal da escola, Luiz Augusto e Renata Gomes Tavares realizaram uma apresentação com muito vigor, movimentos certeiros e esbanjaram entrosamento, arrancando aplausos do júri.
Independentes de Olaria se destaca com alegorias caprichadas e bom samba-enredo
Sexta escola a desfilar no primeiro dia de desfiles da Série Prata na Intendente Magalhães, a Independentes de Olaria apresentou o enredo “Batuque pra Penha”, que homenageou uma das principais celebrações religiosas do Rio de Janeiro, a tradicional Festa da Penha. Presidida por Brenno Araújo e com desfile assinado pelo carnavalesco Alex Carvalho, a agremiação Azul e branco apresentou um belo conjunto de alegorias e um samba que fez bonito na Avenida.

Da autoria de Diego Nicolau, Tem-Tem Jr., Minguazinho, PH Leite, Marcelinho Santos, Gigi da Estiva e Romeu Almeida, o samba apresentado pela escola garantiu sustentação ao longo de todo o desfile, fazendo com que os componentes cantassem de forma ávida a obra. Destaque para o refrão. O bom rendimento do samba impactou positivamente a evolução da escola, deixando os brincantes com leveza ao longo do cortejo. A bateria Alcateia do Ritmo, comandada pelo mestre Lucas de Albuquerque também fez bonito. A fantasia foi inspirada no samba “Beca de Pano Novo” de Cartola, lançado em homenagem à festa.
A comissão de frente da Independentes representou o Grande Milagre, ocorrido nas terras da freguesia de Irajá. Com uma coreografia bem marcada, o grupo se apresentou bem e sem falhas. Já o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, João Victor Silva de Oliveira e Duda Martins conseguiram vencer a forte chuva que caiu na última noite e se apresentaram com vigor e muita graça, arrancando aplausos da plateia presente.
Harmonia é destaque de desfile do Arranco em homenagem a Alceu Valença na Intendente
Quinta a escola a desfilar na Série Prata, o Arranco fez boa apresentação na Intendente Magalhães na madrugada deste sábado. Com enredo ‘Arranco anuncia Alceu Valença – O Rei do Frevo e do Maracatu’, a agremiação homenageou o cantor e se destacou na harmonia e trouxe bom conjunto de alegorias. A fantasias das primeiras alas se destacaram, mas o fim não teve o mesmo brilho. O casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira também foi ponto alto da apresentação.

A forte chuva não atrapalhou a harmonia da escola. O samba, cantado por Tem Tem Jr. se destacava pelas menções aos versos de músicas de Alceu Valença, como ‘Tú Vens… Tú Vens’, ‘Na Bruma Leve Das Paixões Que Vem De Dentro’ e ‘Já Escuto Os Teus Sinais’. A evolução do Arranco não teve grandes problemas, enquanto a Bateria Sensação, do mestre André Cabide, também fez boa apresentação. A fantasia das baianas, ‘Yabás’, chamou atenção, assim como a do casal. Contudo, no restante das alas, o figurino caiu de produção.
As duas alegorias do Arranco também apresentaram beleza e bom acabamento pelo carnavalesco Walter Guilherme. Com fantasia que remetia à Pernambuco, terra natal de Alceu Valença, o casal Rafael Gomes e Gislaine Lira Silva fez ótima exibição nas cabines. A Comissão de Frente de Mario Cardona Jr tinha fantasias coloridas que faziam alusão ao frevo. Assim como a Independente da Praça da Bandeira, o Arranco fez bom desfile com várias referências a Pernambuco.
Raça Rubro-Negra apresenta boa harmonia, mas peca em alegorias e fantasias
A Raça Rubro-Negra, escola de samba da torcida organizada do Flamengo desfilou na madrugada deste sábado pela Série Prata. Quarta a passar pela Intendente Magalhães, a agremiação reeditou o samba do Império Serrano de 1964, ‘Aquarela Brasileira’, eternizado por Silas de Oliveira. A Raça se destacou na animação e no canto mesmo sob forte chuva, na apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, mas não exibiu boa qualidade plástica nas fantasias e alegorias.

Um dos grandes sambas da história do Carnaval, a ‘Aquarela Brasileira’ foi bastante cantada pelos componentes e pelo pouco público presente na Intendente Magalhães. A comunidade não deixou de cantar o samba conduzido por Pingo Sargento e Rafael Santos, e demonstrou animação durante todo desfile. A evolução da escola também não apresentou graves problemas, mas teve que correr um pouco no fim para não estourar o tempo. A Bateria Forte, dos mestres Jorge Milanês e Wallace Tchoá, também fez boa exibição.
O principal ponto negativo da escola, no entanto, foi o conjunto estético. Fantasias simples, com roupas normais à mostra e sem grande acabamento marcaram a passagem da Raça Rubro-Negra pela Intendente. As alegorias simples, sem carinho nos detalhes e com ausência de destaques nos ‘queijos’ do último carro chamaram atenção. A Comissão de Frente de Pablo Guerreiro simbolizou a ‘Revoada em Aquarela’ com fantasias de borboletas e boa coreografia. Outro ponto alto também foi a bonita fantasia e correta apresentação do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Fábio Rodrigues e Mônica Menezes.
Com boa plástica de fantasias e alegorias, Praça da Bandeira faz bom desfile na Intendente
Terceira escola a passar pela Intendente Magalhães, a Independente da Praça da Bandeira trouxe o enredo “Dos encantos do capibaribe a frevança atual… Pernambuco respira diversidade cultural”, com uma grande homenagem ao estado do Nordeste. A agremiação de São João de Meriti, que levou 17 alas e 700 componentes para apresentação, se destacou com boa plástica de alegorias e fantasias, mas somou pequeno problema de evolução.
A Independente da Praça da Bandeira não deixou a chuva atrapalhar a animação e cantou bastante durante a passagem pela Intendente Magalhães. A harmonia e o samba, que foi interpretado por Diego Nascimento, também foram pontos altos do desfile. Os versos mais entoados pelos componentes foram de ‘Sou Mameluco, Toco Um Samba Afrevado’ até ‘A Praça Da Bandeira Levanta Poeira Do Chão’. A Bateria Terremoto, dos mestres Jéferson Broa e Josué Lourenço, que veio caracterizada de ‘O Colonizador Holandês’ também fez bom trabalho. O destaque negativo foi a evolução da escola, que abriu buraco entre a última ala ‘Capoeira’ e o terceiro carro alegórico.
As alegorias, por sinal, estavam bem acabadas, com destaque para o primeiro e o último carro, que esbanjavam beleza e riqueza de detalhes. O segundo, no entanto, destoou e deixou a desejar. As fantasias também do carnavalesco Ricardo Paulinho também chamaram atenção e merecem elogios, com destaques para a ala das baianas e a ‘Beleza dos Blocos’, que demonstraram bom gosto e capricho. A Comissão de Frente de Wellington SJ veio caracterizada como ‘Bonecos do Mestre Vitalino’ e fizeram boas apresentações nos módulos, assim como como o casal Wellington Júnior e Carolzinha Gurjão, que vestiam lindas roupas representando a Festa Junina.