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Imperatriz 2023: samba da parceria de Rodrigo Miranda

Compositores: Rodrigo Miranda, Renato Amaral e Eduardo Marques

Nascido na Serra Talhada
Chão de Terra rachada
Vou Assuntar com você
Prazer, eu sou Cangaceiro
Um homem Guerreiro
De muita História e Poder

Durante a vida inteira
De Pereira a Ferreira
Eu Perfumei o Sertão
Zarolho, com Chapéu de Couro
Meu Rifle imponente me fez “LAMPIÃO”

Devoto, de “Corpo Fechado”
Numa traição, alguém me achou
Não parei por aí
E fui bem mais além
Mostrar quem eu sou

Matuto, Rei do Cangaço
Fora da Lei do “Homem de Terno”
Peguei meu Cavalo Arretado
E fiz Arruaça até no Inferno

E Saindo…
Saindo de lá fui buscar
Morada no Éden fiquei no Portão
Palavras ruins descreviam
As minhas Façanhas num Papel de pão

Os anjos tremiam de medo
E até “Lá no Alto” Pedrão não me quis
Desci ‘num Trovão pro Sudeste
Fui bem recebido, aqui sou Raiz

Dai proteção, Dai Proteção
Oooh Padim Ciço

Por todo Brasil o meu Gibão é Fantasia
Estou confuso sem cabeça pra pensar
Tem Viola e Cordel
Tem estrelas no “CÉU”
Aqui é meu lugar

Eu vim de lá…

Eu Vim de lá do Caixa-Prego
Me embrenhar nessa avenida
A IMPERATRIZ, é quem vai me dar Guarida
Cultural e Popular
No Xaxado Arrasto Pé
De Gonzaga a Vitalino
Patativa do Assaré

Beija-Flor realiza audição para ala de passistas neste sábado

Quer ser passista da ‘Deusa da Passarela’? A Beija-Flor de Nilópolis realiza audição para a ala neste sábado, em sua quadra da ensaios. As inscrições acontecem a partir das 10h e a audição, a partir das 11h30.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

A participação é gratuita. Os interessados devem possuir idade mínima de 12 anos. Para a audição, o traje de mulheres é short, top e salto, e o de homens, calça, camisa e sapato.

Mais informações: Carla (21) 97283-0205 / Assis (21) 97008-1635.

Dupla de coreógrafos elogia estrutura da Viradouro e diz que a organização foi o fator primordial para escolherem a escola

Uma das contratações que mais mexeu com o mundo do samba foi a da dupla de coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, o famoso “Casal Segredo”. Com trabalhos impecáveis e premiados por onde passaram, eles chegam a Viradouro para somar e abrilhantar o time estrelado da vermelho e branco de Niterói. O currículo deles é invejável, Priscilla e Rodrigo ganharam destaque no carnaval em 2010, com a célebre performance em que os componentes da comissão de frente da Unidos da Tijuca trocavam a roupa em plena Sapucaí. Eles marcaram história na escola do Borel, por lá foram três campeonatos, logo depois passaram pela Acadêmicos do Grande Rio entre 2015 e 2018, e estiveram na Mangueira nos Carnavais de 2019, 2020 e 2022, conquistando um título e mantendo o nível alto com comissões marcantes.

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Foto: Luan Costa/Site CARNAVALESCO

Após o último carnaval, a dupla recebeu o assédio de várias escolas, já que além da linda apresentação realizada na Mangueira, eles ainda foram responsáveis pela comissão de frente da União da Ilha, na Série Ouro, também muito elogiada, eles explicam que a gestão e organização da Viradouro fizeram a diferença na hora da escolha.

“Eu e o Rodrigo somos pessoas muito conectadas com o carnaval, a gente não fica só na nossa bolha, a gente vê tudo, a gente percebe todas as escolas, não só a que estamos trabalhando, então, ao olhar para outras escolas, é público e notório como a Viradouro virou uma grande potência de fazer carnaval, acho que pra gente é interessante chegar numa escola que é uma potência, que tá num momento muito bom, com um time muito forte e no topo, a gente queria também viver isso, a Viradouro é um lugar onde a gente gostaria de estar”, conta Priscila.

“A escola tem um perfil um pouco parecido com o nosso perfil de trabalho, e a estrutura né, hoje a Viradouro é uma potência e eu acho que tudo isso pesou no momento final da nossa decisão, espero que a gente consiga ficar por muito tempo aqui”, destaca Rodrigo.

A passagem deles pela Mangueira foi extremamente bem-sucedida, em 2019, o título logo na estreia, e em 2022 uma comissão que emocionou mangueirenses e todo o povo do samba, eles contam que encerramento da parceria ocorreu de forma natural e se sentem felizes com o trabalho realizado neste último ano.

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Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

“Esse último carnaval da Mangueira pra gente foi muito especial, nós tivemos a oportunidade de fazer um trabalho que pra gente foi muito importante, muito premiado, mas o processo desse desfile pós pandemia, com muita dificuldade, foi um processo de superação muito grande, a gente se despediu entregando uma comissão de frente muito inesquecível, não só pro mangueirense, quanto pra gente. A gente sabia ali que era o encerramento de um ciclo, isso fez com que a gente se empenhasse ainda mais”, disse Priscilla.

“A vida é isso, esse ciclo, como a Pri falou, a gente entendeu que ali era o momento de encerrar esse ciclo com a Mangueira e começar um novo que tá se iniciando agora na Viradouro. Esse último trabalho na Mangueira foi realmente inesquecível, um trabalho que vai ficar na nossa mente, fizemos com muito carinho, principalmente depois desse momento pós pandemia, certamente ficará na nossa memória”, completou Rodrigo.

A Viradouro hoje é uma escola exemplo para muitas outras, o modelo de gestão implementado pela família Calil tem rendido ótimos frutos à escola, o casal elogia o comprometimento da escola em fazer o projeto da comissão avançar e a participação do presidente Marcelinho Calil nas decisões que vem sendo tomadas.

“Isso é muito bom, porque ele é um gestor, mas tem um olhar crítico para cada segmento, ele participa efetivamente, ele não só proporciona, como também participa, isso é muito importante, esse é o grande diferencial da Viradouro, é isso que a gente bem observando há um tempo, não é à toa que escola está onde ela está, porque você pode ter um baita time, mas não ter uma gestão engajada em fomentar esse time. A Viradouro vive um casamento perfeito entre gestão e time”, pontua Priscilla.

“A gente conversa bastante sobre carnaval, sobre o projeto da comissão, a gente tá o tempo inteiro debatendo e vendo o melhor caminho que a gente vai tomar daqui pra frente, eu acho que é pra somar, é importante a gente ter esse olhar de fora, as vezes a gente fica tão envolvido, então ter uma outra opinião, principalmente que ele tenha esse olhar artístico, pra gente é perfeito”, destaca Rodrigo.

Para o próximo carnaval, a expectativa em cima da dupla é altíssima, eles contam que o projeto já está em andamento e que a parceria com o Tarcisio, carnavalesco da escola, tem tudo para render ótimos frutos, eles ficaram surpreso pelo fato da Viradouro viabilizar toda a estrutura para que o projeto aconteça da melhor forma possível.

“Já tá bem adiantado, isso é mais uma coisa que nos encanta na Viradouro, essa prioridade de colocar o projeto pra andar, não se espera nada, a gente já sentou, já começou a testar, já começou a entender, conversamos todo dia, estamos no barracão toda semana, a comissão de frente é braço do enredo, então a gente tá com o Tarcisio o tempo inteiro, já estamos vivendo isso, a Viradouro já está viabilizando tudo nesse processo de teste pra gente conseguir fazer o melhor, então vamos ter tempo pra isso”, elogia Priscilla.

“O carnaval 2023 já começou, o contato com o Tarcísio está sendo maravilhoso, a gente gosta quando o carnavalesco está inserido pra gente discutir, até porque é um enredo dele, precisamos entrar na cabeça dele, já está bem adiantado, estamos muito felizes”, completa
Rodrigo.

Beija-Flor transmite ao vivo disputa de samba nesta quinta

Atual vice-campeã do Carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis transmitirá ao vivo mais uma etapa da sua disputa de samba para o Carnaval 2023. O público poderá acompanhar a eliminatória desta quinta-feira pelo canal TV Beija-Flor no YouTube, a partir das 20h.

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Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Dezesseis composições seguem no concurso e se apresentam em roda de samba, comandada pelos mestres Plínio e Rodney, na quadra da escola, em Nilópolis. A entrada é franca.

No Carnaval 2023, a Beija-Flor defende o enredo “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”. A escola será a 5ª a desfilar na segunda-feira, 20 de fevereiro, pelo Grupo Especial.

Unidos da Tijuca retoma ensaios da bateria Pura Cadência nesta quinta-feira

A bateria Pura Cadência da Unidos da Tijuca retoma nesta quinta-feira os ensaios de bateria visando o Carnaval 2023. Os ensaios acontecem a partir das 20h na quadra da agremiação. Faltando aproximadamente seis meses para o desfile, a bateria do mestre Casagrande vai começar a ensaiar seu ritmo a fim de conquistar a manutenção da nota máxima do quesito no próximo carnaval. A diretoria convoca todos os ritmistas para o recadastro e informações sobre o trabalho que será realizado para o Carnaval 2023, calendário de eventos, bem como a devolução das fantasias.

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Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

A Pura Cadência mantém a sua identidade característica e executa a renovação e manutenção dos ritmistas, sempre imprimindo um ritmo cadenciado e com desenhos e bossas objetivas, proporcionando o canto, apresentando um bom andamento que sustente o desfile, auxiliando todos os outros quesitos.

Sob a regência de mestre Casagrande desde 2008, a bateria da Unidos da Tijuca alcançou o topo do ranking das baterias do carnaval carioca, sinal de que o dedicado trabalho do mestre, junto aos seus diretores e ritmistas atingiu seu nível de excelência.

A quadra da escola fica situada à rua Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo.

Candidato Rodrigo Neves visita a Liesa e promete apoio irrestrito ao carnaval do Rio e escolas de samba

Como tem acontecido em anos anteriores, às vésperas de eleições majoritárias, é uma prática da Liesa abrir as suas portas para ouvir as propostas dos candidatos, sobretudo a respeito de projetos voltados à organização do carnaval.

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Fotos: Henrique Matos/Divulgação Liesa

Dando sequência aos encontros com os postulantes ao Governo do Estado melhores colocados nas pesquisas de eleitorado, a Liesa recebeu, na noite de terça-feira, o ex-prefeito de Niterói, Rodrigues Neves, do PDT. O encontro foi realizado no auditório da Entidade, no Centro do Rio.

O candidato, que conta com o apoio do prefeito Eduardo Paes, foi recebido pelos diretores da Liesa e pode expor aos presidentes e representantes das escolas de samba o seu projeto de governo.

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Afirmou que dará apoio irrestrito ao trabalho das escolas de samba, na organização dos desfiles, ensaios e projetos sociais, e ao carnaval carioca, em sentido mais amplo, carro-chefe de seu programa nas áreas de turismo e entretenimento.

O candidato concluiu a exposição se comprometendo, se eleito, a criar um grupo de trabalho a partir de novembro, com representantes do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio, Liesa e escolas de samba, para que o Carnaval de 2023 seja o melhor já realizado no Sambódromo.

Rodrigo combinou com os presidentes visitar as quadras já nos próximos dias. Ele estava acompanhado do secretário de Fazenda do Rio, Pedro Paulo, seu coordenador de campanha, e do vice-Prefeito de Niteroi, Paulo Bagueira.

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Outras candidaturas

O candidato Marcelo Freixo, do PSB, também já confirmou a sua visita à Liga Independente na primeira quinzena de setembro, em data que ainda está sendo ajustada.

No dia 25 de julho, o governador Cláudio Castro, que concorre à reeleição, ofereceu almoço à diretoria da Liesa e aos presidentes das escolas de samba do Grupo Especial, também se comprometendo a manter o apoio financeiro às agremiações, caso vença o pleito.

‘Salgueiro Convida’ recebe a Mocidade no sábado

A quadra dos Acadêmicos do Salgueiro volta a abrir suas portas neste sábado, 27 de agosto, para mais uma noite do evento que já faz parte do calendário oficial de todo sambista. Para esta semana, quem faz a festa na Academia do Samba é a Mocidade Independente de Padre Miguel, que vai invadir a Rua Silva Teles com todo o seu elenco, proporcionando mais um encontro inesquecível entre escolas coirmãs.

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Aberta a partir das 20h30, a casa recebe o público com show de pagode comandado pelo grupo Pegada Brasileira. Em seguida, o carro de som do Salgueiro embalado pela Bateria Furiosa, entra em cena com Emerson Dias agitando os sambistas com os sambas que marcaram a história da septuagenária Academia do Samba.

A apresentação dos independentes dá o toque especial para o Salgueiro Convida que tornou-se a resenha mais esperada do período pré-carnaval. A partir de setembro, o evento dá lugar à disputa de sambas e retorna somente em outubro, após a escolha do hino oficial para o carnaval 2023.

Os ingressos custam R$ 30 e são vendidos somente no dia do evento, diretamente na bilheteria da quadra. Já os camarotes e mesas podem ser reservados antecipadamente através do telefone (21) 2238 9226 com valores a partir de R$600 (camarote laterais com 12 lugares).

Inscrição e disputa de sambas

No domingo, o Salgueiro inscreve os sambas que entrarão na disputa que vai eleger o hino oficial para o carnaval 2023. O concurso terá sua primeira eliminatória já no dia 03 de setembro e se estenderá até o dia 11 de outubro, quando a família salgueirense conhecerá o samba-enredo que ilustrará o enredo “Delírios de um Paraíso Vermelho”, tema assinado pelo carnavalesco Edson Pereira, que estreia na vermelha e branca. A quadra do Salgueiro fica na Rua Silva Teles 104 – Andaraí

Serviço: Salgueiro Convida Mocidade Independente de Padre Miguel
Data: 27 de agosto, sábado
Horário: a partir das 20h30
Atrações: Pegada Brasileira, elenco show do Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel
Valor: a partir de R$ 30 (pista)
Classificação: 18 anos
Informações e reservas de mesas e camarotes: (21) 2238 9226

Porto da Pedra realiza feijoada com apresentação da equipe para 2023 e sambas concorrentes

A Unidos do Porto da Pedra realiza no sáabdo a primeira edição da sua feijoada mensal. O evento terá inicio às 13h, e contará com show do grupo Vem pro Meu Ritmo, além da apresentação de Laryssa Victória, primeira porta-bandeira, e a equipe para o Carnaval 2023.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Em seguida, acontecerá a primeira audição das obras postulantes ao hino oficial da escola. As oito composições que irão disputar o direito de compor a trilha sonora do enredo “A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, se apresentarão a partir das 19h.

No Carnaval 2023 da Série Ouro, a Porto da Pedra será a quinta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no sábado de Carnaval, dia 18 de fevereiro.

Serviço:
Feijoada da Unidos do Porto da Pedra/show do grupos Vem Pro Meu Ritmo/apresentação da primeira Porta bandeira e equipe 2023 e apresentação dos sambas concorrentes
Quando: 27/08 (sábado), a partir das 13h;
Onde: quadra da Porto da Pedra;
Quanto: entrada gratuita.
Mesas esgotadas!
A feijoada custará 20,00 (antecipada)ou 25,00 (na hora).
Vendas: na quadra da escola (Rua João Silva 84, Porto da Pedra, São Gonçalo).

Em seu retorno a Sapucaí, Arranco do Engenho de Dentro aposta na estreia de Antônio Gonzaga como carnavalesco

Após um longo período longe da Marquês de Sapucaí, o Arranco de Engenho de Dentro está de volta ao templo sagrado do carnaval carioca. Com o desafio de fazer um bom desfile e permanecer na Série Ouro, a escola aposta em um jovem carnavalesco, Antônio Gonzaga foi o escolhido para comandar essa missão.

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Foto: Divulgação/Arranco

Conhecido no mundo do samba como compositor do Salgueiro, chegando a algumas finais por lá, Antônio teve passagens de sucesso com criação de identidades visuais para a Cubango e Grande Rio, recentemente colaborou para o vice campeonato e para o primeiro título da escola de Duque de Caxias, sendo assistente direto de criação dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad.

Antônio conta que o convite do Arranco o pegou de surpresa, mas que de cara aceitou o desafio e está bastante motivado para entregar um trabalho de qualidade para a escola, ele diz também que seguirá como assistente da Grande Rio.

“Tá sendo um processo muito bonito, o convite do Arranco foi um convite que veio muito de surpresa, eu venho de dois carnavais como assistente da Grande Rio, vou continuar também como assistente da Grande Rio, me dedicando muito”, disse Gonzaga.

Em 2023, o Arranco levará para avenida enredo “Zé Espinguela – Chá do meu terreiro”, festejando cinquenta anos de sua fundação, o Arranco, guiado por Zé Espinguela, mostrará o nascimento dos desfiles das escolas de samba. Antônio Gonzaga diz que o enredo foi pensado justamente para a escola e falou da necessidade do carnaval contar histórias como a de Zé Espinguela.

“O enredo do Arranco foi pensando justamente para o Arranco, pesquisei um enredo que contasse um pouco da história da escola, das raízes da escola, e José Espinguela tinha um terreiro onde é localizada a quadra do Arranco, então tem essa sensação de pertencimento muito forte e é um personagem que é desconhecido da maior parte do público, do carnaval inclusive. É muito importante você trazer esses personagens a tona”, pontuou o carnavalesco.

O jovem carnavalesco participou recentemente da roda de conversas promovida pelo Pensamento Social do Samba com outros carnavalescos negros, segundo Gonzaga, participar de encontros como esse fortalece o coletivo e gera mais motivação para que outros artistas possam brilhar também, ele ainda destacou quais são suas maiores referências no mundo do samba.

“Participar dessa mesa, desse evento aqui é muito importante, porque é importante a gente ouvir outras trajetórias que dialogam com a nossa, a gente se fortalece, a gente dá os braços e segue junto, puxando outras pessoas, eu sou um carnavalesco preto estreando no grupo de acesso já de cara no segundo grupo, que eu conseguia fazer um bom trabalho e trazer outras pessoas também. As minhas referências, as minhas referências são Leonardo Bora e Gabriel Haddad, que são os meus carnavalescos que confiam no meu trabalho na Grande Rio. Claro que não posso deixar de falar de Rosa Magalhães, Renato Lages, Fernando Pamplona. Além de André Rodrigues, Guilherme Estevão, João Vitor Araújo, todo mundo que tá aí correndo atrás, fazendo o seu trabalho”, finalizou Antônio.

Confira a sinopse da Lins Imperial para o Carnaval 2023

“Madame Satã: Resistir para existir”

No dia em que decidiu que não iria morrer como um corpo domesticado, sua pessoa passou a (re)existir. Sua pessoa guarda muitas memórias de Glória do Goitá, como daqueles dias ensolarados no mar e nos campos, quando brincava com os três moleques que só ela conseguia ver. Três moleques, amuletos-guia, lembrando à sua pessoa tudo o que ainda é possível realizar sobre esta terra ardente, terra de todos e terra de ninguém chamada Brasil.

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Sua pessoa também lembra de quando foi trocada por uma égua de nome Amorosa. E nesse momento a certeza para sua pessoa era de que, apesar de tudo, precisava enfrentar, sacudir a poeira, guiar. E sua pessoa, João, guiou, seguiu, e segue, e precisa ir, sempre. Deixem a sua pessoa passar, com o ritmo descompassado de seu flamejante corpo que protesta, que grita: “Eu não vou morrer, eu não posso parar. Eu não vou morrer, preciso continuar. Eu não vou morrer, eu preciso seguir. Eu não vou morrer! ”

Entre o aprisionamento no lar de uma Felicidade jamais presente e o duro acolhimento das calçadas das ruas da Lapa, onde, mesmo com todas as dificuldades, poderia ter liberdade para se reinventar e escolher o que era melhor para si, sua pessoa decide ser livre. Mas a liberdade, como sua pessoa bem sabia, era caríssima. Porque, para ser, era preciso se virar, carregar sacolas, vender panelas, distribuir quentinhas, servir mesas, se revirar, se remexer, aprender a se defender, conhecer a linguagem das ruas.

E é nas ruas que sua pessoa, João, se forma bicha-malandro, o respeitado Caranguejo da Praia das Virtudes, que recusa o compasso dos dias comuns e permite experimentar a magia dos acasos, em que cada beco e viela do grande centro se apresenta como a possibilidade de um desvio, uma verdadeira aventura. Mas a vida nas ruas carrega seus perigos – e sempre foi assim e sempre será: os insultos, os coiós, os bang-bangs aqui e acolá, a morte como uma iminência. Com tantos desafios e dificuldades da vivência nas ruas, sua pessoa começou a ter as experiências e trocas com os mestres da capoeira: da ginga da meia-lua de frente que pegou de Sete Coroas, ao soco martelo de sua esquerda que derrubava qualquer valente que tentava delinear fronteiras sobre um corpo que não concebia uma.

Era uma constante: da esquina, vê-se os chapeuzinhos vermelhos, guardas noturnos, cretinos e infelizes, todos procuram por sua pessoa. Mandaram avisar lá de cima que ela está dando o que falar aqui embaixo, e chamam sua pessoa para dar-lhes algumas boas bolachas. Daqui, do outro lado da margem, João manda avisar que não vai. E é assim que sua pessoa sobrevive, se garantindo na força do corpo, na habilidade das pernas, na potência dos braços, e no fio de sua pastorinha (sua navalha amiga). É desse jeito que sua pessoa se torna conhecida na região, como a bicha-malandro.

Mas sua pessoa também sonha com as noites iluminadas pela Lua prateada e cravejadas de estrelas cintilantes, que poderia ser um cenário de cabaré ou dos palcos dos teatros da Praça Tiradentes. E é lá que encarna sua diva Josephine Baker e também se traveste na sua amiga e vizinha de casebre Carmem Miranda, a Bituca. E quando as cortinas de cetim em vermelho escarlate se abrirem surgirá a sua fogosa personagem, a maravilhosa e deslumbrante Mulata do Balacochê! No mesmo palco, sua pessoa se reinventa, se transfigura e ainda encarna e nos brinda com a performance de Janacy, a rainha da floresta, e o Gato Maracajá, uma invenção, delírios e glamour da sua cabeça, e assim, juntos surgem e dançam e requebram e brilham. Deixem-na dançar, rascunhar infinitos movimentos no espaço com a impetuosidade de um vendaval. Deixem-na rebolar, requebrar, mostrar suas pernocas! Levantem, aplaudam a boneca, a bicha-malandro que não treme no salto. Hoje, todos os aplausos são para ela.

Quando chega o carnaval em 1938, sua pessoa aceita a ideia de participar do concurso de fantasias do famoso Baile dos Caçadores de Veados, lá no Teatro República, no fervo da Praça Tiradentes. Sem muito dinheiro, mas sempre muito criativa, ela confecciona a sua própria fantasia, recorta fitas douradas de caixão de defunto, reborda com lantejoulas os chifres e a capa em godê e se monta para brilhar. Sob as luzes quentíssimas da ribalta, incorpora o perigoso chupador de sangue de Glória do Goitá, o morcego Pompa. Não teve para ninguém! Sua pessoa ganhou o primeiro lugar e levou para a sua casa o prêmio valiosíssimo, um rádio Emerson e um belíssimo tapete de parede. O que ela não sabia era que depois dessa noite, através de um delegado de polícia, sua pessoa viraria mito, lenda e legenda. Imortalizada pelo nome de guerra, passa a ser reconhecida, a princípio, a contragosto, como a famosíssima Madame Satã.

Querida das cafetinas dos bordéis e casas de tolerância, temida pelos rufiões e exploradores da boemía, a bicha transita com sinal aberto por todos os rendez-vous quentes do Centro do Rio de Janeiro. Sempre muito bem-vestida: chapéu de Panamá de custo alto, camisa de seda importada que nenhuma navalha conseguia cortar, calça de linho apurado de bom malandro, sapato carrapeta bicolor sob encomenda, cabelos esticados no vapor e as sobrancelhas sempre muito bem feitas. Era puro chique e elegância. E mesmo quem nunca a viu varando a Mem de Sá sabe: com Satã não se brinca! Ela porta sua navalha afiada e está sempre pronta para uma boa briga, a fim de defender a honra de seu corpo bicha-malandro: é melhor tomarem cuidado, com Satã não se brinca! E quem quiser colocá-la na mira de sua bala e tentar fechar o seu fino paletó branco, vai ter que ter muita ginga. É melhor avisar: com Satã não se brinca!

O tempo chega e o apagamento atinge sua pessoa, e a Madame já não está mais tão comentada pelas ruas da sua Lapa. Mas quem disse que bicha morre? Vira capa de revista, volta à cena e encena no palco hipócrita da sociedade, o mesmo que sua pessoa sempre encarou. Afinal de contas: quem tem medo de Madame Satã? No alto das coberturas dos prédios da Zona Sul, nos bares e nos bate-papos dos intelectuais burgueses, sua pessoa volta a virar notícia. Suas histórias, crônicas e causos viram um burburinho nas bocas e ouvidos de Marias e Clarisses numa época de repressão e perseguição política. Satã é glorificada ainda encarnado.

E mesmo depois que seu corpo não transita mais por essas terras, depois que seu esqueleto diabólico é acolhido pelos anjos do inferno, a sua pessoa ainda se faz lenda e legenda. Seu nome rompe a arte careta, se materializa como contracultura, como um Brasil que grita para ser ouvido. Satã, analfabeta, preta, nordestina e bicha é assunto, é burburinho, é discurso político, é tema de enredo de escola de samba no carnaval. Ela não morreu, ela nunca vai morrer!

Satã, fina e leve como a ponta de sua pastorinha, agora corta as ruas da Lapa em direção à Marquês de Sapucaí, passando pelas encruzilhadas do seu caminho. Neste cortejo, sua pessoa é o ponto de referência aos que lutam contra as políticas de morte e silenciamento. Satã e suas entidades, extensão de seu corpo-infinito, máquina de guerra, baixarão no Terreiro Lins Imperial. Podem entrar, Satã das Encruzilhadas, Maria Satã das Catacumbas, Cabocla Janacy Rainha da Floresta, Boiadeiro Gato Maracajá, Mariazinha do Balacochê!

Satã, risonha, serpenteando sobre o asfalto, tira o chapéu e saúda os seus, que saem dos becos e ruelas para vê-la passar. Salve o povo de rua! Salve as bonecas, as prostitutas, os vadios, os mendigos, os catadores, os vagabundos, os foliões e a todos os corpos encantados que resistem para poder existir!

Não Vamos Morrer! (Ventura Profana)

Em homenagem às corpas que deixaram de existir pela violência do homem, em especial à Mateusa Passarelli, que ainda existe entre nós: Precisamos resistir para existir!

Ao querido Sérgio Farias, artista que idealizou o primeiro desfile em homenagem à Madame Satã para o carnaval de 1990.

A todos os componentes da S.R.E.S Lins Imperial, que há 60 anos resistem como escola de samba e celeiro de bambas!

Texto (concepção, pesquisa e elaboração): Igor Damasio
Colaboração (pesquisa, revisão textual e conceitual): Edu Gonçalves, Igor Damasio, Mateus Pranto e Raphael Homem.
Carnavalescos: Edu Gonçalves e Ray Menezes.

Referências:

BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. Routledge: New York & London, 1993

CABRAL, Sérgio et. al. “Madame Satã”, O Pasquim, n. 95, 29 de abril até 5 de maio de 1971

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Editora 34, 2013.

GREEN, James N. O Pasquim e Madame Satã: a “rainha” negra da boemia brasileira. Topoi, V.4, n. 7, Jul-Dez 2003, p. 201-221.

MACHADO, Elmar. “Madame Satã para O Pasquim: ‘Enquanto eu viver, a Lapa viverá’”. Pasquim, n. 357, 30 de abril de 1976

PAEZZO, Sylvan. Memórias de Madame Satã: conforme narração de Sylvan Paezzo. Rio de Janeiro: Lidador, 1972

PROFANA, Ventura. Não vou morrer. São Paulo: Tratore (Gravadora), 2020. 4:11 min.

RIO, João do. A Alma Encantadora das Ruas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

ROCHA, Gilmar. “Navalha não corta seda”: Estética e Performance no Vestuário do Malandro. 2005.

RODRIGUES, Geisa. As múltiplas faces de Madame Satã: estéticas e políticas do corpo.

Niterói: Editora da UFF, 2013.

SIMAS, Luiz Antonio, RUFINO, Luiz e HADDOCK-LOBO, Rafael. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.