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Exu Flamenguista: União de Maricá celebra identidade popular brasileira com samba, futebol e religiosidade

A União de Maricá levou para a Avenida um enredo que celebra a fusão entre samba, futebol e religiosidade, elementos centrais da cultura popular brasileira. Com enredo “Cavalo do Santíssimo e a coroa do Seu 7”, a agremiação apresentou diferentes facetas da entidade incorporada por mãe Cacilda de Assis, destacando a figura do Exu Flamenguista, inspirado na marchinha carnavalesca “Exu é Flamengo”, composta a pedido de Seu 7, um devoto flamenguista.

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Os componentes da ala oito da escola desfilaram com um visual que mesclava elementos religiosos e esportivos: capa, cartola, casaca do guardião, short acima do joelho, meião e chuteiras, remetendo a elementos da entidade e ao uniforme dos jogadores rubro-negros dos anos 70. A fantasia, que unia o sagrado e o profano, foi um dos pontos altos do desfile, emocionando o público e os próprios participantes.

Para Jaciara Azevedo, 49 anos, soldadora e torcedora do Flamengo, desfilar na ala foi uma experiência única. “Eu me sinto feliz, realizada. Quando você veste a roupa, incorpora o personagem que a ala te traz e vai embora”, compartilhou. Ela destacou que a história do Exu Flamenguista surgiu a partir da religiosidade, resultando em uma fantasia que impactou muitas pessoas. “Acredito que é um sucesso, e agradeço pela oportunidade de vivenciar esse momento na Maricá”, completou.

William Rodrigues, 56 anos, motorista de aplicativo, também expressou sua profunda conexão com a ala. Para ele, as cores preto e vermelho transcendem o futebol, representando também a religiosidade, especialmente na figura de Seu Zé Pilintra, entidade associada à malandragem. “Desfilar carregando essa identidade é uma experiência intensa e gratificante. Celebro a união entre samba, religião e tradição”, afirmou.

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Kátia Silene, 46 anos, correspondente bancária, ressaltou que a experiência de desfilar na ala vai além do carnaval. “Aqui nós temos Flamengo. Sou vascaína, mas pelo carnaval da Maricá a gente veste a roupa do Flamengo e o vascaíno vai embora pela avenida”, brincou. Ela reforçou que a mistura entre religião e cultura popular é algo que toca profundamente os participantes.

A ala “Exu Flamenguista” se consolida, portanto, como mais do que uma celebração carnavalesca. É um espaço onde a identidade popular brasileira se manifesta em toda a sua complexidade e beleza, unindo samba, futebol e religiosidade em uma experiência que emociona e inspira. Como resumiu William Rodrigues: “É a força do axé e da malandragem, celebrando a nossa cultura e a nossa fé”.

União de Maricá abre caminhos no Carnaval com homenagem a Exus e celebração da cultura afro-brasileira no abre-alas

Pedindo proteção e caminhos abertos para a sua passagem na maior encruzilhada do mundo, a União de Maricá fez de seu abre-alas uma casa de Exus, conhecida no universo das umbandas como tronqueiras. A alegoria exibiu diversas esculturas de entidades exusíacas e uma estética de pontos riscados com predominância do vermelho e preto, desenvolvida pelo carnavalesco Leandro Vieira, que uniu o sagrado ao profano para atravessar a Marquês de Sapucaí.

O CARNAVALESCO conversou com os componentes do abre-alas da Maricá sobre a importância de celebrar Exus e Pombagiras no desfile, a representatividade da cultura afro-brasileira, a luta contra o racismo religioso e a energia que essas entidades trazem para a abertura de caminhos. Os entrevistados destacaram como a alegoria da tronqueira, com suas cores rubro-negras e pontos riscados, simboliza proteção, resistência e a conexão entre o sagrado e o profano. Além disso, falaram sobre a homenagem a Seu 7 da Lira, a celebração da igualdade religiosa e a esperança de que a energia de Exu possa guiar a escola rumo ao título da Série Ouro.

“Abrir o desfile com Exus, Pombagiras, trazer o povo de rua é muito importante, porque é caminho. Não tem como ter nada sem Exu para abrir caminhos”, declarou Ester Domingos, de 25 anos, destaque central da alegoria da Maricá, que, em meio à imensidão rubro-negra, vestiu uma fantasia branca para representar a pureza e a energia positiva dos guardiões.

Se a tronqueira é o espaço estrategicamente localizado na entrada das casas para combater as energias negativas, a alegoria, para Ester, é também uma prece que a Maricá faz ao homenageado, Seu 7 da Lira. “Tomara que Exu possa abrir todos os caminhos para que a gente possa ganhar esse título”, afirmou a figurinista, que se sente fortalecida com o desfile em homenagem ao Seu Sete da Lira.

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Quem também se sente fortalecido é o estudante de Educação Física Paulo Barbosa, de 32 anos, que defendeu que a escola trouxe na alegoria uma celebração da igualdade religiosa. “É uma celebração da igualdade. Estamos falando de representatividade da cultura afro, da cultura do povo de rua, da malandragem que cuida de mim e abre todos os caminhos da minha vida, como Seu Tranca-Rua e Dona Maria Padinha, meu pai e a mulher da minha vida”, disse o estudante de Educação Física. Ele afirma que a escolha da agremiação de celebrar o sagrado na festividade profana do carnaval é uma astúcia para driblar o racismo religioso.

“Precisamos mostrar muito mais sobre a nossa religião, a nossa cultura, de onde a gente vem, para possibilitar mais troca e tolerância entre diferentes crenças”, afirmou.

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Já Vanessa Moraes, de 32 anos, afirmou que a tronqueira da Maricá energizou as pessoas para seguir adiante. “Esse carro é para as pessoas se energizarem mesmo e acreditarem que Exu é caminho e verdade. Não é uma coisa ruim, é algo pra cima. É algo positivo, é algo para a abertura de caminhos, mesmo para essa passagem do ano que a gente está fazendo para o começo do ano, logo depois do carnaval”, concluiu.

A União de Maricá, ao levar para a avenida uma homenagem a Exus e Pombagiras, transformou seu desfile em um ato de resistência, celebração e representatividade. A alegoria da tronqueira, com suas cores vibrantes e simbolismo sagrado, não apenas abriu caminhos para a escola na Marquês de Sapucaí, mas também reforçou a importância da cultura afro-brasileira e da luta contra o racismo religioso.

Ao unir o sagrado e o profano, a agremiação enviou uma mensagem poderosa de igualdade, tolerância e respeito às diversidades religiosas. Com a energia de Exu como guia, a agremiação não só honrou Seu 7 da Lira e as entidades exusíacas, mas também inspirou esperança e fortalecimento para todos que acompanharam seus próximos passos.

Conheça as sete escolas e os enredos da segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo

Depois do primeiro dia de desfiles, mais sete escolas estarão na pista do Sambódromo do Anhembi, na segunda noite de desfiles no Grupo Especial do carnaval de São Paulo. Às 20h30, o Afoxé Filhos da Coroa de Dadá abre o evento, e às 22h30, o Águia de Ouro vai abrir o sábado de carnaval em São Paulo, a última escola será o Vai-Vai a partir das 5h. Vamos trazer um guia das sete escolas do segundo dia de Grupo do Especial com enredo, curiosidades e mais detalhes para 2025.

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Águia de Ouro – 22h30

O Águia de Ouro será a primeira escola a passar pelo Anhembi neste sábado, e o enredo em homenagem ao artista Benito di Paula, desenvolvido pelo carnavalesco Andre Machado, o enredo: ‘Em Retalhos de Cetim, a Águia de Ouro do jeito que a vida quer”.

“A gente tinha que ter uma conversa com o próprio Benito para saber um pouco da história dele. Nós fomos muito bem recebidos e ele falou que não queria muito que contasse sobre a vida dele, mas sim abordasse as obras de sua carreira. Com isso, ficou mais fácil, porque a gente ia fugir do lugar comum. Quando alguém é homenageado, a gente sempre fala da história de uma forma cronológica, mas contar só a sobre música, também pegou na minha memória afetiva. Acho que deve pegar na memória dos fãs também, de lembrar de quando o avô cantava… E eu gostei demais dessa abordagem, porque é algo inédito no carnaval. A ideia do enredo é como se o Benito estivesse em um grande show e todo grande artista gosta de estar no palco. Em cima disso, a gente vai emprestar o maior palco para nós sambistas, que é o Anhembi, para ele fazer um grande show e contar a sua obra através das fantasias, alegorias e do próprio samba enredo”.

A agremiação da Pompeia não retorna para o desfile das campeãs desde o seu título inédito em 2020, no último ano falou sobre a história do rádio e ficou no 10° lugar.

Fundação: 1976
Melhor resultado: Campeão do Grupo Especial em 2020
Títulos: Primeira Divisão (2020) e Segunda divisão (1998, 2009, 2018)

Último ano: 10ª colocado do Grupo Especial

Império de Casa Verde – 23h35

A tricampeã do carnaval de São Paulo, Império de Casa Verde abordará um tema a partir da literatura, o carnavalesco Leandro Barboza em seu quinto carnaval pela agremiação terá como temática: ‘Contando Contos: Reinos da Literatura’. O diretor de carnaval do Tigre da Casa Verde, Tiguês, falou um pouco sobre o enredo.

“A gente preferiu fugir um pouco do lugar comum. A gente entende que o carnaval tem sempre uma mesmice envolvida. A temática é sempre a mesma. Ou é afro, ou é algo indígena, mas sempre voltado para orixá, para a escravidão, para o sofrimento negro, para o sofrimento indígena. A gente entendeu que chegou a hora de mudar isso. Nosso presidente é um cara que gosta muito do lúdico, é um cara que gosta das histórias, que sempre tem alguma coisa por trás. Eu sou um amante da literatura e, em um dia numa reunião, entre outros enredos que a gente tinha, eu sugeri a literatura”.

O Império ficou no 6º lugar em 2024, quando homenageou Fafá de Belém. Ficou fora do desfile das campeãs e busca retornar entre as melhores neste carnaval de 2025. Está desde 2003 no Grupo Especial, ou seja, desde que subiu, permaneceu.

Fundação: 1994
Melhor resultado: 3 vezes campeão do Grupo Especial
Títulos: Segunda Divisão (2011), Quarta divisão (1997), Quinta divisão (1996) e Sexta divisão (1995)

Último ano: 6ª colocado no Grupo Especial

Mocidade Alegre – 00h40

A atual bicampeã do carnaval de São Paulo, é também a escola mais longeva no Grupo Especial, desde que subiu em 1971. Teve mudança no carnavalesco, chegou Caio Araújo que desenvolve o enredo ‘Quem Não Pode com Mandinga, Não Carrega Patuá’, explicou um pouco sobre o tema.

“Partindo de um objeto específico, que é a bolsa de mandinga, nós falaremos um pouco da formação do povo brasileiro e como ele constrói essa relação com os seus objetos de devoção, com seus amuletos, com aquela fé que carregamos no pescoço. Nosso enredo vai traçar uma linha histórica para entendermos de onde veio essa nossa relação tão íntima com esses objetos e porque essa relação que temos tem com esses objetos é tão sincrética. Às vezes nós temos um terço na nossa carteira, mas não é porque vamos realmente rezar o rosário e sim porque acreditamos que ele vai nos proteger de algum mal, de alguma coisa que possa acontecer. A narrativa do nosso enredo procura traçar esse início da relação e o desenvolvimento dela, principalmente dentro do nosso território”.

A Morada do Samba é a atual bicampeão do carnaval, são doze títulos em sua história e a mais longeva no Grupo Especial, muito tradição na pista do carnaval paulistano.

Fundação: 1967
Melhor resultado: 12 títulos do Grupo Especial
Títulos: Primeira Divisão (1971, 1972, 1973, 1980, 2004, 2007, 2009, 2012, 2013, 2014, 2023 e 2024), Segunda Divisão (1970) e Bloco Especial (1969)

Último ano: Campeã do Grupo Especial

Gaviões da Fiel – 1h45

A quarta escola do sábado é a tetracampeã, os Gaviões da Fiel, agremiação que terá pela primeira vez um enredo afro em sua história e será desenvolvido por Rayner Pereira e Julio Poloni com o tema: ‘Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro’, o carnavalesco Poloni falou sobre o tema.

“Essa viagem, na verdade o nosso enredo, o tema central, são as máscaras africanas. E a gente aproveitou que essas máscaras têm muitos simbolismos, muitos significados, para explorar toda essa riqueza de argumentação que essas máscaras trazem. Qual o espírito mensageiro? A gente criou uma história em que o Orunmilá, que na religião do candomblé africano, é uma divindade que é detentora da sabedoria, das profecias, das mensagens. A gente utilizou Orunmilá como ele vindo para a terra com o objetivo de fazer uma caminhada pelo continente africano. Se a gente conhece Orunmilá falando por meio do jogo de Ifá, aqui ele vai falar por meio das máscaras. Ele vai parando de povoado em povoado e concedendo uma máscara. Ele cria essa máscara e concede a um determinado povo para levar um ensinamento. Em alguns momentos dessa história, Orunmilá se encontra com outras divindades: Nanã, no pântano em que ela habita, com Xangô, no palácio do governo do reino de Oyó, se encontra com Exu Aluvaiá em Luanda, capital de Angola, e se encontra, por fim, com Ewá. Quando ele se encontra com Ewá, vê nela toda a beleza e riqueza de caráter e diz que nela estão sintetizadas todas as mensagens que ele passou ao longo dessa caminhada”.

Em 2024, os Gaviões da Fiel retornaram para o desfile das campeãs após ficarem em quarto lugar. A última vez tinha sido em 2011, e querem seguir o momento positivo.

Fundação: 1969
Melhor resultado: Quatro vezes campeã (1995, 1999, 2002 e 2003)
Títulos: Grupo Especial (1995, 1999, 2002 e 2003), Acesso (1991, 2005 e 2007) e 12 vezes do Bloco Especial

Último ano: 4ª colocado no Grupo Especial

Acadêmicos do Tucuruvi – 2h50

A Tucuruvi aposta em um enredo indígena na temporada de 2025 através dos carnavalescos Dione Leite e Nicolas Gonçalves: ‘Assojaba – A Busca pelo Manto’. O carnavalesco mais antigo da casa, está desde 2019, explicou um pouco sobre o tema e a escolha dele em nossa Série Barracões.

“Essa ideia veio através do nosso enredista, Vinícius Natal, que falou com o Rodrigo Delduque, nosso gestor. Ele falou: ‘eu tenho aqui uma proposta de enredo’. Rodrigo já queria algo que fosse diferente, mas queria manter uma linha para esse lado ancestral que não necessariamente fosse uma temática africana e nós tínhamos outros enredos muito interessantes na mesa, estavam bem cotados. Quando aparece ‘Assojaba’, ele ganha todos nós de cara. Ele nos domina pela qualidade, pela densidade, pelas profundas camadas que poderiam ser acessadas para desdobramentos do enredo. O Rodrigo aposta já direto, e eu e o Nicolas ficamos muito felizes também porque nos oferecia a possibilidade de uma estética nova, uma possibilidade de repensar algumas coisas que eram possíveis e aí tem esse carnaval hoje que é desafiador, assim como era desafiadora a volta do manto, que já está aqui. Esse carnaval também no início foi muito desafiador, mas hoje ele já está aqui praticamente pronto. É possível quando você acredita, é possível quando se busca pelo seu manto”

Melhorou sua colocação dos últimos anos e terminou no 7ª lugar em 2024 com o tema de ‘Ifá’, em 2025 aposta em um enredo indígena.

Fundação: 1976
Melhor resultado: Vice-campeão do Grupo Especial em 2011
Títulos: Segunda divisão (1986), Terceira Divisão (1980) e Quarta Divisão (1978)

Último ano: 7ª colocado no Grupo Especial

Terceiro Milênio – 3h55

Com um enredo dedo na ferida, a Estrela do Terceiro Milênio, abordará um tema LGBTQIAPN+ no “Muito Além do Arco-Íris” desenvolvido pelo carnavalesco Murilo Lobo que explicou em coletiva.

“Foram os números alarmantes da violência no Brasil. Refleti sobre a letra de ‘Aquarela do Brasil’, de Ari Barroso, que diz ser este ‘o país de nosso Senhor’. Mas como pode, se somos o que mais mata pessoas LGBTQIAPN+? O carnaval é um espaço para recontar essa história e buscar um caminho de respeito e convivência pacífica. Após a aprovação da temática, mergulhei em 13 livros, mais de 7 mil páginas, 15 documentários e entrevistas. Obras como ‘Devassos no Paraíso’ (João Silvério Trevisan) e ‘Além do Carnaval’ (James Green) foram essenciais para entender e selecionar o recorte que apresentaremos”.

A jovem agremiação do Grajaú, extremo Sul de São Paulo, a Milênio vai para a segunda participação do Grupo Especial na história.

Fundação: 1998
Melhor resultado: Campeão do Grupo Acesso I em 2022
Títulos: Terceira divisão (2014), Quarta divisão (2013) e Sexta divisão (2010)

Último ano: Campeão do Grupo de Acesso I

Vai-Vai – 5h00

A maior campeã do carnaval de São Paulo, o Vai-Vai, homenageará o artista Zé Celso com o enredo: ‘O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem’ desenvolvido por Sidnei França.

“Para o carnaval de 2025, o Vai-Vai leva para o Sambódromo do Anhembi o enredo ‘O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar esordem’. É uma homenagem justa, necessária, cabida, principalmente pelo Vai-Vai, uma escola de samba da Bela Vista, mesmo local onde o Zé Celso se consagrou com o seu Teatro Oficina. Desde o ponto zero do desenvolvimento desse enredo eu já tinha comigo que não podia ser um enredo linear, um enredo cartesiano, porque o Zé Celso foi uma figura muito ousada e muito transgressora. Ele quebrou paradigmas, ele desafiou a ditadura, por exemplo”.

O Vai-Vai vai para o segundo ano consecutivo no Grupo Especial, em 2020 e 2023 esteve no Grupo de Acesso I.

Fundação: 1930
Melhor resultado: 15 vezes campeão do Grupo Especial (1978, 1981, 1982, 1986, 1987, 1988, 1993, 1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2008, 2011 e 2015
Títulos: Segunda Divisão (2020 e 2023), 9 vezes campeã do Cordão

Último ano: 8ª lugar no Grupo Especial

Freddy Ferreira analisa a bateria da União da Ilha no Carnaval 2025

Uma apresentação soberba da bateria da União da Ilha do Governador, sob o comando de mestre Marcelo Santos. Um ritmo da “Baterilha” equilibrado, muito bem afinado e equalizado. Uma fluência plena entre os mais diversos naipes foi notada.

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Na parte da frente do ritmo, um naipe de chocalhos exemplar tocou interligado a uma ala de tamborins de alta técnica. Incrível como o “Tamborilha” e os Chocalhos pareciam um só tocando, tamanho casamento musical entre ambos. Uma ala de agogôs de qualidade auxiliou no preenchimento sonoro das peças leves, junto de cuícas seguras.

Na cozinha da “Baterilha”, uma afinação de surdos sublime proporcionou um ressoar de surdos potente, ao mesmo tempo que permitiu uma equalização de timbres refinada. Marcadores foram precisos, assim como os surdos de terceira deram um balanço irrepreensível ao ritmo insulano, inclusive participando de bossas. Uma ala de repiques sólidos tocou junto de um naipe de caixas de guerra extremamente acima da média. Impressionante a categoria das caixas rufadas da União da Ilha e como elas servem de base de amparo musical pros demais naipes do ritmo da tricolor insulana.

As bossas, sempre conectadas ao que pedia o samba-enredo da agremiação, foi executada de forma cirúrgica no terceiro módulo. Destaque para a paradinha com solo de bumbos, liras e agogôs, dando um clima circense em forma de banda marcial. Suas exibições receberam ovação popular mesmo com Sol forte. A musicalidade diferenciada da bossa da cabeça do samba também merece menção, devido ao bom gosto criativo. Uma apresentação mais ligeira foi realizada na última cabine julgadora, devido ao tempo próximo do limite.

Um desfile esplêndido da “Baterilha”, dirigida por mestre Marcelo Santos. Uma conjugação sonora de alto valor foi exibida por todos os naipes. Isso tudo junto de um trabalho rítmico de bossas do mais alto calibre, além de um profundo bom gosto musical. Uma bateria da União da Ilha que colocou o povo pra sambar e cantar em plena manhã de sábado, mostrando um ritmo dançante, impactante com musicalidade ímpar.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Em Cima da Hora no Carnaval 2025

Um bom desfile da bateria “Sintonia de Cavalcante” da Em Cima da Hora, dirigida por mestre Léo Capoeira. Um ritmo muito bem equalizado, consistente e com andamento mais quente foi exibido.

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Na parte da frente da “Sintonia”, um naipe de tamborins foi eficiente com um sólido toque em conjunto. Tudo interligado a uma ala de chocalhos de alta qualidade técnica, fazendo um ritmo muito bom e sem firula. Agogôs musicais ajudaram no preenchimento das leves, bem como cuícas sólidas ajudaram no preenchimento da sonoridade da cabeça da bateria.

Na cozinha da bateria da Em Cima da Hora, uma privilegiada afinação de surdos foi notada. Marcadores foram precisos e seguros. Surdos de terceira deram balanço à parte de trás do ritmo. Repiques coesos tocaram junto de um naipe de caixas bem ressonante, que deu base de amparo musical para vários naipes do ritmo da escola do bairro de Cavalcanti.

Bossas altamente vinculadas ao enredo de vertente africana da agremiação ajudaram a atrelar a sonoridade ao tema da agremiação. Uma caída de segunda também auxiliou na versatilidade rítmica, se mostrando funcional.

Uma boa exibição da bateria “Sintonia de Cavalcante” da Em Cima da Hora, comandada por mestre Léo Capoeira. Um ritmo consistente e com impacto sonoro da pressão de surdos foi exibido. A apresentação do último módulo infelizmente teve que ser em movimento, mas dando tempo de apresentar uma bossa dançante.

Freddy Ferreira analisa a bateria da União de Maricá no Carnaval 2025

Uma apresentação muito boa da bateria da União de Maricá de mestre Paulinho Steves. Um ritmo consistente e impactante foi exibido. Com paradinhas altamente musicais, além de potentes.

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Uma parte da frente soberba da bateria “Maricadência”. Um naipe de chocalhos técnicos tocou junto de uma grande ala de tamborins, mostrando nítido entrosamento musical. Agogôs se apresentaram com eficiência, desenhando a melodia do samba com seus toques. Cuícas seguras ajudaram a marcar o belo samba-enredo da agremiação.

Na cozinha da bateria da Maricá, uma boa e pesada afinação de surdos foi notada. Marcadores foram precisos e seguros. Assim como os surdos de terceira brilharam, seja fazendo ritmo ou executando as bossas. Uma boa ala de repiques tocou de forma coesa junto de caixas de guerra ressonantes. As caixas mesclaram toques retos embaixo, com levada de partido alto executada por quem tocava o instrumento em cima.

Bossas com uma musicalidade de destaque foram bem apresentadas nos últimos dois módulos, com direito a ovação popular na última cabine julgadora, após uma exibição segura e constante. Os arranjos seguiam as nuances melódicas do samba da Maricá para consolidar o ritmo, bem como continham bastante pressão sonora, graças ao impacto do peso dos surdos. Louvável a integração musical das bossas com a obra da agremiação, mostrando uma notória fluidez intuitiva.

Uma apresentação grandiosa da bateria “Maricadência” de mestre Paulinho Steves. Uma bateria da União de Maricá exibindo um ritmo consistente, potente e com bossas com boa musicalidade. Um trabalho marcado pela intuitividade musical, demonstrando uma criação privilegiada de bossas intimamente ligadas à melodia do samba da escola.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Estácio de Sá no Carnaval 2025

Uma excelente apresentação da bateria “Medalha de Ouro” da Estácio de Sá de mestre Chuvisco. Um ritmo estaciano potente, dançante e envolvente foi apresentado, arrancando aplausos do público.

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Na parte de trás do ritmo da vermelha e branca do morro do São Carlos, uma afinação tradicionalmente pesada e potente de surdos foi percebida. Marcadores foram firmes e precisos. Surdos de terceira contribuíram com swing bastante envolvente tanto fazendo ritmo, quanto participando luxuosamente das paradinhas. Uma ala de repiques coesa tocou junto de um naipe de caixas de guerra altamente técnico, executando sua genuína batida com levada de partido alto, tocada em cima.

Na cabeça da “Medalha de Ouro”, um naipe de tamborins talentoso mostrou capricho tocando junto de uma ala de chocalhos técnica. Um naipe de agogôs de qualidade também deu sua contribuição na sonoridade das peças leves. Cuícas seguras e ressonantes também exibiram um bom trabalho.

Um leque de bossas bastante dançante e relativamente complexo foi exibido. Todas se aproveitando das nuances melódicas da obra estaciana para consolidar seu ritmo, adicionando um grau de dificuldade de execução acentuado. Destaque para o impacto sonoro provocado pela afinação mais pesada de surdos. Um trabalho rítmico que esbanjou musicalidade e principalmente potência. Uma sonoridade que vinculou as paradinhas com toques indígenas ao enredo florestal do Leão, mostrando uma ambientação musical diferenciada.

Uma grande apresentação da bateria “Medalha de Ouro” da Estácio de Sá, dirigida por mestre Chuvisco. Um ritmo potente, dançante e empolgante foi exibido, arrancando aplausos da plateia. O tempo confortável de desfile permitiu uma última apresentação simplesmente avassaladora na quarta cabine julgadora, garantindo uma interação popular notável.

Paixão e inovação: Daniel e Taciana elevam o bailado da Grande Rio

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Daniel Werneck e Taciana Couto casal de mestre-sala e porta-bandeira da Grande Rio foto: Carnavalesco

Indo para o sexto ano à frente do pavilhão da Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto seguem inovando e encantando com seu bailado. O casal se destaca pela excelência e pela constante busca por evolução, incorporando elementos diferenciados a cada desfile. Neste carnaval, a dupla traz a cultura paraense para a avenida, inserindo passos de carimbó em sua coreografia. Além do compromisso técnico, eles compartilham uma relação profunda com a escola, que consideram uma extensão de suas vidas. Com dedicação e paixão, Daniel e Taciana reforçam a solidez do quesito na tricolor de Caxias.

Com uma coreografia carregada de símbolos paraenses, além da dança tradicional de mestre-sala e porta-bandeira, o casal da Grande Rio vem apresentando grandes performances na Sapucaí, além de se tornarem um quesito seguro e garantia de excelência para a escola.

Para o casal, a escola representa muita coisa na vida deles. O encontro dos dois se deu na Grande Rio, agremiação que eles não escondem a gratidão.

“A Grande Rio é a alegria dos nossos dias, é onde a gente passa mais tempo juntos do que provavelmente com a nossa família, com os nossos companheiros. É um prazer ostentar esse pavilhão, é uma honra ser defensora dele e a gente está sempre fazendo tudo com muito amor, com muito carinho e fica refletido esse sentimento de honraria”, declarou Taciana que se tornou 1ª porta-bandeira da escola aos 17 anos.

“A Grande Rio representa a nossa família, porque eu acho que essa temporada de ensaio que a gente vem se preparando até o dia oficial do desfile a gente se torna mais próximo, a gente fica muito mais próximo na quadra e até mais tempo ensaiando do que em casa. A Grande Rio é uma extensão da nossa casa”, contou o mestre-sala.

As apresentações do casal se destacam pelo vigor e inovação, fruto de um trabalho minucioso que une tradição e modernidade. Daniel e Taciana desafiam-se anualmente, criando coreografias que surpreendem sem perder a essência do quesito. O comprometimento com a excelência os mantém em constante evolução, elevando o nível de suas performances. A cada ensaio e desfile, reafirmam sua paixão e compromisso com a dança.

“A gente está sempre buscando se superar cada vez mais, até para não cair no comodismo. E é uma coisa que a gente está sempre se cobrando, porque eu acho que cada ano é um ano, cada enredo é um enredo, cada proposta é uma proposta. E graças a Deus, a gente vem conseguindo trazer um trabalho de excelência. No último ensaio, conforme havia comentado com vocês do Carnavalesco, que a gente está sempre aperfeiçoando. Então, a gente fez algumas modificações, algumas alterações na nossa coreografia, pois o trabalho não para”, declarou Daniel, que vai para o seu décimo ano defendendo o pavilhão de Caxias.

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Daniel Werneck e Taciana Couto casal de mestre-sala e porta-bandeira da Grande Rio foto: Divulgação / Grande Rio

Beth Bejani, coreógrafa da comissão de frente e também ensaiadora do casal, é peça-chave na lapidação da dança do casal. Seu olhar técnico identifica ajustes essenciais, aprimorando cada detalhe da coreografia. Além da parte técnica, alinha os movimentos às expectativas dos jurados e do público. Pequenos ajustes transformam a estética do bailado, tornando-o mais expressivo. Esse trabalho colaborativo garante precisão e impacto na avenida.

“A Beth é nosso olhar externo. Ela faz a parte da limpeza da coreografia, o Daniel monta a coreografia, eu participo dessa parte também, e a Beth vem com esse olhar de fora. Ela entende dos movimentos, do que os jurados gostam e ela vai limpando, vai vendo ali com carinho cada detalhe. Às vezes tudo que a gente deixa passar despercebido, um detalhe de um braço que a gente faz mais embaixo e acha que está bom, ela vendo de fora acha que se fizer ele maior vai ficar mais bonito, e realmente ela tem razão”, disse a porta-bandeira.

A apresentação que o casal desempenhou nos ensaios técnicos surpreendeu e encantou ao incorporar elementos e passos de carimbó, uma dança tradicional paraense repleta de ritmo e expressividade. A escolha, além de inovadora, trouxe uma nova perspectiva para o bailado do mestre-sala e da porta-bandeira, agregando autenticidade e valorizando a cultura do Pará dentro do desfile. O carimbó, com seus movimentos fluidos e envolventes, exigiu do casal não apenas dedicação técnica, mas também um profundo estudo sobre a história e a simbologia dessa manifestação cultural.

“Na verdade, o carimbó na nossa dança foi uma ideia em conjunto. A gente sempre está sempre buscando entender o enredo que a Grande Rio vem falando. E aí a gente busca, dentro dessa história e dessa temática, inserir algo sobre. E nada mais justo da gente inserir na nossa coreografia um movimento de carimbó que é justamente algo que é tão importante, tão cultural e forte em Belém do Pará”, contou o Daniel.

“Eu achei que seria mais fácil, mas é uma dança muito bonita, muito gostosa de se dançar, mas eu achei que era mais fácil vendo outras pessoas dançarem, eu encontrei um pouco de dificuldade durante o processo, mas a gente segue tentando até semana que vem levar com perfeição essa dança paraense, a cultura do Pará e a gente espera que os paraenses gostem do que a gente vai mostrar no dia 4 de março”, confessou a porta-bandeira.

Com um estilo de dança único e inovador, o casal vem encantando a todos pela Sapucaí, esbanjando técnica, sincronia e emoção a cada apresentação. Eles não apenas incorporam os elementos tradicionais do bailado, mas também adicionam passos contemporâneos que enriquecem a performance e dialogam com a proposta artística da escola. A solidez com que conduzem o quesito na Grande Rio é reflexo de um trabalho minucioso, que alia respeito às raízes do samba com uma busca constante por inovação e conexão com o enredo apresentado.

“No nosso estilo de dança a gente busca trazer o mais importante que é o tradicional, mas também buscamos sempre botar algo diferente, que vai muito por conta do enredo. Então, baseado no que a Grande Rio está falando, a gente está sempre estudando e trazendo esse algo a mais para nossa coreografia”, explicou Daniel.

Salgueiro de corpo fechado! A comunidade salgueirense e sua espiritualidade

O CARNAVALESCO conversou, no último domingo, durante o teste de som e luz na Sapucaí, com componentes do Salgueiro sobre o enredo e samba de 2025. Este ano, a Academia do Samba apresenta o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, sobre a busca por proteção espiritual do povo brasileiro. 

Diana Maciel 1
Diana Maciel, de 39 anos, que desfila há 18 pelo Salgueiro

“A proteção espiritual é muito importante porque nos livra dos males do mundo, dá segurança e renova a nossa fé. Ela blinda a gente das maldades do mundo. Você quando se sente blindado na religião que você esteja, você fica blindado realmente porque a sua fé e sua mente mandam em tudo. Você se sente muito mais protegido, muito mais confiante para você agir na sua vida”, disse a técnica de enfermagem Diana Maciel, de 39 anos, que desfila há 18 pelo Salgueiro. Diana cresceu na umbanda.

Enzo Menucci
Enzo Menucci, de 25 anos, que estreia no Salgueiro em 2025

“Tem que estar sempre em dia com as nossas responsabilidades não só para ficar protegido na rua, no dia a dia, mas para que a vida possa caminhar de uma maneira tranquila. Tem muita gente que vê a religião como algo que vai trazer muita riqueza, vai trazer muitas coisas. Na verdade, eu acho que a grande riqueza é a gente viver tranquilo, sem nenhuma doença, trabalhar bem”, opinou o internacionalista Enzo Menucci, de 25 anos, que estreia no Salgueiro em 2025. Enzo também encontrou-se na umbanda.

Ronaldo Martins
Ronaldo Martins, de 56 anos, que desfila pelo Salgueiro desde 2003

“Todo mundo tem uma superstição. Todo mundo tem uma busca, proteção, apoio em alguma coisa”, defendeu o contador católico Ronaldo Martins, de 56 anos, que desfila pelo Salgueiro desde 2003. Natural de Belém do Pará, Ronaldo é devoto de Nossa Senhora de Nazaré.

Composto por Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W Correa, o samba-enredo do Salgueiro é o mais ouvido do ano nas plataformas de áudio, acumulando mais de 1,5 milhão de plays no Spotify. A canção conquistou o público e, sobretudo, a comunidade salgueirense, que a entoa na Sapucaí como um mantra.

“Eu decorei o samba desde a antes da escolha do samba, porque para mim era o melhor samba para escolha, foi o melhor samba para a escola. O samba está na ponta da língua e o Salgueiro está de corpo fechado. A minha parte preferida é a que fala do seu Zé. Essa parte mexe com o salgueirense, exalta o salgueirense e puxa todo mundo”, dividiu Diana.

“O samba é lindo, é melódico. Ele conta bem o enredo, ele ajuda a gente a entender o enredo, como um bom samba. Pegou na avenida. É o samba do ano, é o samba do ano indiscutivelmente. Ele faz o componente cantar com emoção, com vibração, que é o mais importante”, sustentou a atriz, roteirista e diretor

Ti Ferreira
Ti Ferreira, de 36 anos. Salgueirense a vida toda, Ti participa dos desfiles pela quarta vez

“Ser ateu que não quer dizer que eu não admire e não entenda sobre as religiões. Cada uma dentro do seu espectro tem coisas positivas, coisas negativas e o enredo trata do corpo fechado em diversas religiões, o que é uma sacada. Mais como um mosaico de corpos fechados para a gente entender de onde vem essa cultura. Informação é tudo. Para poder conversar, entender o lado de outra pessoa que acredita nessa espiritualidade, é importante a gente entender de onde ela vem”, explicou.

Quanto ao refrão, “Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá”, Enzo o considera potente: “O Salgueiro é uma escola que não tem medo de botar a cara e falar que é macumbeiro mesmo. É bater a mão no peito e falar ‘sou macumbeiro, mandingueiro mesmo’”.

O jovem acredita, no entanto, que os versos “Quem tem medo de que mandinga não nasceu para demandar” são os mais bonitos do samba.

“Está implícito ali a responsabilidade da religião, um comprometimento e que não é só só coisas boas. As coisas que a gente faz também tem também consequências, você tem que tá preparado que pode voltar para você assim. Isso é uma coisa que demanda coragem”, argumentou.

Para Diana, o refrão é coerente com o posicionamento histórico da Academia do Samba.

“Eu acho que define bem o sambista, principalmente o salgueirense, que tem um tem uma tradição de falar dos negros, de falar da negritude. Macumbeiro tem um cunho meio pejorativo, você xinga a pessoa: ‘seu macumbeiro’. E aqui a gente tá batendo no peito, somos macumbeiros sim com muito orgulho”, expressou ela.

O bate-papo foi encerrado de maneira bem-humorada, ao questionar os participantes se a sua casa é a casa da mandinga, em referência ao verso do samba.

“Com certeza. Tem copinho d’água, vela acesa, ponte da guarda, todas essas coisas”, revelou Enzo.

“Sem sombra de dúvidas. Protegida por Maria Mulambo e Maria Padilha”, declarou Diana.

“Às vezes sim. Em alguns momentos, sim. Apesar de ser católico, apesar de ser devoto de Nossa Senhora, a gente sempre tem alguma coisa que a gente pega da matriz africana para se proteger mesmo”, finalizou Ronaldo.