Apoio acima de tudo! Bianca Monteiro ressalta valorização da comunidade no posto de rainha de bateria
Nilópolis tremeu, semana passada, com o encontro de três grandes escolas de samba. A Beija-Flor, já de casa, recebeu a Portela e o Império Serrano para ensaios de rua. Cada uma teve a oportunidade de mostrar seu melhor individualmente e, como esperado, a avenida pareceu pequena para a quantidade de pessoas que foram prestigiar o momento. Nem mesmo os componentes das escolas conseguiram conter a emoção. Bianca Monteiro é a rainha da Tabajara do Samba, bateria da Portela, desde 2017. Após o final do ensaio, estava ofegante, mas distribuía sorrisos e fotos para os que pediam. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Bianca não poupou palavras de agradecimento.

“Foi muito gostoso porque, além da Beija-Flor ser nossa afilhada, você vê Nilópolis cantando o samba da Portela e a comunidade gritando, levando muito amor e carinho para a escola. Eu me arrepiei várias vezes, inclusive agora. Me emocionei muito porque acho que o samba é isso. O samba é amor, verdade e união. Então, poder vir aqui e mostrar um pouquinho do que é a Portela e ver que esse respeito é recíproco é gratificante. Eu vou voltar para Madureira com o meu coração em festa”, afirmou.
Nascida e criada em Madureira, Bianca desfilou como passista por mais de uma década até o convite para ser rainha. Filha de um diretor de harmonia, a paixão pela escola fez seu sonho se tornar realidade. Em 2023, a Portela celebra o centenário da agremiação na Sapucaí, e Bianca garante que será uma ocasião inesquecível.
“Acho que a ficha não caiu ainda e só deve cair no ensaio técnico. Ser rainha da Tabajara do Samba, a primeira escola a completar 100 anos, é uma responsabilidade muito grande. Todo mundo que é Mangueira, Salgueiro… tem um pouquinho de Portela lá no fundo. Outras escolas também dizem que têm um carinho enorme pela Portela, acredito que o mundo do samba esteja alegre. Quando a Portela comemora 100 anos, são 100 anos de história, resistência e vitórias. Conseguimos manter isso firme e de pé. A minha ficha não caiu, mas fico feliz pelo presidente estar mantendo essa tradição de priorizar meninas da comunidade na frente da bateria. Espero que, quando eu não estiver mais… Claro, gente, espera um pouco que ainda dá! Daqui a uns 10 anos ou a um tempo, espero que entendam a importância de manter uma menina da comunidade na bateria”, comentou.
Sobre a valorização da comunidade, temos a própria Beija-Flor como o exemplo mais recente. Depois de 20 anos no cargo de rainha, Raíssa de Oliveira decidiu que seu reinado havia chegado ao fim. A escola, então, promoveu um concurso em que um dos requisitos era uma ligação prévia com a agremiação. A vencedora foi a jovem Lorena Raíssa, de apenas 15 anos. Desde então, Lorena mostra carisma e todas as suas habilidades nos eventos da escola. Seu primeiro desfile no posto ocorrerá no carnaval de 2023, mas ela já conta com o apoio e a admiração de grandes personalidades do samba.
“Vejo a Lorena como uma irmã. Às vezes olho ela sambando e falo ‘devagar, por favor, porque a titia tem mais idade’, mas todos vemos ela como uma menina, então damos conselhos. Toda vez que encontro com ela em fotos ou entrevistas, dou conselhos para que ela ainda seja menina e não perca a essência da juventude. Que ela brinque de boneca, se maquie, faça TikTok… enfim, que não perca isso porque o tempo passa muito rápido. Hoje ela está realizando um sonho e quero que ela aprenda, cresça, mas sendo quem que ela é. A mãe dela é uma pessoa muito carinhosa, a família também. A Lorena é uma menina educada demais. Acho que não tem concorrência. O trabalho é árduo para todo mundo. Só quem está ali na frente de uma bateria sabe como é ser rainha, então precisamos abraçar essa causa. Toda vez que a gente se encontra é só amor, troca de energia… eu, Lorena, Evelyn, Mayara e todas as outras. Acho que essa ligação é de amor mesmo e fico feliz por cada conquista delas. Uma torcendo pela outra porque sabemos que a luta pelo reconhecimento é realmente muito difícil”, disse Bianca.
Povo desconfiado! Sambistas estranham possível interdição do Sambódromo com os ensaios rolando e perto dos desfiles oficiais
Há três semanas do início dos desfiles e na véspera dos ensaios técnicos, o que deveria ser evitado se repetiu mais uma vez. A interdição do Sambódromo carioca virou uma dor de cabeça para as escolas de samba, especialmente para as agremiações que realizam ensaios neste fim de semana.
Preparativos realizados ao longo dos últimos meses quase foram por água abaixo com a decisão tomada na última sexta-feira. Entretanto, mais uma vez, a força da maior festa popular do mundo falou mais alto. Em entrevista ao CARNAVALESCO, torcedores e apaixonados pelo carnaval comentaram sobre a suspensão e o impacto dela no mundo do samba.
Juliana Andrade, de 34 anos, é torcedora do Império Serrano e achou a suspensão estranha. Ela ressaltou que ao longo do ano, outros eventos foram realizados no Sambódromo, mas a interdição ocorreu somente perto do Carnaval deste ano, o que para ela, é um desrespeito com os sambistas.

“Eu não acho normal (a interdição). Inclusive, estavam ocorrendo eventos na Marquês de Sapucaí antes de começar o período de carnaval. O carnaval é algo que já está no calendário da cidade e sempre antes fica essa tensão que a gente sabe que vai ser resolvida, mas parece até amadorismo. Se o Sambódromo não estava apto para receber os ensaios e desfiles, porque estaria apto para receber tantos shows que ocorreram aqui?”, declarou Juliana.
Gabriel Mello tem 31 anos, é torcedor da Beija-Flor e acredita que a interdição da Avenida é preconceito com os sambistas. Para ele, se deve esperar a preparação do espetáculo para aí sim analisar se a casa está em ordem.

“É muito estranho, porque eles esperam a aproximação tanto do desfile oficial como dos ensaios técnicos. De repente, surgem milhares de problemas e ocorre a interdição. Geralmente são coisas que muitas vezes eles aprovaram ou já estavam cientes. Com certeza rola um preconceito. Não só preconceito mas uma certa implicância. Eu penso que a festa ainda está sendo montada, então para realizar uma vistoria total, tanto da segurança como da estrutura tem que terminar de preparar a festa. Tem que esperar a preparação da festa para ver o que tá em ordem. Do nada surge esse tipo de coisa?!”, enfatizou Gabriel.
O torcedor da escola de Nilópolis também destacou que o carnaval não é só espetáculo e lazer, mas o sustento de muitas famílias que trabalham nas escolas e na organização do evento.
“É um descaso com o sambista, porque o que nós fazemos aqui não é só diversão e cultura, é trabalho também. Trabalhamos no barracão, muitos aqui sustentam suas famílias com o dinheiro do barracão. Muita gente da limpeza e da segurança daqui do Sambódromo, por exemplo, tem isso aqui como o sustento da família. Quando isso é limitado, você tira o sustento daquela família, porque é um dia não trabalhado. É um descaso do poder público com a população do samba”, ressaltou Gabriel.
Torcedor da Grande Rio, Mateus Santos acompanhou no Setor 2 os ensaios da Série Ouro. Para ele, a definição do que ocorreu com a Marquês de Sapucaí é “inexplicável”. Na opinião dele, o poder público não dá a devida atenção ao espetáculo que é o carnaval.

“Agora é todo ano a mesma coisa, mas só no carnaval. No resto do ano não acontece nada, isso é inexplicável. O apoio é muito ruim e isso é lamentável. Os turistas vêm nessas condições. Nós mesmos estamos sofrendo com o abandono da Sapucaí”, disse o torcedor.
Desmerecimento com os sambistas e injustiça. Assim define, Aloisio Lafaiete, que tem 31 anos de idade e torce para a Mocidade. Ele ressaltou a importância do samba e do para as minorias do país.

“Já são três anos seguidos que se fala em interdição, sempre perto do carnaval. Acho que isso acaba desmerecendo um pouco o sambista, uma certa implicância. É uma certa injustiça. Nós somos tachados sempre como um povo favelado e do morro, sendo que o samba está aí para mostrar que não somos um povo favelado, que temos cultura e algo para mostrar. Samba é cultura”, disse Aloisio.
A interdição ocorreu após uma ação enviada à Vara de Fazenda Pública alegando que a pista não possuía alvará do Corpo de Bombeiros e condições mínimas de segurança. No ensaio técnico deste último sábado, já com a liberação dos Bombeiros, a Avenida contava com novos extintores de incêndio e mangueiras ao longo da Avenida, além da presença de seguranças nas arquibancadas.
Samba sobre as lendas da Amazônia é destaque no ensaio técnico da Uirapuru da Mooca
A Uirapuru da Mooca abriu a noite de ensaios técnicos deste sábado no Sambódromo do Anhembi, em preparação para o Carnaval 2023. Com destaque para o contagiante samba, a escola sofreu com a chuva que caiu durante seu único treinamento previsto nesta temporada. A agremiação será a sexta a se apresentar no dia 11 de fevereiro, pelo Grupo de Acesso II, com o enredo “Amazônia: Terra do Uirapuru – Salve os donos da terra e suas lendas”.
Comissão de Frente
A Uirapuru mostrou que dá para fazer uma comissão legal mesmo com simplicidade. Dez dançarinos performam durante uma passagem do samba com movimentos que casam com todas as passagens do samba. Durante o refrão principal é possível entender claramente que os gestos dos atores são referências diretas aos versos.
Com uma coreografia tão simples, se aproximar da perfeição é uma meta fácil de alcançar. Atendendo ao propósito de apresentar o enredo, a escola da Mooca começa seu desfile com o pé direito.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Um quesito complicado de ensaiar com a pista molhada durante toda a passagem pela Avenida. O primeiro casal, formado por Anderson Guedes e Pâmela Yuri, procurou não correr riscos desnecessários e realizou uma dança mais lenta e conservadora, priorizando a análise do andamento da escola. O mais importante neste treinamento foi perceber a boa interação nas expressões de um para com o outro. Ambos estão focados no objetivo maior da agremiação.
Harmonia
A matemática foi muito ingrata com a Uirapuru. Primeiro horário, chuva, sistema de som recém instalado. As escolas do Grupo de Acesso II tendem a ter um canto mais discreto que as dos grupos superiores, o que faz a somatória de todos esses fatores resultar em uma percepção praticamente nula da harmonia. O jeito foi apelar para analisar visualmente a participação de cada componente na pista, e é uma pena que o desempenho tenha sido tão discreto mesmo com um samba fácil de cantar e que atiça o corpo como esse. A direção de harmonia precisará colocar na consciência da comunidade a beleza da joia que a Mooca esculpiu. Apostem mais na expressões corporais que a música permite de forma tão espontânea.
Evolução
Com o baixo contingente, fica muito fácil evoluir na Avenida sem pressa, dentro do tempo desejável. Ainda é preciso resolver problemas com a compactação, e o espaço deixado para o recuo da bateria foi muito exagerado. A côrte da “Moocadência” ficou muito tempo cobrindo o grande buraco feito, o que pode não ser bem visto pelos jurados. Por fim, o tempo de 44 minutos de conclusão do ensaio é prova de que o que falta à Uirapuru no quesito é mais treinamento, já que o relógio será amigo da escola este ano.
Samba-Enredo
O samba da Uirapuru é simplesmente delicioso. Para um enredo que fala de lendas do nosso folclore, é uma espécie de resenha musical das principais histórias sobre a Amazônia que o povo brasileiro conhece. No refrão de cabeça, os versos “Eeh… Caboclo Eeh… Resistência da floresta”, auxiliado por um “Eeh!” mais alto entre eles, faz o corpo reagir quase como instinto, jogando os braços para cima. O time de canto, liderado pelo intérprete André Ricardo, molda a obra com a graça de um escultor renomado, enquanto a bateria consegue fazer bossas que só tornam o espetáculo ainda mais agradável de se apreciar. É tão fácil de cantar que não duvido que o público presente no Sambódromo do Anhembi no dia do desfile oficial entrará no canto junto com a comunidade da Mooca.
Outros destaques
A Rainha Acássia Nascimento foi show à parte diante dos ritmistas da bateria “Moocadência”, que caprichou nas bossas aplicadas ao belo samba da escola.
A Uirapuru da Mooca sofreu um revés ao ter o ensaio comprometido pela chuva que caiu no final da tarde deste sábado, justamente no único ensaio geral previsto para a escola nesta temporada. Mas a comunidade do tradicional bairro dos imigrantes italianos mostrou atributos que podem fazer a diferença na acirrada disputa do Carnaval de 2023. Agora é momento de aproveitar ao máximo os ensaios de quadra e realizar ensaios de rua para chegar no dia 11 na melhor forma possível.
‘Deixa a tristeza pra lá’, bateria e canto são os destaques no segundo ensaio da Milênio
A Estrela do Terceiro Milênio fez na noite de sábado seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi, e fez importantes correções no canto da comunidade do extremo sul de São Paulo. O ponto a ser destacado foi justamente a harmonia, o canto da escola foi muito forte, assim como no primeiro ensaio, mas desta vez mais coeso, e junto a Pegada da Coruja do Mestre Vitor Velloso teve destaque. A Milênio com o enredo “Me dê sua tristeza que eu transformo em alegria! Um tributo à arte de fazer rir”, será a primeira escola a desfilar no sábado, dia 18 de fevereiro.
Comissão de Frente
Com um tripé que era muito utilizado pelos componentes, e que por um momento parece que fará referências a representantes do riso. Na apresentação, houve um ato em que uma criança era a destaque e guiada pelos demais. Outro momento sentavam nas escadas do tripé, e até em referência ao ‘banco da Praça’. Um detalhe: a coreografia iniciou logo que a escola entrou na pista. Uma comissão bem cênica e passando um realismo enorme, interagiam com a plateia, imprensa, parecendo que fazíamos parte da apresentação e por vezes, quase quem vos escreve entrou na pista para realmente ajudar. Pois os componentes dizem algo ‘me ajuda lá’, e outras referências que fazem crer que fazemos parte da encenação.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Daniel Vitro e Edilaine passou pela pista molhada, inicialmente com certa cautela, mas foram se soltando e com perfeição nos giros. Conectados nos olhares após algumas voltas. Daniel com seus passos envolventes, um jogo com as pernas que é sempre um destaque, e a Edilaine também com seus lindos passos, e destaco o seu sorriso. A conexão do casal é algo que devemos destacar, a sintonia nos passos, conexão dos olhares, nos giros, funcionou bem no ensaio. Não foi diferente do primeiro, mas fizeram ajustes com o andamento da escola.
Analisando o ensaio, o mestre-sala Daniel deu seu panorama e explicou o motivo da cautela: “Na verdade foi incrível, porque tivemos a oportunidade de testar algumas adversidades que de fato podem ocorrer no dia do desfile. Hoje foi a chuva e o chão. A gente hoje soube que, mediante ao chão escorregando, terão que haver algumas adaptações coreográficas, mas nada que estrague a coluna vertebral do trabalho. A gente já conseguiu fazer a apresentação em todas as cabines dos jurados, meio que adaptados em alguns pontos pela questão do alagamento, mas foi tranquilo, é muito bom na verdade. É ruim descer na chuva pelo fator de molhar, mas esse clima que causa desconforto, escorregando, é uma coisa que pode acontecer no dia do desfile e a gente tem de aprender, e eu sou pós-graduado em chuva no Carnaval”.
Complementando seu mestre-sala, Edilaine disse os motivos das adaptações: “O giro é diferente. Quando a pista está escorregadia e molhada do jeito que estava hoje, não podemos dar um estirão de giro. Tem que ser um giro contrapassado, como a gente fala. E foi tranquilo, a experiência conta nessa hora”.
A porta-bandeira ainda prosseguiu contando sobre a preparação: “Como nós fazemos os nossos específicos durante a semana, já sabemos os pontos da pista que não está 100% adequado à dança. A gente posteriora ou antecipa o movimento, e onde vemos que está com remendinho, vamos para trás ou para a frente. É só questão de adaptação”.
O casal contou que foi prometido uma pintura que ajudasse na dança, diminuindo assim riscos de escorregar, mas que até o momento não foi cumprido, atrapalhando os casais que trabalhavam com a hipótese do piso mais aderente. Revelaram que terá ‘muita surpresas’ no próximo ensaio e no desfile.
O mestre-sala Daniel revelou seu destaque no ensaio: “É a pegada da comunidade. Eu falo que a gente como Mestre-Sala e Porta-Bandeira só existimos, o pavilhão só existe porque existe a comunidade. É lógico que dançamos pela vaidade? Dançamos, é claro, mas atrás desse pano colorido, com o brasão da escola, a gente traz os sonhos e as emoções de cada uma dessas pessoas que atravessaram a cidade por quase 60 minutos para estar aqui, tomando chuva, e que voltarão mais 60 minutos, mas sorridentes. É por eles que nós existimos. Buscamos o resultado para eles”.
Aproveitando o gancho, a porta-bandeira deixou seu recado para a comunidade do Grajaú: “Minha comunidade, continuem acreditando, continuem se dedicando. Não é fácil, jogo é jogo e não sabemos o resultado do jogo, mas com toda essa dedicação que vocês estão tendo, com todo esse empenho, com certeza vamos chegar juntos e sorrimos muito na terça-feira de Carnaval”.
Harmonia
A comunidade do Grajaú canta muito, e não foi diferente, tiveram vários momentos altos no canto, nítidos em várias alas como a ala 6 no início da escola. Percebi a ala 10 com diretores pedindo mais canto, sendo que já cantavam muito, e eles realmente aumentaram o tom. Ainda as alas 13 e 14 que vinham quase juntas, explodiram no apagão ao passarem justamente pelo recuo da bateria. Um detalhe voltando para o início, a ala 1 era bem cênica, coreografada, com pintura no rosto, mas bem interativa. Até mesmo nas alegorias dava para sentir uma escola bem animada, com coreografia, interação, palmas, mostra o quanto a escola tem fluído no quesito. As baianas também sempre charmosas, com sua saia azul, vermelha e branco.
O diretor de harmonia, Japa, citou sobre o que também abordamos na análise do primeiro ensaio, sobre o canto no segundo setor ter tido problemas, e ressaltou o ajuste no segundo: “Corrigimos alguns erros que detectamos no primeiro ensaio. Conseguimos arrumar, e a escola veio ajustada, estava sem som no primeiro ensaio. Então deu para perceber que a escola cantou muito mais, foi nosso pedido”, e complementou em outro momento: “Tinha algumas alas que não estavam cantando conforme todas, mas ajustou, todas as alas cantaram igual, forte, como pedimos”.
Evolução
Evolução ocorreu bem, escola movimentando bastante com braços, animada e solta na pista, o que é um ponto importante. Mas não deixando de fazer seus movimentos já estabelecidos. Bateria ainda parou na frente da linha amarela, fez seu show por um minuto e passou a linha completando ensaio em uma hora exata, 60 minutos e 10 segundos. Ou seja, foi um ensaio bem leve da comunidade da Zona Sul, o tempo passou rápido, sinal que a escola conseguiu fazer fluir sua passagem pela pista neste segundo ensaio.
Na análise do diretor de harmonia, Japa, a escola foi bem no quesito: “Evolução conseguimos tirar a escola no tempo que terminou, foi muito positivo, temos mais um e com certeza faremos mais um belo ensaio”.
Samba-Enredo
Grazzi Brasil comandou o som, Bruno Ribas não esteve presente por conta de ensaio no Rio de Janeiro. Entretanto, a intérprete cumpriu muito bem seu papel – como de costume – com sua voz marcante e mostrou também a força da ótima ala musical da escola, acabaram conduzindo de maneira tranquila no samba, entrosamento com a bateria Pegada da Coruja. Conduziram bem a comunidade para o canto, tanto é que foi o destaque dentro do quesito harmonia, e tem muito dedo do carro de som funcionando.
A intérprete avaliou para o site CARNAVALESCO após o ensaio: “Deu para avaliar algumas coisas, sim. Mudamos algumas coisinhas discretas. Acho que deu um lance a mais aí, sim, acredito eu. Achei bem gostoso, estou bem feliz. E pouco tempo depois teremos o último, mas não com tão pouco tempo. Mas já deu para avaliar algumas coisas para no dia 03 está legal, aí avaliamos de novo para, no dia do desfile, estar bem legal”.
Entrosamento com a Pegada da Coruja não é novidade, e a Grazzi contou sobre bossas e parte que componentes da bateria se abaixam e diminuem o volume: “São vários! Esse lance a gente já estava fazendo, porém, o nosso diretor musical falou para fazermos a mesma dinâmica da bateria, com a descida e a subida. Dá um grande lance, eu achei bem bacana. A nossa ala musical é maravilhosa, então é só a dinâmica da voz, mesmo. E o sentimento, já que samba é sentimento, carnaval é sentimento. Mesmo em um samba tão alegre, tem que ter essa sutileza. Na música não pode faltar isso, ponto. Em tudo eu quero encontrar sutilezas”.
Por fim, comentou sobre sua parte favorita do samba: “Eu gosto do ‘sou o riso da criança’. Acho que não existe nada mais puro e verdadeiro. Criança é vida e caminho, Erê é caminho. Essa parte me deixa bem feliz”.
Outros destaques
A bateria ‘Pegada da Coruja’ crescendo demais, ousou nas bossas, inclusive em um longo apagão que fez no Setor B, trazendo a escola mais para dentro ainda do samba. No antepenúltimo setor, a bateria abaixou e em seguida fez outro apagão de alguns segundos, novamente com a escola explodindo.. As meninas do chocalho vieram fantasias com meia no arco íris, saia colorida, pintura de nariz de palhaço no rosto.
Sobre o longo apagão, Vitor Velloso reforçou o que disse no primeiro ensaio ser apenas um teste elaborado pela harmonia e direção de carnaval: “Fizemos no primeiro ensaio, e hoje foi feito no box, recuo, mas isso não vai ser feito na avenida, é uma coisa de ensaio mesmo. Pois nosso diretor de carnaval e harmonia, Carlão e Japa, eles fazem para sentir o canto da escola, como está cantando e deixando uma boa impressão para a galera. No desfile não, se faz isso é complicado”.
Analisando o ensaio, o mestre de bateria da ‘Pegada da Coruja’, disse que não teve tempo para correções, mas aprovou o desempenho no geral: “Sobre o ensaio, fizemos na terça, véspera de feriado, não teve tempo de ajustar nada. Viemos direto para cá no segundo ensaio, o que tinha que arrumar foi ajustado em conversas, gostei, foi bem melhor que o primeiro. Bateria, hoje, estava mais encorpada, primeiro ensaio tem aquele gelo, muita gente da escolinha, quebrou o gelo, e a galera estava mais tranquila, confiante, solta. Então assim, temos mais um ensaio dia 3 de fevereiro, mais uma oportunidade de acertar algumas coisas que precisa. É trabalhar, ensaio de quadra até dia 3, mas ao todo ensaio foi bacana, tivemos desempenho bacana na bateria, todos os naipes”.
Mestre Vitor Velloso disse o que espera para o próximo ensaio, pediu para mais ritmistas aparecerem: “O contingente, por conta da chuva faltou uma galera, acredito que no próximo ensaio estará maior e melhor. Muda muito também, você tem uma bateria menor, vamos sair com 220 ritmistas, hoje tinha 170, 180, falta uma galera. Então isso daí é uma evolução, não deixa de ser, mas com bateria menor é um desempenho, com maior é outro. Então acho que esperar a bateria em massa dia 3”, e revelou seu ponto alto neste ensaio: “No geral, a comunidade, a Terceiro Milênio é uma comunidade forte, está construindo um chão forte na escola. Você vê que a galera veio em peso hoje, então estão fechados com a escola, está na pegada, vontade, e é isso que acredito que seja o ponto principal dos dois ensaios falando no todo”.
Destacando outras situações, seis membros como destaque de chão na frente da primeira alegoria, bem alegres e com coreografia, bem cênicos e uma dança remetendo ao palhaço. Tem uma ala coreografada no meio da escola com um tripé, chamada de ‘Auto da Compadecida’, pelo menos em suas camisas, é bem interativa, mas sinceramente estou mais curioso para entender como será no dia do desfile.
Estrelas do Grajaú a frente da bateria junto com Carla Diaz e Mirela, destaco que a Carla Diaz que chegou como madrinha, interage bastante com as companheiras de bateria, sem estrelismo. E as crias da comunidade mostram muito samba no pé em conjunto, somam uma boa força.
Colaboraram Gustavo Lima, Lucas Sampaio e Will Ferreira