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Confiantes, componentes da Grande Rio acreditam no bicampeonato

GR02 2Segunda escola a desfilar no Domingo de carnaval, a atual campeã do Grupo Especial, Acadêmicos do Grande Rio, homenageou o cantor e ícone do samba Zeca Pagodinho, em enredo desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad. Na disputa pelo segundo título consecutivo, o que não faltou à escola de Duque de Caxias foi confiança. Em entrevista ao Site CARNAVALESCO, componentes da escola manifestaram a esperança e o desejo pelo bicampeonato.

Empolgadas, as irmãs Bianca e Tatiana Melo, que desfilam há dez anos juntas na Tricolor de Duque de Caxias, manifestaram o desejo e o sonho de conquistar mais um título pela Grande Rio. Paras as duas, a escola demonstrou total preparo para o desfile durantes os ensaios realizados na quadra e na Sapucaí. “Estou muito ansiosa, é sempre muita emoção, toda vez que a gente entra na avenida, é uma emoção. É lindo, glamouroso e grandioso”, comentou Tatiana.

GR03 2“A gente veio bem preparado, o samba está na ponta da língua, o ensaio técnico foi excelente. Estamos buscando o bicampeonato e com certeza, vamos conseguir “, completou a irmã Tatiana Melo.

Diretamente de Realengo, mas sem deixar de ter o coração ligado a Duque de Caxias, onde estudou por anos, Júlio César ressalta a emoção e o prazer de desfilar pela Grande Rio, escola que ele considera um sonho de vida. Otimista, o carioca acredita no forte desempenho da comunidade caxiense no carnaval de 2023.

“A Grande Rio é um sonho para mim, é meu segundo ano na escola, no primeiro fomos campeões e tenho certeza que será novamente. Gosto muito dessa escola, ainda mais agora homenageando o Zeca. A escola tem totais condições de conquistar o campeonato, com certeza. No que depender do nosso trabalho e da nossa parte, ela vai levar esse campeonato novamente”, disse o carioca da Zona Oeste.

GR01 2A opinião de Júlio César é compartilhada por diversos outros componentes e torcedor da Acadêmicos do Grande Rio, como Edson Ferraz, que desfila há 10 anos na agremiação da Baixada Fluminense. Para o carioca, a qualidade dos quesitos da escola a conduzirão ao tão sonhado bicampeonato.

“A escola está alegre, está feliz, conquistamos o campeonato ano passado e estamos em busca desse bi, se Deus quiser. Estamos brigando pelo campeonato, a escola tá bonita, bem vestida e alegre”, ressaltou.

Há quatros anos na Tricolor, o caxiense Rodrigo Teixeira se orgulha de ter participado do desfile de 2022, no histórico primeiro campeonato da Grande Rio. A confiança de Rodrigo se mistura com um sentimento de ansiedade que Rodrigo contou ao Site CARNAVALESCO.

“Quero que a Grande Rio seja bicampeã, é o meu quarto ano na escola. A escola tem muita condição de ganhar novamente, tá todo mundo ansioso, ensaiamos muito e demos o melhor de si”, concluiu.

Comunidade da Grande Rio abraça Zeca Pagodinho e enaltece a importância de sua homenagem

GR03 1A Acadêmicos do Grande Rio, segunda escola do Grupo Especial a desfilar neste domingo, 19 de fevereiro, levou um enredo leve e contagiante para a Sapucaí. A atual campeã homenageou o cantor Zeca Pagodinho, um dos maiores sambistas do Brasil, que iniciou sua carreira no subúrbio e reside em Duque de Caxias, cidade da agremiação, até os dias de hoje.

Com uma discografia repleta de sucessos e obras de forte apelo popular, as músicas de Zeca serviram de base para a proposta apresentada. A comunidade da escola se mostrou completamente encantada pela escolha.

“Quando falamos sobre o Zeca, falamos sobre todos nós que nascemos numa realidade periférica. Há essa identificação”, comentou Alessandro Souza, de 39 anos. Representando o céu do subúrbio, ele conta que sua relação com o cantor é antiga: “Na minha época de solteiro, uma das paredes do meu quarto era repleta de fotos do Zeca. Sou muito fã desde criança”.

GR02 1Guilherme Cunha, de 31 anos, desfilou na segunda alegoria da escola. “Estou simbolizando São Cosme e Damião, uma tradição da periferia. Desperta memórias afetivas incríveis, além de transmitir a essência do Zeca”, citou. O rapaz também foi o responsável por detalhes artísticos de outros carros alegóricos, possuindo um envolvimento completo com o enredo.

Já Mariah Lima, de 35 anos, ressaltou a importância da homenagem para um ícone da música popular do país. “O Zeca é o plano de fundo de todas as minhas comemorações em família, e sei que não sou a única”, afirmou.

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Serrinha chegou! Império Serrano faz seu maior desfile neste século na abertura do Carnaval 2023

Coube ao Império Serrano a missão de dar o pontapé inicial aos desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí em 2023. Atual campeão da Série Ouro, o Reizinho de Madureira mostrou credenciais que fazem com que o torcedor sonhe com a permanência na elite do carnaval carioca. Com um conjunto visual imponente, o Menino de 47 pisou na avenida disposto a realizar seu maior carnaval neste século, ao final do desfile a sensação é de que a escola cumpriu o objetivo. Como esperado, o enredo em homenagem a Arlindo Cruz emocionou não só os imperianos, mas também a grande maioria do público presente na avenida. A presença do homenageado no último carro coroou a bela exibição da escola. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Apesar de visualmente impecável, a agremiação cometeu falhas durante sua apresentação, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Flôres e Daniele Nascimento enfrentaram o vento no primeiro módulo e a bandeira acabou enrolando. O canto irregular, talvez por conta do grande volume das fantasias e a evolução também causam preocupação, um grande espaço foi deixado à frente da quarta alegoria no primeiro módulo de julgamento, vale lembrar que esse módulo possui a cabine dupla.

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Apresentando o enredo “Lugares de Arlindo” assinado pelo carnavalesco Alex de Souza, que fez sua estreia na escola, o Império passeou pela vida e obra de um dos seus maiores baluartes, o cantor e compositor Arlindo Cruz. A agremiação terminou sua apresentação com 67 minutos.

LEIA ABAIXO MATÉRIAS ESPECIAIS DO DESFILE
* Baianas do Império Serrano levam a força de São Jorge para a Avenida
* Imperianos celebram retorno do Império Serrano ao Grupo Especial
* Com banho de ervas e a proteção de Xangô, terceira alegoria do Império celebra a religiosidade de Arlindo
* Carro ‘O show tem que continuar’ do Império Serrano trouxe Arlindo Cruz com amigos de longa data homenageá-lo
* Imperianos celebram estreia de Ito Melodia no microfone oficial do Reizinho de Madureira

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Comissão de Frente

A comissão de frente, coreografada por Júnior Scapin, em seu retorno à escola, foi intitulada “A Fantasia – O Nosso Lugar: Reza, Amor e Fé – Um Ritual de Cura e Axé…”, foi utilizado um banjo como elemento cenográfico, os componentes apresentaram uma dança baseada no jongo, o ponto alto da apresentação era quando uma componente representava vovó Maria, fundadora e benzedeira.

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Em um determinado momento, uma fumaça aos pés da tamarineira fez com que os componentes trocassem de lugar, a roupagem que antes era toda branca, deu espaço para um prata com verde dos componentes masculino, e vermelho e dourado nos feminino, a surpresa maior estava no fim da apresentação, no alto da tamarineira, surgiu Arlindinho, filho de Arlindo Cruz, tocando um banjo, sob aplausos e fogos para delírio do público presente.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Em seu retorno ao Grupo Especial, o Império escolheu apostar na experiência de Marlon Flôres e Danielle Nascimento. A passagem do casal pela avenida foi problemática, no primeiro módulo de julgamento, onde fica localizada a cabine dupla de julgadores, o casal começou sua apresentação com a dança clássica do quesito, ambos desempenharam a arte com muita elegância, porém, foi observado um pouco de lentidão. O maior problema aconteceu no final da coreografia, o vento foi o maior adversário de Danielle, e a experiente porta-bandeira não conseguiu impedir que o pavilhão enrolasse. Nos módulos seguintes o casal conseguiu desempenhar um melhor papel, embora, a lentidão observada no primeiro módulo se repetiu.

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A linda fantasia do casal foi denominada “Poema aos Peregrinos de Fé”, inspirada no samba composto por Arlindo para o Império Serrano em 2015. Predominante verde, a indumentária impactou pela beleza e capricho. Acompanhados do casal estavam os guardiões, eles carregavam estandartes com imagens de São Jorge e Santa Bárbara.

Harmonia

Elogiar Ito Melodia pode cair na redundância, mas é sempre válido, após anos à frente da União da Ilha, ele chegou ao Império sob olhares de desconfiança, mas com todo seu talento, o intérprete já demonstra estar totalmente integrado ao Menino de 47, no desfile deste domingo ele deu mais um show, juntamente de seu carro de som, o entrosamento com a Sinfônica do Samba também foi visível. Mesmo com a ótima condução do samba, o canto da escola foi irregular e oscilou.

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As alas do início da escola estavam com fantasias pesadas, a exemplo da ala 1, “Santo Guerreiro”, ala 5, “Caciqueando no Bagaço da Laranja “, a ala 8, “Buraco, Sueca pro Tempo Passar, Tem Jogo de Lona, Caipira e Bilhar”, apesar de não ser volumosa, passou pelo segundo módulo de julgamento sem cantar. Após a saída da bateria do primeiro recuo, a escola cresceu em canto, as alas 14, “Quem Não Viu Tia Eulália Dançar? E Ainda Tem Jongo à Luz do Luar”, e 23, Festa no Arraiá. A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo. Água no Feijão que Chegou Mais Um”, foram exemplos de canto uniforme. O final da escola, que teve a presença de Arlindo Cruz no último carro, parece ter incendiado a comunidade.

Enredo

O carnavalesco Alex de Souza foi o responsável por desenvolver o enredo “Lugares de Arlindo”, ele optou por levar para avenida seis setores. O enredo se desenvolveu a partir de uma das canções mais simbólicas de Arlindo Cruz: “Meu lugar”. Além de ser um dos maiores baluartes da escola, Arlindo Cruz também é um dos maiores artistas populares do Brasil. A ideia de Alex foi passear pelas obras, mas sem esquecer a vida do artista. No que se propôs o enredo passou pela avenida de forma muito clara, as alegorias e fantasias conseguiram passar com clareza a história de vida que era contada.

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O primeiro setor contou a relação do artista com bloco carnavalesco Cacique de Ramos, o segundo mostrou o subúrbio, tão presente na discografia do homenageado, o terceiro setor mostrou a religiosidade, no quarto setor vimos as canções românticas cantadas e compostas por Arlindo, o quinto setor retratou o Arlindo como compositor de samba-enredo e também seu amor por Babi Cruz, sua esposa. O último setor foi a derradeira homenagem a Arlindo, onde o Império reforçou que o “Show tem que continuar”. O único senão foi o fato de ter sido observado que o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira ter invertido de posição com a ala 20.

Evolução

No geral, a evolução do Império foi compacta e empolgada, as alas estavam extremamente organizadas, os componentes sabiam seu papel dentro das alas, foi uma evolução fluida e coesa, mas sem perder a empolgação e descontração que pede um desfile de carnaval. Porém, houve um problema no quarto carro, um buraco foi deixado em frente ao primeiro módulo de julgamento, vale destacar que esse módulo possui a cabine dupla, o que deve causar uma punição maior.

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Samba-Enredo

O samba de autoria de Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrosio Aurélio tem uma característica única em seu formato, feito em acróstico, as primeiras letras de cada verso formam o nome Arlindo Domingos da Cruz Filho no sentido vertical. A obra passa por vários momentos da vida de Arlindo, assim como faz menção a canções famosas do artista. No desfile, o samba demorou a empolgar, mas após a saída da bateria do primeiro recuo, a escola passou a cantar com mais empolgação e a relação com o público também cresceu, o destaque foi o refrão principal, em que a toda escola cantava com muita empolgação, vale destacar também os outros refrões presentes na obra, o “Dagô, Dagô” caiu nas graças dos componentes e da torcida.

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Alegorias e Adereços

O Império Serrano levou para a Sapucaí cinco carros e um tripé, o conjunto alegórico causou uma ótima impressão pelo tamanho, qualidade no acabamento e riqueza de detalhes. A escola apostou na grandiosidade da abertura para impressionar o público, uma característica do carnavalesco Alex de Souza, o carro abre-alas, com três chassis, foi denominado “Estava nascendo o Império Serrano, Reizinho do meu lugar, pro santo guerreiro abençoar”, o título da alegoria foi extraído de versos do samba enredo que o Império levou à avenida em 2016, “Silas canta Serrinha”, do qual Arlindo é um dos compositores. Uma enorme escultura de São Jorge Guerreiro, padroeiro da escola, chamou atenção pelo acabamento primoroso, assim como os dragões que permeavam o carro. A escola representou seus títulos no símbolo maior, a coroa imperial, no total foram 8 coroas menores e uma maior. Vale destacar que uma coroa na terceira parte do abre-alas passou apagada.

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Na sequência do desfile, o tripé “Caciqueando no Fundo do Quintal”, as expressões na escultura do Apache chamaram atenção. O segundo carro, “Em cada esquina, um pagode, um bar”, evocou a atmosfera noturna dos tradicionais bares cariocas, fazendo referência aos jogos, à bebida e às conversas entre amigos. O terceiro carro, “Vai lá na pedreira do meu pai Xangô, faça o favor tome um banho de Abô” levou uma grande escultura de Xangô, representando a religiosidade do homenageado, a altura e o movimento da escultura chamaram atenção.

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A quarta alegoria, “Vem brilhar no meu carnaval. Minha porta-bandeira, na avenida do meu coração”, fez referência às participações de Arlindo como compositor em diversos sambas de enredo, a figura que vem em destaque é a porta-bandeira, símbolo do carnaval, a personagem foi uma homenagem à Babi Cruz, esposa e parceira de vida do cantor. Para finalizar o desfile, o Império Serrano levou Arlindo Cruz, grande homenageado do enredo para a última alegoria, denominada “O Show tem que continuar”, a alegoria emocionou pela presença de Arlindo e também pela escultura muito bem feita do cantor.

Fantasias

Um show de bom gosto de Alex de Souza, o conjunto de fantasias do Reizinho de Madureira foi luxuoso, mesmo em um período complicado financeiramente para o carnaval, as fantasias do Império apresentaram um nível altíssimo de requinte e bom gosto, a volumetria esteve presente na maioria das alas, muito bonitas e bem acabadas, as fantasias chamaram atenção por preencherem toda a avenida.

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O uso de cores também foi muito bem utilizado, o verde, cor predominante da agremiação, permeou todo o desfile. Dentre os figurinos mais bonitos, pode-se destacar os seguintes: “Na Sombra da Tamarineira, o Cacique e o Pagode”, “No Bloco do camarão que dorme”, “Portela, Só Pra Contrariar” e “Vó Maria, o Terreiro Benzer”. Uma única ala ficou abaixo do conjunto apresentado pela escola, a fantasia de alguns componentes da ala 12, “E Cerveja Pra Comemorar”, estava se desmanchando.

Outros Destaques

Como esperado, o esquenta do Reizinho levantou o público logo no início, com uma lista de sambas memoráveis, a escola optou por apresentar o sambas “O Império do Divino”, “E verás que um filho teu não foge a luta” e “Aquarela do Brasil”.

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Pelo segundo ano, a rainha Darlin Ferrattry veio a frente da bateria comandada por mestre Vitinho, porém, dessa vez ela veio apresentando sua filha, Wenny Isa, que fez sua estreia como princesa de bateria da escola, ambas demonstraram muita simpatia com o público e interagiram com os ritmistas durante as bossas, Darling parecia bastante emocionada e feliz por dividir o espaço com sua filha. A rainha da escola, Quitéria Chagas, desfilou antes da comissão de frente e também recebeu muito carinho do público.

Na última alegoria, alguns amigos de Arlindo Cruz desfilaram, entre eles estavam Regina Casé, Péricles e Hélio de La Peña.

Grande Rio representa a infância de Zeca em seu segundo carro

GR03A verde e vermelha de Caxias trouxe neste sábado, no desfile do Grupo Especial, as memórias infantis de Zeca em seu segundo carro. A alegoria colorida representa o tempo de criança do cantor, através de doces, erês e São Cosme e Damião.

Com cores em tons pasteis, a alegoria tem estatuas de crianças, animais coloridos, doces, rodas gigantes e brinquedos que representam a infância como a pipa e o pião.

Zeca, homenageado da Grande Rio, é devoto de São Cosme e Damião. “São Cosme e Damião eram médicos e tinham relação com a cura. Os erês são crianças e tem essa relação com a alegria e a doçura. Quando pedimos proteção aos erês, estamos pedindo pra nossa vida ser doce, alegre e leve. Eu estou muito feliz de estar neste carro pois acredito que a vida de todo mundo tem que ser leve e alegre”, disse Bia Aparecida, jornalista, integrante do carro.

GR04A alegoria é uma representação da infância do cantor, inspiradas em músicas como “Falange de Erê”, “Partido Doce”, Jeito Moleque, “Belo Encontro”, “Pixote” e “Patota de Cosme”.

Os integrantes vieram fantasiados como saquinhos de doces, idênticos aos sacos com doces distribuídos no dia de São Cosme e Damião. A fantasia é verde, vermelha e branca, como as cores da escola, com a imagem dos santos na frente. “O saquinho de São Cosme e Damião é bem típico, tem tudo a ver com erês. Eu já catei muitos doces na minha infância”, explicou Alexander Bridio, bancário, componente da Grande Rio há quinze anos.

A Grande Rio foi a segunda escola a desfilar neste primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. A escola homenageou o cantor e compositor Zeca Pagodinho.

Império Serrano homenageia centenária e ‘vizinha’ Portela em seu desfile

Imperio Serrano04 4Uma das Paixões de Arlindo Cruz, a Portela foi homenageada pelo Império Serrano na ala “Portela, só pra contrariar”. Com a fantasia representando a águia da Azul e Branco, o Reizinho de Madureira trouxe uma mistura de portelenses e imperianos para a Marquês de Sapucaí.

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, os componentes da ala falaram sobre a homenagem à coirmã e Arlindo, além da relação entre as duas escolas de samba de Madureira.

Imperio Serrano01 5Teresa Trajano, de 62 anos, é presidente da ala que homenageou a coirmã. Ela explicou a mensagem que a “Portela, só pra contrariar” passou na Avenida, além de falar da importância de homenagear Arlindo Cruz.

“Essa homenagem é tudo, porque o Arlindo é um ícone do samba e amado por todos. É muito emocionante e todo imperiano está emocionado. Entramos na Avenida com muita garra. Essa ala está homenageando a Portela porque é um dos amores de Arlindo. Nós estamos falando de Arlindo e dos lugares de Arlindo. Daí vem Portela, Império, o mercadão de Madureira. Essa ala vem toda azul e branco. A homenagem é muito boa, inclusive pela Portela estar em seu centenário. A Portela sendo homenageada representa para o mundo do carnaval a união das coirmãs. É muito importante para nós”, destacou a presidente da ala.

Imperio Serrano02 6Uma relação, de fato, de coirmãs. Teresa destacou que mesmo disputando o mesmo campeonato, não há rivalidade entre as duas escolas de samba de Madureira.

“A relação entre elas é muito boa, tanto é que antes do carnaval a Portela convida a gente e nós também convidamos. A rivalidade é como um concurso: cada uma caprichando para dar o seu melhor no campeonato, mas, no dia a dia, as escolas se ajudam”, disse Teresa.

Potira Lobo, empreendedora de 45 anos, é portelense e desfilou na Passarela do Samba. Para ela, ouvir o samba-enredo é lembrar de tudo que Arlindo Cruz fez pelo mundo do samba. Essa mistura de Império com Portela, para Potira, não possui palavras para definir.

Imperio Serrano03 5“Eu sou uma portelense nata e doente, inclusive vou desfilar no centenário. Foi muito importante vir para o Império porque é a minha segunda paixão. Eu moro próxima ao Império. Escutar o samba. Escutar este samba é remeter a tudo que Arlindo fez pelo mundo do samba. Ter vindo nessa ala da Portela mistura com o Império não tem explicação. O que fez eu vir foi o amor pelo samba, o fim da pandemia e a homenagem a Arlindo – principalmente depois de saber que a ala iria homenagear a Portela”, contou a componente da Império, que também desfilará na Portela.

Orgulhos do povo de Madureira e importante para o bairro. A componente também lembrou sobre a relação entre as duas escolas. Para ela, o Império merece ficar na elite do carnaval carioca.

“São coirmãs. Claro que há essa questão do campeonato, mas no final somos todas irmãs e filhas da mesma área. É de uma importância enorme para Madureira ter duas escolas de grande peso, grandes campeonatos e sambas. Não vejo nenhuma rivalidade entre Império e Portela. O que eu vejo é um respeito ao centenário e ao Reizinho. O Império merece estar entre as escolas do Grupo Especial e isso é fato. A escola subiu com excelência, acredito que vá permanecer e no sábado, vamos vir entre as últimas a desfilar, eu creio”, confiante, disse a componente da ala em homenagem à Portela.

Em meio ao centenário da Portela, a homenagem vir através de Arlindo Cruz deixou tudo ainda mais bonito. Assim definiu a componente Ana Paula, auxiliar administrativa de 40 anos e que desfilou pela primeira vez no Império. Para ela, Madureira é “verde e azul”.

“Homenagem vinda seja de quem for, a Portela sempre estará lisonjeada. E O Arlindo, tanto no mundo do samba como nas escolas, é referência. Toda e qualquer homenagem vinda dele deixaria qualquer pessoa honrada. O fato de ser uma homenagem para o Arlindo deixa essa homenagem para a Portela ainda mais linda, dá uma ênfase maior. É muito bonita essa homenagem entre as coirmãs. Trazer essa homenagem fica um legado muito bonito na história das duas escolas. Madureira é meio que verde e azul, a gente tem que se distribuir. Inclusive, essa ala é feita por muitos portelenses. A Portela se juntou com Império, duas paixões de Arlindo. Madureira se resume a isso”, falou Ana Paula.

Nelma Alves, de 58 anos, também é portelense, desfila na escola do coração desde 2009 e há dois no Império Serrano. Ela lembrou que não ter rivalidade é algo que só o carnaval consegue ter.

“O Arlindo como é muito conhecido, já passou por muitas escolas. Gostei muito do Império Serrano chamar a gente para essa homenagem. O Império está de parabéns. Não tem rivalidade nenhuma. Se o nosso futebol fosse igual às nossas escolas de samba, não haveria tanta briga”, destacou.

O Império Serrano foi a primeira escola a abrir o domingo de desfiles na Marquês de Sapucaí. A Portela, homenageada no enredo do Reizinho de Madureira, entrará na Avenida nesta segunda-feira, sendo a segunda agremiação a desfilar.

Imperianos celebram estreia de Ito Melodia no microfone oficial do Reizinho de Madureira

Por Diogo Sampaio

Imperio Serrano02 4Após duas décadas comandando o carro de som da União da Ilha, o intérprete Ito Melodia surpreendeu a muitos sambistas quando anunciou sua saída da escola e a ida para o Império Serrano. Por conta da forte identificação do cantor com a tricolor insulina, houve quem duvidasse que o casamento entre e Ito e o Reizinho de Madureira. Porém, a estreia comprovou que a relação está dando certo.

A prova disso é aceitação de Ito entre os componentes do Império Serrano. A secretária Cassia Alessandra, de 49 anos, desfila como baiana da verde e branca da Serrinha há sete anos. Para ela, a chegada do intérprete veio trazer um brilho a mais para o atual momento que a escola atravessa.

Imperio Serrano03 4“O casamento foi perfeito, ele é maravilhoso, ainda mais quando ele manda a gente incorporar. Parece que a voz entra na gente e nós faz evoluir que é uma beleza. Eu adorei o Império Serrano ter escolhido o Ito. Ele é ótimo. E acho que não tem estranhamento por ele ter ficado tanto tempo na Ilha, ele é uma pessoa muito boa, tem um coração muito bom que cabe a Ilha, cabe o Império. É um homem maravilhoso, não tem ninguém igual ao Ito Melodia”, declarou a baiana imperiana.

O aposentado Ícaro Fernandes, tem 70 anos, atualmente desfila na velha guarda, mas está na escola desde a infância. Na visão dele, Ito tem a cara e a alma do Império Serrano.

“A chegada do Ito na escola foi nota 10, não tinha pessoa melhor para ser o nosso intérprete. Ele tem muito para oferecer a escola. Hoje não se conta mais como puxador de samba, hoje é intérprete e ele tem qualidade para isso. A experiência dele já vem do pai dele, o dom também. É qualidade musical, se dedica, é um cara bom. Ele inflama a escola, ele sabe chamar o povo e caiu como uma luva no Império Serrano. Ele chama o povo do Império pra cantar com ele”, assegurou Ícaro.

Imperio Serrano01 4Mas não é só quem tem muito tempo de Império Serrano que aprovou a chegada de Ito Melodia. O contador Hildo Cristiano, de 39 anos, está desfilando pela primeira vez na agremiação e só tem elogios para o intérprete.

“Casou muito bem, é uma emoção muito grande termos ele aqui. É um grande profissional. O Império Serrano voltou para o Especial para ficar e o Ito, com certeza, vai ajudar muito isso. Ele sabe como balançar essa Sapucaí!”, disse Hildo.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Grande Rio no desfile

A bateria da Acadêmicos do Grande Rio fez um desfile muito bom, sob o comando de mestre Fafá. Uma conjunção sonora impecável entre os naipes. Um ritmo que exibiu uma acentuada educação musical, com ritmistas buscando a leveza para consolidar a musicalidade.

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Na cozinha da bateria, marcadores de primeira e segunda tocaram com profunda leveza, evidenciando uma boa educação musical. Os surdos de terceira exibiram um balanço notável de forma educada, junto de repiques coesos e um naipe de caixas ressonante, que auxiliou no preenchimento musical privilegiado da parte da frente do ritmo.

A cabeça da bateria exibiu um ritmo profundamente destacado. Uma ala de tamborins altamente técnica tocou de forma entrelaçada com um naipe de chocalhos musicalmente poderoso. Ambos davam volume considerável à parte de frente do ritmo. Vale ressaltar o bom gosto do desenho rítmico dos tamborins, se aproveitando das nuances melódicas para consolidar a batida. Um naipe de cuícas de qualidade auxiliou no preenchimento da sonoridade da bateria da Grande Rio. Uma ala de agogôs primorosa apresentou uma convenção pautada pelas variações melódicas da obra da escola da tricolor de Caxias, contribuindo de forma efetiva tanto em ritmo, como em bossas.

A paradinha da cabeça do samba mesclou tapas em conjunto com o impacto sonoro dos surdos. Garantindo uma plena integração com a música, a sonoridade ganhou destaque. Foi possível perceber um swing envolvendo as marcações, numa convenção que consolidou o ritmo se aproveitando das diferenças de timbres.

No refrão do meio, uma paradinha exibiu complexidade musical, junto de um nível de dificuldade alto de execução. Um corte seco é realizado ainda na primeira, no trecho “Eu tenho”. Os tamborins executam imediatamente depois uma subidinha curta, num movimento rítmico que esbanjou disciplina. O arranjo ainda contou com destaques de surdos e caixas, evidenciando uma elaboração musical sofisticada, além de bom gosto inegável. Numa constituição requintada, por um momento somente os graves (surdos) ficavam tocando mantendo o compasso, para depois um ataque de outros naipes ser bem pontuado.

Um arranjo musical simples, mas eficiente foi utilizado travando a bateria na primeira do samba no trecho “homem da capa” e deixando os repiques realizarem um solo. O ritmo é retomado após o verso “É alvorada do seu padroeiro”, no tempo do samba.

A paradinha no final da segunda parou o ritmo, para fazer uma alusão ao Pagode, sendo retomado após movimento rítmico de solo entre tamborins e chocalhos. Apesar de desafiador, a convenção foi exibida de modo seguro durante toda a pista. Vale ressaltar que foi muito bem recebida pelo público, cada vez que era realizada. Um misto de sonoridade atrevida com ovação popular.

As apresentações em todas as cabines de julgadores foram muito boas e pautadas por um ritmo educado e enxuto. A melhor apresentação foi o espetáculo dado no último módulo de jurados, arrancado efusivos aplausos da plateia. Um grande desfile da bateria da Grande Rio, dirigida por mestre Fafá.

Carro ‘O show tem que continuar’ do Império Serrano trouxe Arlindo Cruz com amigos de longa data homenageá-lo

Imperio Serrano01 3Para fechar o desfile com do Império Serrano, o carro “O show tem que continuar” celebrou a volta de Arlindo Cruz a Marquês de Sapucaí. A alegoria veio com o poeta maior sentado em um trono na dianteira acompanhado dos seus grandes amigos e familiares.

O carro contou com uma escultura imponente de Arlindo Cruz segurando seu banjo e vestido com as cores do Império Serrano. As cores da alegoria não fugiram também da paleta tradicional: verde, branco e dourado. A fantasia de todos presentes estava combinando com o carro alegórico.

Imperio Serrano02 3Em entrevista ao site CARNAVALESCO, grandes amigos de Arlindo Cruz comentaram a honra de estarem presentes nessa grande homenagem.

Délcio Luiz, compositor, foi parceiro de Arlindo no sucesso “O Bem”. O compositor se sentiu honrado e confiante para o desfile do Império Serrano.

“Para mim é uma alegria imensa fazer parte dessa homenagem aqui no desfile do Império Serrano. Celebrando meu poeta maior Arlindo Cruz que também é meu parceiro de música. Nós fizemos ‘O Bem’ juntos, entre outros sambas. Estou muito feliz. Com certeza vai ser campeão, eu acredito”, disse Délcio.

Quem não viu Tia Eulália dançar? A família da baluarte do Império Serrano eternizada em “Meu Lugar”, parceria de Arlindo Cruz com Mauro Diniz, esteve presente na homenagem. Eliana Dias, neta de Eulália, revelou detalhes da relação de sua avó com o poeta maior.

Imperio Serrano03 3“Minha avó tinha uma paixão por ele. Ela puxava a orelha dele, muito amor mesmo. É homenagem para ele em vida, tudo isso e muito mais. Nosso Arlindo, nosso amor, nosso imperiano de fé. Vamos lutar, vamos com garra”, expressou Eliana.

O cantor Péricles também esteve ao lado de Arlindo Cruz no carro alegórico. Parceiro de palco várias vezes, Péricles se emocionou com a volta de Arlindo a Sapucaí.

“Sensação é ótima, sensação de homenagear um grande amigo, uma figura nacional que merece muito. A expectativa é bem grande, o Império Serrano não veio para brincadeira não”, falou Péricles.

Com banho de ervas e a proteção de Xangô, terceira alegoria do Império celebra a religiosidade de Arlindo

Por Diogo Sampaio

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Ao longo de toda a sua carreira, o cantor e compositor Arlindo Cruz manteve uma relação bastante intrínseca entre a obra que produzia e a religiosidade. A música “Banho de fé”, composta ao lado de Sereno e Sombrinha, é um exemplo disso. A canção serviu de inspiração para o carnavalesco Alex de Souza desenvolver a terceira alegoria do Império Serrano, intitulada de “Vai lá na pedreira do meu pai Xangô, faço o favor e tome um banho de abô”. No carro em questão, uma enorme escultura de Xangô era erguida no alto, ao centro, para um banho de ervas sagradas.

O arquiteto Luís Pizzotti, 59 anos, é um dos componentes que desfilou nesta alegoria e antes mesmo de entrar na Marquês de Sapucaí, ainda na concentração, se mostrou encantado com o que viu. “O carro é um deslumbramento. A gente está desfilando na parte de baixo, como caboclos, dando a força toda para o Rei Xangô, que é o orixá de cabeça do Arlindo. Então, só posso dizer que é tudo de bom, é muita energia positiva, exatamente o que a gente quer passar para o Arlindo neste momento”, afirmou Luís.

Imperio Serrano07Fã de Arlindo Cruz, o dentista Rui Simões, de 61 anos, veio especialmente de Fortaleza, no Ceará, para participar da homenagem do Reizinho de Madureira ao maior baluarte vivo da escola. “O Arlindo foi um expoente, tanto na música, como na religião, no mundo artístico. É muito bacana estar aqui, desfilando, em homenagem a ele. Inclusive, estive na final do samba, em outubro do ano passado, na quadra do Império e foi algo inesquecível”, declarou.

O jornalista Diego Nascimento, de 31 anos, ainda ressaltou que a ligação íntima com a religiosidade não é só uma característica da obra de Arlindo Cruz, mas também do próprio Império Serrano. “O imperiano está sempre ligado a fé. Ele sempre expôs muito isso nas músicas dele. E a escola ao homenagear ele também homenageia toda a sua espiritualidade. Ele é filho de Xangô e é isso que esse carro representa. Xangô é o pai da justiça e nada mais justo do que trazer ele no desfile do Império, para também acabar com a intolerância religiosa que existe demais hoje em dia”, opinou.

Fotos: desfile do Império Serrano no Carnaval 2023