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Lendas vivas da escola, Vilma Nascimento e Jerônimo se emocionam no centenário da Portela

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Vilma e Jerônimo falaram sobre a emoção de participar do histórico desfile dos 100 anos da Portela.

Rumo aos 100 anos a serem completos no dia 11 de abril, a Portela abordou sua história na avenida, através do enredo “Azul que vem do infinito”. Baluartes da escola, Vilma Nascimento e Jerônimo não poderiam ficar de fora da homenagem. No desfile, eles ganharam posição de destaque, em homenagem ao carnaval de 1964 da azul e branco.

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Em entrevista ao CARNAVALESCO, Vilma e Jerônimo falaram sobre a emoção de participar do histórico desfile dos 100 anos da Portela. Para a histórica porta-bandeira, o sentimento é mais que especial, afinal de contas, Vilma está na Portela desde a infância. A visão é compartilhada pelo antigo mestre-sala e passista da Azul e Branca, Jerônimo.

“É muito importante porque eu fui para Portela bem menina e estou viva e posso participar desses 100 anos. Além disso, eu também cooperei para muitos títulos, com muitos dez meus. É um orgulho estar viva e podendo participar”, comentou Vilma Nascimento.

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“Eu sou nascido e criado na Portela, faço parte também deste centenário. Diversos campeonatos que a Portela teve, eu participei. É um peso enorme, uma emoção muito grande, pois eu venho de família portelense. Existe uma diferença entre estar na Portela e ser Portela.”, completou Jerônimo.

No carnaval de 1964, representado pelos dois baluartes vestidos de mestre-sala e porta-bandeira, a Portela foi campeã com o enredo “Segundo casamento de D.Pedro I”, em desfile marcante para a escola. Jerônimo, à época, era passista da Azul e Branca, enquanto Vilma desfilou como porta-bandeira.

“Eu tenho muita recordação desse desfile, quando eu era ainda passista e tinha que quebrar tudo porque agora passista é diferente, tem ala, na minha época, era individual, ou dançava ou não dançava. Eu passei agora a ser lenda viva da Portela, estou participando dos cem anos, mas participei de carnavais passados também”, relembrou Jerônimo.

A letra do samba-enredo da escola no carnaval de 2023, em homenagem ao centenário, canta “Vejo um futuro mais lindo nas mãos de quem o valor do passado”. Justamente pensando nisso, Vilma e Jerônimo buscam deixar um enorme legado na Portela para as futuras gerações. “Estou contribuindo ainda fazendo o máximo para quem vier dar continuidade ao que plantamos”, disse Jerônimo.

“Na Portela, eu deixei muitas coisas que eu mesma inventei como porta-bandeira, como talabarte, mudei o azul, sai de lilás. Eu deixo para a Portela também a Camylla, que é segunda porta-bandeira, teve a Danielle agora também a Clarisse”, afirmou Vilma.

Fotos: desfile do Paraíso do Tuiuti no Carnaval 2023

Estreia de Wander Pires no Paraíso do Tuiuti é elogiada pela comunidade de São Cristóvão

Tuiuti01 2Após cinco anos no comando do carro de som da Mocidade Independente de Padre Miguel, o intérprete Wander Pires fez sua estreia pelo Paraíso do Tuiuti, desde o pré -carnaval, a contratação de Wander já havia sido muito comentada e elogiada, logo em sua chegada, ele criou uma ótima identificação com a comunidade.

A voz marcante e inconfundível de Wander chama atenção por onde ele passa, em entrevista, os componentes da agremiação azul e branca de São Cristóvão se mostraram muito confiantes na exibição do intérprete.

Marcelo dos Santos, engenheiro florestal, é morador de Belém do Pará e desfilou pela primeira vez pelo Tuiuti, mesmo de longe, ele conta que conhece Wander Pires por conta de um show que ele fez em Belém, desde então acompanha o intérprete, para ele, a ida dele para a agremiação foi um ganho.

Tuiuti03 2“É o primeiro ano que eu tô saindo na Tuiuti devido a escola estar homenageando parte da nossa história que é a Ilha do Marajó, dos Búfalo. É um momento de muita satisfação. Mesmo de longe, eu já o conhecia o Pires na verdade quando ele foi pra Belém, ele tem uma das vozes mais fortes do carnaval carioca. É uma força muito grande, é uma pra comunidade, pra escola, com o Wander eu acho que a escola só tem a ganhar, só tem a crescer”, disse Marcelo.

Pela primeira vez desfilando, Ana Paula Lima, de 55 anos, conta que resolveu desfilar após a escolha do samba, ela conta que a presença de Wander Pires engrandeceu a obra e confia muito nele.

“Primeira vez desfilando, tô realizando um sonho, moro em São Cristóvão, mas nunca tinha desfilado. Devido ao samba, devido a música, e o enredo sobre o Norte, eu quis desfilar esse ano, ainda mais com a chegada do Wander Pires pra comunidade, ele é um grande intérprete, veio acrescentar e agregar, ele é perfeito, gostamos muito e ele leva o povo ao delírio com a entrada dele. O samba é lindo e ele conduz com maestria”, disse Ana Paula.

Tuiuti02 2A empresária da área contábil, Luciana Franco, acredita que a presença de Wander Pires é fundamental para levar a escola rumo ao desfile das campeãs, ela conta que acompanha a carreira dele desde a época de Mocidade. Luciana diz ainda que o samba, que é muito elogiado, cresceu na voz de Wander.

“A chegada do Wander Pires tem tudo pra levar o Tuiuti a essa permanência no grupo e também a voos mais altos, a gente acredita que não só vamos permanecer no grupo especial, como vão estar entre as primeiras da no desfile das campeãs. A voz dele é muito boa, fora que ele mostra muito o trabalho dele. Conheço ele da época na Mocidade, lá atrás, ele é perfeito, nosso samba é muito bom, mas na voz dele ficou ainda melhor, foi uma ótima contratação”, disse Luciana.

Componentes da ala ‘Águas do oceano’ do Paraíso do Tuiuti não tiveram problemas em decorar a coreografia

Tuiuti01 1A ala 12 do Paraíso do Tuiuti, “Águas do oceano”, trouxe uma coreografia do movimento mar revolto do Oceano Atlântico. O coreógrafo Mauro Júnior pensou em movimentos fáceis visando o conforto e a segurança dos componentes. As fantasias também foram pensadas pelo carnavalesco João Vítor Araújo para os desfilantes terem liberdade para dançar.

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Mauro Júnior contou como foi o ciclo de ensaios. O coreógrafo também deu um panorama de como será o efeito da ala na avenida.

“Desde outubro que a gente está ensaiando esse mar revolto (…) São oitenta pessoas na ala, nós vamos fazer realmente esse mar ficar revolto na Avenida (…) A gente pensou em todos os riscos: na chuva e em tudo que possa ocorrer com os nossos componentes (…) Fizemos modificações no decorrer dos meses pensando na segurança dos componentes e no espetáculo (…) A ala sai do setor do mar e vai para o quarto carro que são os índios (…) Foi a primeira questão que pensamos (a fantasia) em relação ao conforto. A coreografia precisa encaixar na roupa, não pode ser muito pesada”, explicou Mauro.

Para gerar o efeito das ondas, a fantasia tinha vários tons de azul e branco, um colar de conchas prateadas e um chapéu de peixe também prateado. Havia uma fatia considerável de estreantes em ala coreografada. Apesar do desafio de decorar a coreografia, os componentes sentiram facilidade e estavam confiantes para o desfile.

Tuiuti02 1Jamerson Souza Borges, enfermeiro, deu mais detalhes sobre a coreografia. Estreante em ala coreografada, gostou do tratamento que recebeu no Tuiuti.

“Vamos trazer um pouco mais da história de Belém do Pará. Os componentes que vão na parte de cima do carro vão também dar continuidade a coreografia (…) É a primeira vez que eu estou desfilando, moro no Rio de Janeiro há nove anos. O Tuiuti é uma escola bem conhecida, gosto muito”, explicou Jamerson.

Osni Martins, jornalista de 60 anos, está em seu 22° carnaval desfilando na Marquês de Sapucaí. Mesmo com toda sua experiência na Avenida, Osni saiu em uma ala coreografada e no Paraíso do Tuiuti pela primeira vez hoje. Apesar de ser uma experiência nova, ele teve facilidade em executar os movimentos.

“Embora seja uma coreografia bem fácil, muito tranquila. Mas é uma experiência nova, precisa acompanhar todo o grupo. É algo diferente que eu estou experimentando esse ano, tenho certeza que vai ser muito legal”, afirmou Osni.

Tuiuti03 1Afonso Júnior, professor de Yoga e Youtuber de 40 anos, está desfilando pela segunda no Paraíso do Tuiuti, mas também fez sua estreia em uma ala coreografada. Segundo Afonso, a fantasia ajudou muito com os movimentos. Além disso, o fato de ser professor de Yoga contribuiu também nos ensaios.

“Foi tranquilo. A gente vai fazer os movimentos das ondas do mar, a fantasia ajuda muito nisso (…) Não foi desafiador, eu gosto muito de dançar, movimento muito meu corpo por causa do Yoga”, falou Afonso.

Arilda Fagundes, dona de casa de 63 anos, desfila na escola há três anos, porém nunca em uma ala coreografada. Para ela, a coreografia foi tranquila por estar no chão, já que tem receio de ficar no carro alegórico.

“Para mim está sendo maravilhoso. Está tranquilo, decorei tudo. Prefiro ficar no chão, pessoal vai ficar no chão por tem medo do carro”, expressou Arilda.

Representatividade! Mayara Lima estreia como rainha de bateria no Paraíso do Tuiuti e comunidade rasga elogios

Tuiuti02Um ano após viralizar na internet por conta de sua sincronia com os ritmistas da bateria SuperSom do Paraíso do Tuiuti, Mayara Lima foi alçada ao posto de rainha no pré carnaval e fez sua estreia no posto mais cobiçado da avenida. A escola de São Cristóvão abriu a segunda noite de desfiles do Grupo Especial com a história dos búfalos da Ilha de Marajó, no Pará, e mostrou a reverência do povo por esses animais no enredo “Mogangueiro da Cara Preta”.

Mayara desfilou representando a fantasia “Deusa marajoara”, a rainha encantou representando a força feminina marajoara, vestindo traje com a riqueza do grafismo decorativo dos povos originários do Marajó. O figurino da beldade foi predominantemente azul, com detalhes em amarelo.

Mayara começou como passista, chegou ao posto de musa, princesa e agora é rainha, de forte relação com a comunidade, ela é um exemplo para várias meninas que sonham chegar neste posto um dia. Um exemplo é Lorena Bento, ela, que é moradora de São Cristóvão e desfila pelo Tuiuti há mais de 15 anos, diz que a escola acertou ao coroar Mayara como rainha, ela diz também que acompanhou o crescimento da musa ao longo dos anos e que ela é um espelho para todas as meninas.

“É muito significativo ver a Mayara a frente da bateria, ela que já tem um talento imenso, eu vi quando ela chegou no Tuiuti, era só uma passista, mas ela sempre teve um talento. No meio das meninas, ela sempre se sobressaía pelo samba, como ela veio do Salgueiro também fez o projeto lá com o Carlinhos e todo mundo sempre queria ela como destaque na ala, até que pedirão para colocar ela como musa, ela foi, virou musa e depois que viralizou não parou mais de brilhar. Ela é o espelho para muitas meninas da comunidade que querem também um dia chegar no lugar dela. Ver ela assim, maravilhosa, com um samba no pé surreal, alinhado junto com a bateria e eu acho que todo mundo para pra ver, fica encantado. E eu acho que o Tuiuti fez uma ótima escolha”, disse Lorena.

A bióloga e pesquisadora científica, Jennifer Nascimento, de 33 anos, também se mostrou a favor da presença de Mayara á frente da bateria, pelo segundo ano desfilando pela azul e amarela, a bióloga conta que vê em Mayara um exemplo, não só para ela, mas para várias meninas da comunidade.

Tuiuti01“A Mayara pra mim é tudo. Uma inspiração que eu tento seguir, porque ela é um exemplo, um grande exemplo, acho que pra todas as mulheres e meninas que compõe a agremiação. Ela é tudo, nos representa com toda certeza. O Tuiuti é uma escola que eu aprendi a amar, uma escola que me trouxe muito crescimento pessoal também, tanto na arte, na dança, quanto também no social com a diversidade de pessoas dentro da escola, isso também é muito interessante, nos traz um um grande impacto, é sempre adquirir conhecimento”, pontuou Jennifer.

O estudante João Pedro Batista é instrumentista e toca tamborim na bateria comandada por mestre Marcão, ele enxerga em Mayara o reconhecimento que todos da comunidade almejam um dia, além de elogiar a beleza, ele diz também que é muito legal ver a forma que ela interage com os ritmistas.

“A Mayara já vem já da comunidade há muito tempo. Então, pra mim é muito legal, a gente vê que a comunidade está sendo vista, sendo reconhecida, ela teve a oportunidade de ser a rainha da bateria e por mim, ela poderia ficar anos e anos, ela é linda, participa muito dos ensaios e tem uma sincronia muito boa com a gente, todo mundo merece a oportunidade, ela veio a comunidade, ela veio já muitos anos aí na luta”, disse João.

Informações do Roteiro dos Desfiles são importantes na visão do público da Marquês de Sapucaí

Roteiro04O Roteiro dos Desfiles é distribuído para todos presentes na Marquês de Sapucaí. Com informações imprescindíveis, o pequeno livro ajudou muito o público geral a se aprofundar e entender o que está se passando na Avenida. Segundo os próprios espectadores dos desfiles, os tópicos que eles mais consultam no roteiro são a sequência das escolas, a letra dos sambas, os carnavalescos e suas ideias, e por fim, ficar por dentro dos quesitos.

Paulo Ricardo, massoterapeuta de 45 anos, acompanha o carnaval há 27 anos. Mesmo com toda sua experiência, o Roteiro dos Desfiles foi útil para ele.

Roteiro03 1“Eu não uso muito (o roteiro). Mas está ajudando bastante. O roteiro é bem didático”, afirmou Paulo.

Fernando Lopez, engenheiro de 45 anos, é uruguaio e mora no Rio de Janeiro há quatro anos. Para ele, a sequência das escolas e a letra dos sambas são as informações mais importantes do roteiro.

Roteiro02 1“Eu acho que vai ser muito legal (acompanhar o roteiro dos desfiles), porque tem toda a sequência das escolas e também a letra dos sambas. Isso me permite acompanhar e cantar com todas as torcidas”, disse Fernando.

Carolina Vasconcelos, advogada de 28 anos, achou a letra dos sambas o conteúdo mais importante presente no Roteiro dos Desfiles. Ela decidiu pegar o pequeno livro apenas para conseguir acompanhar os sambas-enredo.

“Eu acho que é legal principalmente para ver a letra dos sambas. Foi por isso mesmo que a gente pegou”, falou Carolina.

Roteiro01 1Leonardo Portela, cirurgião-dentista de 46 anos, se deslocou do seu setor só para pegar o roteiro para acompanhar o desfile informado. Segundo ele, o conteúdo é essencial por conta da explicação com riqueza de detalhes das ideias dos carnavalescos.

“Todas as noites eu procuro (o roteiro) porque ele é bem detalhado, específica bem a ordem das escolas, a letra dos sambas e a gente pode acompanhar exatamente o que o carnavalesco pensou sobre o desfile (…) É importante também para saber os casais de mestre-sala e porta-bandeira, se o carnavalesco é novo (…) A gente consegue várias informações importantes”, explicou Leonardo.

‘Estamos conversados’, diz presidente do Tuiuti sobre futuro dos carnavalescos na escola; comunidade aprovou o trabalho

Com a plástica do desfile sendo um destaque, os carnavalescos João Vitor Araújo e Rosa Magalhães, demonstraram na Sapucaí o resultado da junção da experiência da professora ao talento do jovem. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente da escola de samba, Renato Thor, disse que os dois artistas estão apalavrados com a agremiação para o próximo Carnaval. Os componentes aprovaram e elogiaram o trabalho da dupla.

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Thor contou ter gostado do trabalho apresentado pelos dois carnavalescos, destacou o trabalho de João Vitor Araújo e também fez críticas à forma como a escola é tratada por trazer um nome jovem.

“O resultado foi o melhor possível, porque o João Vitor é um talento. Mas eu costumo falar que o Paraíso do Tuiuti, quando pega um talento como o João Vitor, tratam como falta de investimento. Se é em uma escola mais renomada, eles ‘lançam’. Eu fui atrás da nossa renomada Rosa Magalhães, para que pudéssemos fazer essa dupla maravilhosa. Eu estou me sentindo muito satisfeito com esse carnaval maravilhoso. O trabalho dos dois se encaixou muito, a Rosa Magalhães abraçou ele como um filho”, disse o presidente da escola de São Cristóvão.

Questionado se a dupla de carnavalescos vai permanecer no Tuiuti para o próximo carnaval, Renato Thor revelou que os dois já estão apalavrados com a escola. “Já estamos conversados, mas primeiro fazemos o carnaval para depois a gente sentar e ver os detalhes finais”, contou Renato.

Regina Lucia da Silva, empregada doméstica de 53 anos, desfila no Paraíso do Tuiuti, disse que mesmo não conseguindo ver o desfile todo por ter desfilado, acredita que o trabalho foi bem feito. Ela contou gostar do estilo de Rosa Magalhães.

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“Como a gente desfila, acabamos não vendo o decorrer da escola na Avenida. Mas daqui, vendo os carros e o conjunto, eu gostei muito desse trabalho. Eu sempre gostei muito do estilo da Rosa Magalhães, porque ela ficou muito tempo na Imperatriz e fazia carros lindíssimos, bem acabados. O forte dela é esse. Eu gosto muito deles. O João Vitor já fez Paraíso do Tuiuti também e eu gostei muito. Essa dupla tem tudo para pegar ‘fogo’. Essa junção deu muito certo e com certeza eles ficam”, disse a componente do Paraíso do Tuiuti.

Para ela, a dupla deu muito certo e fez um bom trabalho e um colaborou com o outro. Mesmo com a enorme experiência de Rosa, a componente disse que sempre é importante aprender mais.

“Acho que é uma mistura que resultou em um trabalho muito bonito. O João Vitor, apesar de ser um jovem carnavalesco, vem de trabalhos bem significativos. Acredito que mesmo com a Rosa sendo uma grande veterana no carnaval, sempre é tempo de aprender. Os dois colaboraram um com o outro, para chegar neste resultado muito bonito. A escola veio muito bonita, bem luxuosa e com riqueza de detalhes – que a Rosa geralmente apresenta – e a grandiosidade de João Vitor. Espero que eles possam continuar”, comentou Regina.

Vivaldo Coelho, 48, jornalista e componente do Tuiuti desde 2018, ressaltou a importância de buscar novos talentos para o futuro da maior festa popular do mundo.

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“Acho que o carnaval é sempre esse elemento dinâmico de estar resgatando a tradição, mas olhando para o futuro. Isso que permite que o carnaval do Rio de Janeiro não morra, saber de onde você vem, mas projetando esse futuro. Trazer João Vitor é olhar para frente; é renovação”, destacou o componente da ala 9, que representou a vaca sagrada.

Questionado se a parceria deu certo, Vivaldo foi direto. “É só olhar em volta, não tem o que discutir aqui. A Rosa, não há o que falar dela, ela é mais que consagrada para quem gosta de carnaval. E, com certeza, acredito que ela sabe com quem trabalha. Eu só tenho que parabenizar os dois”, falou o jornalista.

Cássia Nouvelle, que desfilou na ala 3, é professora, tem 41 anos e foi compositora da agremiação. Confiante, ela disse que a escola irá retornar à passarela do samba no Sábado das Campeãs.

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“Gostei muito da riqueza dos detalhes e da escolha cromática que está muito bonita. Junto com samba muito bonito, a Tuiuti tem tudo para voltar entre as seis no sábado das campeãs”, contou.

Com o enredo “Mogangueiro da cara preta “, o Paraíso do Tuiuti abriu a noite de desfiles desta segunda-feira de carnaval.

Casal Segredo: ‘Alegria e trabalho árduo são os principais ingredientes para uma comissão nota máxima’

Bailarinos, coreógrafos, parceiros, casados e pais. Priscilla Mota e Rodrigo Negri construíram e aprimoraram seu legado ao longo dos anos, especialmente na Marquês de Sapucaí. Apelidados e já conhecidos como “Casal Segredo”, eles não acreditam numa fórmula mágica para o sucesso de suas comissões de frente. No entanto, caso existisse, alegria e trabalho árduo seriam os principais ingredientes.

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Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, a dupla abriu as portas de sua sala no barracão da Viradouro, onde trabalham atualmente, para responder perguntas sobre a carreira e planos futuros.

Vamos começar com a pergunta mais fácil. Qual é o desfile da vida de vocês? E por qual motivo?

Rodrigo: “Acho que ‘É Segredo!’ porque, sem sombra de dúvidas, mudou as nossas vidas”.

Priscilla: “Esse desfile fez com que a gente acreditasse que podíamos viver disso. Na verdade, eu tenho dois. O outro foi o da Mangueira em 2019 porque além de ter sido histórico, foi o ano em que nosso filho nasceu. Eu achei que não conseguiria me superar como profissional sendo uma nova mãe. Começamos a ensaiar quando ele tinha um mês e meio, até levávamos ele para o barracão para podermos trabalhar. Achei mesmo que não daria conta e, além de ter dado, vencemos o carnaval. Isso marcou muito como mulher”.

Qual desfile vocês acham que poderia ter funcionado mais e não foi possível?

Priscilla: “Acredito que o desfile da Grande Rio em 2018, falava sobre o Chacrinha. Foi a estreia do Renato Lage na escola e tivemos um problema técnico no desfile. A comissão de frente, talvez uma das mais difíceis que fizemos, era um espetáculo que poderia ser levado para qualquer lugar. Não se restringia a Sapucaí, aquilo realmente funcionaria num teatro, num musical, num circo… era uma comissão extremamente trabalhosa. Ela foi concebida em dezembro, já estava pronta em dezembro, porque ainda precisava da gravação e pós-produção. Era uma performance interativa com o que acontecia dentro de uma televisão, então era difícil. Infelizmente passou batido. não foi marcante porque os problemas marcaram mais”.

Rodrigo: “Entrou no bolo da escola com a situação técnica do carro… enfim, o trabalho ficou perdido no meio disso, mas era um trabalho que a gente gostava muito. Muita gente até comenta sobre, entendeu a dificuldade que foi, porque era tudo na hora… a gente tinha que equalizar o vídeo com o som ao vivo”.

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Hoje, qual é o maior desafio da comissão de frente? Ser a síntese do enredo ou um espetáculo impactante de abertura?

Priscilla: “Fazer a síntese é muito difícil, principalmente quando temos enredos tão densos como o da Viradouro esse ano. É uma saga, um enredo que caberia em vários carnavais… penso que se a história da Rosa fosse contada em filmes, seriam várias sequências. O Tarcísio conseguiu brilhantemente sintetizar a história na proposta do desfile, e dentro disso temos que sintetizar mais ainda. É o maior desafio”.

Rodrigo: “Mas também acho que não é uma regra da comissão de frente. A gente gosta de seguir essa vertente, mas alguns coreógrafos preferem focar num só momento. O lance da síntese é difícil mesmo porque precisamos criar algo rápido, marcante e de fácil entendimento, não só para o público como também para os julgadores”.

Sem ser a de vocês, qual é a comissão que adoram? Podem citar até três.

Priscilla: “Theatro Municipal, 2009. O Marcelo Misailidis fez na Vila Isabel. Também tem a da Vila Isabel em 2012. Gosto muito dessa linha teatral que o Marcelo segue. Na verdade, a gente bebe um pouco da fonte dele, certo? Muitas pessoas vieram antes da gente e admiramos o trabalho até antes de sonhar em fazer carnaval”.

Rodrigo: “A do Carlinhos de Jesus, em 1999, na Mangueira com os baluartes”.

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Gostam de ser chamados de “Casal Segredo”?

Rodrigo: “Acho que é uma marca e a gente gosta, sim. Foi uma fã nossa, do fã clube mesmo, que nos apelidou assim. Depois virou referência”.

Priscilla: “Não é que eu não goste, mas só acho injusto quando nos rotulam enquanto artistas. ‘Ah, a Priscilla e o Rodrigo só fazem mágica’. Se bem que isso já meio que caiu por terra também”.

Desde 2010 vocês mostraram que o elemento cenográfico era fundamental na comissão de frente. Ainda assim, alguns são trambolhos. O que pensam sobre o uso desses tripés no trabalho de vocês?

Priscilla: “É curioso porque a gente entende que a opinião pública não gosta muito dos trambolhos, mas se você pegar um mapa de julgamento e as notas, principalmente dos últimos anos, as comissões de frente mais bem pontuadas são as que trazem elementos cenográficos grandes que fazem com que elas sejam espetáculos. Ficamos entre a cruz e a espada, então tentamos trazer um espetáculo com o menor elemento cenográfico possível dentro da proposta. Tem vezes que conseguimos e outras não. Mas acaba que isso vira uma exigência das notas e, infelizmente, com elementos cenográficos menores é mais difícil. Hoje o ponto de partida do nosso trabalho é esse, tentar caber o nosso grandioso espetáculo dentro do menor elemento possível para aquele ano. Acho que o alegórico grande incomoda quando impede a visão do público. Imagina trazer um elemento que parte do público não consegue enxergar? Isso atrapalha. Quando é para o bem do desfile e você consegue fazer com que todos assistam, todo mundo sai ganhando.”

Rodrigo: “É muito difícil para a gente encontrar esse equilíbrio porque queremos agradar ao público e aos julgadores. Também temos as necessidades do trabalho. Às vezes tem coisas que não conseguimos viabilizar, diminuir, por uma questão técnica. Mas é lógico que pensamos em beneficiar todo o público porque isso é importante. Quando estamos dançando, essa energia deles chega na gente e até nos julgadores”.

O intercâmbio com artistas do campo erudito, como balé e ópera, existe há muito tempo. Qual é o impacto inicial e quais são as diferenças de trabalho?

Priscilla: “Acho bacana porque nós viemos de uma formação clássica, erudita. Somos bailarinos do Theatro Municipal. O que a gente traz é a nossa disciplina. A maneira de conduzir o trabalho por aqui é extremamente rígida como no balé clássico, não dá para deixarmos as coisas ao sabor do acaso. Temos um cronograma, regras e devemos cumprir exigências físicas, técnicas e artísticas. A gente entende porque vivemos isso há anos e trouxemos para cá. Quando estamos coreografando uma peça, por exemplo, sabemos que existem etapas e o carnaval também não pode pular essas etapas. Aprendemos muito aqui, já que são universos completamente diferentes, mas acredito que se complementam”.

Rodrigo: “Como a Pri disse, acho que a disciplina é o foco principal e temos que juntar essas habilidades em prol de um trabalho bonito”.

Se pudessem, o que gostariam de aperfeiçoar no quesito Comissão de Frente?

Priscilla: “Tenho uma visão muito particular porque acho que cada artista responsável por comissões de frente tem seu jeito de trabalhar. Falando sobre a nossa experiência, a cada ano agregamos mais etapas porque entendemos que certas coisas estão fazendo falta. Não trabalhamos mais sem fazer uma imersão teatral, por exemplo. Contratamos um preparador, fazemos com que ele entre no universo do enredo com a gente e isso faz com que o elenco se sinta prestes a estrear numa peça. Fazemos palestras, circuitos artísticos, rodas de exercícios e debates, antes mesmo de entrarmos na coreografia. Para o nosso trabalho, é uma coisa que enriquece muito. Agora englobando na parte do carnaval, acho que certas coisas atrapalham, mas sinceramente não sei como resolver. A questão da chuva é uma dessas. Todo mundo sofre, não só a comissão de frente, mas acredito que coisas possam ser melhoradas. A maneira como o quesito é julgado… Chegamos num momento em que a comissão de frente tem um papel tão importante no desfile que ela é técnica e subjetiva, mas nem sempre a subjetividade é entendida da mesma forma. Então, acho que precisamos ter mais conversas com os julgadores sobre o caminho, sabe?”.

Rodrigo: “Sim, e esse feedback deles, caso tenham alguma opinião relacionada ao nosso trabalho, pode servir de aprendizado para aprimorarmos no ano seguinte. Ter um bate-papo ajuda”.

Acham legal que tenha a apresentação apenas na frente do módulo de julgadores ou gostariam que a análise fosse como em São Paulo, pela pista toda?

Priscilla: “Antigamente, se não me engano em 2010, 2011 e 2012, eram cinco cabines. Agora só paramos três vezes e, naquela época, era obrigatório pararmos cinco vezes. Os setores eram mais privilegiados porque fazíamos o espetáculo completo mais vezes. Ainda nos preocupamos em, entre as cabines, criarmos coisas para os setores também. Não passamos batidos de um módulo até outro. Mas tudo que pode ser feito em andamento, sem parar, pode acreditar que fazemos para que o público veja”

Rodrigo: “Gostaríamos de fazer até mais, mas é uma questão de técnica e tempo de desfile. A gente não consegue porque tem o andamento da escola, e se parássemos muitas vezes atrapalharia tudo”.

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Como funciona o processo de criação de vocês? Quando se inicia e como se desenvolve a cada mês até o desfile?

Priscilla: “É árduo… Por exemplo, o carnaval de 2022 foi em abril. Viemos para a Viradouro em maio e já começamos a conhecer os artistas da escola, conversar com o Tarcísio. O enredo foi lançado e em junho já estávamos fazendo todos os testes. Depois, começamos com o processo da imersão, passamos a vir aqui periodicamente, vendo as fantasias saindo do papel e entendendo os setores. A partir disso iniciamos o desenvolvimento da comissão de frente. Tudo parte do princípio de estarmos aqui com o carnavalesco para sonharmos juntos e não ser algo do tipo ‘Unidos da Frente, Acadêmicos de Trás’”.

Rodrigo: “Sempre pensamos em fazer esse conjunto… enfim, muitas reuniões. Quando começamos a desenvolver o projeto, também temos uma cenógrafa que cuida disso. Normalmente em outubro iniciamos os ensaios com os bailarinos, três vezes por semana, mesclado com as outras preparações que mencionamos. Em janeiro passa a ser algo diário”.

Esse ano vocês não vão fazer comissão de frente na Série Ouro. É um “adeus” ou um “até breve”?

Priscilla: “Olha, atualmente está bem definido como um adeus. Acho que é impossível, pelo nível de exigência e cobrança que temos com o nosso trabalho. A União da Ilha ensaiou da mesma forma e com o mesmo empenho que a Mangueira. Como também existe a problemática dos recursos, você precisa se empenhar dez vezes mais para conseguir criar, às vezes, o mínimo. É muito complicado. Temos somente as mesmas 24 horas de um dia. Foi um processo de grande aprendizado e não nos arrependemos. A Ilha se superou e fez uma comissão linda, mesmo com as dificuldades que a Série Ouro enfrenta. Eles levaram uma comissão de frente que as pessoas amaram, nós também amamos. Foi muito gostoso, mas é bem difícil”.

Rodrigo: “Foi muito cansativo para a gente, somos muito intensos no nosso trabalho. Entendemos que trabalhar em duas escolas é quase impossível porque a gente deixa de viver. Também não temos dois grupos. O nosso grupo se dividiu e desfilou nas duas escolas. Para eles foi cansativo, fisicamente e psicologicamente. Ao mesmo tempo, tivemos a oportunidade de passar pela Avenida duas vezes. A gente trabalha tanto, nos ensaios e tudo mais, e parece que passa rapidinho. Quando entramos com a Mangueira, já não estávamos tensos. Enfim, agora é uma despedida e não pretendemos repetir a dose”.

Quando chegaram na Viradouro vocês falaram sobre o motivo de escolherem a escola. A estrutura dada é muito diferente das outras? O que é tão diferente?

Priscilla: “É diferente pela questão da atenção da equipe aos detalhes. É uma escola atenta que trabalha com antecedência para te dar a oportunidade de fazer o melhor. A gente não corre atrás do tempo, a gente corre atrás da qualidade. Não precisamos tentar resolver porque o tempo está acabando, não tem funcionário e não tem as coisas. Aqui temos o tempo, os funcionários e as coisas. A estrutura e a organização são muito boas, então a gente pode se dar ao luxo de ficar testando, buscando o melhor…A nossa passagem por outras escolas também nos trouxe muitas expertises que colocamos aqui. Tudo acaba sendo uma grande troca. Nós ensinamos e aprendemos. Acho isso muito legal no carnaval. Esse encontro de artistas, saberes e viveres”.

Rodrigo: “Essa atenção é fundamental. Já passamos por algumas escolas e entendemos a diferença. É desgastante estar perto do desfile e termos que resolver mais coisas. Aqui a gente não sente isso. Se pensamos em algo, eles tentam resolver para estar nas nossas mãos o mais rápido possível. A gente só precisa se preocupar mesmo com a parte artística, sem bater a cabeça por questões que não nos cabe”.

Entrevistão com Dandara Oliveira, musa da Vila Isabel: ‘O carnaval me abriu portas que eu jamais esperei’

Musa da Vila Isabel, Dandara Oliveira se tornou uma grande figura dos desfiles de carnaval. Cria da agremiação, ela estreou na folia com apenas seis anos de idade. Neste tempo, tornou-se passista, princesa da bateria e atualmente é musa da comunidade. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Dandara  falou sobre sua trajetória e relação com a Vila, além da importância do surgimento de meninas como a ‘Dandara’ no mundo do samba.

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Dandara, musa da Vila Isabel

O que a Vila Isabel representa na sua vida?

“A Vila é a porta do samba do carnaval na minha vida. Minha família inteira é da Vila, eu sou nascida e criada na Vila, meus filhos também estão na Vila. São 26 anos dedicados a esse amor.”

Qual caminho você teve que percorrer para chegar em uma posição de destaque como musa?

“Eu comecei cedo. Comecei na ala das crianças, depois fui para a frente da bateria como princesinha da bateria. Ganhei o estandarte de ouro como melhor passista, vim na ala de passista; destaque de carro, princesa da bateria até chegar a musa da comunidade. São dez anos como musa da comunidade.”

Você acha que o processo está mudando e agora novas “Dandaras” estão surgindo? Tanto como rainha como musas?

“Sim, Graças a Deus. O samba está voltando a sua origem, porque no início o samba era, majoritariamente, comunidade. E agora com a ascensão da Mayara, com a Bianca que já está há um tempo, a Evelyn, estamos vendo que está voltando essa cultura. Na vila teve concurso de musas – para que além de mim, tenha mais uma musa da comunidade. É importante para o samba, até porque é a gente que faz isso. De onde vem a raiz do samba é a comunidade. É bom as pessoas se sentirem representadas.”

Você já participou de novelas e programas de TV. Até onde o carnaval te levou e como ele mudou a sua vida?

“Eu digo que o carnaval me abriu portas que eu jamais esperei. Eu conheço vários lugares, vários estados através do carnaval. Fiz a última participação em ‘Travessia’ por conta do bairro, por eu morar em Vila Isabel e da minha história com a Vila. A Gloria (Perez) me procurou por isso, pela minha história com a escola de samba. Eu acredito que se não fosse o carnaval, eu não conheceria metade dos lugares que conheço e nem teria a expansão que eu tenho, não só no carnaval do Rio mas em São Paulo. Eu sou conhecida através do carnaval. Com certeza a minha vida seria diferente se não fosse o carnaval.”

Qual o segredo para ter samba no pé?

“Graças a Deus o meu é de sangue (risos). Mas eu acho que todo mundo pode fazer parte do carnaval. Acredito que o carnaval é muito agregador, você não precisa nascer no samba para estar no samba. Eu acho que esse é o diferencial do carnaval para as outras festas. Acho que se você gosta e curte, vem e se ‘joga’ (risos).”

Você ensinou samba no pé para Sabrina. Como foi esse processo?

“Eu e a Sabrina já temos muito tempo juntas. No início, era um trabalho, hoje a gente já faz outro tipo de trabalho. Antigamente foi a questão dela desfilar no Rio e em São Paulo, já que as baterias são diferentes. Então a gente começou adequando esse ritmo dela com o daqui. Hoje em dia a gente não faz mais isso. É mais para recordar um pouco, já que fica muito tempo parada. As coreografias, bossas da bateria e a apresentação para os jurados. Cada ano a gente faz uma diferente.”

Se um dia a Sabrina Parar, você indicaria uma menina da comunidade?

“Acho que sim. Acredito que a Vila e outras escolas merecem. Acho que não só a Sabrina, mas outras rainhas também. Acho que tinha que valorizar mais gente de casa. Graças a Deus, a Vila, além de mim, agora tem outra musa da comunidade. Só de lembrar que tem gente aqui já é importante.”

Você acredita que a Vila está se reaproximando da sua comunidade?

“Com certeza. Nesse último carnaval, nos acostumamos a ver componentes, que a gente não via mais na quadra, estarem presentes na quadra. A comunidade está muito feliz com a apresentação da escola. A gente voltou a fazer ensaio no morro, coisa que não fazíamos há algum tempo.”

Ser esposa do mestre de bateria ajuda no dia a dia ou vocês evitam falar sobre a Vila dentro de casa?

“Não ajuda e nem atrapalha (risos). Ele me mostra muita coisa que ele cria para ver se eu gosto ou saber o que acho. Acho que esse trabalho é importante: ele me ajuda no meu e eu ajudo no dele (risos).”

O pequeno já está seguindo no caminho do carnaval?

“O Gael gosta muito. Ele tem dois anos. A gente até brinca dizendo que não sabe de onde vem esse amor, mas ele é apaixonado no Tinga. Ele não pode escutar o samba da Vila que ele ama o Tinga. Eu não sei se ele vai ser ritmista ou puxador, mas no samba ele vai vir (risos).”

O que sua fantasia vai representar esse ano? Qual a diferença da fantasia dessa para a fantasia da última passagem dele pela Vila?

“Eu disse para o Paulo que ele realizou um sonho meu. Eu acompanho muito essa festa, sou apaixonada por ela e o Paulo me deu esse presente para eu poder me apresentar na Avenida com a minha escola. É linda. A minha, no último ano dele, eu vim na frente da bateria como princesa, em 2018. Foi mais tecnológica, tinha muito led, muita coisa. Eu posso dizer que essa é mais tradicional, mas tão linda quanto.”

É O CPX! Componentes e torcedores da Imperatriz vão à avenida com orgulho de ser do Complexo

Após a polêmica criada durante as eleições do último ano por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentaram marginalizar o termo CPX, a Rainha de Ramos vem com toda a força de sua imponente história somada a garra da comunidade para defender o complexo, combater o preconceito criado sobre a sigla e buscar o pódio. Em entrevista ao CARNAVALESCO, gresilenses destacaram o óbvio: CPX é sinônimo de gente boa e trabalhadora. Não de traficantes.

Mayara Simões, de 31 anos, é passista da Imperatriz e cria do Complexo do Alemão. Orgulhosa, ela destacou que os moradores abraçaram a escola.

“A escola vem há muito tempo procurando e idealizando esse patamar que hoje estamos. Hoje a comunidade abraça e se alegra com essa fase da escola. […] Com esse resgate, faremos o possível para trazer esse título de volta a Ramos, uma escola tão tradicional e importante não só para o carnaval, mas, acima de tudo, para a nossa comunidade”, disse Mayara.

mayara

Mayara também ressaltou a mensagem que a agremiação deseja passar: o Complexo é lugar de gente do bem, e garantiu que não sente vontade de ir morar em outro lugar.

“É lugar de gente trabalhadora, de bons profissionais, de boas indústrias. A gente vê não só como uma comunidade, mas um local que você olha e vê grandes talentos. É um lugar de pessoas menos favorecidas sim, mas, se tiverem oportunidade, vão chegar mais longe do que muitas pessoas mais favorecidas.[…] A minha comunidade é tudo para mim. Eu não desejo sair de lá. Óbvio que eu desejo sim melhorar minha casa para ter um maior conforto, mas sair da minha comunidade, nunca”, completou.

Thamires Pereira Copy

Thamires Pereira, de 31 anos, disse que as notícias falsas sobre a sigla não passam de uma bobagem. Para ela, a relação entre comunidade e Imperatriz é fundamental.

É uma sigla do Complexo do Alemão, onde fica a nossa quadra. Eu acho que é uma extrema bobeira essas notícias falsas”, ressaltou. “Era justamente essa relação que estava faltando. A comunidade de Ramos precisava desse reencontro com a Imperatriz e a gente está amando muito. Eu amo ser CPX!(risos)” contou Thamires.

 

LUIZA CARDOSO Copy

Mesmo quem ainda é adolescente já entendeu a importância de levar o nome para a Marquês de Sapucaí, e disse sentir orgulho de ser CPX. Luiza Cardoso, de apenas 15 anos, assistia da frisa o ensaio de sua escola do coração e lembrou que o preconceito também existiu com o samba.

O samba em si, na verdade, sempre foi muito marginalizado. Tudo isso tem que mudar. As pessoas que moram na favela não fazem mal a ninguém. Elas amam, vivem, tem amor à escola. Tem que valorizar e ter menos marginalização. […] Eu acho uma coisa linda (a aproximação da Escola). Muita gente reclamava do fato das rainhas serem de fora da comunidade. Agora estamos vendo uma maior aproximação”, declarou a jovem.

 

Bruno Lopes Copy

E mesmo quem não é da comunidade sabe a importância da quebra de paradigmas. Bruno Lopes, de 37 anos, vai desfilar na ala 484. Na entrevista, ele afirmou que a relação entre comunidade e escola vem crescendo, destacou que a polêmica não tem sentido e que ela ficará para trás.

Não faço parte da comunidade, mas, com certeza, isso é muito importante para eles.[…]Isso não tem nada a ver (fake news). E, graças a Deus, saiu quem estava por trás disso. Vai ser melhor agora.”, enfatizou Bruno.

 

COMO SURGIU A FAKE NEWS SOBRE CPX

Em outubro do ano passado, em visita ao Complexo do Alemão, o então candidato à presidência, Lula, recebeu de um líder comunitário um boné com a sigla CPX, o qual passou a usar durante a campanha na localidade. Após isso, parlamentares e apoiadores bolsonaristas passaram a associar a sigla CPX com ‘cupincha’, um termo que significaria ‘parceiro do crime’. Rapidamente, ONGs, autoridades, líderes comunitários e moradores reagiram: CPX é Complexo, lugar de trabalhador. Neste Carnaval, a Imperatriz Leopoldinense vem para consolidar o nome e enterrar de vez qualquer fake news.