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Em homenagem, Rosas de Ouro tem grande noite de ala musical em ensaio

Por Will Ferreira e Lucas Sampaio

A sexta-feira fria na Zona Norte de São Paulo foi de homenagens na quadra do Rosas de Ouro, na Freguesia do Ó. Para homenagear Bahia, integrante do departamento de Alegorias da escola e vítima de um infarto horas antes do ensaio da semana começar, a escola contou com uma potente ala musical, honrando o baluarte que se foi. Para defender o enredo “Ibira 70 – A Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024”, a agremiação teve noite inspirada da equipe de canto e da bateria.

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Com a palavra, a ala musical

O bom desempenho dos ritmistas, na visão do mestre Rafael Oliveira, popularmente conhecido como Rafa, vem da sequência do trabalho desenvolvido pela equipe comandada por ele. “Nós não mudamos nada no nosso trabalho, ele é sempre intenso. Em 2023, fizemos seis bossas; para o ano que vem, já estamos com quatro – e vamos colocar mais uma, além de um arranjinho. Para nós, não muda nada: são dois ensaios por semana, daqui a pouco serão três ou quatro… e será assim até o carnaval”, destacou o comandante do segmento na agremiação desde 2014.

Ainda na linha da sequência de trabalho, Rafa pontuou que o segmento comandado por ele não terá grandes alterações em relação ao desfile desse ano. “Não usamos nenhum instrumento diferente e não temos um instrumento específico, as bossas são em cima de todos os instrumentos, com pergunta e resposta e coisas com chocalho desenhando junto com o tamborim e com o surdo de terceiro. Mas não temos uma ênfase especial em algum naipe. É uma Bateria com Identidade tradicional e com ousadia, mas sem novidades de instrumentos nesse ano”, comentou, aproveitando para destacar alguns instrumentos.

Já Carlos Junior, intérprete da agremiação, buscou o autoencorajamento para se inspirar. “Eu sempre me baseio pela motivação. Ontem mesmo eu estava tendo essa conversa com o vice-presidente Osmar. Eu falei: ‘Osmar, eu só preciso estar motivado de energia e sinergia’. A gente vai trabalhar de manhã, e faz tempo que eu não desfilo de manhã. O Rosas trabalhou de manhã mais recente que eu. Acho que a última vez que eu trabalhei de manhã foi quando teve aquele atraso por conta de carro da Dragões que quebrou, lá na império, mas eu estava totalmente preparado porque já estava duas, três horas ali já conversando. Eu estava totalmente preparado, só que eu senti que a escola não estava pronta para aquele episódio, e aí eu tentei o que? A motivação. Eu busquei a motivação. Eu tenho o microfone na mão. Eu aprendi a motivar. Apesar de hoje em dia isso ser uma coisa meio que ultrapassada, eu entendo dessa forma. Acredito que se você olhar, por exemplo, para o futebol, se você olhar para a Fórmula 1, eles ainda continuam sendo pessoas motivadas a chegarem no melhor lugar possível pelos seus dirigentes, pelos seus técnicos. Eu me sinto na obrigação de passar isso para o Rosas de Ouro, do que é trabalhar de manhã em busca de algo”, comentou.

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Amizade que engaja

Uma das tantas curiosidades sobre o atual quadro do Rosas de Ouro está na parceria entre o comandante da bateria e o intérprete da agremiação. Citando antigos cantores da azul e rosa, mestre Rafa falou de Carlos Junior. “O Carlão é um grande amigo desde sempre, amigo particular. Como foi com o Royce e outros cantores, era um sonho trabalhar com ele e estamos realizando. Está sendo super bacana, porque estamos trabalhando com um ídolo. É como eu tocar com um grande artista fora do mundo do samba. Ele está se adaptando bem, é um cantor super agressivo no palco, com uma pegada diferente e que nos proporciona jogar a bateria mais para frente, com uma melodia mais aguerrida. Estamos curtindo para caramba, acho que vai ser um grande desfile e um grande renascimento dele – já que, em toda escola que você passa, é um tipo de trabalho e execução. Acho que ele vai ser feliz aqui no Rosas junto com a Bateria com Identidade e com a comunidade. É um cantor diferente de todos que passaram nos últimos anos. Estou aqui há onze anos e trabalhei com o Darlan, que foi muito bom, ele foi um dos grandes responsáveis por eu ser mestre hoje. Trabalhei com o Royce, que era um sonho. E, agora, estamos sendo felizes com o Carlos Junior bem como fui com os outros dois”, comentou.

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O poder da união também foi destacado pro Carlos Júnior. “para chegar ao nosso objetivo é preciso isso, é preciso aquilo, é preciso seguir algumas coisas que são informadas da Harmonia, algumas coisas relacionadas à comissão de carnaval. Precisamos estar em sintonia e comunicação, e essa comunicação eu vou dar o tempo todo mesmo que alguém ache ruim. É o meu jeito”, afirmou.

Leveza que traz resultados

Outro ingrediente para o sucesso da ala musical no ensaio foi dado por Evandro Souza, um dos diretores de carnaval da azul e rosa – juntamente com Leandro Lion e Victor Lebro. Na visão dele, a escola resgatou uma característica da agremeiação. “Depois dos dois últimos carnavais, que a gente levou enredos com mensagens, eram enredos mais densos, a gente sentou, conversou e falou assim: ‘eu acho que a gente precisa resgatar um pouco da essência da escola de enredos mais leves e divertidos’. Não só por questão de resultado, mas a gente esteve desenvolvendo alguns enredos mais sérios nos últimos anos, e eu acho que voltar a falar de São Paulo acho que foi um grande acerto. Um enredo que até então inédito no Grupo Especial. Falar de São Paulo, que é uma característica da Rosas de Ouro, então a gente conseguiu juntar tudo isso. O samba vem crescendo. No início a gente recebeu algumas críticas, mas a gente tinha certeza de que o samba ia acontecer e está fluindo, está sendo legal. Eu acho que o clima da escola está vindo na proposta que a gente tinha de enredo, ou seja, uma coisa mais leve, mais alegre. Acho que a gente vai chegar em janeiro com uma energia superbacana”, pontuou.

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Revelando uma ação bastante especial que a escola falará, Evandro também destacou qual ponto, na visão dele, ainda pode ser melhorado pela agremiação. “Eu acho que a gente está nesse processo agora de trazer o povo para a quadra. As alas estão se movimentando, ensaiando em separado., e essa semana a gente começou a juntar a escola para fazer o primeiro ensaio de canto. Justamente na semana que vem a gente tem a festa do lançamento do carnaval lá na Fábrica do Samba. Em dezembro a gente tem ensaio no Ibirapuera, o que seria um ensaio de rua aqui a gente vai levar para lá e fazer um ensaio lá no Ibirapuera no dia 17. Estamos nesse momento de unir as pessoas, trazer as pessoas, juntar realmente a escola para a gente sentir isso e ver o ponto que a gente precisa aplicar algum tipo de trabalho especial”, destacou.

Aqui, é importante destacar que o tamanho da quadra do Rosas, uma das maiores da cidade de São Paulo, impacta na impressão sobre número total de pessoas no ensaio – bem como o fato do espaço ter diversos ambientes. Também é válido pontuar que, ao contrário de outras agremiações, havia número semelhante de pessoas assistindo ao desfile em relação a que, de fato, estava ensaiando.

Novos trabalhos

Se a bateria está mantendo um ritmo há uma década, outros segmentos estão com novidades na Roseira. Um deles é o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Desde 2016 na escola, Isabel Casagrande bailará ao lado de Uilian Cesário a partir de 2014. E, para o entrosamento vir rápido, eles estão cada vez mais próximos. “A frequência de ensaios aumentou! A gente até tenta ensaiar mais vezes, mas estamos tentanto, no mínimo, duas ou três vezes na semana. E domingo tem feijoada aqui no Rosas, então, nessa semana, ensaiaremos quatro vezes. Estamos dançando, nos encontrando… e o ritmo vai aumentar até o carnaval”, confirmou Isabel. O parceiro dela preferiu focar no samba-enredo ao falar da importância de tais eventos. “Agora, estamos mais familiarizados com o samba, conseguimos dar corpo para coreografia da pista, focar nas finalizações e segurar o regulamento debaixo do braço, para que a gente não tenha nenhum risco no dia do desfile”, disse.

Sem dramas

Assunto de diversas rodas de discussão no samba paulistano, o novo regulamento para o carnaval 2024 também foi tema de entrevistas. Citando a principal característica dos ritmistas da agremiação, mestre Rafa destacou que as novas regras já estão sendo seguidas pelos comandados. “O samba de 2023 não proporcionava tantas bossas. Nele, fazendo uma análise, se for pegar o samba, era para ser algo mais conservador. Mas a nossa característica é a de fazer muitas bossas, com muita ousadia. É onde a gente acredita em que nos sobressaímos. A melodia daquele samba não proporcionava tudo isso, mas nós fizemos bastante coisa. Já em 2024, é novamente um samba melodioso… mas, não tem jeito: gostamos de fazer isso, é algo que foi criado como nossa identidade, nos tornamos isso de 2017 para cá. É o nosso estilo: bossa atrás de bossa. É isso que dá uma abrilhantada no samba, já que não colocamos nada sem sentido. Fazemos tudo dentro da melodia, não inventamos o que não é para inventar, apenas exploramos o que dá para fazer”, afirmou.

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Ao citar o novo julgamento, Carlos Junior preferiu ser enfático. “Quando se mexe em regulamento em qualquer quesito é para pegar alguém ou alguma escola. Eu não sei quem é a vítima dessa vez, mas alguém vai ser pego, e tomara que não seja o Rosas. Eu vou rezar todo dia para que a gente esteja enquadrado dentro desse item que mudou, mas era isso que o povo também pedia. Mas eu vou tranquilo, não vou preocupado com o que está escrito ou não, a não ser que a diretoria me chame a atenção sobre essa questão. A gente vai alinhado, até porque é uma comissão de carnaval. O dever dessa comissão é está a par de tudo que está escrito nesse regulamento, essa é a minha opinião”, disparou.

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O grau de dificuldade também foi citado pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. “O regulamento está mais desafiador. Ele está pedindo o trabalho individual – e, dessa maneira, os casais ficarão diferentes um do outro. Estávamos habituados a ver na pista coreografias, movimentos de braço e corporais muito parecidos. Agora, com as novas adaptações e exigências, cada casal vai precisar se cobrar mais e fazer um trabalho diferenciado na pista para agradar os jurados”, destacou Uilian. Isabel mostrou mais simpatia ao novo texto. “Eu gostei do novo regulamento. Achei que vai ser desafiador, e alguns pontos que não eram obrigatórios e tinham casais que não faziam (instrumento de mão, largura do pavilhão padronizada) passavam despercebidos porque não estava sendo julgado. Agora, quem não seguir a cartilha não vai ter sucesso. Nós gostamos, para a gente está tranquilo e estamos seguindo tudo certinho”, determinou.

Visando 2024

Para Evandro, o Rosas está cumprindo o cronograma pensado pela escola – e dividido internamente. “A gente tem dois processos diferentes. A gente tem o processo de competição do carnaval, que acontece na Fábrica do Samba, e nesse gente está vendo o vapor. A gente tem uma agenda para cumprir, pretendemos chegar em janeiro para cuidar somente de pista. Nosso cronograma está super dentro do que a gente tinha planejado. Estamos com as alegorias já em fase de finalização, e as fantasias a mesma coisa. Acredito que, dentro do nosso cronograma, no final de dezembro a gente já deve estar encerrando a nossa confecção para o desfile, e aí é cuidar de pista, ensaiar. Graças a Deus está muito legal o nosso projeto”, comentou.

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Já para a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, de acordo com os próprios, o público pode esperar muita beleza. “Já vimos o figurinho, ainda não está pronto. Já tiramos medidas e ainda está tudo em um processo de construção. Podemos falar que é linda, estamos apaixonados pela nossa fantasia. Espero que o pessoal goste, sobretudo os jurados. Estamos encantados”, pontuou Isabel, sendo seguida por Uilian. “Estamos bem felizes e supresos com o presente que o croqui que chegou na nossa mão. Agora, a expectativa é para ver o figurino pronto. Estamos bem confiantes e seguros, já que estamos na mão de um bom ateliê”, finalizou.

Desenhos de tamborim: a importância de evitar excessos e impulsionar desfilantes

O desenho do tamborim de uma escola é parte incontestável da assinatura rítmica de uma bateria. Seja ouvindo áudios ao vivo ou assistindo gravações de desfiles é plenamente viável perceber essa sonoridade de forma destacada, por causa do timbre agudo. Está inserida em nossa cultura musical ouvirmos a subida curta dos tamborins da Beija-Flor após a virada do refrão principal, ou mesmo aquele telecoteco genuinamente mangueirense tocado de forma peculiar num trecho da segunda do samba, isso sem contar as subidas atrasadas do naipe da Mocidade Independente, entre tantas outras inegáveis batidas ligadas ao DNA musical das agremiações. Toda ala de tamborim, portanto, tem uma missão no que tange a preservação de determinadas características musicais, bem como na propagação da cultura de desenhos rítmicos.

É vital mencionar que o tamborim é um naipe de apoio. Uma ala que complementa com coletividade e uma peça bastante aguda, acompanhando o ritmo da bateria e consolidando seu desenho rítmico através da melodia do samba. Serve, inclusive, de referência para os demais naipes. Em qual trecho do samba está? A resposta normalmente se encontra facilmente ouvindo com atenção as frases musicais dos tamborins.

Exatamente por servir como referência é que o tamborim ganha uma projeção dentro das escolas que extrapola a importância rítmica para a bateria. Pois essa referência também é notada, assimilada e constantemente utilizada por componentes durante os ensaios. Um desenho rítmico de tamborim influencia, sobretudo, no jeito como a agremiação irá evoluir, dançar e de certa forma até cantar o samba. Importante citar a eficácia inestimável envolvendo o toque do carreteiro (aquele pacaticapá frenético e constante), pois o mesmo impulsiona desfilantes em aspectos primordiais de um cortejo, como canto e dança. Quanto mais simples forem os desenhos, mais o componente irá absorver musicalmente e atrelar a batida do naipe de tamborins à sua cultura performática de ensaios.

Uma questão específica a ser contornada é que a evolução técnica dos ritmistas de tamborim tem provocado desenhos cada vez mais complexos e bem elaborados, com dificuldade de execução praticamente crescente. Inúmeros são os momentos, em diversas batidas de tamborim, que um grande volume de informação rítmica é colocado em trechos musicais que mal cabem. Essa falta de integração musical, por vezes, ocasiona desenhos rítmicos executados de modo mecânico e não orgânico, pois o ritmista irá fazer a batida, mas sem sentir e se entregar de forma apropriada a energia da música. É necessário um cuidado ainda maior quando inserir floreios no desenho de tamborim, pois os mesmos exigem capacidade técnica unida a alto poder de concentração, além de andamento confortável, para garantir a execução mais limpa e natural possível.

A fluidez musical é imprescindível como norte para criação de uma batida de tamborim. É importante buscar soluções intuitivas ao criar o desenho rítmico. Deixar a melodia do samba guiar a convenção acaba sendo a maneira mais ritmicamente inspirada de sentir a música, além de buscar que os ritmistas responsáveis por tocar o desenho façam isso da forma mais orgânica e espontânea possível. Indica coerência possuir um desenho alinhado com a capacidade técnica de toda ala, evitando que os ritmistas desfilem presos ou com medo de executarem determinados trechos. Quanto mais o ambiente da ala for leve e o ritmista desfilar solto melhor será para a mais perfeita execução da batida, garantindo ainda por cima uma entrega energética, além de rítmica. Fazer ritmo é bom demais, mas poder tocar curtindo o desfile certamente é ainda mais.

Talvez exatamente pela questão envolvendo a assinatura musical é que algumas alas tenham buscado um caminho de crescimento rítmico constante. Mas já estamos num ponto que deixamos de refletir sobre as bases fundamentais que sempre nortearam o toque dos tamborins dentro das baterias cariocas, na criação de suas convenções. É urgente que deixem o ego de lado e busquem soluções musicais simples e eficazes, de melhor assimilação geral, contribuindo assim ritmicamente com a bateria e animicamente com os componentes das escolas. Tamborim é naipe rítmico de complemento e a bateria responsável pela execução musical de acompanhamento a um cortejo e seus desfilantes. Mais do que nunca se faz necessário olhar para o passado com muito carinho, para avaliar se estamos de fato evoluindo ou simplesmente descaracterizando, cada vez mais, nossos ritmos.

Alberto João: ‘Escolas de samba passam por momento financeiro preocupante’

Escolas de samba passam por momento preocupante. Faltando menos de 80 dias para os desfiles o clima é de preocupação. Poder público ainda não deu nenhum centavo da subvenção para o Carnaval 2024 e agremiações estão com a corda no pescoço. Veja mais no vídeo com a opinião.

Especial gravações 2024: Com Supersom afiada, Paraíso do Tuiuti dá destaque a mais um grande samba

O Paraíso do Tuiuti vem apostando nos últimos anos em trazer sambas de um grupo que faz parte da ala de compositores da Azul e Amarela de São Cristóvão. Vitoriosos nos últimos dois carnavais quando houve disputa de samba, Claudio Russo, Moacyr Luz e Cia desta vez fizeram a obra a pedido do presidente Renato Thor, modelo que a agremiação já vinha recorrendo antes da pandemia e que tem gerado grandes composições para a escola, além de facilitar o trabalho. Com o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, a agremiação pretende fazer uma homenagem a vida e história de João Cândido, marinheiro brasileiro que se empenhou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatas sofridas pelos colegas. O Paraíso do Tuiuti focou na musicalidade do samba no trabalho realizado na Cidade das Artes. Pelo terceiro desfile seguido como comandante da bateria SuperSom, mestre Marcão, explicou as vantagens que a agremiação tem ao produzir sua obra através do processo de encomenda.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Acho que a gente já vem trabalhando há quase cinco meses. Quando o samba é encomendado vem mais rápido, a gente trabalha melhor, produz as coisas bem mais rápido do que as outras. A gente vem desenvolvendo um projeto junto com a rapaziada, com a diretoria. Estamos com o pé no chão, apenas fazendo o nosso trabalho e seja o que Deus quiser. Agora é trabalhar mais um pouquinho, ainda tem ensaio técnico, treino é treino, jogo é jogo, a gente vai treinar para poder no dia do nosso desfile a gente ir bem”, projeta o profissional.

Com a excelência de ter gabaritado o quesito em 2023, mestre Marcão, não se deixa descansar e quer mais em 2024. Por isso, o comandante da SuperSom revela à reportagem do CARNAVALESCO que para a gravação no complexo cultural da Prefeitura do Rio, houve muita conversa entre o mestre, diretores da bateria, ritmistas e a própria direção da escola para chegar bem afiado no estúdio.

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“Trabalhamos a gravação com a cara do Tuiuti. Colocamos um andamento bom, porque a nossa bateria tem um andamento característico, 141, 142, e não adianta colocar 144, porque a rapaziada não vai correr. Cada samba é um samba, botamos um pouco mais para frente, conversamos isso. O samba é muito melodioso, temos que vir com um entrosamento em relação ao carro de som, junto com a bateria, junto com a harmonia, para podermos chegar em um denominador comum”, explica Marcão.

O diretor de carnaval André Gonçalves aproveitou para esclarecer as vantagens que a escolha do Tuiuti por retornar a este modelo de confecção do samba proporcionou para o processo de carnaval da Azul e Amarela de São Cristóvão, demonstrando confiança em que a agremiação possa superar seu maior desfile.

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“O modelo vem do nosso presidente e passa a ser muito bom porque a gente ganha um tempo bem maior para poder trabalhar esse samba. Nossos ensaios de canto começaram em agosto. Isso é muito bom, pois já estamos com um trabalho de canto adiantado. Aguardem belíssimas surpresas que iremos apresentar na Avenida, nosso trabalho no barracão já está a todo vapor. A gente está vindo com o objetivo de superar 2018 e recuperar aquele décimo que faltou para o tão sonhado título”, deseja o dirigente.

Responsável pelo arranjo do samba, Kaio Calado, membro do carro de som da escola, explicou como desenvolveu a harmonia musical da obra e o que priorizou neste trabalho.

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“Eu tive contato com o samba através dos compositores e ali eu tentei me aprofundar na ideia que eles queriam passar com o samba. Embora a obra fale bem do que o enredo precisa dizer, eu tentei pegar o que os poetas quiseram dizer quando fizeram o samba. Posteriormente eu sentei com o Marcão e com o Pixulé juntos, um pouco antes de uma gravação própria da escola. Fizemos para entender o samba e ali eu consegui pegar as nuances que o Marcão queria e colocar um arranjo bem a cara do Pixulé, que está chegando na escola e tinha que chegar com força total, com um arranjo bem trabalhado para a voz dele. E a obra representa um samba bem melodioso e que valorizou bastante o coro. E quis aproveitar isso e coloquei as vozes de coro já na cara por parte do grito de guerra. O coro vem o samba todo fazendo umas nuances bem bonitas e acho que foi o que mais priorizei, a melodia e deixando uns ‘suspenses’ bem legais para que a harmonia pudesse andar bem”, esclarece o profissional.

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Tuiuti terá estreia no microfone oficial em 2024

No último desfile, o Paraíso do Tuiuti teve como voz oficial o grande Wander Pires. Muito visada pelo excelente trabalho que vem fazendo no Grupo Especial, a escola tem se acostumado a perder profissionais que se destacam ano a ano e despertam o interesse de agremiações com maior recurso financeiro. Mas, também tem dado uma resposta bastante satisfatória ao mercado, sempre realizando a reposição a altura e apresentando ao carnaval profissionais ou dando oportunidade a talentos que se destacam em outros grupos. Desde 2014 fora do Grupo Especial, já estava demorando para se ver o ótimo Pixulé de volta à elite do carnaval carioca. E parece que o cantor e o Paraíso têm muito em comum. Focado em fazer uma grande gravação do samba, Pixulé definiu a obra como um presente que recebeu dos compositores, e se disse muito feliz por estar vivendo esse momento.

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“É uma emoção muito grande a gente chegar no Grupo Especial, no Paraíso do Tuiuti, e interpretar este belíssimo samba que eu ganhei de presente. Estou bastante emocionado. É um samba emotivo que vai tocar todo mundo no dia do desfile, preparem-se que vai vir pancadão. Está sendo uma experiência maravilhosa, eu debutando no Tuiuti, com um samba maravilhoso, eu não tenho palavras para expressar a minha emoção e a minha felicidade de estar fazendo parte do Grupo Especial”, admite o intérprete.

Já integrado ao “Quilombo do Tuiuti”, o cantor falou sobre sua relação com Marcão e como esse período de adaptação a agremiação desde que foi anunciado após o carnaval 2024, o fez desenvolver um entrosamento com o mestre e com a SuperSom.

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“O Marcão está preparando várias bossas, várias nuances dentro do samba, que será uma pedrada na Avenida, vai pegar todo mundo de surpresa. Quem está esperando que o Tuiuti vai passar igual um arroz com feijão, se engana, vai passar uma feijoada completa, vai ser brabo de segurar o Tuiuti na Avenida. Estou muito feliz por essa oportunidade que o presidente Renato Thor me deu. E eu e o mestre Marcão já estamos trabalhando no olho. Marcão é um grande mestre que eu o respeito muito e reverencio ele pela capacidade e pelo profissionalismo dele. Sintonia perfeita de Pixulé com bateria SuperSom”, garante o cantor.

Cláudio Russo e Moacyr Luz por mais um ano na confecção do samba

“Liberdade no coração/O dragão de João e Aldir/À Cidade em louvação/Desce o Morro do Tuiuti” são os versos do refrão principal da obra composta pelos poetas Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia. Pelo sexto desfile seguido assinando o samba do Paraíso do Tuiuti, o poeta Moacyr Luz também foi conferir e participar das gravações da Azul e Amarela na Cidade das Artes. Moacyr definiu o Tuiuti como sua casa e explicou que o processo foi muito prazeroso, mais uma vez.

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“Tuiuti já é minha casa, desde 2018 com aquele ” Meu Deus, Meu Deus” , e o meu relacionamento com o Cláudio Russo, com a rapaziada toda, com o Gustavo Clarão, já tem um tempo que a gente trabalha, não tem distância, vai pelo whatsapp mesmo, se encontra uma hora, para resolver as arestas, e o tema é muito bom, falar do meu parceiro Aldir Blanc, com quem eu fiz tantas músicas juntos, com João Bosco e a gente poder citá-los no samba, no refrão, eu estou com uma expectativa muito boa. É um samba clássico, a novidade é manter a tradição”, define o poeta.

Sobre cantar o samba produzido pela parceria da dupla Cláudio Russo e Moacyr Luz, Pixulé se disse tranquilo com o processo e foi outro profissional a ver as vantagens que este tipo de modelo permite à agremiação, além de contar mais sobre sua preparação para este importante momento.

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“Pode esperar um belíssimo samba e uma belíssima gravação. Não muda muita coisa não, a responsabilidade é a mesma, fica até mais fácil para a gente trabalhar o samba, a gente vem acompanhando a confecção desse samba até o momento da gravação. Não tem mistério nenhum. Tenho certeza que a comunidade vai cantar um belíssimo samba e acreditem que o Pixulé vai dar tudo de si para que tudo corra bem no desfile.E em relação aos cuidados para esta gravação, a preparação de um cantor é o sono. Tem que dormir bem. Esse é o principal”, revela o profissional.

Ensaios de rua tão esperados devem fazer crescer a obra

Sempre buscando estar um passo à frente das demais escolas, por mais um ano, o Tuiuti foi uma das primeiras agremiações a iniciar os ensaios de rua. Depois de alguns meses trabalhando o samba na quadra, o diretor geral de harmonia, Jeferson Carlos, revelou ao site CARNAVALESCO os próximos passos da agremiação em sua preparação para o desfile de fevereiro de 2024 após esse momento de gravação.

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“Independente da gravação oficial que a gente esteve produzindo, a gente já faz o nosso ensaio dentro da quadra, ensaio de canto, bateria, carro de som ajustando as coisas para ficar tudo certinho e render bem nos ensaios de rua. Já temos mais de dois meses com o samba definido e todas as segundas-feiras estamos trabalhando a obra. E a cada semana percebemos uma evolução interessante”, avalia Jeferson.

Outro que promete um grande trabalho é o diretor de carnaval André Gonçalves convocando os componentes e o mundo do samba a participar dos ensaios de rua que começaram no final de setembro.

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“Esperem um belíssimo trabalho, esperem uma belíssima gravação, tivemos o nosso primeiro momento na Cidade das Artes, foi uma gravação muito boa, com um clima muito bom, e coisas bem diferentes dos últimos anos. Já estamos com o nosso calendário pronto, começamos nossos ensaios de rua no final de setembro, acontecendo ali perto do Colégio Pedro II no Campo de São Cristóvão, é um ensaio muito esperado todo ano, não só do Tuiuti, da comunidade, mas de todo aquele que gosta de carnaval e gosta de samba”, define André.

No próximo carnaval, o Paraíso do Tuiuti será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Musas da Porto da Pedra visitam barracão da escola na Cidade do Samba

Estreando como musa no carnaval 2024, Giovana Cordeiro visitou o barracão da Porto da Pedra na tarde de quinta para conferir os preparativos da vermelha e branca para o desfile que marca o seu retorno ao Grupo Especial. Recebida pelo carnavalesco Mauro Quintaes, a atriz protagonista da novela Fuzuê, fez um tour pelas dependências do espaço onde estão sendo construídas as alegorias que representarão o enredo “Lunário Perpétuo: a profética do saber popular” e, impressionou-se com o que viu durante o passeio, que contou também com a presença das musas Paolla Nascimento, representante da comunidade, e Isadora Marino, que igualmente, fará sua estreia na Sapucaí.

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Foto: Ana Victoria/Divulgação

O trio de beldades do Tigre recebeu o figurino e algumas explicações sobre o que cada uma representará no desfile que acontecerá no dia 11 de fevereiro. Apesar da agenda lotada por conta das gravações da novela, Giovana tem se mostrado bastante engajada nas atividades da escola. Do barracão, ela seguiu direto para a quadra da escola onde participou do ensaio realizado semanalmente com a comunidade. Mostrando muito samba no pé, a musa da escola de São Gonçalo se juntou ao time de beldades da agremiação que tem Tati Minerato como rainha.

Vilma Nascimento é vítima de ato racista em aeroporto de Brasília

A eterna porta-bandeira Vilma Nascimento, de 85 anos, foi vítima de racismo, na terça-feira, na loja Duty Free, do Aeroporto de Brasília, ao ser parada por funcionárias que impediram sua saída do calo, por suspostamente, “portar um objeto que não havia sido pago”. A sambista tinha ido para capital do país para ser homenageada na Câmara dos Deputados pelo Dia da Consciência Negra.

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Foto: Reprodução

“Comprei chocolates, paguei e quando estávamos passando novamente pela porta da loja a fiscal me abordou dizendo que eu peguei produto da loja sem pagar e pediu para acompanhá-la. No meio do caminho ela recebeu informação pelo rádio de que era para revistar a bolsa da minha mãe. Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada. Foi muito constrangedor. Pedia para chamar a polícia, polícia não apareceu. Tivemos que ir embora para não perder o nosso embarque, que quase perdermos”, disse a porta-bandeira Danielle Nascimento, filha de Vilma.

Ao jornal O DIA, a empresa Duty se pronunciou. “A Dufry Brasil, uma empresa do Grupo Avolta, pede publicamente desculpas pelo lamentável incidente ocorrido na loja do aeroporto de Brasília. A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão. Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa.

Cante com a Portela: samba para o Carnaval 2024

O intérprete Gilsinho canta o samba-enredo da Portela para o Carnaval 2024. A escola de samba levará para Avenida o enredo “Um defeito de cor”.

Liga-RJ abre venda dos ingressos populares para ‘Esquenta do Carnaval da Série Ouro’ na Cidade do Samba

A LIGA-RJ em parceria com a Riotur vai promover o Esquenta do Carnaval da Série Ouro 2024, no dia 9 de dezembro, na Cidade do Samba (Rua Rivadávia Corrêa, 60 – Gamboa).

O evento terá shows, gastronomia diversificada e apresentação das 16 agremiações que fazem parte da LIGA-RJ. A abertura dos portões será às 16h.

As apresentações das agremiações serão divididas em dois blocos, com shows e atrações no intervalo. Os ingressos custam R$ 15 reais (primeiro lote) e já estão à venda pelo site https://brasilticket.com.br/esquenta-do-carnaval-serie-ouro.html

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União da Ilha faz primeiro ensaio de rua com forte presença da comunidade e ótimo rendimento do samba

A União da Ilha do Governador ocupou a Estrada do Galeão, na noite da última quarta-feira, e deu início a temporada dos ensaios de rua visando o desfile do ano que vem. A agremiação, que irá em busca de alcançar o título da Série Ouro e garantir o retorno para primeira divisão da folia carioca, apostará em 2024 na mistura das temáticas africana e infantil, através do enredo “Doum e Amora: crianças para transformar o mundo”, inspirado na obra do cantor e escritor Emicida e que terá desenvolvimento do carnavalesco Cahê Rodrigues. Essa proposta se fez presente no treino, com as referências ao universo das crianças e a negritude presentes não só na parte musical como também em coreografias. Ao longo do percurso, a escola mostrou toda a força do seu chão, que provou estar com a letra do samba-enredo na ponta da língua, entoando ele com vontade do início ao fim. Aliás, o bom desempenho da obra teve como alicerces o espetáculo promovido pelo carro de som insulano, comandado pelo intérprete Nêgo, e pela “Baterilha” do mestre Marcelo Santos.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“A gente não cria muita expectativa para o primeiro dia, mas confesso que o resultado me surpreendeu. Foi um ensaio realmente técnico, onde o carro de som e a bateria se encaixaram direitinho, o Nêgo foi um monstro cantando… Quando eu vim pra cá, no ano passado, sempre me falaram que a Ilha, o povo insulano, ama os ensaios de rua. Toda vez que venho para rua com a escola, tenho cada vez mais certeza que essa afirmação é verdadeira. Então, nós estamos trazendo ensaio de rua mais cedo, temos mais oito datas para gente trabalhar e estou confiante que faremos o melhor possível visando um grande desfile no sábado de Carnaval”, analisou o diretor de carnaval Dudu Falcão, em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.

Ao todo, esse primeiro ensaio de rua da União da Ilha na temporada para o Carnaval de 2024 teve uma duração de pouco mais de uma hora. A largada para o treino ocorreu às 22h, sendo que o trajeto percorrido foi o mesmo dos anos anteriores, indo da esquina da Estrada do Galeão com a Rua Ericeira até a chegada em frente a quadra da agremiação. Apesar das ameaças de chuva, com direito a raios e trovoadas antes e durante a apresentação, os componentes compareceram em grande quantidade, assim como os torcedores da escola que se aglomeraram nas calçadas para assistir a passagem. Ainda na conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, o diretor de carnaval Dudu Falcão avaliou esse desempenho da tricolor insulana na noite dessa quarta-feira e garantiu que as duas primeiras semanas servirão mais para sentir a comunidade.

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“Hoje foi improvisado. Nós exploramos um pouquinho mais algumas alas, brincamos com o casal, com a bateria, e por isso nós fizemos em 64 minutos. É o tempo de maturação do samba aqui, mas daqui a dois ensaios começamos a trabalhar realmente com o tempo correto, sem improviso. Então, hoje foi para, como eu falo, soltar a musculatura. Nossa ideia é estabelecer um tempo limite de 60 minutos, trabalhando sempre com o casal e comissão de frente no horário original do desfile. Depois disso, a gente vai brincar um pouquinho, sabendo que não vai está menor, porque não tem carro, não tem sempre corpo completo, mas uma hora é o tempo ideal para que possamos usufruir o máximo possível da bateria, do carro de som e da comunidade fora da quadra”, declarou Dudu Falcão.

Com um calendário antecipado, a União da Ilha foi uma das primeiras agremiações da Série Ouro a definir o seu hino oficial para o Carnaval de 2024. A obra composta por André de Souza, John Bahiense, Ricardo Castanheira, Leandro Pereira, Leandro Augusto, Júlio Assis, Flávio Stutzel e Vagner Alegria derrotou outras oito concorrentes e se sagrou, ainda no mês de agosto, vencedora do concurso promovido pela tricolor insulina. Desde então, o samba-enredo passou a ser trabalhado pelos segmentos musicais da escola em ensaios de quadra e eventos diversos. Agora, a composição será testada semanalmente nos treinos ao ar livre. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, o intérprete oficial Nêgo defendeu a importância dessa etapa na rua e destacou ser a oportunidade de se ter uma noção maior do rendimento do samba em uma realidade próxima a da Marquês de Sapucaí.

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“Os ensaios de rua são muito diferentes daqueles que realizamos na quadra, principalmente por conta da acústica. Na quadra, o som bate no teto e volta. Já na rua é como se fosse um desfile, é ao ar livre. Portanto, a nossa noção acaba sendo mais precisa. E, apesar de ser ainda o primeiro treino aqui na Estrada do Galeão, posso garantir que estou totalmente habituado ao samba. Foram três meses de ensaios desde a escolha. Claro que teve algumas modificações, mas fizemos um grande trabalho durante esse período e tenho certeza que não vai ser diferente agora na rua. Pretendo fazer um excelente desfile com a União da Ilha do Governador, assim como tive a felicidade de fazer com o Porto da Pedra e com o Império Serrano. Quero ajudar a colocar a Ilha em um lugar que nunca deveria ter saído, que é o Grupo Especial”, afirmou Nêgo.

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Se depender do que foi visto nesse primeiro ensaio na Estrada do Galeão, a União da Ilha não terá preocupações na parte musical em seu desfile oficial no ano que vem. O samba-enredo teve um ótimo rendimento ao decorrer de mais de uma hora de apresentação, o que se refletiu em um canto bastante aguerrido da maior parte da comunidade insulana. Além da condução segura do intérprete Nêgo e do time de cantores do carro de som, a “Baterilha” foi outro ponto crucial para a boa performance do hino. Os ritmistas comandados pelo mestre Marcelo Santos deram um verdadeiro show, com um andamento um pouco mais acelerado, que se encaixou perfeitamente a obra, além de bossas e convenções com referências à negritude. Essas menções não ficaram restritas ao ritmo e também ocorreram através de uma coreografia realizada pela bateria, que erguia o punho direito cerrado para o alto durante uma passada do refrão principal. O movimento era acompanhado pelo restante dos componentes da escola, dando um belo efeito no conjunto. Para a reportagem do site CARNAVALESCO, Marcelo Santos comentou este começo de temporada de treinos à céu aberto e antecipou um pouco do que o público poderá encontrar no sábado de carnaval.

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“A comunidade da União da Ilha gosta muito de ensaios de rua. A gente deu o nosso pontapé inicial em grande estilo e pintamos a Estrada do Galeão de azul, vermelho e branco. A bateria compareceu em peso e, com isso, conseguimos realmente ter uma boa noção sobre como está o andamento, como estão as nossas bolsas ao ar livre. Afinal, é só na rua que a gente consegue sentir um pouco mais do que é o clima na Sapucaí. E o que apresentamos hoje é somente o resultado de tudo o que a gente vem fazendo nesses quatro meses de ensaios com os ritmistas. Para a Avenida, a nossa largada vai partir no 146 BPM (batidas por minuto), uma vez que o samba permite isso, e vamos vir com 4 bossas ao todo. Eu sempre gosto de reeditar uma bossa do passado e esse ano não será diferente. O saudoso Mestre Paulão será homenageado e vamos reeditar uma virada de 3 dele da década de 90, de 96, um instrumento de 98 e vamos usar atabaques. Temos também mais 3 bossas com a levada afro e vai ter uma bossa que é uma ode visual. Assim como o pessoal da Estrada do Galeão viu uma palinha hoje, a galera da Sapucaí vai poder conferir a bateria fazendo uma coreografia que cabe muito dentro do enredo, que vai ser muito importante”, relatou o comandante da “Baterilha”, que revelou ainda que levará 250 ritmistas para o Sambódromo.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da Ilha, Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete, irá fazer em 2024 o seu segundo desfile consecutivo como defensores do pavilhão principal. Na estreia, a dupla obteve apenas uma nota máxima, além de três 9,9. Para não perder novamente esses décimos e alcançar os tão sonhados 40 pontos, os dois estão seguindo uma rotina intensa de ensaios, que agora contará com mais um compromisso semanal. Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Thiaguinho e Amanda falaram sobre os treinos na Estrada do Galeão e ressaltaram o impacto deles na preparação para o Carnaval do ano que vem.

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“É importante, pois a gente começa a sentir mais o clima da escola como um todo, né? A energia da bateria, a alegria do desfilante… E, tecnicamente falando, nós começamos a entender mais o andamento, principalmente com a conexão da comissão de frente. Então, acho que a gente tem tudo para poder fazer aí uma boa temporada de ensaios, porque o time se conecta muito fácil. Algumas coisas que podem acontecer de interação são muito fáceis de serem feitas. Portanto, tenho certeza que estamos indo para uma temporada de bons ensaios”, ponderou o mestre-sala.

“É sentir a energia da escola, entender como está o andamento, principalmente, para que a gente possa adaptar a coreografia realmente no tempo certo. Tem uma diferença grande do samba na gravação para o ao vivo. No ensaio de rua, a gente consegue conectar isso direitinho. Também tem essa coisa do entrosamento, a questão da saída da comissão para a nossa entrada nos módulos de julgamento, a nossa saída mesmo para o restante da escola vir, são coisas fundamentais que só temos uma noção muito maior de como vai funcionar nos treinos ao ar livre. Além disso, é bom para entender como está a bateria, o Nêgo, então tudo isso é um conjunto para que a gente possa executar da melhor forma possível o trabalho”, pontuou a porta-bandeira, logo em seguida.

Neste primeiro ensaio de rua, a dupla apostou em uma dança veloz, marcada pela intensidade, que mesclou o bailado tradicional com passos coreografados. Repleta de giros, a apresentação dos dois contou com bastante troca entre eles, fruto dos anos de parceria. Nem mesmo o vento forte comprometeu a performance do casal, que conseguiu driblar as dificuldades de maneira eficiente. No bate-papo com a reportagem, Thiaguinho e Amanda afirmaram terem o costume de usar parte da coreografia oficial nos treinos de rua, até como forma de testar os movimentos e ver como eles funcionam dentro de uma realidade simulada de desfile.

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“A gente gosta de testar até para poder entender que movimento está funcionando ou não ao longo da pista. É diferente de quando você ensaia parado, além de não ter o fator da entrada e saída. Então, a gente gosta sim de, pelo menos, utilizar os elementos importantes da nossa coreografia nos ensaios de rua. Aliás, na maioria das vezes a gente executa a mesma coreografia para poder adaptar bem, ver o que está dando certo e o que não está, até para dar tempo de mudar alguma coisa, se necessário, ou acrescentar alguma coisa também”, relatou Amanda Poblete.

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“Temos que aproveitar o ensaio de rua para poder entender o tempo de desfile, o tempo de bateria, porque é diferente a gente treinar dentro de um estúdio com CD e treinar no áudio ao vivo. Então, é claro que a gente tem que aproveitar o máximo possível. Tem alguns detalhes da coreografia que a gente vai poupar ou fazer com menos volume para que fique esse mistério ainda, mas a gente vai tentar ao máximo botar em prática o oficial”, complementou Thiaguinho.

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Em 2024, a União da Ilha do Governador levará para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí o enredo “Doum e Amora: crianças para transformar o mundo!”, assinado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues. O tema é inspirado livremente no livro “Amoras”, do rapper e escritor Emicida, e em contos infantis do universo da literatura brasileira negra. A proposta é debater questões antirracistas e a intolerância religiosa, através do olhar infantil. A tricolor insulana será a quarta escola a cruzar a Avenida no sábado de Carnaval, dia 10 de fevereiro, segunda noite da Série Ouro, quando irá em busca do campeonato e do sonhado retorno para elite da folia carioca.