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Mangueira chama o povo daqui e junta o povo de lá para escolher samba da parceria de Pedro Terra para o Carnaval 2026
Por Allan Duffes, Matheus Morais, Luan Costa e Juliana Henrik
A Estação Primeira de Mangueira definiu na madrugada de sábado para domingo, por volta de 5h20, o seu samba-enredo para o Carnaval 2026. A parceria de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal, levou a melhor na disputa e será o Hino da agremiação na Marquês de Sapucaí. A Estação Primeira de Mangueira levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026 o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O enredo é assinado pelo carnavalesco da agremiação Sidnei França. E dá início ao triênio do centenário da agremiação. * OUÇA AQUI O SAMBA PARA 2026

“Temos um samba campeão e um samba grandioso como foi a história de Mestre Sacaca”, avalia Sidnei França, carnavalesco da Estação Primeira de Mangueira. “Nossa samba faz jus à grandiosidade do nosso enredo e de todo esse processo que começou no Amapá e que confirma essa vocação que a Mangueira tem, de contar os Brasis, de trazer à tona as histórias invisibilizadas”.
O compositor Pedro Terra destacou a ligação profunda entre sua trajetória e a Estação Primeira. Emocionado, lembrou que já são nove anos concorrendo na Verde e Rosa, com duas vitórias e cinco finais. Para ele, o samba vencedor carrega o DNA da Mangueira e, ao mesmo tempo, exalta o Amapá e a figura de Mestre Sacaca.

“A Mangueira é tudo na minha vida, minha inspiração. Quando a gente faz um samba, coloca o coração e o sangue verde. Trouxemos uma galera do Amapá para abraçar a gente, e vamos abraçar o povo do Amapá com a nossa garra. A Mangueira é uma árvore negra, fruto de resistência. Assim como a floresta preservada, ela é história de pé, preserva cultura, identidade e símbolos. Nosso samba une a preservação do Amapá com a identidade da Mangueira”.
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“Foi a minha oitava vitória na Estação Primeira. Na maior escola de samba do planeta. É uma emoção que não tem explicação. Eu vou me doar o máximo. Eu vou fazer de tudo para a Mangueira ser campeã no carnaval, em 2026. Pois nós temos hoje o melhor samba do carnaval”, garantiu o compositor Igor Leal.
Estreante nas disputas da Estação Primeira, Herval Neto não escondeu a emoção de já conquistar sua primeira vitória. Ele ressaltou a simbologia do samba dentro da preparação da escola para os 100 anos que serão celebrados em 2028.

“É um samba que prepara a Mangueira para o centenário. Quando a gente fala “árvore mulher Mangueira quase centenária”, a emoção vem demais. Que Benedita de Oliveira, mãe da nossa história, continue abençoando todo o povo da Mangueira e o povo do Amapá, que foi tão bem-vindo. Eu amo a Mangueira. É o primeiro samba que eu disputo e eu ganhei, estou muito feliz”.
Aos 74 anos, Paulo Cesar Feital viveu na quadra da Mangueira uma emoção que descreveu como “um presente de Deus”. Experiente compositor de festivais e concursos, ele afirmou que vencer na Verde e Rosa foi comparável à sensação de sua primeira conquista ainda adolescente.

“Conservar o espírito jovem é essencial. Ganhar na Mangueira me emocionou como se eu tivesse 18 anos. Embora o corpo envelheça, o espírito precisa se manter jovem. Essa emoção, especialmente vindo de uma escola tão tradicional e grandiosa, é gratificante demais”.
Sobre o processo de criação, Feital destacou a força do grupo e o impacto do refrão principal.

“A composição foi muito fácil porque é um grupo de grandes compositores. Acredito que o refrão “A magia do meu tambor” seja particularmente impactante. A letra é primorosa e não digo isso por mim, mas pelo todo. Tivemos adversários à altura, mas a totalidade do nosso samba é o que mais me inspira e me comove”.

Dudu Azevedo: ‘Vem uma plástica muito bonita da Mangueira’
O diretor de carnaval da Estação Primeira de Mangueira, Dudu Azevedo, fez uma avaliação positiva do trabalho realizado em 2025 e destacou que a base será mantida para o desfile de 2026. Ele ressaltou o planejamento conjunto e a importância da estrutura que a escola conseguiu levar para os ensaios.
“A gente fez um trabalho muito de equipe. Toda segunda-feira, depois do ensaio na Visconde de Niterói, a gente sentava pra bater um papo e acertar. A condição que a presidente deu pra gente ensaiar em uma rua do tamanho da avenida, com recuo no mesmo padrão, trouxe organização que levamos para a Sapucaí. Isso deu muito certo. A continuidade para 2026 é exatamente em cima do que deu certo em 2025. A Mangueira vai desfilar com três mil componentes e cinco alegorias, sendo uma acoplada”.

Sobre a parte plástica, Dudu ressaltou a felicidade de Sidnei França, carnavalesco da escola: “Vendo o Sidnei feliz, a gente sabe que vem uma plástica muito bonita da Mangueira”.
Dudu também comentou a adaptação às cabines de jurados espelhadas no Sambódromo: “Comissão de frente, casal e demais segmentos estão ensaiando estratégias para os dois lados. O trabalho é justamente esse: preparar para continuar buscando a excelência e a nota máxima”.
Dowglas Diniz: ‘Cantar na Mangueira é o amor da minha vida’
Promovido a cantor oficial solo da Mangueira, Dowglas Diniz falou da emoção ao receber a notícia diretamente da presidente Guanayra Firmino. “Foi repentino, da forma como aconteceu. A presidente me chamou, disse que confiava em mim, que a escola confiava em mim. Fiquei surpreso, mas aceitei com muita felicidade. Estou preparado, tenho estudado e me dedicado muito. Vai ser gratificante honrar tantas pessoas na grande Mangueira”.

Cria do Morro da Mangueira, Dowglas não esconde a responsabilidade de suceder nomes históricos. “Assumir o microfone por onde passou Jamelão dobra a responsabilidade. Mas, por ser cria daqui, apesar da cobrança, também tenho apoio intenso da comunidade. No fim, é tranquilo, porque cantar na Mangueira é o amor da minha vida”.
Ele também ressaltou a sintonia com os mestres de bateria. “É uma irmandade. Nós fomos formados juntos na Mangueira do Amanhã. Eu vim da bateria, tudo fica mais fácil. Essa troca e consultoria em conjunto é muito grande, e facilita muito nosso trabalho”.
Abordagem inovadora na construção do enredo
Os enredistas da Mangueira, Felipe Tinoco e Sthefanie Paz, exaltaram o amadurecimento do desfile de 2025 e a escolha inovadora do enredo de 2026, que homenageia Mestre Sacaca, figura emblemática do Amapá. “O enredo de 2025 evoluiu em paralelo à compreensão da comunidade. Foi um trabalho de consolidação e comunicação da escola, com destaque para o Manifesto Reabanta, lançado na véspera do carnaval”, disse Tinoco.
Sobre a escolha do tema de 2026, Sthefanie explicou: “Buscávamos um enredo que refletisse a identidade da Mangueira e trouxesse uma nova perspectiva. Sacaca é uma figura afro-indígena do Amapá que incorpora elementos das culturas afro e indígena. Mantivemos a essência da Mangueira, mas introduzimos uma abordagem inovadora”.

A dupla destacou a troca cultural com o estado do Amapá: “Foi muito enriquecedor. Estivemos lá diversas vezes, e eles também vieram participar dos nossos eventos. Conhecemos familiares e pessoas próximas a Sacaca. Fizemos pesquisa bibliográfica e imersão cultural. Foi uma experiência gratificante”, ressaltou Tinoco.
Sobre a parceria com o carnavalesco Sidnei França, Sthefanie destacou a sintonia da equipe: “É uma relação de sinergia e diálogo constante. Eu, Tinoco e Sidnei estamos sempre alinhados no que precisamos entregar”.
Tinoco completou: “Sidney formou uma dupla apaixonada pela Mangueira, dedicada ao barracão e a cada fase do projeto. Nosso trabalho é movido por profissionalismo e paixão”.
Casal diz: ‘Vocês podem aguardar uma roupa linda, emocionante’
O casal “Furacão”, formando por Matheus e Cintya, fez fez um balanço do último carnaval e destacou o aprendizado que a experiência trouxe para a dupla. “Cada carnaval é um carnaval, cada samba é um samba. O de 2025 foi um grande aprendizado para todos nós, e encerramos esse ciclo com lições importantes”.
“Foi muita dança, muito furacão e, acima de tudo, Mangueira entendendo que a gente fez o melhor. A despontuação não estava na nossa dança, esteve na fantasia, na bandeira. E a gente entender que o nosso trabalho foi entregue, como a maioria, na pontuação, entregue, foi muito bem feito”, avaliou o mestre-sala.
Sobre a fantasia que o casal apresentará em 2026, a porta-bandeira adiantou que será um dos pontos altos do desfile: “Vocês podem aguardar uma roupa linda, emocionante. É uma fantasia que vai encantar a todos, já encantou a mim, ao Matheus e também à nossa presidente Guanayra Firmino. Mas, junto da beleza, vem muito trabalho. Fizemos uma imersão no estado, conhecemos o marabaixo e podem aguardar que terá um pouquinho dessa dança em nossa apresentação. Não vamos exagerar, mas esse toque estará presente tanto na quadra quanto na avenida”.

O samba escolhido, segundo Cintya, também será um aliado para o casal na Sapucaí: “É um samba que fala do Mestre Sacaca, que empolga, que traz alegria e a energia da Mangueira. Ele também dialoga com o marabaixo, que é um dos pontos fortes desse enredo. Isso nos ajuda muito a transmitir emoção na avenida”.
Cintya também comentou o desafio da nova cabine de jurados espelhada no Sambódromo: “Vai nos tirar da zona de conforto, com certeza. Sempre trabalhamos voltados para um lado, e agora precisamos pensar nos dois. Mas acredito que a cabine dupla veio para mostrar a capacidade de todos os casais, não só o da Mangueira. Podem aguardar uma linda apresentação”.

“Repertório, acho que é o mais importante para o casal furacão, é ter repertório, independente de cabine espelhada. A gente entende que tem repertório para dançar tanto na espelhada como na normal. O mais importante é que a gente entende que isso não é um desafio. Isso faz parte do nosso repertório, que é o mais importante pra gente. Não vamos ver como um desafio, mas sim como algo a mais para nossa dança. Estamos muito felizes com essa mudança e com o poder de transformar isso em trabalho”, contou Matheus.
Vai ter Marabaixo na bateria da Mangueira
Os mestres de bateria Rodrigo Explosão e Taranta Neto fizeram um balanço positivo da atuação da Mangueira em 2025, apesar dos ajustes que ainda precisam ser feitos para o próximo Carnaval. “O último desfile da Mangueira, pra gente, foi muito satisfatório. Pegamos o samba, que era desacreditado. Conseguimos trabalhar e deixar ele em alta. Graças a Deus, deu tudo certo. Isso é tudo construção junto com trabalho. E, no final de tudo, foi um dos mais ouvidos do Carnaval. Assim, o último Carnaval para a gente foi perfeito. Agora vamos pra 2026”, afirmou Rodrigo. Já Taranta destacou a necessidade de corrigir alguns pontos internos: “Acho que o desfile do ‘Amém’ 25 da Mangueira foi muito bom. Tivemos mais pontos positivos do que negativos, só que os negativos fizeram a gente parar lá atrás, sem voltar nas campeãs. É coisa que a gente precisa acertar dentro de casa. Barracão, quesitos… mas acredito que já estamos nesse caminho de acertos”.

Pensando no samba escolhido para 2026, ambos confirmam que o trabalho de criação já começou. “A gente estava trabalhando os quatro sambas. Já tínhamos algumas ideias em mente. Agora é continuar ouvindo para a melodia ficar mais natural, entrar no sangue, e terminar de encaixar as bossas no samba, para ser mais um carnaval grande para a Mangueira”, explicou Rodrigo. Taranta complementou: “A única ideia concreta que já tínhamos era o marabaixo, que colocaríamos em qualquer samba que ganhasse. Agora, com o samba escolhido, começamos imediatamente a trabalhar porque já temos a gravação marcada. Nossa vida passa a ser aqui na quadra até o desfile”.
Vitor Art destaca evolução musical e parceria com Digão no carro de som
O diretor musical da Mangueira, Vitor Art, que divide a função com Digão do Cavaco, avaliou positivamente o trabalho desenvolvido em 2025. Segundo ele, a escola conseguiu implantar ideias antigas e amadurecer processos. “Coisas que imaginávamos há 10 anos, hoje conseguimos executar porque o processo exige tempo. Não é de um carnaval para o outro que se tem evolução. Muitas vezes pensamos, executamos, erramos, ensaiamos, voltamos. Às vezes não fica da maneira que acreditamos, então tiramos, repensamos e buscamos novas possibilidades. Acho que estamos numa crescente, evoluindo para chegar onde realmente queremos”, afirmou.

Entre os pontos destacados, Vitor ressaltou a convivência com o intérprete Dowglas. Para ele, o entrosamento é fruto de uma relação construída desde os tempos da Mangueira do Amanhã. “De modo geral, é muito fácil e muito bom, porque nos conhecemos há muito tempo. Sabemos nossas qualidades e defeitos, e isso ajuda muito no trabalho. Trabalhar com o Dowglas é ainda mais tranquilo porque acompanhamos a trajetória dele desde a escola mirim. Hoje, tê-lo como voz principal, dividindo com o Marquinhos, foi muito importante nessa transição de responsabilidades. É gratificante ver o crescimento dele desde o início”.
Harmonia em equilíbrio
Integrante da comissão de harmonia, Valber Frutuoso explicou como a equipe divide suas responsabilidades. “Somos sete na comissão, cada um com funções específicas: montagem do roteiro, relação palco-bateria, arregimentação de segmentos. É um trabalho coletivo, com todos envolvidos. A gente faz o trabalho inicial aqui, quinta-feira, com a comunidade aprendendo o samba. Assim, quando vamos para a rua, todos já dominam o canto e os detalhes”.
Valber também falou da relação com o diretor de carnaval: “O Dudu é extremamente competente, organizado e dialoga muito. É um super parceiro, nosso grande coordenador. E a presidente é nossa grande mestra”.

Por fim, comentou sobre o julgamento do quesito harmonia: “O equilíbrio é fundamental. Não se pode cobrar de quatro mil componentes a mesma precisão vocal exigida do carro de som. O importante é que os julgadores tenham bom senso, equilíbrio e coerência, para que o trabalho da escola seja avaliado da forma mais justa possível”.
Como passaram os sambas na final
Parceria de Alexandre Naval: O primeiro samba a entrar na disputa da grande final foi assinado por Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço. Logo de cara, a defesa contou com a potência e a experiência de Wantuir, que fez uma apresentação de impacto. Mas, antes mesmo de os intérpretes subirem ao palco, já era possível sentir a força da obra: o público puxou os versos com entusiasmo. A torcida veio preparada. Além da quantidade impressionante de bandeiras, muitos levantaram luzes que simulavam velas, criando um clima especial e diferente. O resultado foi uma recepção calorosa do público que acompanhava a final. Um dos momentos mais marcantes foi a chegada do trecho final: “Canta! No terreiro oração se dança! / No toque de caixa ligeiro / A bandaia se faz entender / Samba! / No Laguinho, rei sentinela / Com os crias da favela / A floresta vai vencer!”. Esses versos abriram caminho para o refrão principal com intensidade, trazendo a sensação de que a obra ganharia ainda mais corpo logo adiante. Durante o período em que apenas o público segurou o canto, o samba não perdeu força nem ritmo, mostrando consistência e firmeza.
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Parceria de Pedro Terra: O segundo samba da noite veio da parceria de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal, com uma interpretação brilhante de Tinga. Cercado de grande expectativa pela trajetória que construiu ao longo da disputa, o samba atraiu todos os olhares na quadra e correspondeu plenamente: foi uma apresentação de nível campeão, com força, emoção e empolgação na medida certa. Em nenhum momento houve queda no rendimento; pelo contrário, a obra cresceu ao longo dos 25 minutos, inclusive no trecho de coro da torcida. O ponto alto ficou por conta do refrão final: “Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá / Na Estação Primeira do Amapá”. Essa parte caiu de vez no gosto da galera e foi entoada de forma animada e coesa a cada passada. A sintonia era tanta que foi possível ver diversos segmentos da escola cantando com entusiasmo.
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Parceria de Francisco Lino (Amapá): A terceira parceria da noite veio diretamente do Amapá e marcou presença na final. A obra, assinada por Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa, chegou acompanhada de uma torcida animada. No entanto, o samba acabou sendo recebido de forma tímida pela quadra, com pouca adesão do público. O ponto de maior destaque ficou por conta do refrão: “Mangueira chamou: ‘Sacaca!’ / Minha voz ecoou na mata! / O meio do mundo é a nossa aldeia / Incorporou! A Amazônia é negra!”, que ganhou mais força e vibração ao longo dos 25 minutos de apresentação. Vale destacar que essa recepção não esteve ligada ao desempenho dos cantores, que fizeram uma apresentação segura e satisfatória.
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Parceria de Verônica dos Tambores (Amapá): Assim como a anterior, a última parceria da noite também veio do Amapá. A obra, assinada por Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antônio Neto, Clóvis Junior e Marcelo Zona Sul, conquistou a atenção total do público, que parou para acompanhar e recebeu a apresentação com entusiasmo genuíno, algo que chamou bastante a atenção. Um ponto importante foi a condução firme e vibrante por parte dos intérpretes. A expectativa era alta e, no fim, ficou a sensação de dever cumprido. Apesar de contar com uma torcida reduzida, a apresentação foi excelente e muito animada, com o público da quadra abraçando a obra e contribuindo para o clima. Entre os momentos de destaque, brilhou o refrão do meio: “É de manhã, é de madrugada / É de manhã, é de madrugada / Couro de sucuriju no batuque envolvente / Quilombola da Amazônia jamais se rende!”. Esse trecho sacudiu a quadra e funcionou muito bem em todas as passadas. Mesmo nos momentos em que o canto ficou centrado no público, o rendimento se manteve estável. No balanço geral, foi uma apresentação consistente, que reafirmou o favoritismo da parceria amapaense.
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Salgueiro 2026: ouça como ficou o samba-enredo após a junção
Compositores: Rafa Hecht, Samir Trindade, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Fabrício Sena, Deiny Leite, Felipe Sena, Ricardo Castanheira, JP Figueira, Deco, Marcelo Motta, Dudu Nobre, Julio Alves, Manolo, Daniel Paixão, Jonathan Tenório, Kadu Gomes, Zé Moraes, Jorge Arthur e Fadico
Eu viajei nos rococós da ilusão
Arte que me inspirou
Reencontrei, no mundo de imaginação
Memórias que você criou
Dos livros revi personagens
Barrocas imagens de tantas lembranças
Na mesa, o alto luxo da nobreza
Rei, princesa e a imperatriz
Ao visitar meus sonhos de faz de conta
Me desenhei criança, voltei a ser feliz
Que ti-ti-ti é esse pelo mundo a me levar?
Naveguei sem sair do meu lugar
Aportei no dia 22 de abril
À sombra de um pau-brasil
Assim descobri meu país
Fauna e flora, pelo seu olhar
Os donos da terra brasilis…
Um jegue me fez balançar…
Nas prateleiras do lado de cá do Equador
Devorei a nação
Andar na Ouvidor virou caso de amor
Pro meu coração
Mestra, você me fez amar a festa
E eu virei carnavalesco
Sonhei ser Rosa, te faço enredo
Mestra, você me fez amar a festa
Tantos alunos por aqui
Segue o legado na Sapucaí!
O LELÊ! EIS A FLOR DOS AMANHÃS
A DÉCIMA ESTRELA BRILHA EM ROSA MAGALHÃES
ONDE O SAMBA É PRIMAVERA, QUE FLORESCE EM FEVEREIRO
NEM MELHOR, NEM PIOR… SALGUEIRO!
Dia histórico na Academia! Salgueiro faz neste sábado a final de samba e leitores apontam favoritismo para parceria de Adnet
O sábado será histórico para o Salgueiro. A escola vermelha e branca do Andaraí realiza a grande final de samba-enredo que definirá o hino oficial para o Carnaval 2026. Em enquete realizada com leitores do CARNAVALESCO, a parceria de Marcelo Adnet foi apontada por 77,3% dos votos como a favorita para vencer. A parceria de Marcelo Motta recebeu 11,7% e a parceria de Rafa Hecht ficou com 11%.

Em uma noite intitulada ‘Um Samba para Rosa – A Final Vermelha e Branca’, o show será dividido em dois atos. O primeiro, coreografado por Paulo Pinna, será dedicado à homenagem a Rosa Magalhães, exaltando a trajetória da artista. Já o segundo ato, coreografado por Carlinhos Salgueiro, contará com a presença do elenco show da Academia do Samba, relembrando os sambas clássicos que marcaram a história do Torrão Amado. Logo em seguida as obras finalistas sobem ao palco para uma última apresentação em uma noite que promete ser inesquecível.
Para o presidente Andre Vaz a final de samba é uma das datas mais importantes do carnaval e a expectativa da noite está alta. “Será um espetáculo de muita emoção, arte e samba. Estamos preparando uma festa linda. A escolha do samba é sempre um momento marcante para a nossa comunidade, e temos certeza de que o Salgueiro sairá ainda mais forte para o Carnaval de 2026”.
O Salgueiro levará em 2026 para a avenida o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, uma homenagem à eterna carnavalesca Rosa Magalhães, a maior campeã da Sapucaí.
Assinado por Jorge Silveira, em parceria com o curador Leonardo Antan, o enredo propõe um cortejo lúdico inspirado no universo criativo de Rosa, com passagens por bibliotecas encantadas, reinos imaginários e personagens dos contos de fadas, da mitologia e do folclore brasileiro. O Salgueiro encerrará os desfiles do Grupo Especial na terça-feira de Carnaval, dia 17 de fevereiro de 2026, fechando com chave de ouro a última noite de folia na Marquês de Sapucaí.
Para quem não puder estar na quadra neste sábado, o show contará com transmissão ao vivo pelo canal Salgueiro TV no YouTube, a partir das 23h.
SERVIÇO
Final de Samba-Enredo 2026
Data: Sábado, 27 de setembro
Abertura da quadra: 20h30
Transmissão: 23h no YouTube (Salgueiro TV)
Endereço: Rua Silva Teles, 104 – Andaraí, Rio de Janeiro
Vendas Online: Guiche Web
Mangueira escolhe samba neste sábado e leitores do CARNAVALESCO apontam favoritismo para parceria de Pedro Terra
A Estação Primeira de Mangueira chega neste sábado à etapa final das eliminatórias de samba-enredo para seu Carnaval 2026. A partir das 22h, no Palácio do Samba, os sambistas vão poder conferir o show inédito “Mangueira porta-voz da cultura popular” e, em seguida, a disputa que vai determinar qual será o Hino da agremiação na Marquês de Sapucaí. A parceria de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, César Feital, Herval Neto e Igor Leal foi eleita favorita por 59,1% dos leitores do CARNAVALESCO. A parceria de Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antônio Neto, Clovis Junior e Marcelo Zona Sul recebeu 38,8%, a parceria de Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila
Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa ficou com 1,5% e a parceria de Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço com 0,6%.

“Estamos encerrando esta etapa do nosso Carnaval com muito orgulho e satisfação”, avalia a presidente da Mangueira, Guanayra Firmino. “Começamos lá no Amapá, ao lado do Rio Amazonas. E vamos terminar com o abraço da nossa comunidade, que está feliz com a safra de sambas que recebemos e com as excelentes possibilidades para nosso desfile”, conclui.
O show inédito “Mangueira, a cara do povo” vai mostrar de que maneira a Verde e Rosa homenageia personagens importantes do Brasil. “Esse ano, falamos de Mestre Sacaca”, lembra Fábio Batista, diretor artístico da Mangueira. “Mas temos uma tradição de falar da trajetória de personalidades importantes da nossa cultura, abordando também as regionalidades”, avalia.
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Cada parceria terá 25 minutos para se apresentar no próximo sábado. Nos dez, a Bateria e Palco param para ouvir a quadra. Teremos uma passada ouvindo a quadra. Bateria e Palco retornam até completar 25 minutos.
A Verde e Rosa recebeu no total 22 sambas neste ano, sendo seis do Amapá, onde uma delegação da escola esteve presente para escolher os finalistas do estado, e 16 no Rio de Janeiro. Dois deles estão presentes na final.
A Estação Primeira de Mangueira levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026 o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O enredo é assinado pelo carnavalesco da agremiação Sidnei França. E dá início ao triênio do centenário da agremiação.
Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria da quadra.
Serviço:
Final das Eliminatórias de Samba-Enredo da Mangueira
Data: 27/09
Horário: 22h
Ingressos antecipados à venda no Sympla.
Com ‘lado nessa luta’, Gaviões da Fiel escolhem samba para defender Vozes Ancestrais no Carnaval 2026
Por Gustavo Lima e Will Ferreira
Na fria noite de sexta-feira na cidade de São Paulo, os Gaviões da Fiel escolheram o samba que embalará o enredo “Vozes Ancestrais para um Novo Amanhã”, desenvolvido pelos carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira e que será o quarto a desfilar no sábado de carnaval durante o Grupo Especial da cidade. Em uma equilibradíssima final, a parceria vencedora é a do Samba 04 da eliminatória, formada pelos compositores Renato do Pandeiro, Rica Leite, Luciano Rosa, Cacá, Vini, Beto Cabeça, Don Souza, Portuga, Alves, Willian Tadeu e Biro. Sempre presente em datas importantes para as escolas de samba paulistanas, o CARNAVALESCO entrevistou personagens importantes da Torcida Que Samba no evento.

Encontros presenciais para Vozes Ancestrais
Ao ser perguntado sobre como foi o processo de composição da parceria, Rica Leite destacou que os compositores preferiram marcar reuniões pessoais: “A nossa parceria preza muito pelo encontro presencial. Nada substitui o olho no olho, sentir a parte melódica e rítmica que realmente toca o coração. Ajustamos muita coisa de letra pelo WhatsApp, hoje em dia é mais fácil, mas conseguimos mostrar o que queríamos: compor um samba harmônico, no qual as palavras indígenas realmente tocassem o coração e, ao mesmo tempo, tivessem uma dicção clara para o cantor”, destacou.
Relembrando a apuração deste ano, Rica destacou que é possível fazer um samba com enredo originário com versos mais simples do que muitos esperam: “Os Gaviões, em 2025, trouxeram um samba muito bonito, mas acabou perdendo nota por causa da letra. Queríamos provar que, mesmo com palavras difíceis, tudo é possível. Então, compusemos um samba em que os termos indígenas soassem naturais e fáceis para quem fosse cantar. Acredito que esse foi o nosso diferencial”, comentou.

Versos e sinopse
Ao ser perguntado sobre qual parte da sinopse distribuída pelos carnavalescos mais chamou atenção dos compositores, Rica já destacou qual é a parte favorita do samba escrito por ele próprio: “Eu destaco os versos: ‘Ó mãe hostil, só uma vez escute os filhos desse solo/A quem foi negado o seu colo’. Desde o início, junto com meus parceiros, queríamos começar o samba com essa força. Tivemos várias frases nesse sentido, mas a ideia era pedir à nossa pátria que, pelo menos uma vez, ouvisse seus filhos. E deu certo”, comemorou.
Beto Cabeça também destacou qual a parte favorita dele em relação à obra: “Eu gosto muito dos dois refrãos. Para mim, são eles que vão levantar o Anhembi. Aquela mensagem vai incendiar a Monumental. Imagina a arquibancada vindo abaixo com o refrão ‘Eu estou pronto para a guerra’. Para mim, é a melhor parte do samba”, garantiu.
Quem também elenco preferências foi Vini: “Eu gosto muito quando a melodia conversa com a letra. Na metade final da segunda parte, quando criticamos a forma como o país trata os povos indígenas, o samba se transforma em uma verdadeira aula de história, como todo o enredo. É algo parecido com o que o Salgueiro levou para a avenida em 2024. Até comentei na época que era uma aula de história. Nessa parte, em que cantamos ‘Ó mãe hostil’, a melodia chora junto com a letra. Para mim, essa é a parte mais emocionante. Claro, temos um refrão muito forte, chiclete mesmo, mas esse trecho toca diretamente no objetivo central do enredo”, comentou.

Confiança da direção
Os mandatários dos Gaviões da Fiel foram nominalmente citados em entrevistas com os compositores. Rica começou: “Quero agradecer muito ao vice-presidente Fábio Câmara, o Fantasma, e ao presidente Alexandre Domênico Pereira, o Alê, porque sei que eles bateram no peito por isso. Vamos para a avenida com esse samba para os Gaviões ser campeões. Para mim, pouco importa se for o meu ou de outro. Se a entidade ficar em terceira ou quarta, não faz sentido. Eu quero um samba que coloque os Gaviões em primeiro. O importante é a escola ser campeã. E é isso que quero fazer em 2026. Anota aí: os Gaviões vão estremecer a avenida! ‘Yandê, Yandê’ significa ‘Nós vamos estremecer a terra’”, afirmou Rica.
Vini seguiu: “Até o presidente Alê falou que a sensação é como um pênalti. Eu já tinha comentado isso antes, enquanto a gente esperava: parecia uma disputa de pênaltis, mas só com uma cobrança. Estávamos todos em tensão, parecia que demorou muito para sair a decisão da escola, e todo mundo ficou agoniado. Quando veio o resultado, foi um misto de alegria, êxtase e alívio ao mesmo tempo, porque os três sambas estavam na expectativa. O resultado trouxe várias sensações: já estávamos naquela ansiedade, mas no fim foi um prazer imenso. Essa foi minha segunda oportunidade de ter um samba na avenida pelos Gaviões. Acho que só amanhã vou começar a entender melhor tudo isso. Hoje ainda não caiu a ficha”, emocionou-se.

Ideia e tensão
Ao longo da apresentação do Samba 04, alguns trechos da obra foram destacados em imensas faixas levantadas pela torcida. Vini destacou a ideia ao falar de tal situação: “Nós já tínhamos um padrão definido de levar bexigas, bandeiras, e até uma bandeira com parte do refrão. Então pensei: ‘Por que não fazer como uma réplica dos estandartes da torcida?’. Montamos uma estrutura lá na arquibancada e trouxemos essa ideia também para o palco, mas para abrir e mostrar para o público na quadra a força do nosso refrão. Apostamos muito nele. Imagino que aquela uma hora de discussão na sala tenha sido por causa disso. O nosso diferencial pode ter sido justamente reforçar essa parte que entendíamos ser o ponto mais forte da música”, refletiu.
Após a apresentação dos três finalistas, foram cerca de quarenta e cinco minutos de espera para que o resultado fosse revelado. Sobre tal período, Vini foi franco: “A safra deste ano foi muito boa. Já na semifinal havia opiniões de todos os lados, muita conversa e muitos debates. Acho que isso torna tudo ainda mais especial, porque a disputa foi bem acirrada. A própria demora na decisão mostra isso. A gente não sabe o que aconteceu na sala, mas certamente a escolha foi amplamente discutida, e isso é positivo para a agremiação. Para nós, compositores dos três sambas finalistas, ficou a agonia, mas também a certeza de que todos tinham condições de ir para a avenida. Se a diretoria demorou, é porque analisou cada detalhe antes de decidir. E isso torna o resultado ainda mais especial”, pontuou.
Presidente engajado
Mostrando muita conexão com a comunidade e a Torcida Que Samba, Alê, presidente dos Gaviões da Fiel, destacou que até mesmo uma famosa rede social deixou claro o equilíbrio na decisão: “Foi uma decisão muito difícil. Inclusive, cheguei a fazer uma enquete no meu Instagram e vi que estava bem equilibrado. Acho que realmente ficaram os três melhores. A escolha foi complicada em todos os quesitos, em todos os setores do carnaval. Estou bem esperançoso para ver esse samba na avenida”, pontuou o mandatário.

O presidente aproveitou para relembrar a polêmica perda de décimo no elogiadíssimo samba-enredo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”: “Fizemos um carnaval gigantesco este ano e faltou muito pouco para sermos campeões. Faltou o jurado ouvir ‘Odara’, mas não vamos entrar muito nesse mérito, já passou. Não vou dizer que estamos conformados, porque seria mentira, mas é bola pra frente. Estou muito confiante. Os compositores fizeram um excelente trabalho e foi muito difícil escolher esse samba. Quando entramos na salinha, a expectativa foi enorme até entre nós. Mas pode ter certeza: saiu o samba campeão do próximo carnaval”, prometeu.
Felicidade de personalidades
Eterna Voz da Fiel e vencedor do Estrela do Carnaval (organizado e concedido pelo CARNAVALESCO) de melhor intérprete do carnaval 2025 de São Paulo, Ernesto Teixeira foi sucinto ao avaliar não apenas o samba campeão como também a final da eliminatória: “Ouvimos e assistimos às apresentações de três sambas excelentes, que traduziram muito bem o enredo e trouxeram letras e melodias muito fortes. Os Gaviões, em 2026, estarão muito bem representados por uma magnífica obra em uma final muito equilibrada”, pontuou o cantor.

A dupla de carnavalescos também elogiou a obra, a começar por Rayner Pereira: “A gente teve uma conversa bastante proveitosa com todos os compositores – tanto que recebemos 23 sambas. Foram três dias de audições para tentar escolher, e foi uma tarefa bem difícil definir os seis que chegariam à semifinal. Já sabíamos que, entre esses seis, qualquer um poderia ser o campeão. Hoje, tivemos uma ‘dor de cabeça boa’, porque os três finalistas se encaixaram perfeitamente no modelo de desfile que vamos apresentar – mas, com sapiência, fizemos uma ótima escolha”, definiu.
Julio Poloni concordou com o companheiro: “É exatamente isso. Tivemos a sorte de contar, mais uma vez, com uma safra muito boa. Mas não é apenas sorte: é muito trabalho também, muita conversa com os compositores, ajustes e plantões. Fizemos uma explanação bastante detalhada e tivemos muito cuidado na construção do enredo, dessa história que vamos contar, para que ela tenha uma força especial. Acreditamos que estamos no caminho certo, e a qualidade dos sambas finalistas e do campeão confirma isso”, arrebatou.

Samba a noite inteira
Como é tradicional no Bom Retiro, os Gaviões da Fiel rechearam o evento com sambas marcantes e shows de segmentos. Para começar, casais de mestre-sala e porta-bandeira, Harmonia Guerreira, Velha Guarda, Ala das Baianas, Departamento Cênico, Comissão-de-Frente, passistas, Ala das Crianças e Destaques se apresentaram ao som de alusivos e sambas-enredo da agremiação.
Também houve tempo para a despedida oficial do carnaval 2025, em encenação dividida em três atos (com casais de mestre-sala e porta-bandeira e comissão-de-frente inclusos), antes das apresentações finais dos sambas finalistas: primeiro, o 01; depois, o 04; e, por fim, o 09.
Enquanto a comissão julgadora definia o campeão, o pavilhão do enredo foi trocado e entregue para o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira.
Alupo, meu senhor, Alupô! Parceria de Valtinho Botafogo vence a disputa de samba da Portela para o Carnaval 2026
Por Allan Duffes, Guibsom Romão, Matheus Vinícius e Marcos Marinho
A Portela definiu na manhã deste sábado o hino oficial que vai embalar seu desfile no Carnaval 2026. Por volta das 5h40, foi anunciada a vitória do samba-enredo da parceria de Valtinho Botafogo, Raphael Gravino, Gabriel Simões, Braga, Cacau Oliveira, Miguel Cunha e Dona Madalena. “O Mistério do Príncipe do Bará — A oração do negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande” é o enredo que a águia de Oswaldo Cruz e Madureira levará para Marquês de Sapucaí, quando será a terceira escola a cruzar a Avenida no domingo de carnaval, em um desfile que homenageará o Príncipe Custódio, figura histórica e espiritual da cultura afro-gaúcha do século 19. O projeto artístico terá assinatura do carnavalesco André Rodrigues. Em recuperação de uma cirurgia, o intérprete Gilsinho não participou da final. * OUÇA AQUI O SAMBA DA PORTELA

Um dos nomes vencedores da disputa da Portela, Valtinho Botafogo celebrou com emoção a vitória e lembrou das dificuldades enfrentadas pela parceria ao longo do caminho.

“Aqui é minha casa! Eu fiquei tanto tempo sem ganhar… Eu tive que reformular toda a parceria. Eu tive duas perdas na minha parceria, perdas que me deixaram um sentimento de tristeza. Mas a gente se abraçou e refez o processo. Foram anos tentando, tentando, tentando, e hoje eu me sinto abençoado. Este ano eu me dediquei à Portela, à sinopse, à explanação, a todos. Achei que este seria o meu ano. Esta é a minha terceira vitória na Portela. Muito feliz por ganhar em uma escola que é difícil, que tem uma ala de compositores com grandes nomes. Me sinto orgulhoso de estar aqui. Tenho certeza de que a gente vai pra avenida com um grande samba e com essa nova diretoria. A Portela tem que ser protagonista, tem que estar brigando”.
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Estreante em finais de samba na Portela, Raphael Gravino comemorou o título ao lado dos amigos de longa caminhada.

“Cheguei na minha primeira final, com grandes amigos, grandes parceiros. Graças a Deus conseguimos o êxito que estávamos procurando há muito tempo. A Portela merece ter um samba do quilate que ela tem hoje. Eu só sei agradecer. Muito obrigado, Portela. A minha parte favorita é ‘A chama não se apagará’. É autoexplicativo!”
Também vindo da Filhos da Águia, escola mirim da Portela, Gabriel Simões viveu uma noite inesquecível e não conteve as lágrimas ao falar sobre a conquista.

“É uma emoção indescritível, um sonho de infância. Eu, assim como meu parceiro Raphael Gravino, começamos fazendo samba na Escola Mirim. Tivemos a oportunidade de assinar composições lá e hoje estamos aqui vencendo na Escola Mãe. É uma conquista que parecia distante, mas que hoje se realiza. É a escola da minha mãe, da minha avó… estou muito emocionado, muito feliz. É, com certeza, a maior conquista da minha vida. O que mais mexe comigo é o refrão, principalmente o verso ‘A Portela Reunida Carregada no dendê’. Esse trecho traz a ideia de família, de união, da Portela quente na avenida com a essência do Bará. Isso me toca profundamente. Estou realizado por mim e pelos meus parceiros”.
‘Pode esperar uma gestão com uma equipe muito competitiva’
O presidente da Portela, Junior Escafura, viveu intensamente a noite de escolha do hino oficial para 2026. Em suas palavras, a emoção da vitória veio acompanhada do sentimento de reconstrução e da certeza de que a escola está em um novo momento.
“É um misto de ansiedade, de emoção, de realização. Mas eu acho que o mais importante é a escola estar feliz, saber que a gente está caminhando, tentando fazer o melhor pela Portela”.
Escafura destacou que o samba escolhido reflete o desejo da comunidade e reforçou a proposta de uma gestão participativa e competitiva.

“Ganhou o samba que a escola queria. O samba que os componentes escolherem, esse vai é o hino oficial da Portela para o 2026. Pode esperar muito trabalho. Uma gestão com uma equipe muito competitiva, para entregar o Carnaval que o portelense deseja e a Portela precisa fazer.”
O presidente lembrou que os protótipos apresentados pelo carnavalesco André Rodrigues foram recebidos com entusiasmo e que essa reação positiva funciona como combustível para a diretoria.
“As fantasias foram muito elogiadas. Fizemos uma apresentação bastante festejada, principalmente pelo portelense. O portelense, estando feliz, é um combustível a mais para que possamos trabalhar e saber que estamos no caminho certo. O portelense quer uma Portela luxuosa, imponente, porque é assim que se faz a Portela. E nós vamos preparar uma Portela desse jeito”.
Nilce Fran: ‘Desfile à altura da Portela’
A vice-presidente, Nilce Fran, emocionou-se ao falar sobre a gestão e os preparativos: “Hoje meu coração está emocionado e feliz. Não foi fácil chegar até aqui, mas ver a Portela linda, confiante e feliz é um sonho se realizando. Estamos cuidando muito bem da comunidade e do barracão para que a Portela possa fazer um desfile à altura dela”.

Sobre o carnavalesco e a ancestralidade do enredo: “O André Rodrigues já entendeu a força da história de Custódio, um homem que semeou religiosidade e respeito pela ancestralidade. A Portela virá arrebatadora, linda e feliz em 2026”.
Julinho Fonseca: ‘Tudo é dividido em parceria’
Responsável pela harmonia da escola, Julinho Fonseca explicou como será a preparação da comunidade após a escolha do hino e ressaltou a importância da sintonia entre os segmentos da Portela.
“Depois que escolhe o samba, nós damos uma parada, até para acertar alguns ajustes, algumas frases mal acabadas, e passamos tudo para a comunidade. Começamos com ensaio de quadra, ensaio de canto, onde acertamos toda a parte vocal, para depois levar para a rua e testar a evolução”.

Julinho também destacou a parceria com o diretor de carnaval, Junior Schall, lembrando que a relação de confiança entre os dois vem de longa data.
“Talvez muita gente não saiba, mas nós somos amigos de infância. É uma relação de direção de carnaval com direção de harmonia, mas também de vida. Nós crescemos juntos no mesmo bairro e dividimos tudo, toda a logística, todo o chão da Portela. Graças a Deus vamos permanecer por muito tempo nessa amizade e nessa parceria”.
Marlon e Squel: ‘Uma coreografia em 360 graus’
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, Marlon e Squel, celebrou os resultados de 2025 e falou sobre os planos para o Carnaval 2026. Ele destacou a evolução da dupla ao longo dos anos e a expectativa para o próximo desfile:
“A gente conseguiu os 40 pontos, era o que almejávamos. Todo ano de estreia é complicado, mas no segundo ano conseguimos mostrar nosso trabalho com mais maturidade e sincronismo. O terceiro ano, 2026, vem exatamente com essa intenção. É uma dança mais tradicional, mesclando jovialidade e aquilo que acreditamos ser importante. Podem esperar uma coreografia ousada, técnica e emotiva, que envolva jurado e público. Vai ser mais um ano especial”.

Squel ressaltou a importância da continuidade e da preparação para manter o nível de excelência: “Uma nota 40 representa algo muito positivo. Para o próximo ano, é continuar se olhando, trabalhando e estudando para ajudar a escola a conquistar a 23ª estrela”.
A dupla ainda explicou como vai adaptar a apresentação para novas perspectivas com as cabines espelhadas: “Tudo que é novo assusta, mas é um desafio que estamos prontos para enfrentar. A nossa entrada coreográfica já está pensada para uma apresentação de 360 graus. Vamos manter essa coreografia para todas as cabines, pensando no público e no jurado”.
“Vamos trabalhar em 360, não será uma apresentação única. Precisamos adaptar o trabalho para todas as possibilidades da cabine”.
Mestre Vitinho: ‘maior bateria da Sapucaí’
O mestre de bateria, Vitinho, celebrou o enredo e a quantidade de ritmistas que estarão na avenida em 2026: “Desde que saiu o enredo da Portela dei graças a Deus, porque é muito bom falar da nossa cultura. Quando tenho um enredo que fala dos nossos ancestrais, é uma grande responsabilidade e felicidade estudar mais e conhecer nossa história. Já comecei a estudar e tenho muitas ideias para os arranjos. Estou satisfeito”.

Sobre a bateria, ele revelou surpresa e entusiasmo: “Estou muito surpreso com o que estou vivendo. Entrei com alguma dúvida, mas o novo sempre traz isso. A família Portela está acreditando no meu trabalho. Hoje estamos com 320 ritmistas liberados para desfilar, a maior bateria da Sapucaí, fora os que estão na lista de espera. É o primeiro trabalho meu com tanta gente de qualidade. Tenho que ter muito cuidado com o que vou escolher, porque todos são de excelência”.
Junior Schall: ‘A maior safra de todas as escolas’
Junior Schall, diretor de carnaval, fez um balanço do trabalho em 2025 e projetou o Carnaval 2026: “Passamos por uma eleição e estamos há pouco mais de quatro meses da administração de Júnior Escafura, Nilce Fran e Vilma Nascimento. É muito promissor termos quatro sambas de quilate elevado na final, garantindo uma disputa de alto nível. Estamos com a maior safra de todas as escolas, com 36 anos de história, abrangendo obras do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul”.

Ele falou também sobre a previsão de início dos ensaios de rua. “No início de novembro, o portelense terá uma boa surpresa com os ensaios de rua nos terreiros de Madureira, conduzidos junto da nossa comunidade. É fundamental para energia, técnica e para toda a escola”.
Enredistas explicam pesquisa
O enredista João Vitor Silveira detalhou o processo de pesquisa e desenvolvimento do enredo da Portela para 2026: “Pesquisamos muito, contando inclusive com o auxílio da professora Fernanda, para estruturar o enredo. Unimos a história do Príncipe Custódio, o negrinho do pastoreiro e o Bará, criando uma narrativa que revela a negritude do Rio Grande do Sul, mostrando sua riqueza cultural e histórica para o país e para o mundo”.

Já Marcelo Macedo destacou a importância da representação da comunidade do Sul e o papel histórico da escola: “Estamos muito felizes e emocionados com o reconhecimento da comunidade do Sul. Por muito tempo, essas pessoas foram invisibilizadas, e agora se veem representadas pela Portela. Isso reflete a tradição da escola como linha de frente no enfrentamento ao racismo no Brasil, mostrando respeito e valorização da cultura negra em todas as regiões do país”.
Como passaram os sambas na final
Parceria de Valtinho Botafogo: A disputa foi aberta com a parceria de Valtinho Botafogo e cia., sob interpretação de Pitty de Menezes. A apresentação foi intensa devido à animação da quadra, além do apoio da torcida dos compositores. O refrão principal cativou especialmente pelo verso “Portela carregada no dendê”. Além disso, o trecho “Alupo, meu senhor, alupô / Vai ter xirê no toque do tambor” envolve o público no segundo refrão. A segunda parte apresenta uma construção melódica interessante, inclusive na mudança de tom entre os versos: “DO SAMBA, A MAJESTADE EM CADA ORI / YALORIXÁ DE TODO AXÉ”. Outros versos que dão mais força ao samba são: “O PAMPA É TERRA NEGRA EM SUA ESSÊNCIA” e “ENQUANTO HOUVER UM PASTOREIO / A CHAMA NÃO SE APAGARÁ / NÃO HÁ DEMANDA / QUE O POVO PRETO NÃO POSSA ENFRENTAR!”.
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Parceria de Daiane Molet: A parceria gaúcha de Daiane Molet e cia. foi interpretada por Igor Sorriso. Um dos destaques do samba é a ponte para o refrão principal, que empolga o público, especialmente pelo bis com “VOA… COM A PORTELA AO APOGEU / LUZ DA TUA VELA A ILUMINAR E COROAR O POVO TEU!”. Já o refrão principal ganha força com o verso aguerrido “É GENTE PRETA DO RIO GRANDE DO SUL”. Na primeira parte, há um trecho cuja métrica e melodia geram certa confusão entre os versos: “ABRAÇA O RINCÃO, DESTINO DO IFÁ / BAILA A COROA, BATE FOLHA E TAMBOR / CUSTÓDIO PELEIA É ACHEGO DA COR”. Porém, a sequência “DESATA A DIFERENÇA, AMARRA O ENTREVERO / A NEGRITUDE FIRMA PONTO NO CRUZEIRO / ALUPO! (ALUPO)” tem uma condução que chama atenção positivamente, e a repetição de “Alupo” contribui para a animação do público portelense presente.
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Parceria de Toninho Geraes: A composição de Toninho Geraes foi a terceira a se apresentar nesta madrugada e foi interpretada por Tinga. O refrão principal é motivador com os versos “NA LUTA POR IGUALDADE / REENCONTRAR A HISTÓRIA / AVANTE PORTELENSE PRA VITÓRIA”. É interessante o uso de “Upa, negrinho”, repetido no início, pois faz referência à música cantada por Elis Regina com o mesmo título. A introdução da segunda parte do samba, “COMEÇO, MEIO E COMEÇO, / POIS A VIDA É CÍCLICA / O MEIO DÁ O PREÇO, E O NEGRO PAGA A DÍVIDA”, é impactante, e a sequência mantém a qualidade. Apesar do impacto textual dos versos, os refrões do meio tendem a apresentar uma leve queda de rendimento. Cabe destacar que os portelenses se mantiveram animados durante toda a apresentação da parceria.
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Parceria de Cecília Cruz: O último samba a se apresentar nesta madrugada foi composto pela parceria liderada por Cecília Cruz e interpretado por Pixulé. Um trecho que se destaca na primeira parte do samba é: “MANDINGUEIRO, UM BRUXO / CUSTÓDIO JOAQUIM, AFRO-GAÚCHO”. Já o refrão do meio possui potencial “chiclete”, por ser curto e fácil de decorar. Outra sequência de versos de impacto é: “SEM MEDO, REMENDA O VELHO ENREDO / A VELA ACESA DE ETERNO FULGOR / ILUMINA TEUS IGUAIS / A CHAMA NÃO VAI SE APAGAR JAMAIS”, embora pudesse terminar em uma crescente para o refrão principal. Por sua vez, o refrão principal se destaca pelo jogo ágil de palavras com “axé”, “sul” e “azul”, além de conectar Madureira ao Rio Grande do Sul. Por fim, a parceria não conseguiu levantar o público para além da própria torcida.
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Se eu for morrer de amor, que seja no samba! Viradouro escolhe samba da parceria de Cláudo Mattos para homenagear mestre Ciça no Carnaval 2026
Por Gabriel Gomes, Luan Costa, Juliana Henrik e Rhyan de Meira
Por volta das 5h40 da manhã deste sábado, a Unidos do Viradouro definiu o samba que vai embalar seu desfile no Carnaval 2026. A obra vencedora, que homenageia o mestre de bateria Ciça, é assinada pelos compositores Cláudio Mattos, Renan Gêmeo, Rodrigo Gêmeo, Lucas Neves, Rodrigo Rolla, Ronaldo Maiatto, Bertolo, Silvio Mesquita, Marcelo Adnet e Thiago Meiners. A vermelho e branco de Niterói será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, pela Marquês de Sapucaí, com o enredo “Pra cima, Ciça!”, desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon e pelo enredista João Gustavo Melo. A final, considerada uma das mais emocionantes da história da escola, teve clima de grande festa popular, com a quadra lotada e a comunidade entoando em coro os versos do samba campeão. * OUÇA AQUI O SAMBA DA VIRADOURO PARA 2026

O compositor Cláudio Mattos destacou a emoção da noite: “É a minha sétima vitória aqui na escola. Eu cresci aqui. E, sendo bem sincero, nunca vivi uma final tão emocionante na minha vida. A escola inteira cantando o samba junto comigo… isso nunca tinha acontecido antes. Fiquei muito feliz de verdade, foi muita emoção”.
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Cláudio lembrou ainda do processo de criação: “Durante todo o processo de feitura, da gravação, eu tive várias partes preferidas. Na metade da segunda, eu já sentia que o samba tinha força. Mas quando chegou na quadra, o refrão foi absurdo, explodiu demais”.
Estreando entre os campeões da Viradouro, o compositor e humorista Marcelo Adnet não escondeu a alegria: “Primeira vitória na Viradouro, essa escola maravilhosa. É muito gostoso quando a gente luta, luta, tenta, tenta e consegue. Estou feliz pra caramba. Foi uma história merecida. Hoje é comemorar um pouco, porque é muito bom fazer uma homenagem e ver esse desfecho do palco, com a comunidade apoiando o nosso samba”.

O compositor Thiago Meiners celebrou mais uma conquista marcante em sua trajetória na Viradouro. Integrante de uma parceria formada por torcedores da escola, ele destacou o caráter especial do samba de 2026, que homenageia o mestre Ciça.
“Para nós, é indescritível. Já vencemos outras vezes na Viradouro, mas cada samba tem sua particularidade. Este é ainda mais significativo, porque, pela primeira vez, toda a parceria é formada por vinadorenses de coração. Estamos muito felizes e emocionados, especialmente pelo que vivemos hoje na quadra. Foi imensamente gratificante”, afirmou.
Segundo Thiago, o ponto alto da obra é o refrão principal, que rapidamente conquistou a comunidade: “Não esperamos a saudade pra cantar. Se eu for morrer de amor, que seja no samba.” Para ele, a força da mensagem traduz a relação da Viradouro com o carnaval e explica a identificação imediata do público.

Com a vitória, Meiners chegou ao quinto samba-enredo assinado na escola. Entre eles, estão sucessos como Rosa Maria e Roboboi. Ainda assim, a emoção se renova a cada conquista. “O próximo é sempre o mais especial. Este tem um sabor único justamente por ser dedicado ao Ciça e por reunir apenas torcedores da escola”, ressaltou.
Um dos momentos mais marcantes da noite foi quando o próprio homenageado subiu ao palco antes mesmo do fim da disputa, em meio à apresentação do samba da parceria de Meiners. A cena emocionou os compositores. “No início pensamos que fosse uma menção a todos os concorrentes. Mas, ao observarmos a reação da Priscilla e do Rodrigo, percebemos que se tratava de uma aclamação da escola. Foi inestimável para nós”, contou Thiago.

Mestre Ciça: emoção em ser enredo
O homenageado da Viradouro, mestre Ciça, falou sobre a responsabilidade de ter sua trajetória transformada em enredo: “Rapaz, você imagina, né? Esse enredo, eu como sambista, hoje, numa final, com a responsabilidade de três sambas… A emoção é quase todo dia. Mas tenho certeza que a escola escolheu um grande samba. Estou vivendo um momento único da minha vida e da minha história. Nunca imaginei”.
Ele destacou ainda os momentos mais marcantes até agora: “O dia do anúncio e o lançamento do enredo na Cidade do Samba mexeram muito comigo. Meu pai era apaixonado por carnaval, ele ficaria deslumbrado com tudo isso”.

Sobre a bateria, Ciça adiantou: “Já estamos ensaiando umas coisinhas escondidas, preparando surpresas boas. A ideia é mesclar bossas antigas com novidades. E vamos trazer amigos, outros mestres e diretores, para dividir a avenida comigo”.
Marcelinho Calil: ‘O Ciça merece’
Para o diretor executivo Marcelinho Calil, a escolha do samba representa mais uma etapa da caminhada rumo ao título:
“Hoje, essa lenda viva, que até então era apenas um texto, passa a ser também uma voz. Se Deus quiser, vai levar a Viradouro a mais um título. O nosso homenageado merece, a escola merece. Agora, falta um detalhe: trabalho. É isso que vai nos levar às primeiras colocações”.

Marcelão Calil: ‘Não vamos medir esforços para fazer um carnaval brilhante’
O patrono Marcelão Calil exaltou a escolha de Ciça como enredo: “Eu acho que é a escola que tem que agradecer ao Ciça, porque temos um enredaço com chances de título. Ele merece, o samba merece, o carnaval merece. Não vamos medir esforços para fazer um carnaval brilhante”.

Tarcísio Zanon: ‘nostalgia e modernidade’
O carnavalesco Tarcísio Zanon ressaltou a emoção de trabalhar com um enredo vivo:
“É um ano muito significativo: 80 anos da escola, 70 anos do Ciça, 55 anos de avenida. Existe uma nostalgia, um revival moderno. O desafio foi transformar o ritmo em visual. O Ciça não é só música, ele também é imagem, é dança. O público pode esperar um desfile moderno e emocionante”.

Wander Pires: honra em cantar Ciça
Intérprete oficial da escola, Wander Pires destacou a responsabilidade da homenagem:
“É uma emoção muito grande, um dos maiores desafios da minha vida. Eu sou fã do Ciça, ele é meu ídolo. Sempre sonhei em trabalhar ao lado dele. Agora me sinto realizado. É uma honra imensa”.

Enredista João Gustavo: ‘privilégio inédito’
O enredista João Gustavo Melo ressaltou a originalidade do projeto:
“Foi um privilégio imediato. Sempre será inédito homenagear um mestre de bateria em atividade. O desafio foi condensar tanta história em um desfile. Mas conseguimos. Esse enredo vai ficar para sempre na história da Viradouro”.

Harmonia e música afinadas

O diretor de Harmonia, Dudu Falcão, destacou a força da comunidade:
“Aqui é trabalho de time. O objetivo é sempre ter o chão da escola cantando perfeitamente. Esse é o segredo da Viradouro”.
Já o diretor musical Hugo Bruno frisou o peso emocional do enredo: “O samba pede emoção redobrada. Estamos preparando um trabalho especial para honrar o Ciça”.

Comissão de frente promete impacto
Responsáveis pelas últimas aberturas impactantes da Viradouro, os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri também avaliaram o desfile de 2025 como um marco. Para eles, a comissão de frente do Malunguinho cumpriu a missão de traduzir o enredo logo nos primeiros minutos de apresentação.
“Eu sou apaixonada pela comissão do Malunguinho. Ela trouxe muita dramaturgia, o enredo estava todo ali. Essa é uma característica do nosso trabalho: apresentar ao público, já na largada, o que será o desfile como um todo. Chegamos chegando, e a abertura realmente foi marcante. O samba era muito forte e nos ajudou bastante”, destacou Priscilla. Rodrigo completou: “Ficamos com a sensação de dever cumprido, porque tudo saiu como planejado e o resultado foi maravilhoso. Mas agora já estamos em uma nova etapa: é hora de escolher mais um samba e preparar outra abertura impactante. Hoje a ficha cai de verdade: deixamos a teoria para trás e começamos a dar cor e vida ao processo”.

A parceria com o carnavalesco Tarcísio Zanon é apontada pelos dois como um diferencial. “O Tarcísio é um príncipe, encantador. Ele está sempre conosco, trocamos muito, nos divertimos bastante. O carnaval traz muita pressão, mas conseguimos lidar com leveza no dia a dia. Ele gosta de estar presente em todas as decisões, e isso nos dá tranquilidade. É uma parceria de muito carinho”, afirmou Priscilla.
A preparação da comissão para 2026 ganha ainda mais significado pelo enredo que homenageia mestre Ciça. A emoção é visível nos discursos. “É um presentão. Se não estivéssemos na Viradouro, eu estaria chateada de não participar dessa festa. O Ciça representa o próprio carnaval. A comunidade recebeu o projeto de coração aberto, e isso nos motiva demais. Conviver com ele no dia a dia é inédito: ele vai ao barracão, acompanha tudo de perto. É como se o enredo estivesse dentro do projeto. Ninguém nunca viveu algo assim”, disse Priscilla.
Rodrigo reforçou o privilégio de compartilhar o processo com o homenageado: “O mais bacana é que ele participa, opina, conversa conosco sobre o projeto. Estar ao lado dele nesse momento é maravilhoso. É um ídolo para nós”.
Julinho e Rute: casal motivado
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro, Julinho e Rute, também destacou a importância da temporada de preparação para manter o alto nível alcançado em 2025. No último carnaval, eles conquistaram os 40 pontos possíveis e receberam premiações individuais, consolidando o posto de referência no segmento.
“Conquistar o êxito não é fácil, mas manter é ainda mais desafiador. A gente se cobra muito e, por isso, já estamos ensaiando desde junho para corrigir detalhes que poderiam ter sido melhores”, afirmou Rute. Julinho complementa: “Foi um carnaval promissor. Saímos felizes pelo reconhecimento e pelas notas máximas, mas tudo zera quando começa o novo enredo. Agora é outra história e tem um gosto ainda mais especial por homenagear alguém que é ícone do carnaval e, ao mesmo tempo, um amigo que admiramos dentro e fora da avenida”.

A relação próxima com o carnavalesco Tarcísio Zanon é outro ponto que o casal valoriza. Segundo Rute, o artista se tornou “o maior carnavalesco da atualidade”, combinando talento e humildade. “O Tarcísio sempre pergunta nossa opinião antes de apresentar o desenho e discute ideias conosco. Isso se estende também ao Fernando Magalhães, que executa nossas fantasias, e à direção de carnaval, com o Marcelinho e o Alex. Todos nos dão liberdade para sugerir ajustes que favoreçam a dança, sem perder a essência do projeto. Esse diálogo é fundamental, ainda mais agora que o regulamento exige que o casal esteja dentro do enredo”, explicou.
Outro desafio será a estreia da cabine espelhada, com jurados posicionados dos dois lados da pista. Para Julinho, a novidade deve valorizar a dança: “Antes, a gente direcionava quase toda a apresentação para um jurado só. Agora teremos a chance de mostrar em 360 graus, o que beneficia tanto a avaliação quanto o público, que verá uma apresentação mais aberta e dinâmica”.

O enredo também inspira o casal a desenvolver passos e coreografias especiais. “O Ciça é a própria definição de carnaval. Ele representa inovação sem perder a essência. Eu e a Rute seguimos essa mesma linha: inovar sem deixar de lado a tradição”, ressaltou Julinho.
A comunidade deixou a quadra em festa ao amanhecer, embalada pela obra que promete emocionar o público.
Como passaram os sambas na final
Parceria de Lucas Macedo: O primeiro samba da noite foi assinado por Lucas Macedo, Diego Nicolau, Jefferson Oliveira, Vinicius Ferreira, Richard Valença, Miguel Dibo, Orlando Ambrósio, Hélio Porto, Aldir Senna e Wilson Mineira. A defesa ficou a cargo de Zé Paulo, que mais uma vez mostrou entrega e excelência. Durante os 30 minutos de apresentação, a obra apresentou belas variações melódicas e trechos bastante inspirados. No entanto, já perto do fim, foi possível sentir uma queda no embalo da torcida, que começou bastante animada. Um dos pontos altos foi o bis antes do refrão, quando a melodia trouxe de volta o clássico samba-exaltação da Estácio de Sá: “Hoje a Furacão prova seu amor // Eternamente, Professor!”. Outro momento marcante veio logo depois, com versos de forte impacto coletivo: “Êêêêê… tá de alma lavada o Caveira! // Êêêá… é macumba de Alafiá! // No seu comando, o rufar é nossa voz // Serei sempre por você // Como sempre foi por nós”. No geral, a apresentação foi intensa e iniciou bem a disputa.
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Parceria de Mocotó: O segundo samba da noite foi assinado por Mocotó, PC Portugal, Arlindinho Cruz, J. Lambreta, André Quintanilha, Rodrigo Deja, Ronilson Fernandes, Renato Pacote, Reinaldo Guimarães e Bira Fernandes. Quem assumiu a linha de frente no microfone foi Wandinho Pires, filho do intérprete oficial da escola, Wander Pires. Mostrando personalidade, o jovem conduziu a obra com energia e firmeza, bem acompanhado por Juan Briggs e pelo time de apoio. Do início ao fim, a apresentação manteve o clima em alta. O samba mostrou força, vibração e ligação direta com o enredo em homenagem ao Mestre Ciça. Em alguns trechos, a emoção tomou conta, trazendo variedade à obra e provando que ela não se limitava a uma linha repetitiva. Na quadra, a torcida foi um espetáculo à parte: levou um mar de bandeiras e réplicas de instrumentos, além de manter um canto forte e cheio de entusiasmo. Os refrões foram os grandes momentos da apresentação, especialmente o principal, que fez o público acompanhar atentamente. Nos momentos de bossas da bateria, ficava evidente o quanto o samba se encaixava com a escola.
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Parceria de Claudio Mattos: O último samba da noite trouxe a assinatura de Claudio Mattos, Renan Gêmeo, Rodrigo Gêmeo, Lucas Neves, Rodrigo Rolla, Ronaldo Maiatto, Bertolo, Silvio Mesquita, Marcelo Adnet e Thiago Meiners. Na interpretação, Pitty de Menezes brilhou: à vontade no palco, conduziu a obra com segurança e foi peça-chave para transformar a apresentação em um verdadeiro momento de catarse coletiva. Desde o início da disputa, esse samba já carregava o rótulo de favorito. Na final, confirmou todas as expectativas. Antes mesmo de começar, era um dos mais aguardados pelo público e, quando entrou em cena, mostrou a que veio — no popular, foi um sacode daqueles. A resposta da quadra não deixou dúvidas: o público cantou cada verso do início ao fim, com entusiasmo poucas vezes visto antes. A torcida deu show com balões em formato de caveira, bexigas e luzes. Os segmentos da Viradouro também engrossaram o coro, com destaque para a rainha de bateria, Juliana Paes, que se entregou ao canto com a mesma empolgação da comunidade. O personagem deste carnaval, mestre Ciça, foi ao palco durante a apresentação e deixou clara sua preferência. Aclamação total.
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Galeria de fotos: Final de samba-enredo da Viradouro para o Carnaval 2026
Por Luan Costa, Juliana Henrik, Gabriel Gomes e Rhyan de Meira
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