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Com surpresas, Acesso I de São Paulo têm grandes minidesfiles no lançamento dos sambas de 2024

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

As escolas de samba que fazem parte do Grupo de Acesso I do carnaval de São Paulo se apresentaram na festa de lançamento do CD da folia paulistana, realizado no sábado – por sinal, Dia Nacional do Samba. As oito agremiações que compõem o grupo fizeram os respectivos minidesfiles com vinte minutos de duração cada um com destaques para a grande surpresa protagonizada pela Estrela do Terceiro Milênio e pela resposta do público nas exibições de Nenê de Vila Matilde e Mocidade Unida da Mooca.

Dom Bosco

Vice-campeã do Grupo de Acesso II em 2023, a Dom Bosco, estreante no segundo pelotão, teve ótima condução do samba pelo intérprete Rodrigo Xará e por todo o carro de som comandado por ele. A canção do enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, de ótima qualidade, foi gritado pelos componentes nos apagões da Gloriosa, bateria comandada por mestre Bola com a presença de muitas crianças entre os ritmistas de Itaquera.

1 Dom Bosco

Também vale destacar a comissão de frente, comanda por Luana Polleti, já coreografada e com vários componentes com bexigões e chapéus de lampião – alguna estavam com a fantasia nordestina completa. É destacável, também, o quanto Danilo Dantas, carnavalesco da escola, está presente em toda a dinâmica da escola: da montagem até a colocação de uma cadeira para a ilustrísisma presença de Padre Rosalvino, presidente da agremiação.

1 Dom Bosco1

Torcida Jovem

Grande vencedora do terceiro grupo em 2023, a Torcida Jovem teve mudanças importantes em alguns segmentos da escola – e ambos merecem destaque. A começar pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira da alvinegra, formado por Kawê Lacorte e Nathália Bete. Mesmo com um vento cada vez mais forte no final da tarde paulistana, eles cortejaram o pavilhão com a graça e samba no pé que lhes é peculiar. No microfone, Vaguinho mostrou atuação segura para defender o samba do enredo “Raiz Afro Mãe, Meu Brasil Bantu”.

2 Torcida Jovem

Também relacionado à canção, a Firmeza Total, comandada por Marcelo Caverna, teve uma paradinha que ocupou o refrão do meio inteiro – e contagiou os componentes. Dentre os ritmistas, por sinal, interessante notar a forte presença feminina, inclusive tocando alguns instrumentos mais pesados – como caixa de guerra e repinique. Importante notar um espaço grande entre alas em dois momentos envolvendo casais de mestre-sala e porta-bandeira: o que separava a comissão de frente (coreografada por Ricardo Dias) da primeira dupla e o que separava a segunda da ala anterior.

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Nenê de Vila Matilde

Segunda maior campeão do Grupo Especial, com onze titulos, a Nenê de Vila Matilde adentrou a Fábrica do Samba sacudindo o público desde a execução do conhecidíssimo hino da agremiação – por sinal, ao contrário da grande maioria das agremiações no evento, a azum e branca executou dois alusivos. Enquanto a canção era tocada, baianas faziam o benzimento para a passagem da Águia – e os orixás que guiam a homenageada do enredo, intitulado “Cirandando a vida pra lá e pra cá. Sou Lia, Sou Nenê, Sou de Itamaracá”, de fato, fizeram bem o trabalho. Extremamente leve e com poucas coreografias, a comunidade evoluiu muito, brincando e dançando a bela canção – muito bem defendida pelo carro de som comandado por Agnaldo Amaral.

3 Nene

Vale pontuar, também, o volume da escola – que avançou até a metade da improvisada passarela antes da execução do hino de 2024. Com uma peça semelhante a um Boneco de Olinda remetendo à Lia de Itamaracá, a Nenê também trouxe roupas remetendo às fantasias na comissão de frente, comandada por Jeferson Ricardo. Por fim, o alerta: em determinado momento, após a passagem do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, um espaço bastante considerável se abriu.

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Pérola Negra

A organização deu o tom da apresentação da Pérola Negra no evento. Com muitos bexigões azuis e vermelhos (cores da escola), todos os componentes evoluíram sem grandes sobressaltos, com muito apoio dos Harmonias responsáveis por cada ala. A tranquilidade era tanta que Fernando Neninho, comandante da Swing da Madá, bateria da agremiação da Vila Madalena, entregou uma baqueta para uma criança que estava na plateia enquanto os ritmistas executavam o samba de “Pérola no encanto das Quebradeiras”, defendido por Bruno Ribas.

Vale ressaltar o extremo bom gosto na roupa utilizada por Kadu Andrade e Camila Moreira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição da Zona Oeste. Inteiramente de preto, eles foram o interessante contraponto a uma escola que sempre desfila repleta de cores.

Colorado do Brás

Tida por muitos como algo distante da organização que marcou a Pérola Negra, a leveza foi o grande destaque da Colorado do Brás. Com poucas alas coreografadas (apenas o já tradicional grupo cênico da instituição tinha passos marcados), os componentes evoluíram com bastante energia – até mesmo os Harmonias da vermelha e branca estavam mais tranquilos que companheiros de outras agremiações. Fica, porém, o alerta: no instante em que a Ritmo Responsa, comandada por mestre Acerola de Angola, saía do recuo, a ala mais à frente já estava bem distante.

4 Colorado

Ao contrário de outras co-irmãs, a escola do Centro trouxe um pede-passagem bastante chamativo. Comandado por Léo do Cavaco, o carro de som aproveitou a temática nordestina do enredo “Os Encantos da Raiz do Mandacaru” para esquentar os componentes com duas músicas muito associadas à região: “Deus Me Proteja”, de Chico César; e “Eu Só Quero Um Xodó”, de Dominguinhos.

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Vila Maria

As temáticas extremamente culturais seguiram dando o tom no minidesfile da Unidos de Vila Maria. Pela primeira vez apresentando um enredo agro, a agremiação da Zona Norte defendeu o samba “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, interpretado pelo histórico Royce do Cavaco. Com canto forte, os desfilantes mostraram o quão satisfeitos estão com o pioneiro enredo da instituição – também ajudados pela Cadência da Vila, comandada por mestre Rodrigo Moleza.

6 Vila Maria

Com uma comissão de frente com trajes bastante simples (uma calça saruel azul, um pano branco na altura do abdômen e contas) e capitaneada por Adriana Angelelli e Wilson Ciavarelli, os integrantes tinham uma dança bastante expressiva. Para contrastar, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Edgar Carobina e Geisle Siqueira, já vieram fantasiados – tal qual as outras duas duplas. Mostrando entrosamento no ano de estreia da nova defensora do pavilhão, ambos chamaram atenção com bom desempenho.

6 Vila Maria1

Estrela do Terceiro Milênio

Se, em 2022, a Estrela do Terceiro Milênio foi a grande destaque da noite por fazer a festa de protótipos no minidesfile, a agremiação do Grajaú, novamente, foi a que mais ousou pelo segundo ano consecutivo – isso levando em conta todos os grupos. Grande homenageada do enredo “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: O Mito da Criação”, a contadora de histórias afro-brasileiras se fez presente no pede-passagem da escola, estacionado na frente do palco e com diversas crianças em volta – que ajudaram na fortíssima condução do samba. Uma paradinha no refrão do meio da Pegada da Coruja, de mestre Vitor Velloso (que, por sinal, trouxe o naipe de atabaques na frente, em formação pouco comum), era especialmente eficaz com os componentes. Com o tempo do minidesfile estourado, a escola sustentou o restante da improvisada passarela no canto, levando consigo o público.

7 Milenio

Com três mulheres na corte da bateria (número elevado em relação às demais agremiações da noite), quem também brilhou foi o carro de som, vestido inteiramente de branco para homenagear Cici de Oxalá. Grazzi Brasil e Darlan Alves, por sinal, esquentaram a escola com “Muito Obrigado Axé”, de Carlinhos Brown. Destaque, também, para a comissão de frente coreografada por Régis Santos (segmento vencedor do último Estrela do Carnaval), já com algumas partes de fantasia na apresentação da escola do Grajaú, Zona Sul de São Paulo.

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Mocidade Unida da Mooca

Encerrando os minidesfiles do Acesso I, a Mocidade Unida da Mooca contagiou o público com o enredo “Oyá Helena”, homenageando a polímata afro-brasileira Helena Theodoro. Com um tripé que revelou Valeska Reis, a escola começou a ganhar ali a atenção e a simpatia do público, que respondeu com força ao samba da agremiação. Ela é rainha da Chapa Quente, bateria da agremiação, que foi comandada interinamente por Will – um dos diretores da equipe de mestre Dennys Silva, ausente da apresentação. Valeska, por sinal, também ficou no palco por um tempo – enquanto Gui Cruz e Clayton Reis, intérpretes, por vezes desceram para a passarela. A comunicação foi tamanha que, após o corte do áudio, os componentes concluíram a passada do samba até o final.

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Marcando apenas o refrão do meio com coreografias, a escola da Zona Leste fez uma apresentação bastante agradável e bem leve, com diversas passistas. Também é importante destacar a comissão de frente, coreografada por Nildo Jaffer, fantasiada de Zé Pelintra.

8 MUM

Análise: como foram os mini desfiles do Acesso 2 de São Paulo para o Carnaval 2024

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A festa de lançamento dos sambas-enredo do Carnaval 2024 de São Paulo ocorreu no último sábado, na Fábrica do Samba Madrinha Eunice. A maior festa do pré-carnaval paulistano teve início no começo da tarde com apresentação dos minidesfiles das 11 escolas de samba do Grupo de Acesso 2, que desfilarão oficialmente no dia 3 de fevereiro de 2024, uma semana antes das datas oficiais e que tem se tornado sucesso de público como uma nova tradição carnavalesca da cidade. Destaques para as apresentações de Imperatriz da Paulicéia que teve desempenho imponente, Primeira da Cidade Líder que está criando uma tradição marcante própria e para São Miguel e São Lucas, que prometem voltar ao Anhembi em grande estilo.

O grande desafio das agremiações como um todo foi encarar o forte calor da ensolarada tarde que tomou conta da Fábrica do Samba. Com sensação térmica próxima dos 35 graus em um momento de pouca sombra, a condição climática somou-se ao terreno de paralelepípedo das alamedas do local como um desafio ingrato especialmente para os casais de mestre-sala e porta-bandeira, com muitos optando por danças vagarosas e conservadoras para evitar acidentes.

Unidos de São Miguel

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A Unidos de São Miguel abriu as apresentações dos minidesfiles demonstrando a força de uma escola disposta a se manter no Anhembi. Carregados pela força da bateria “Swing da Nitro”, os componentes conduziram com disposição o samba bem defendido pelo time de canto liderado pelo intérprete Jorginho Soares. Contou com uma comissão de frente que, além de ser uma das poucas totalmente fantasiadas no grupo, executou uma coreografia com distinções de movimentos, demonstrando comprometimento. Vestidas com roupas tradicionais, as baianas da São Miguel surpreenderam pelo bom contingente que transmitiu simpatia e disposição.

1 SaoMiguel

Unidos de São Lucas

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Outra escola disposta a mostrar o porquê de merecer estar no principal palco do samba paulistano, a Unidos de São Lucas chamou atenção pelo grande contingente, que cantou de forma animada o belo samba defendido pelo intérprete Tuca Maia. A comissão de frente foi outra a levar sério a apresentação, com coreografia condizente com as diferentes passagens do samba. Foi mais uma agremiação a trazer baianas em roupas tradicionais e em bom número. Destaque para a grande apresentação da “Bateria da U.S.L.”, que levantou o público com ousadas bossas e um apagão ao final o de pôde-se ouvir claramente o forte canto à capela da comunidade.

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Imperatriz da Paulicéia

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A Imperatriz da Paulicéia parecia uma veterana do grupo. A comunidade compareceu em peso e demonstrou grande engajamento, cantando forte o samba defendido com maestria pelo intérprete Tiganá, reforço de peso da escola para o próximo carnaval. A “Swing da Paulicéia” foi um espetáculo à parte, extremamente ousada com muitas bossas e ritmistas tocando forte seus instrumentos, demonstrando o mérito e a confiança que possuem na mestra Rafa. O casal da escola, formado por Ronaldo e Leila, fez uma apresentação leve, mas dentro da dança tradicional. As baianas desfilaram com roupas leves, nas cores da escola e estavam muito felizes assim como a Velha Guarda, que compareceu em peso e exalou simpatia. O grande desempenho do conjunto da Imperatriz levantou o público presente, que entrou na dança da agremiação.

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Amizade Zona Leste

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O Amizade Zona Leste teve uma apresentação regular. Apesar do bom desempenho da bateria “Batucada do Amizade”, que fez boas bossas, a ala musical teve desempenho apenas correto, sem grande apelo de interação com o público. O primeiro casal da escola, João Lucas e Maria Cristina, fizeram apresentação leve dentro da dança tradicional. As baianas vieram vestidas nas cores azul e branco e compareceram em bom número. A única ala comum da escola veio cantando pouco, com muitos componentes conversando entre si durante a passagem da escola. Destaques positivos vão para a comissão de frente, única a apresentar adereços de mão, que eram guarda-chuvas modificados para representar o desabrochar de rosas, e a presença à frente do cortejo de Angelina Basílio, presidente da coirmã Rosas de Ouro e filha do homenageado pelo Amizade, o lendário dirigente Eduardo Basílio.

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Uirapuru da Mooca

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Conduzida pelo excelente samba, a Uirapuru da Mooca demonstrou engajamento de sua comunidade, que cantou forte a obra em homenagem à escola carioca Mocidade Independente de Padre Miguel. O time de canto liderado pelo intérprete André Ricardo teve grande atuação e contribuiu para o empolgado cortejo da agremiação. Da bateria “Moocadência”, porém, esperava-se mais levando em consideração a fama da homenageada de ser revolucionária do quesito, tendo uma apresentação apenas correta. As baianas vieram nas cores da escola, com roupas leves que facilitaram um bailar descontraído.

5 Uirapuru Mooca

X-9 Paulistana

6 X9 Paulistana

A X-9 teve um desempenho irregular. A comunidade parece disposta a dar a volta por cima após o rebaixamento de 2023, mas o desempenho apenas correto do carro de som surpreendeu levando em consideração a experiência de seus responsáveis. A bateria “Pulsação Nota Mil”, em compensação, pareceu muito bem sintonizada com o samba e ditou o ritmo do canto da comunidade com bossas valentes e atuação vigorosa. Outro ponto que chamou atenção foi o fato de ser a única escola a se apresentar no grupo que não levou uma comissão de frente, cabendo ao casal Igor Sena e Julia Mary se destacarem à frente do cortejo com uma dança valente e animada, respeitando o que o segmento exige. As baianas desfilaram com roupas leves nas cores da escola e dançaram com disposição.

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Camisa 12

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A comunidade da Camisa 12 honrou a homenagem a Chico Rei com uma harmonia surpreendente e animada. O time de canto liderado pelo veterano Clóvis Pê teve grande atuação, e somado ao excelente desempenho da bateria “Ritmo 12”, que foi ousada nas bossas e paradinhas do início ao fim da apresentação, só reforçam a ideia de uma brilhante apresentação musical. A comissão de frente apresentou uma coreografia vigorosa, porém com passos iguais de todos os componentes. As baianas da escola foram as mais tradicionais a se apresentar no grupo, com roupas tradicionais e carregadas de vários colares de contas.

7 Camisa 12

Primeira da Cidade Líder

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A Primeira da Líder parece estar gostando da ideia de dividir suas apresentações não julgadas em dois atos distintos, sendo um deles dedicado totalmente aos sambistas. Assim como fizeram no ensaio técnico de 2023, a escola voltou a abrir um espaço no meio da bateria para que todos os componentes passassem e brincassem com os ritmistas. A comunidade e o público parecem adorar esse diferencial, caindo no samba e curtindo o momento. Após passarem pelos ritmistas, porém, começou o momento sério, com todos os setores se posicionando e finalizando a apresentação em ritmo de desfile. O intérprete Thiago Melodia conduziu a ala musical de maneira irretocável, cantando o bom samba da escola com disposição e auxiliados pela grande atuação da bateria “Batucada de Primeira”, formando um conjunto de dar orgulho à homenageada, a centenária escola carioca Portela. A comissão de frente fez uma apresentação no ritmo do samba, com todos os componentes executando uma coreografia padrão. Destaque para a caracterização do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabiano Dourado e Sandra de Jesus, que vierem fantasiados dos lendários portelenses Clara Nunes e João Nogueira.

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Imperador do Ipiranga

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A Imperador do Ipiranga fez aquele que mais pareceu de fato um desfile dentre as agremiações do grupo. Muitas alas estavam de fato fantasiadas, desde alas comuns até as baianas. Mas o destaque visual em si fica com a comissão de frente, caracterizada toda com diferentes personagens do imaginário infantil, como contos de fadas, séries famosas e até videogames. A comunidade se apresentou de forma animada e engajada, cantando o bom samba da escola de forma harmoniosa. As atuações do time de canto e da bateria “Só quem é”, porém, não seguiram a mesma disposição e tiveram atuação apenas correta, salvo apenas uma paradinha mais notável ao final da apresentação. A Velha Guarda da Imperador merece nota especial por se mostrar atuante e interativa com o público.

9 Imperador do Ipiranga

Morro da Casa Verde

10 Morro Casa Verde

Uma apresentação de altos e baixos da escola da adorada por todos Dona Guga. O canto pode ser definido como o oposto da escola anterior. Apesar da grande atuação a ala musical liderada pelo consagrado intérprete Wantuir e da “Bateria do Morro”, o canto da escola foi discreto, salvo nos momentos dos refrões. Houve um apelo à volumetria ao dar balões finos para os componentes segurarem, mas não que agregasse de fato para fazer do desempenho algo empolgante. A comissão de frente apenas fez uma coreografia comum a todos os componentes, apesar de estar caracterizada com roupas leves. As baianas vestiram roupas tradicionais, porém compareceram em número pequeno se comparadas com as demais escolas.

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Unidos do Peruche

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A Unidos do Peruche encerrou as apresentações com sua comunidade disposta a enfim retornar ao Acesso 1. O samba da escola foi abraçado pela comunidade, cantado de forma animada ao ritmo da bateria “Rolo Compressor”, que teve grande atuação ao apostar bossas bem aplicadas principalmente no refrão do meio. O desempenho da ala musical, porém, foi apenas correto. A comissão de frente fez uma coreografia comum a todos os componentes que talvez não seja a completa do desfile. O primeiro casal formado por Gabriel Vullen e Joice Prado, porém, foram espertos ao vestirem sapatilhas de ballet, o que permitiu a eles uma dança mais dentro do esperado pelo segmento e se destacaram por isso. As baianas vieram com roupas tradicionais e leves, e dançaram animadas, enquanto as alas comuns receberam bandeirinhas com o símbolo da escola para agregar à volumetria.

 

Freddy Ferreira: Apresentações das baterias no segundo dia de mini desfile do Especial

Mocidade Independente de Padre Miguel

Uma apresentação musicalmente cativante da bateria “Não Existe Mais Quente” (NEMQ) de mestre Dudu. A afinação invertida de surdos deu aquele aspecto grave peculiar ao genuíno ritmo independente. Os marcadores de primeira e segunda foram precisos e educados. Os surdos de terceira preencheram a sonoridade dando seu balanço característico, complementado por médios profundamente eficientes. Repiques mostraram técnica elevada, assim como as caixas de guerra executaram a tradicional batida com acentuação na mão invertida com limpeza e qualidade rítmica.

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Na parte de frente do ritmo da Mocidade, cuícas seguras ajudaram na cabeça da bateria junto com agogôs de duas campanas (bocas). Uma ala de chocalhos extremamente acima da média foi acompanhada por um naipe de tamborins de nítida virtude musical, que executou um desenho rítmico com certa complexidade, guiado pelo samba-enredo da Estrela Guia.

As bossas da bateria “NEMQ” usaram como referência as variações melódicas da obra da verde e branca da zona Oeste. Todas bastante dançantes, que além de acompanhar a obra garantindo interação com público, proporcionaram um clima de leveza à grande passagem da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Portela

O autêntico ritmo da bateria “Tabajara do Samba” de mestre Nilo Sérgio foi apresentado com todo seu peculiar garbo. Na parte de trás do ritmo, marcadores de primeira e segunda foram firmes e precisos, garantindo a manutenção do andamento. Os surdos de terceira, com balanço característico, foram um dos pontos altos do ritmo portelense. O complemento dos naipes médios ainda contou com repiques coesos e caixas ressonantes, com a tradicional batida rufada sendo bem executada.

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Na cabeça da bateria, um naipe de cuícas de qualidade ajudou no preenchimento da sonoridade, junto de uma boa ala de agogôs. Um naipe de tamborins eficiente exibiu um desenho rítmico pautado pela melodia do samba, tocando junto de uma ala de chocalhos ressonante. Completando a parte de frente do ritmo, uma fila de atabaques consolidou seu toque de modo eficiente durante as passagens, além de auxiliar em bossas.

As bossas da bateria da Portela se mostraram profundamente atreladas ao samba-enredo e ao tema da Águia. Esbanjaram musicalidade de vertente africana, deixando o belo trabalho rítmico da escola ainda mais em evidência, enquanto ajuda na evolução dos componentes, além do canto e da dança, graças a soluções musicais muito bem pensadas e principalmente executadas.

Uma apresentação musicalmente energética da bateria “Tabajara do Samba”. Ritmistas conduziram a obra da Majestade com classe, segurança e espontaneidade.

Unidos de Vila Isabel

Uma apresentação muito boa da bateria “Swingueira de Noel” da Unidos de Vila Isabel. A cozinha da bateria exibiu o tradicional ritmo da Vila. Com o peso característico da afinação de surdos, marcadores foram sublimes durante todo o cortejo. Também vale destacar musicalmente os surdos de terceira, que contribuíram na sonoridade com balanço. Tudo isso complementado por médios de virtude musical. Repiques coesos tocaram de forma integrada com caixas retas e os taróis com a batida de partido alto com levada única.

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Na parte da frente do ritmo, uma ala de cuícas ressonantes mostrou um bom trabalho. Uma ala de chocalhos com técnica musical notória tocou de forma integrada com um naipe de tamborins que executou o desenho rítmico baseado na melodia do belo samba reeditado com eficácia e sincronia.

As bossas da bateria da Vila Isabel foram guiadas pelas nuances melódicas da obra da escola do bairro de Noel. Os arranjos mostraram funcionalidade, impulsionando desfilantes tanto no canto, quanto principalmente na dança.

Estação Primeira de Mangueira

A bateria da Estação Primeira de Mangueira fez uma apresentação energética e de impacto musical, comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Sua afinação grave característica foi percebida. Marcadores de primeira foram firmes e seguros durante o minidesfile. Ritmistas tocando surdo mor contribuíram no balanço do ritmo da verde e rosa. O preenchimento da sonoridade dos médios contou com repiques acima da média, timbaques culturalmente mangueirenses e caixas de guerra com a peculiar batida rufada da Manga sendo bem executada.

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Na parte da frente do ritmo, ritmistas dançantes tocando xequerê auxiliaram na sonoridade e na leveza, além da alegria da bateria da Mangueira. Ganzás, cuíca e Agogôs de duas campanas (bocas) também deram sua contribuição na sonoridade mangueirense. Uma ala de tamborins com desenho rítmico complexo, garantiu uma execução bastante caprichada. A convenção rítmica do tamborim se mostrou intimamente ligada à obra da Estação Primeira, aproveitando as variações na melodia para consolidar o toque.

As bossas da bateria “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” levavam em conta a melodia do samba para consolidar seus arranjos. Todos musicais e altamente dançantes. O destaque da sonoridade vai para a impressionante convenção onde ritmistas utilizam matracas escondidas na roupa para efetuarem um arranjo musical simples, mas de impacto profundo. Além da importância de atrelar culturalmente a musicalidade de um instrumento tipicamente maranhense em homenagem a Alcione, o efeito rítmico da referida convenção foi simplesmente sublime. Um autêntico espetáculo mangueirense de ritmo, ousadia e espontaneidade energética.

Paraíso do Tuiuti

Uma exibição acima da média da bateria “Super Som” do Paraíso do Tuiuti, comandada por mestre Marcão. Marcadores de primeira e segunda tocaram de forma equilibrada, garantindo a manutenção do andamento com eficiência e certa leveza. O balanço dos surdos de terceira merece menção musical positiva. O preenchimento da sonoridade pelos médios demonstrou toda a classe em fazer bom ritmo, com repiques coesos e um naipe de caixas de guerra bem ressonante. A consistência das caixas da agremiação do bairro imperial foi notável, servindo de amparo musical para os demais naipes.

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Na cabeça da bateria, uma ala de chocalhos absurdamente técnica tocou de forma entrelaçada com um naipe de tamborins de qualidade musical indiscutível. O desenho rítmico do tamborim do Tuiuti merece ser ressaltado musicalmente, por sua ligação profunda com a obra da escola de São Cristóvão. A sonoridade da parte da frente do ritmo também contou um correto naipe de cuícas.

Bossas intimamente ligadas a melodia do samba foram percebidas, consolidando o ritmo através das nuances e variações da canção do Paraíso do Tuiuti. O leque de convenções bem trabalhado e executado demonstrou na prática toda a versatilidade rítmica do ótimo minidesfile da “Super Som” do Tuiuti.

Unidos do Viradouro

A bateria “Furacão Vermelho e Branco” de mestre Ciça fez um grande minidesfile. Com um andamento bem mais cadenciado que em anos anteriores e subindo no repique, o fato demarcou diferenças musicais nítidas para os trabalhos passados do Caveira. O andamento confortável garantiu um equilíbrio pleno entre os naipes, bem como uma equalização com ar de refino. Mesmo com uma afinação de surdos tradicionalmente pesada, foi possível ouvir todos os naipes em qualquer ponto que estivesse na bateria.

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Os surdos foram o ponto alto do ritmo da escola do bairro do Barreto. Se os de primeira e de segunda tinham a tarefa de ditar andamento cadenciado, os de terceira foram responsáveis por acrescentar molho à sonoridade. Tudo isso complementado por médios eficientes, como repiques de boa técnica e um naipe de caixas de guerra ressonante, com sua batida característica tocada em cima com levada de partido alto.

Na parte da frente do ritmo, uma ala de cuícas de qualidade musical foi notada, assim como um naipe de chocalhos de virtude rítmica que tocou de modo intercalado com a ala de tamborins. O desenho rítmico dos tamborins utilizou a melodia do samba para consolidar seu toque, se aproveitando das nuances da obra para, com simplicidade, exibir um belo desenho musicalmente enxuto que foi tocado de modo firme e sincronizado.

As bossas se aproveitaram da pressão provocada pelo impacto dos surdos, bem como do toque dos atabaques, garantindo uma pegada africana plenamente inserida culturalmente no que pede o samba-enredo. Para uma bateria que promete surpreendentemente ser uma das mais cadenciadas na próxima folia, o minidesfile serviu como um luxuoso treino para mostrar ao grande público toda a evolução musical notória da “Furacão Vermelho e Branco” do lendário mestre Ciça. A exibição foi tão satisfatória e divertida para os ritmistas que, perto das cinco da manhã, os presentes na Cidade do Samba caíram dentro da energia proporcionada por uma execução musical simplesmente impecável da renovada bateria da Viradouro.

Fotos: mini desfile da Viradouro para o Carnaval 2024

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Fotos: mini desfile do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2024

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Fotos: mini desfile da Mangueira para o Carnaval 2024

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