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Com surpresas, Acesso I de São Paulo têm grandes minidesfiles no lançamento dos sambas de 2024

Pelo segundo ano consecutivo, Estrela do Terceiro Milênio surpreende e encanta, enquanto Nenê de Vila Matilde e Mocidade Unida da Mooca têm ótima resposta do público

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

As escolas de samba que fazem parte do Grupo de Acesso I do carnaval de São Paulo se apresentaram na festa de lançamento do CD da folia paulistana, realizado no sábado – por sinal, Dia Nacional do Samba. As oito agremiações que compõem o grupo fizeram os respectivos minidesfiles com vinte minutos de duração cada um com destaques para a grande surpresa protagonizada pela Estrela do Terceiro Milênio e pela resposta do público nas exibições de Nenê de Vila Matilde e Mocidade Unida da Mooca.

Dom Bosco

Vice-campeã do Grupo de Acesso II em 2023, a Dom Bosco, estreante no segundo pelotão, teve ótima condução do samba pelo intérprete Rodrigo Xará e por todo o carro de som comandado por ele. A canção do enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente… O cordel de um nordeste independente”, de ótima qualidade, foi gritado pelos componentes nos apagões da Gloriosa, bateria comandada por mestre Bola com a presença de muitas crianças entre os ritmistas de Itaquera.

Também vale destacar a comissão de frente, comanda por Luana Polleti, já coreografada e com vários componentes com bexigões e chapéus de lampião – alguna estavam com a fantasia nordestina completa. É destacável, também, o quanto Danilo Dantas, carnavalesco da escola, está presente em toda a dinâmica da escola: da montagem até a colocação de uma cadeira para a ilustrísisma presença de Padre Rosalvino, presidente da agremiação.

Torcida Jovem

Grande vencedora do terceiro grupo em 2023, a Torcida Jovem teve mudanças importantes em alguns segmentos da escola – e ambos merecem destaque. A começar pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira da alvinegra, formado por Kawê Lacorte e Nathália Bete. Mesmo com um vento cada vez mais forte no final da tarde paulistana, eles cortejaram o pavilhão com a graça e samba no pé que lhes é peculiar. No microfone, Vaguinho mostrou atuação segura para defender o samba do enredo “Raiz Afro Mãe, Meu Brasil Bantu”.

Também relacionado à canção, a Firmeza Total, comandada por Marcelo Caverna, teve uma paradinha que ocupou o refrão do meio inteiro – e contagiou os componentes. Dentre os ritmistas, por sinal, interessante notar a forte presença feminina, inclusive tocando alguns instrumentos mais pesados – como caixa de guerra e repinique. Importante notar um espaço grande entre alas em dois momentos envolvendo casais de mestre-sala e porta-bandeira: o que separava a comissão de frente (coreografada por Ricardo Dias) da primeira dupla e o que separava a segunda da ala anterior.

Nenê de Vila Matilde

Segunda maior campeão do Grupo Especial, com onze titulos, a Nenê de Vila Matilde adentrou a Fábrica do Samba sacudindo o público desde a execução do conhecidíssimo hino da agremiação – por sinal, ao contrário da grande maioria das agremiações no evento, a azum e branca executou dois alusivos. Enquanto a canção era tocada, baianas faziam o benzimento para a passagem da Águia – e os orixás que guiam a homenageada do enredo, intitulado “Cirandando a vida pra lá e pra cá. Sou Lia, Sou Nenê, Sou de Itamaracá”, de fato, fizeram bem o trabalho. Extremamente leve e com poucas coreografias, a comunidade evoluiu muito, brincando e dançando a bela canção – muito bem defendida pelo carro de som comandado por Agnaldo Amaral.

Vale pontuar, também, o volume da escola – que avançou até a metade da improvisada passarela antes da execução do hino de 2024. Com uma peça semelhante a um Boneco de Olinda remetendo à Lia de Itamaracá, a Nenê também trouxe roupas remetendo às fantasias na comissão de frente, comandada por Jeferson Ricardo. Por fim, o alerta: em determinado momento, após a passagem do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, um espaço bastante considerável se abriu.

Pérola Negra

A organização deu o tom da apresentação da Pérola Negra no evento. Com muitos bexigões azuis e vermelhos (cores da escola), todos os componentes evoluíram sem grandes sobressaltos, com muito apoio dos Harmonias responsáveis por cada ala. A tranquilidade era tanta que Fernando Neninho, comandante da Swing da Madá, bateria da agremiação da Vila Madalena, entregou uma baqueta para uma criança que estava na plateia enquanto os ritmistas executavam o samba de “Pérola no encanto das Quebradeiras”, defendido por Bruno Ribas.

Vale ressaltar o extremo bom gosto na roupa utilizada por Kadu Andrade e Camila Moreira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição da Zona Oeste. Inteiramente de preto, eles foram o interessante contraponto a uma escola que sempre desfila repleta de cores.

Colorado do Brás

Tida por muitos como algo distante da organização que marcou a Pérola Negra, a leveza foi o grande destaque da Colorado do Brás. Com poucas alas coreografadas (apenas o já tradicional grupo cênico da instituição tinha passos marcados), os componentes evoluíram com bastante energia – até mesmo os Harmonias da vermelha e branca estavam mais tranquilos que companheiros de outras agremiações. Fica, porém, o alerta: no instante em que a Ritmo Responsa, comandada por mestre Acerola de Angola, saía do recuo, a ala mais à frente já estava bem distante.

Ao contrário de outras co-irmãs, a escola do Centro trouxe um pede-passagem bastante chamativo. Comandado por Léo do Cavaco, o carro de som aproveitou a temática nordestina do enredo “Os Encantos da Raiz do Mandacaru” para esquentar os componentes com duas músicas muito associadas à região: “Deus Me Proteja”, de Chico César; e “Eu Só Quero Um Xodó”, de Dominguinhos.

Vila Maria

As temáticas extremamente culturais seguiram dando o tom no minidesfile da Unidos de Vila Maria. Pela primeira vez apresentando um enredo agro, a agremiação da Zona Norte defendeu o samba “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, interpretado pelo histórico Royce do Cavaco. Com canto forte, os desfilantes mostraram o quão satisfeitos estão com o pioneiro enredo da instituição – também ajudados pela Cadência da Vila, comandada por mestre Rodrigo Moleza.

Com uma comissão de frente com trajes bastante simples (uma calça saruel azul, um pano branco na altura do abdômen e contas) e capitaneada por Adriana Angelelli e Wilson Ciavarelli, os integrantes tinham uma dança bastante expressiva. Para contrastar, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Edgar Carobina e Geisle Siqueira, já vieram fantasiados – tal qual as outras duas duplas. Mostrando entrosamento no ano de estreia da nova defensora do pavilhão, ambos chamaram atenção com bom desempenho.

Estrela do Terceiro Milênio

Se, em 2022, a Estrela do Terceiro Milênio foi a grande destaque da noite por fazer a festa de protótipos no minidesfile, a agremiação do Grajaú, novamente, foi a que mais ousou pelo segundo ano consecutivo – isso levando em conta todos os grupos. Grande homenageada do enredo “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: O Mito da Criação”, a contadora de histórias afro-brasileiras se fez presente no pede-passagem da escola, estacionado na frente do palco e com diversas crianças em volta – que ajudaram na fortíssima condução do samba. Uma paradinha no refrão do meio da Pegada da Coruja, de mestre Vitor Velloso (que, por sinal, trouxe o naipe de atabaques na frente, em formação pouco comum), era especialmente eficaz com os componentes. Com o tempo do minidesfile estourado, a escola sustentou o restante da improvisada passarela no canto, levando consigo o público.

Com três mulheres na corte da bateria (número elevado em relação às demais agremiações da noite), quem também brilhou foi o carro de som, vestido inteiramente de branco para homenagear Cici de Oxalá. Grazzi Brasil e Darlan Alves, por sinal, esquentaram a escola com “Muito Obrigado Axé”, de Carlinhos Brown. Destaque, também, para a comissão de frente coreografada por Régis Santos (segmento vencedor do último Estrela do Carnaval), já com algumas partes de fantasia na apresentação da escola do Grajaú, Zona Sul de São Paulo.

Mocidade Unida da Mooca

Encerrando os minidesfiles do Acesso I, a Mocidade Unida da Mooca contagiou o público com o enredo “Oyá Helena”, homenageando a polímata afro-brasileira Helena Theodoro. Com um tripé que revelou Valeska Reis, a escola começou a ganhar ali a atenção e a simpatia do público, que respondeu com força ao samba da agremiação. Ela é rainha da Chapa Quente, bateria da agremiação, que foi comandada interinamente por Will – um dos diretores da equipe de mestre Dennys Silva, ausente da apresentação. Valeska, por sinal, também ficou no palco por um tempo – enquanto Gui Cruz e Clayton Reis, intérpretes, por vezes desceram para a passarela. A comunicação foi tamanha que, após o corte do áudio, os componentes concluíram a passada do samba até o final.

Marcando apenas o refrão do meio com coreografias, a escola da Zona Leste fez uma apresentação bastante agradável e bem leve, com diversas passistas. Também é importante destacar a comissão de frente, coreografada por Nildo Jaffer, fantasiada de Zé Pelintra.

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