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Dragões da Real enraíza a cultura africana com trabalho que vai além do desfile

Mãe África, berço da humanidade. De onde surgiram os tambores que deram luz ao samba, os quais os herdeiros brasileiros fizeram escola. É de se imaginar que todas as escolas de samba, em algum momento de suas histórias, levem para a Avenida um enredo de temática afro alguma vez. Trata-se de momento muitas vezes aguardado pelas comunidades de jovens agremiações e que a Dragões da Real decidiu que chegou a hora de acontecer. A escola da Vila Anastácio deu uma amostra dos preparativos que vem realizando no minidesfile realizado na Festa de Lançamento dos sambas do carnaval de 2024, ocorrido na Fábrica do Samba em dezembro.

Cultura africana aplicada em projetos ao longo do ano

Coube ao consagrado carnavalesco Jorge Freitas assinar o enredo que torna o antigo sonho dessa comunidade de gente feliz realidade. Em entrevista para o site CARNAVALESCO, o artista falou sobre os preparativos da Dragões para esse desfile tão especial que vai além do que será visto no Sambódromo do Anhembi.

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Foto: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

“Era um anseio da escola fazer um enredo afro. Só que nós não estamos fazendo apenas um enredo, nós estamos fazendo um trabalho muito forte em cima da cultura afro. Durante todo o ano nós estamos fazendo diversas ações, estamos fazendo exposições, estamos levando pessoas que são realmente gabaritadas a fazer uma mesa para conversar sobre o continente africano e sobre tudo que se passa no mundo em cima do continente africano. Eu acho que não é apenas o desfile. O desfile vai ser uma conclusão do nosso trabalho”, declarou o carnavalesco.

Fundada em 2000, a Dragões da Real chega a 2024 tendo metade de sua história como uma escola de Grupo Especial, retornando ao desfile das campeãs em sete oportunidades. Trata-se de uma agremiação que não apenas é consolidada na elite do carnaval paulistano, como também costuma ser vista frequentemente como uma forte candidata ao título. Questionado se o momento da primeira conquista chegou para a agremiação, Jorge Freitas prefere manter os pés no chão e valorizar o trabalho feito para este outro sonho se tornar realidade.

“Acredito que chegou a hora da Dragões da Real fazer um belo desfile. Ganhar é uma consequência, mas a gente não pode ser demagogo. Nós estamos trabalhando muito para que esse título venha no carnaval de 2024. O trabalho é intenso, árduo, como vocês puderam hoje acompanhar que a nossa comunidade está fazendo. Hoje foi mais um ensaio que nós fizemos aqui, só que na passarela da Fábrica do Samba. Acho que a escola realmente já está preparada para um grande espetáculo na Avenida”, concluiu.

Junção de sambas também é novidade para a escola

Outro elemento dessa temporada de ineditismos para a Dragões da Real foi a definição do samba-enredo, que pela primeira vez optou pela junção das duas obras que disputaram a final do concurso realizado pela escola. O diretor de harmonia, Rogério Félix, explicou a motivação por trás dessa decisão, e aproveitou para fazer um convite ao público,

“Primeiro que foi uma decisão muito madura da escola. É uma escola que por mais que seja jovem nós estudamos constantemente, sempre tentando evoluir. Dentro desse nós percebemos que tínhamos uma primeira parte de um samba muito forte e uma segunda parte de um outro samba muito inteligente. E aí não foi uma junção porque nós não tínhamos dois sambas. Nós tínhamos dois sambas muito bons para levar para a Avenida, mas nós chegamos ao ponto de conversar com os músicos da casa, os departamentos de canto, harmonia, bateria, e nós começamos a identificar o que daria para acertar em um tom aqui e um tom ali e que daria um grande samba. Acho que ficou nítido hoje com a escola cantando, fica nítida a força do samba. Eu sei que falta um pouco para as pessoas entenderem o enredo. O enredo fala de uma África, e não somente de uma parte de uma África. Ela passa por vários setores, por várias histórias que não foram contadas ou não foram contadas de uma forma tão transparente. Então eu até peço, se alguém quer conhecer um pouco uma África que não foi contada, leia nossa história, entenda ela junto ao samba e se precisar, nos procure. A escola de samba está aí para isso, para aprendermos juntos, e a gente sempre usa o enredo para tentar ensinar um pouco da nossa história”, disse o diretor.

O desempenho do canto da comunidade chamou atenção ao longo da apresentação da Dragões da Real no minidesfile. Rogério fez questão de exaltar o trabalho realizado pela equipe da escola ao falar sobre o andamento da harmonia.

“A escola sempre faz um trabalho muito forte de canto, e a gente tem um trabalho que indifere do samba. Nós sempre prezamos por uma escola que canta muito, e uma escola que canta muito não tem que esquentar com uma escolha de um samba. Dentro de um processo inteiro, nós entendemos que esse era o samba para esse ano. Para você ter uma ideia, um dos maiores carnavais que nós já fizemos, em 2017 com a Asa Branca, o jurado não entendeu o nosso samba e nós não trouxemos a nota de samba. Se tivéssemos trazido, seríamos campeões. Às vezes nem sempre é só o que parece bonito. Tem que ser o que encaixa no enredo dentro de uma nova forma de julgar samba-enredo que hoje a Liga está trabalhando. Tem todo um estudo atrás. Nós percebemos que o encaixe, eu não diria nem que isso é uma junção, o encaixe dos dois sambas foi um presente, e é só observar a escola campeã que você vai entender que isso é real”, explicou.

Rogério está confiante em relação ao resultado final esperado dos trabalhos da Dragões da Real para o desfile, e deu sua palavra quanto a ser o maior carnaval da história da escola.

“Eu posso te garantir que em todos os quesitos, e se não for depois me cobra, a Dragões vai entrar para brigar pelo tão sonhado título. Podem esperar um grande desfile. Não tenho dúvida que vai ser o maior da nossa história e um dos mais bonitos, mais técnicos, e mais emocionante que nós já fizemos”, garantiu.

Com 453 desfiles de blocos, Riotur apresenta esquema operacional para Carnaval de Rua 2024

A Riotur apresentou, na manhã desta quinta-feira o esquema operacional para o Carnaval de Rua 2024. A coletiva na Marina da Glória contou com a participação da Dream Factory, empresa responsável pela produção da folia das ruas este ano.

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Foto: Alexandre Macieira/Divulgação

O público estimado de foliões nas ruas do Rio de Janeiro é de cinco milhões de pessoas. A previsão inicial é de que sejam realizados 453 desfiles (cadastros preliminares), mas este número pode mudar já que depende das autorizações de órgãos públicos e da confirmação dos próprios blocos inscritos (em 2023, o número de desfiles foi de 456). Este ano, 698 blocos se inscreveram pedindo autorização para desfilar, superando a marca de 2023, com 613 pedidos.

Entre os ajustes realizados pela Prefeitura do Rio em 2024 para a logística da festa está o aumento dos desfiles no Centro. Em 2023, foram 119, e agora serão 128. Já a região da Zona Sul terá 98, enquanto Barra da Tijuca, Recreio e Vargens terão 12.

“Nosso planejamento acontece sempre com muita antecedência. Os órgãos da Prefeitura vêm se reunindo semanalmente há quatro meses para que possamos entregar um carnaval de rua organizado e com segurança. Temos muito orgulho de fazer essa que é a maior festa do planeta, o Carnaval do Rio de Janeiro”, afirmou o presidente da Riotur, Ronnie Costa.

Número recorde de megablocos

Seguindo a logística de realização dos blocos acima de 100 mil pessoas, a organização seguirá a mesma operação para os chamados megablocos, que esse ano tem número recorde: dez. Constam na lista: Carrossel de Emoções, Chá da Alice, Bloco da Gold, Bloco da Lexa, Chora Me Liga, Cordão da Bola Preta, Fervo da Lud, Bloco da Anitta, Bloco da Favorita e Monobloco.

A novidade do ano é a volta de Preta Gil às multidões, onde receberá uma homenagem ao Bloco da Preta, durante o desfile do Bloco da Favorita.

Aplicativo Carnaval de Rua 2024

Para 2024, a Riotur também lança, em todas as plataformas digitais a partir de 12 de janeiro, o aplicativo para facilitar a vida do folião carioca e dos turistas que vierem curtir o Carnaval. A ferramenta ajuda a localizar os blocos por geolocalização. Além disso, os foliões poderão buscar informações dos blocos, desfiles e notícias relacionadas ao Carnaval de Rua 2024 no site oficial (carnavalderua.rio).

“Todos os anos temos o aplicativo oficial do carnaval de rua. E este ano teremos a novidade do site, com toda a programação dos blocos”, disse o vice-presidente da Riotur, Gustavo Mostof.

Além destes produtos, haverá ainda 450 galhardetes espalhados pela cidade, com ações de conscientização e informação sobre os desfiles em diferentes mídias digitais, além de painéis em bancas de jornais, empenas, circuito de tevês em ônibus e edifícios.

Integração com demais órgãos

A área médica contará com nove postos médicos espalhados pela cidade, com toda infraestrutura necessária para atendimento ao público, além de 250 diárias de UTIs e 1.200 diárias de maqueiros, que terá a organização dividida entre a Secretaria Municipal de Saúde e a empresa escolhida pela vencedora do Caderno de Encargos. O objetivo é não inflar o sistema público com atendimentos médicos de baixa complexidade.

O folião vai contar com 34 mil banheiros químicos posicionados por onde passarão os blocos, sendo 10% para pessoas com deficiência (PCDs).

E para ajudar na limpeza da cidade, a Comlurb vai disponibilizar uma estrutura que contempla 15 postos de abastecimento móveis credenciados; 200 contêineres com capacidade de 240 litros; seis tendas; 40 pulverizadores costais; mil litros de essência de eucalipto

Já na esfera da segurança pública, a Polícia Militar estará presente com dez torres de observação – período de 30 dias de atuação; cercamento para controle de acesso, com fornecimento de grades suficientes para operação de controle de acesso do público no circuito de megablocos, na região do Centro da cidade. Haverá também pontos com detecção de metais. Ao todo, serão 250 detectores.

A CET-Rio terá 2.500 diárias de operadores de trânsito terceirizados, com carga horária de 10 horas; 400 galhardetes; 400 cones; 300 grades, contemplando equipes para entrega e remanejamento. Ainda no apoio à operação serão disponibilizados frascos de 120ml de protetor solar; pontos de hidratação diária; sacos de gelo; caixas térmicas; adesivos de publicidade irregular; tendas e caminhões baús.

Infraestrutura por toda cidade e credenciamento de vendedores ambulantes

Responsável, desde 2010, pela infraestrutura e pela produção do Carnaval de Rua do Rio, a Dream Factory assume a instalação de banheiros químicos, torres de monitoramento, o suporte ao trânsito (agentes e painéis de sinalização), organiza a venda de bebidas (credenciamento dos vendedores autônomos), o recolhimento de lixo reciclável, a proteção dos canteiros e monumentos, e a estrutura de ambulâncias, entre outros itens, sempre de acordo com a solicitação, planejamento da Riotur e órgãos municipais.

“Temos um orgulho enorme de estarmos há tanto tempo diretamente envolvidos nessa parceria. Temos uma responsabilidade grande. A Dream Factory, como vencedora do Caderno de Encargos, tem como obrigação entregar todos os itens listados no caderno. O carnaval de rua, além de toda a sua operação, movimenta a economia da cidade e do estado, gera muito emprego e promove o turismo”, declarou o presidente da Dream Factory, Duda Magalhães.

A Dream Factory também é responsável pelo credenciamento dos vendedores ambulantes que, em 2024, teve número recorde de credenciamentos: 15 mil. Os credenciados recebem um kit especial com colete, credencial com foto, cordão, e isopor (com capacidade para 44 litros); além de um treinamento segmentado em que os sorteados passarão por palestras obrigatórias sobre noções de posturas municipais, legislação básica, forma de atuação da fiscalização e sobre as vedações e obrigações dos promotores de vendas.

Seguindo o cronograma estabelecido em conjunto com a Riotur, a Dream Factory começou a instalar na quarta-feira as cercas de proteção de jardins, monumentos e canteiros de vegetação em praças e locais que estejam no trajeto dos blocos autorizados pela Prefeitura. Ao todo, serão utilizados 20 mil metros lineares de cercas, e a expectativa é que até o dia 7 de fevereiro todos os pontos determinados estejam prontos.

Entre os canteiros protegidos estão os das orlas da Barra, Recreio, Ipanema e Leblon. Além disso, outros pontos de maior concentração de público, como a Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro, a Praça Santos Dumont, no Jardim Botânico, e o Aterro do Flamengo também receberão proteções.

Já entre os monumentos, 26 terão cercamento, dentre eles, o monumento de Tiradentes, Obelisco, Paço Imperial, Palácio Tiradentes, Chafariz Marechal Âncora, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Chafariz da Praça São Salvador, Monumento a Noel Rosa, Praça Barão de Drummond, entre outros.

Grande Rio passa a fazer ensaios de rua aos sábados

Faltando pouco mais de um mês para seu desfile oficial, o Acadêmicos do Grande Rio retoma seus ensaios de rua com força total. Os tradicionais encontros com a comunidade de Duque de Caxias agora passam a acontecer aos sábados a partir desta semana, no dia 6 de janeiro. Com exceção do dia 27 de janeiro, quando não haverá ensaio porque a escola fará seu ensaio técnico na Marquês de Sapucaí no dia 28, a agremiação toma a Avenida Brigadeiro Lima e Silva semanalmente até a data do seu desfile, no domingo de carnaval, dia 11 de fevereiro. Desta forma, os treinos acontecerão nos dias 06, 13 e 20 de janeiro e também no dia 3 de fevereiro de 2024.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A Grande Rio levará para a Avenida o enredo “Nosso destino é ser onça”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

Serviço:
Ensaios de rua da Grande Rio
Dias: 06, 13 e 20/01 e 03/02
Local: Avenida Brigadeiro Lima e Silva (concentração na altura da Praça Humaitá)
Horário: 21h
Evento gratuito

Salgueiro lamenta morte do intérprete Quinho

É com grande pesar que o Acadêmicos do Salgueiro comunica o falecimento de Melquisedeque Marins Marques, o eterno Quinho do Salgueiro, aos 66 anos. Quinho morreu no final da noite desta quarta-feira, no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Segundo familiares, a causa da morte foi insuficiência respiratória. Desde 2022, Quinho vinha lutando contra um câncer de próstata. Ainda não há informações sobre velório e enterro.

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Foto: Divulgação/Salgueiro

O presidente do Acadêmicos do Salgueiro, André Vaz, lamenta profundamente a perda deste grande sambista, apaixonado pela Academia do Samba.

“Um grande amigo, um grande intérprete, marcou a história do Salgueiro e do Carnaval. Nós acompanhamos de perto a incansável luta do Quinho e sentimos muito essa perda. Ele merece todas as homenagens e fazemos questão de que o último adeus seja em nossa quadra, no lugar onde Quinho cantou, encantou e brilhou durante tantos anos.”, finalizou.

Ainda não há informações sobre horário do velório, nem o local do enterro.

Quinho não foi apenas um intérprete talentoso; ele foi a voz que ecoou em cada conquista, em cada desfile, e que se entrelaçou intimamente com a alma do Salgueiro.

Desde o início, nos anos 90, quando liderou o samba “Peguei um Ita no Norte”, até seu retorno triunfante em 2003 e a gloriosa vitória em 2009 com o enredo “Tambor”, Quinho não era apenas um cantor, mas um poeta que traduzia em notas a essência da nossa escola. Seu retorno em 2018, compartilhando o microfone com Emerson Dias, foi mais do que uma volta; foi o reencontro emocionante de um filho pródigo com a casa que sempre foi sua.

Quinho não apenas cantou para o Salgueiro; ele viveu e respirou cada nota, cada batida do coração acelerado da bateria. Ele personificou o espírito salgueirense, e sua ausência deixa um vazio indescritível. Hoje, não choramos apenas a perda de um grande artista; choramos a partida de um membro querido da nossa família.

Nossos sentimentos se estendem à família de Quinho e a todos que, como nós, compartilham uma conexão profunda com o seu legado. Que sua voz ressoe eternamente nas avenidas, nos corações dos sambistas e em cada canto do Salgueiro. Descanse em paz, Quinho, pois sua música continuará a embalar nossas almas.

Rio utilizará no entorno do Sambódromo no Carnaval 2024 sistema de reconhecimento facial

O sistema de segurança preparado pela secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro para o réveillon 2024, através do uso de reconhecimento facial, capaz de identificar pessoas foragidas da Justiça, será utilizado no entorno do Sambódromo, na Marquês de Sapucaí, durante o Carnaval 2024.

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Foto: Alexandre Macieira/Riotur

“O nosso desejo para o Sambódromo é que a gente consiga fazer em todo o entorno, na parte externa, também o videomonitoramento. Nós temos um sistema que pode ser empregado de forma volante. A previsão é que ocorra essa implementação para que a gente possa ter no entorno do Sambódromo toda a questão do videomonitoramento. É certo que no entorno do Sambódromo o sistema será implantado”, afirmou o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires.

Representatividade do enredo impulsiona vontade da União da Ilha para o desfile no Carnaval 2024

Depois do rebaixamento para a Série Ouro, ao ficar em último lugar no carnaval de 2020, a União da Ilha segue tentando retornar ao Grupo Especial. Já foram dois desfiles no Grupo de Acesso. No ano de 2022, a escola brigou firme pela vaga, mas acabou terminando na terceira posição. Já em 2023, a agremiação ficou mais afastada dessa luta, fechando a apuração no sexto lugar.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Apesar disso, os componentes da Ilha parecem estar mais confiantes para o resultado do carnaval de 2024, tendo o enredo como o grande trunfo para o tão sonhado retorno. Após o minidesfile na Cidade do Samba, a reportagem do site CARNAVALESCO conversou com integrantes da comunidade e com segmentos da escola sobre a possibilidade de voltar ao Grupo Especial em 2025.

O componente Sérgio Luiz, assistente administrativo de 44 anos, que desfilou na União da Ilha pela primeira vez em 1998, acredita muito no acesso da escola.

“Acho que nosso enredo pode ser o diferencial em relação aos outros anos que não conseguimos subir. É uma temática afro. Normalmente, a gente faz bons desfiles com esse tipo de enredo. E também tem essa pegada infantil, que a escola se dá bem. A comunidade está muito animada e empolgada para esse desfile. Acredito que a escola tem mais chances de voltar por conta disso”.

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Componente Sérgio Luiz, assistente administrativo de 44 anos, que desfilou na União da Ilha pela primeira vez em 1998

Já a desfilante Beatriz Arcieri, professora de idiomas de 58 anos, se mostra mais desconfiada para o título da Série Ouro.

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Desfilante Beatriz Arcieri, professora de idiomas de 58 anos

“Gostaria muito que a nossa escola fosse campeã. A gente escuta muita coisa. Alguns boatos. Não sei se o nosso enredo será o suficiente para lutar contra isso. Não tenho tanta expectativa, mas tomara que dê tudo certo”.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete, está muito feliz com a representatividade do enredo e confiante no retorno ao Grupo Especial.

“A expectativa é a maior possível. A Ilha já vem treinando, fazendo ensaios de rua excelentes. Trazendo esse canto da comunidade, que é muito aguerrida e presente. Já no primeiro ensaio, a gente podia notar que o samba estava na ponta da língua e sendo cantado a plenos pulmões por todo mundo. Um enredo com um significado tão bonito e tão necessário. Cada setor está fazendo o seu melhor, trabalhando arduamente para poder trazer a Ilha de volta ao Grupo Especial”, disse Amanda.

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“Acho que a Ilha está resgatando a sua essência, que é trabalhar enredos leves, descontraídos, fáceis de cantar. Com apelo popular e, principalmente, que tenha um propósito. A Ilha traz nesse carnaval o cuidado com o povo preto, através das crianças. Se o mundo precisa de dias melhores, nada melhor do que a gente cuidar das crianças agora. Então, a gente vem educar toda a população ao tratamento de pessoas negras”, falou Thiaguinho.

A União da Ilha será a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro, pela Série Ouro, na Marquês de Sapucaí. A escola irá levar para a avenida o enredo “Doum e Amora: crianças para transformar o mundo!”, de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues.

Sem receio de fechar o sábado de carnaval, Tucuruvi confia na qualidade do samba para ter sucesso em 2024

Desde quando voltou a desfilar no Grupo Especial do carnaval de São Paulo, em 2022, a Acadêmicos do Tucuruvi tenta se livrar de um incômodo número: onze. Nos dois desfiles, a escola do extremo norte da capital paulistana ficou apenas duas colocações acima das instituições que são rebaixadas para o Grupo de Acesso I no ano seguinte. Se, antes, por força do regulamento, a décima primeira colocada era a segunda agremiação a desfilar no sábado de carnaval, agora a instituição está encarregada de fechar as exibições da folia paulistana. Nada que tire a tranquilidade de Rodrigo Delduque, vice-presidente e diretor de carnaval da instituição.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

Em entrevista para o CARNAVALESCO, o diretor abordou detalhes sobre “Ifá”, enredo do Zaca para o carnaval 2024, que será apresentado no sétimo (e último) horário do sábado de carnaval (10 de fevereiro). Na foto, ele está ao lado de Joilma Araújo, presidente da Velha Guarda da agremiação.

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Samba aclamado

Para muitos, a escola terá o melhor samba-enredo de todo o carnaval 2024. A qualidade da obra foi muito destacada pelo diretor durante a entrevista. “Falando de Ifá, não poderia ser diferente. Além de ser uma filosofia de vida, é a primeira religião do mundo. Para nós, é muito gratificante ter esse enredo e, principalmente, uma obra dessas – que a parceria acertou na veia”, contou. Os compositores da obra são Macaco Branco, Carlos Bebeto, Djalma Santos, Chiquinho Gomes, Dr. Marcello Medeiros e Denis Moraes.

A obra possui uma característica bastante evidente: o grande número de palavras em idiomas africanos. Na visão do diretor, o enredo está muitíssimo bem explicado na canção. “Quanto à adaptação com a escola, fomos pela linha de poder explicar bem o enredo, o que significava cada palavra, cada item, cada ponto, cada situação, cada vírgula que os nossos babás nos direcionavam. A escola foi abraçando com muita força de vontade. É uma África diferente, falamos através da religião. Tenho certeza que o Tucuruvi vem forte, vem firme, porque está todo mundo bem empenhado em cantar o samba”, afirmou, aproveitando para elogiar o canto da comunidade.

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Horário atrapalha?

Ao ser perguntado sobre o impacto de fechar a série de apresentações do Grupo Especial, Delduque desconversou. “Mais uma vez, é nas mãos de Ifá e de Exu. Para muitos, não é bom ser a última a desfilar. Se Exu quis assim, está tranquilo para nós. Vamos em busca do nosso sonho”, finalizou, destacando o trabalho para obter o título.

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