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Atuação do carro de som e performance do samba são destaques no ensaio da Niterói; canto da escola foi irregular

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes

A Acadêmicos de Niterói foi a segunda escola a pisar na pista da Marquês de Sapucaí no
sábado, e fez um ensaio regular. A agremiação da “Cidade Sorriso” apresentou uma evolução com dificuldade em seu início e com algumas alas bem espaçadas entre si, além de um canto que não foi forte em sua totalidade, sobretudo, na segunda metade da escola. O samba da azul e branco se destacou durante a apresentação, se mostrando envolvente e tendo suas qualidades evidenciadas pela competente condução do intérprete Tuninho Junior, estreante na escola. No primeiro dia de desfiles da Série Ouro, sexta 09 de fevereiro, a escola será a sétima escola a desfilar trazendo “Catopês – Um Céu de Fitas”.

* VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“Este ensaio é o resultado de todos os nossos ensaios na quadra e na Amaral Peixoto. Hoje a gente provou que conseguimos o resultado de tudo que a gente queria e que a escola está preparada para o dia 9 de fevereiro fazer o melhor possível nesse desfile. Agora, a gente vai estudar mais o canto, vamos conseguir chegar no ponto ideal de canto e evolução da escola. Mas o que a gente fez hoje é quase o ponto que desejamos chegar nesses quesitos que falei. A Acadêmicos de Niterói vai surpreender. O ateliê está adiantado. As fantasias já estão finalizando, pouquíssimas alas que ainda estão saindo do processo de costura. Nosso barracão está a mil por hora. Estamos já com bastante coisa pronta e embalada já para o nosso desfile”, disse Ygor Silva, diretor de carnaval.

Comissão de frente

A comissão, coreografada por Fábio Batista, veio vestida como os catopês com suas roupas
de fitas penduradas e apostou em movimentos mais teatrais. Obteve um bom efeito, apesar de pequenos descompassos de sincronia na altura da segunda cabine; no geral, a comissão fez uma apresentação correta.

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“Foi um grande teste, chovendo o tempo todo, a gente tinha feito coisas que tinham uma certa agilidade, tivemos que diminuir um pouco a pressão, porque eles estão com o pé no chão, a pista é um pouco escorregadinha, mas foi uma execução maravilhosa. A gente tem um elemento alegórico, então, não conseguimos fazer tudo aquilo que necessariamente a gente poderia fazer aqui, porque tem muita coisa que está em deslocamento. Trouxemos uma coreografia mesclando o que era especialmente para o deslocamento aqui na Marquês, mas também coisas que a gente quis trazer para alegrar o público também”, contou o coreógrafo Fábio Batista.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Os irmãos Vinicius e Jack Pessanha mostraram todo entrosamento na apresentação. Apesar da chuva que apertou em alguns momentos do ensaio, eles tiveram bastante sintonia, com algumas coreografias em cima da letra do samba e souberam driblar a chuva com garra e firmeza, principalmente, a porta-bandeira que teve um ótimo desempenho em seus movimentos.

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“O ensaio foi ótimo, mesmo com a chuva, já que no dia do desfile, se estiver chovendo, nós temos que entrar igual, com garra e dando o nosso melhor, então para mim foi perfeito”, disse a porta-bandeira.

“A gente fez um ótimo desfile, o ensaio técnico está aí para mostrar as adversidades que podem acontecer no desfile. Então, eu acredito que fizemos um bom trabalho hoje. Sempre fica algo para melhorar, eu sou muito crítico com o meu trabalho, sempre quero aperfeiçoar e melhorar alguma coisa. A gente vai sentar amanhã e conversar para ver o que foi bom e o que não foi bom”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

O ponto alto da apresentação da agremiação de Niterói. Um samba que fluiu sem mostrar
cansaço durante todo o ensaio, de forma linear e com um belo refrão de cabeça, pontos de
destaque ressaltados pelo excelente desempenho de Tuninho Junior, que sustentou o
samba com força do início ao fim do ensaio.

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“Rendimento muito bom alegre valente até o final empolgando ainda mais no refrão. Melhorar temos que melhorar sempre pois cada ensaio é um desfile, mas estamos no caminho certo para o dia 9 de fevereiro. Carro de som e bateria foi ótimo na minha opinião, uma cadência muito boa. Mestre Demétrius e seus ritmistas sem deixar cair. Muito gostoso de cantar e de ouvir também, o carro de som me dando total apoio pra que eu possa ficar tranquilo pra fazer as viradas do samba! Entrosamento ótimo”, citou o cantor.

Evolução

Niterói não teve uma evolução perfeita. A escola demorou para avançar na pista em seu
início e foi tomando a avenida sem mostrar muita empolgação; do meio pra parte final do
ensaio o ritmo de evolução melhorou. Porém, algumas alas desfilaram muito espaçadas,
com os componentes distantes entre si.

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Harmonia

As primeiras alas da escola de Niterói apresentaram um canto razoável, mas com
crescimento no refrão de cabeça; outros trechos do samba não tiveram um grande canto
por parte dos componentes em nenhum momento do ensaio. As alas que vieram após a
bateria pecaram ainda mais no quesito, cantando pouco também o refrão principal e
fechando de uma forma morna o ensaio da agremiação.

Outros Destaques

Mestre Demétrius segue mostrando sua competência no comando da bateria da Acadêmicos de Niterói. Com boas bossas e excelente afinação, os ritmistas contribuíram para que o samba fosse o destaque do ensaio da azul e branco.

“Apesar de muita chuva, foi muito bom, deu para aproveitar bastante o ensaio de hoje. As paradinhas estão bem firmes, o andamento, agora é só terminar os ensaios e aguardar o dia do desfile. A fantasia é surpresa, aí tem que aguardar mais um pouquinho”, fez mistério o mestre Demétrius.

União de Maricá faz seu primeiro ensaio técnico na Sapucaí e mostra samba na ponta da língua dos componentes

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes 

A União de Maricá abriu a noite de ensaios de sábado debaixo de uma insistente chuva e
com bastante empolgação, vista no canto forte da escola durante todo o tempo na pista. O
samba foi cantado com força pelos componentes em todas as suas passagens, com uma
ótima sustentação em todos os momentos da obra, principalmente, no refrão principal “Maricá é meu país, meu país é Maricá”. A evolução animada e redonda também foi um destaque do ensaio, mesmo com a pista escorregadia pela chuva que não parou de cair em toda a apresentação da escola. Estreante na Série Ouro, a União de Maricá desfilará na sexta de carnaval, dia 09 de fevereiro, sendo a sexta escola a desfilar com o enredo “O Esperançar do Poeta”. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“A avaliação é a melhor possível. A galera cantando muito. Porque a gente já sabe o que está acontecendo lá em Maricá. Que o pessoal aqui do Rio não vai ter essa noção do que tem acontecido lá. Mas é muito emocionante você ver uma comunidade nova, uma prefeitura que enxerga o carnaval como um vetor de mudança social na vida das pessoas, através da educação, através da saúde, através de tudo de bom que o carnaval pode proporcionar. A União de Maricá não vai ser só investimento num grande desfile da parte plástica. Isso aqui (o ensaio) é importante. Para disputar com o Império Serrano, União da Ilha, Estácio de Sá, a gente precisa disso aqui. A gente precisa de chão. E a Maricá tem chão também, mostrou isso aqui hoje. Do ponto de vista de evolução, de produção, de canto, a gente vai ficar sempre cobrando um pouco mais, mas a gente já está perto do que a gente quer para o desfile. É muito uma questão de comunicação, coisas internas mesmo na equipe, entendeu? Mas, no ponto de vista do ensaio, saio mega feliz, foi super positivo”, explicou Wilsinho Alves, diretor de carnaval. Ele revelou que a escola desfilará com 1800 componentes.

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Comissão de frente

A comissão de frente, comandada por Patrick Carvalho, veio com seus integrantes vestidos de malandros da rua, mais pop com calça jeans, cordões e uma criança representando a conhecida figura do malandro sambista, neste caso, uma alusão ao compositor Paulinho Guará. Mesclando passos de charme e samba, a comissão mostrou uma boa dança e obteve comunicação com o público.

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“Acho que hoje foi para lavar mesmo. Eu estava precisando dessa chuva. Pressão, muito trabalho, Maricá e Salgueiro. Dois projetos grandiosos, muito grandiosos. Duas escolas que não economizaram no investimento das minhas ideias. E, falando de Maricá, parece que eu já estou na escola há dez anos, eu estou muito feliz. É um time de profissionais. Acho que a gente vai trazer uma comissão de frente nível especial no Grupo de Acesso. É uma composição de samba, é uma pegada de samba. Essa comissão de frente, eu escrevi ela com muito carinho. Me inspirei na minha história, porque eu sou esse cara que nasci na comunidade do Cantagalo e a minha vivência foi nos becos e vielas. A minha dança tem a assinatura das vielas do meu humor e a comissão vai ter isso”, revelou o coreógrafo Patrick Carvalho.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A pista bem molhada e o vento foram obstáculos para uma apresentação mais solta do casal Fabricio e Giovanna, sobretudo, na altura da primeira cabine. Porém, eles usaram a experiência para conseguirem uma atuação segura mesmo sem o cenário ideal. Na segunda cabine o casal teve um desempenho mais confortável.

“A gente aproveitou que choveu e aí lapidamos os movimentos, sem correria, até porque estava escorregando muito. Com os movimentos bem colocados, tudo bateu no tempo certinho, os movimentos corretos e tudo mais. Só falta só a pegada do dia, que aí, com o terreno seco, a gente espera que possa estar mais fácil para a gente. avaliamos alguns gestos que a gente pode aumentar ou diminuir, esse tipo de coisa. Mas é praticamente só ajuste mesmo. A nossa fantasia propícia para que a gente possa fazer uma boa evolução, uma evolução forte, uma fantasia leve. E a gente espera isso, que seja bastante leve no dia, para que a gente possa evoluir da maneira que se precisa”, disse o mestre-sala.

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“Para mim, foi excelente, até porque com chuva o brilho não é o mesmo, fica tudo muito apagado, nós fomos com a nossa raça, com a nossa alegria e correu exatamente do jeito que nós queríamos. Nós ensaiamos com chuva na São Clemente. Há uns três ou quatro anos. A gente pegou um dilúvio que a água vinha quase até o joelho. E nós viemos também no mesmo esquema, com calma, assim tudo foi tranquilo. Nosso grande medo no ensaio com chuva, há poucos dias do desfile, é cair e se machucar. Eu falei para ela, calma, sem correria, colocação de posição. Eu sou muito eufórica, mas a coisa corre e fica perigoso. A fantasia de 2024 é segredo, mas adianto que é o jeito que eu adoro. E posso dar uma dica, vou vir com faisão”, emendou Giovanna.

Harmonia

O canto foi o grande destaque do ensaio da União de Maricá. Foram poucos os
componentes que deixavam de cantar algum trecho do samba. Todas as partes eram
entoadas em uníssono, mostrando uma escola totalmente azeitada neste quesito. No refrão
principal o já forte canto explodia, sobretudo no trecho que inflama mais os componentes,
“Maricá é meu país, meu país é Maricá”.

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“Posso dizer que está tudo encaixadinho, porque eu, Mateus e toda ala musical, juntamente com a bateria, o mestre Paulinho Esteves, a gente vem trabalhando muito. Incansavelmente! A gente estava ensaiando toda sexta na quadra e também tinha as quartas. Ensaio com a bateria, carro de som, posso dizer que agora o rendimento está muito legal, o samba também está sendo bem aceito. Está saindo para fora da bolha, como dizem, porque as pessoas estão cantando, principalmente, o refrão e essa estrofe do ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. Vamos esperar agora a diretoria comunicar a gente também no carro de som se eles acharam que faltou alguma coisa ou querem acrescentar alguma coisa, vai dar um ‘bizu’ na gente. Já estamos preparadose a gente vai está mais preparado ainda para o desfile”, comentou o intéprete Nino do Milênio.

“Acredito que a grande sacada do samba como o Nino falou é o ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. A gente costuma falar muito que escola que quer ser campeã não escolhe dia, não escolhe horário, não escolhe tempo. A gente ensaiou sob muita chuva e fizemos um grande ensaio técnico. Nossa comunidade que não está cantando o samba, está gritando o samba. Nossa escola vai estrear com o pé direito fazendo um grande trabalho no dia 9 de fevereiro”, garantiu o cantor Matheus Gaúcho.

Evolução

Maricá evoluiu de forma tranquila e com bastante animação na avenida, sem maiores descompassos, mesmo com a pista bem molhada. Desfilantes mostrando muita garra no andamento do ensaio, e a escola manteve um ritmo constante até o final de sua
apresentação.

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Samba-enredo

Além do citado canto dos componentes, o samba teve uma boa sustentação por parte dos
intérpretes Nino do Milênio e Matheus Gaúcho, e teve uma agradável passagem ao longo
do ensaio técnico. O samba dos compositores Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior
Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do
Posto 7 mostrou força e foi bem cantado pelo público que estava nas grades da avenida, o
trecho que cita o nome da escola e consequentemente da cidade da mesma caiu na boca de quem assistiu ao ensaio. O refrão central com uma bonita melodia também chamou a
atenção.

“Tenho uma bateria com 230 ritmistas e eu acho que 130 nunca desfilaram na Marquês de Sapucaí. A bateria veio da Intendente Magalhães. Ela se comportou como uma bateria deve se comportar na Marquês de Sapucaí. Não vou dizer que ela já está no patamar lá de cima, não. Mas eu acho que ela chegou e conseguiu desempenhar o melhor dela e o que a gente vinha fazer nos ensaios. Agora, a gente vai ajustar uma coisinha ou outra. A chuva atrapalhou um pouquinho. Mas nada que comprometesse esse trabalho. Eu tenho certeza que até o desfile vai estar 100%”, afirmou o mestre Paulinho Esteves.

Outros destaques

A ala de passistas se apresentou muito bem vestida e com samba no pé e canto afiados,
sendo mais um ponto positivo da agremiação em seu ensaio.

Freddy Ferreira analisa baterias de Maricá, Niterói, Bangu e Ilha no ensaio técnico

Clique nos nomes das escolas para ter cada análise

UNIÃO DA ILHA
BANGU
NITERÓI
MARICÁ

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Freddy Ferreira é colunista de bateria do CARNAVALESCO

Freddy Ferreira analisa a bateria da Ilha no ensaio técnico

Uma apresentação excelente da bateria da União da Ilha do Governador, comandada por mestre Marcelo Santos. Num ritmo pautado pelo equilíbrio entre os naipes e uma equalização privilegiada, nem mesmo o dilúvio torrencial tirou o ânimo dos talentosos ritmistas da União.

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Foi possível perceber uma afinação de surdos extremamente acima da média na parte de trás do ritmo, que obviamente foi se modificando pela pista, já que uma chuva forte desabou de forma ininterrupta. Marcadores de primeira e segunda foram seguros e principalmente educados durante todo o ensaio. O preenchimento dos médios esteve simplesmente impressionante. Com repiques técnicos altamente coesos e um naipe de caixas de guerra com qualidade absurda, pode ser dito que o casamento musical entre os médios serviu como plataforma musical, dando base de amparo aos demais naipes.

Na parte da frente do ritmo, um naipe de tamborins de altíssimo nível tocou de forma integrada a uma ala de chocalhos soberba. O “Tamborilha” culturalmente é uma ala referência no carnaval brasileiro, mas o que tem feito o naipe de chocalhos da agremiação insulana merece uma menção pra lá de positiva. Complementando a sonoridade da cabeça da “Baterilha”, um naipe de agogôs com um ressoar metálico diferenciado esteve impecável, junto de uma boa ala de cuícas. Na primeira fila do ritmo foi possível notar ritmistas com atabaques, que inclusive se encaminhavam corredor adentro para executar bossas.

Bossas altamente musicais e profundamente eficientes foram apresentadas. Todos os arranjos se aproveitavam da melodia do samba insulano, consolidando o ritmo através das nuances. Na paradinha do refrão do meio, agogôs entravam na bateria junto dos atabaques, possibilitando um toque afro virtuoso. Já na bossa do refrão principal, atabaques tocavam com baquetas, fazendo ilusão ao toque sagrado do Aguidavi, enquanto ritmistas erguiam os braços pedindo respeito e igualdade durante a primeira passada do estribilho. Uma paradinha potente, tanto pela sonoridade, quanto pela questão energética. Provavelmente será um dos momentos de impacto positivo no aspecto da interação popular.

Uma exibição que mostrou uma “Baterilha” de mestre Marcelo pronta para ir atrás da almejada nota máxima, quiçá sonhar com premiações. Um bateria da União da Ilha que manteve o andamento cadenciado com excelência e executou suas bossas de maneira funcional. Vale mencionar positivamente a adição de atabaques, que contribuíram tanto em ritmo quanto principalmente em paradinhas, além de atrelar toques afros à sonoridade, demonstrando ser um acerto cultural em relação ao tema da Ilha.

Freddy Ferreira analisa a bateria de Bangu no ensaio técnico

Um ensaio técnico muito bom da bateria da Unidos de Bangu, sob o comando de mestre Laion. Atual ganhador do Estrela do Carnaval com a bateria “Caldeirão da Zona Oeste”, Laion e os ritmistas da CZO tiveram uma exibição que confirmou a boa fase. Um ritmo pesado e plenamente integrado à obra da agremiação de Bangu.

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Na cozinha da bateria da Unidos de Bangu, uma boa afinação foi percebida, que deixava a bateria relativamente pesada, puxada num timbre mais grave. Os marcadores, tanto de primeira, quanto de segunda foram corretos e firmes durante o ensaio. Já os surdos de terceira foram os responsáveis pelo swing da parte de trás do ritmo. Que ainda contou com caixas de guerra com bom volume e repiques coesos.

Na parte da frente do ritmo, uma ala de tamborins de nítida técnica musical executou uma convenção rítmica de elevado grau de dificuldade, contribuindo com a sonoridade em um toque entrelaçado com um valioso e talentoso naipe de chocalhos. O ressoar de ambos se mostrou bastante integrado. Um naipe de agogôs correto também auxiliou no preenchimento musical da cabeça bateria, junto de cuícas seguras, que auxiliaram com valor sonoro, além de exibirem uma capa vermelha nas cores da agremiação, para proteger o couro do instrumento da chuva persistente.

Bossas atreladas ao samba-enredo foram notadas. Arranjos que se aproveitavam a todo o tempo da afinação mais pesada da bateria, gerando impacto sonoro. Numa concepção arrojada, uma paradinha na cabeça do samba simulava uma marcha, com a bateria virando para o julgador na execução, atrelando culturalmente o ritmo da Bangu ao enredo da escola. Promete ser um momento musicalmente e até energeticamente impactante no desfile oficial.

Uma apresentação contundente e consistente da bateria “Caldeirão da Zona Oeste”, de mestre Laion. Um ritmo enxuto foi exibido, contando com impacto sonoro da boa afinação de surdos e criações musicais com certo refino. Um treino que mostrou uma bateria da Unidos de Bangu praticamente pronta para o Carnaval 2024.

Freddy Ferreira analisa a bateria de Niterói no ensaio técnico

A bateria da Acadêmicos de Niterói esteve bem no ensaio técnico, comandada pelo consistente mestre Demétrius. Uma apresentação que mostrou o bom ritmo da “Cadência Niterói”, principalmente nas afinações e nos trabalhos sólidos envolvendo os médios.

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Na parte traseira do ritmo, foi possível notar uma bateria “Cadência de Niterói” muito bem afinada. Os marcadores de primeira e segunda se mostraram precisos e educados. O balanço dos surdos de terceira embalou o ritmo da azul e branca de Niterói de forma sólida. O preenchimento da sonoridade por parte dos médios exibiu qualidade musical, com repiques de boa técnica e caixas de guerra com volume acima da média.

Já na cabeça da bateria, uma ala de chocalhos de alto nível técnico tocou de forma interligada a um naipe de tamborins de inegável qualidade musical, que executou uma convenção rítmica simples, mas pautada pela melodia do samba. Para auxiliar no complemento das peças leves, uma ala de cuícas bastante ressonante também adicionou valor sonoro à bateria da Niterói.

Com bossas musicais que se aproveitavam das nuances melódicas do samba-enredo, a bateria da Acadêmicos de Niterói apresentou um conjunto bem satisfatório de paradinhas. Algumas ajudaram a evidenciar a diferença entre os timbres das afinações de surdos, se aproveitando inclusive do balanço irrepreensível das terceiras nos arranjos. É possível dizer que a precisão e boa educação dos marcadores esteve em alta na realização das bossas e também nas retomadas.

Um ensaio técnico produtivo e que mostra uma bateria “Cadência de Niterói” de mestre Demétrius cada vez mais pronta para o desfile oficial. Um conjunto de bossas simples, mas bastante funcional e musical foi apresentado. Certamente a musicalidade das bossas ajudou a impulsionar os desfilantes da Acadêmicos de Niterói, num ensaio que foi realizado integralmente sob chuva forte. Entretanto, nem o tempo ruim desanimou a galera do ritmo, que se manteve discipinada e focada durante todo o cortejo, além de produzir invariavelmente um bom ritmo.

Freddy Ferreira analisa a bateria de Maricá no ensaio técnico

A bateria “Maricadência” fez um ótimo ensaio técnico, sob o comando do mestre Paulinho Steves. Um ritmo que se destacou pela profunda integração musical, dando ao samba o que ele pede, tanto em andamento, quanto em paradinhas.

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Foi possível perceber uma bateria “Maricadência” bem pesada, com um afinação com boa distinção entre os timbres. O agudo dos surdos de segunda tinha um ressoar que impressionou. Os marcadores de primeira e segunda pulsaram com firmeza. Os surdos de terceira foram responsáveis pelo balanço, que se manteve correto. O complemento dos médios foi consistente e de qualidade. Repiques se mostraram coesos e exibiram boa sonoridade. Assim como as caixas de guerra executaram um trabalho bastante sólido contribuindo com volume.

Na parte da frente do ritmo, uma ala de tamborins se destacou com um desenho rítmico simples, mas pautado pela melodia do samba. Junto dele, quem também brilhou foi um naipe de chocalhos bem integrado, apresentando bom volume e técnica. Uma ala de cuícas correta e um naipe de agogôs eficiente também contribuiu com a musicalidade da cabeça da bateria da Maricá.

Com bossas que se aproveitavam das variações melódicas, quase intuitivas, o impacto sonoro era provocado pela pressão dos surdos. Inclusive, em dois arranjos foi possível notar o balanço criado nas paradinhas pela diferença de timbres entre as afinações de primeira, segunda e terceira. Um trabalho que resultou em uma musicalidade enxuta e uma sonoridade destacada, revelando bom gosto.

O ótimo trabalho da bateria da União de Maricá no seu primeiro ensaio técnico na Sapucaí impressionou o público presente, que caiu dentro do ritmo por onde ele passava, mesmo com uma chuva insistente. Importante ressaltar que nem isso murchou ritmistas ou mesmo fez cair a afinação das marcações, numa noite em que a galera do ritmo e seus diretores se doaram de forma integral para o bom treino da “Maricadência”, de mestre Paulinho Steves.

Fotos: ensaio técnico da União da Ilha no Sambódromo

Fotos: ensaio técnico da Niterói no Sambódromo