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Série Barracões: Inocentes promete levar a história dos trabalhadores informais com muita alegria e colorido para a Sapucaí

A Inocentes de Belford Roxo dará vez e voz para uma parcela da população que muitas vezes é esquecida ou até relegada. A escola da Baixada Fluminense contará a história dos trabalhadores informais do Brasil, desde a sua origem nos tempos do Império. Ambulantes e camelôs serão levados para a Marquês de Sapucaí para serem homenageados como um povo de luta e suor ao ganharem a vida. Personagens importantes serão lembrados, como Silvio Santos, Anísio Abraão David, Rick Chesther, entre outros, que também foram ambulantes. A azul, vermelho e branco promete contar essa história com bastante alegria, apostando em um colorido diferenciado.

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O carnavalesco Cristiano Bara explica que o atual enredo é, na verdade, uma segunda opção da escola, após problemas com o anterior. A ideia foi levada pelo presidente da agremiação, Reginaldo Gomes, para ele. Cristiano conta que já tinha uma pesquisa feita sobre o tema desde os tempos de Beija-Flor, e que se aprofundou na história para desenvolver o carnaval da Inocentes:

“Em um primeiro momento, a gente teve um problema com o outro enredo. Tivemos que deixar de fazer ele para fazer esse próximo. O presidente me sugeriu uma ideia, ele gostaria de fazer alguma coisa sobre o começo ambulante. A gente começou as pesquisas, e como eu já tinha feito uma pesquisa bem forte sobre o Debret em um período que eu passei na Beija-Flor, quando eu fui ao Maranhão junto com uma comissão. Eu sabia que ele tinha documentado o começo ambulante no Brasil colonial. Aí foi onde a gente encontrou o caminho, um gancho para a gente começar a contar nossa história”, falou o artista.

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Na extensa pesquisa de enredo, mesmo já tendo conhecimento de algumas passagens, Cristiano se deparou com uma história que não sabia. Ele conta que Debret foi um artista tão importante da época, que realizou trabalhos estéticos para a corte, e que poderia ser chamado de carnavalesco. Além disso, ele também deu as primeiras cores para a bandeira do Brasil:

“A gente tem uma história bem curiosa. Na realidade, o Debret era o carnavalesco da época, porque ele que cuidava de todos os eventos da corte. Ele que cuidava da decoração dos eventos, da parte estética. Tem um historiador que mostra até que ele construía carros alegóricos quando fazia alguma festa. Foi ele quem desenhou a primeira bandeira do Brasil. O verde e amarelo da nossa bandeira foi o Debret que desenhou. Ele tinha consciência de que quando ele veio na viagem, quando ele corta o Atlântico e veio à costa brasileira, ele ficou encantado com tudo que ele viu, a exuberância do verde. Colocou o verde das matas e o amarelo ele justificou com o ouro, porque ele sabia de toda a riqueza. Como ele tinha um conhecimento da história do continente africano e do europeu, com a relação do português com o Brasil, ele sabia que muito ouro foi pra lá, dizendo que o país era um lugar que tinha muito minério e muita riqueza. É um fato bem curioso saber que ele pintou os mercadores, como a preta que vendia caju. E depois descobrir que ele foi quem pintou a nossa bandeira, que a gente tem tanto orgulho, é muito interessante dentro da história que a gente descobriu na pesquisa do enredo”, disse o carnavalesco.

O artista entende que o grande trunfo da Inocentes é um somatório de fatores, que passam por uma estética bonita, colorida e diferente, pelo samba-enredo de qualidade, e por um forte fator humano que faz tudo funcionar:

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“Eu acho que é primar por uma boa estética visual. A gente tem um grande samba, feito pelo Cláudio Russo, que é um mago do samba-enredo. É um enredo alegre, divertido, colorido, com a cara da escola. A escola é tricolor. A gente vem com um desfile muito colorido porque o enredo nos permite isso. Até a parte histórica no início também tem um colorido muito legal, porque tem a exuberância da fauna, da flora, no abre-alas. A gente tem uma representação do azul do Oceano Atlântico que eles cortaram para chegar ao Brasil. Temos embarcações, alguns mercados, o colorido do ver-o-peso, com todas as garrafinhas que vende. A gente tem o açaí, a baiana que vende o acarajé no mercado do modelo, os quitutes. Temos um mercado de BH que tem o queijo, o doce de leite, a cachaça. O ponto alto é a estética unida com o humano, porque qualquer espetáculo de carnaval, se a gente não tiver o humano pra fazer virar a realidade tudo aquilo que a gente sonhou, não funciona. A gente tem um humano bom e um colorido diferente pra mostrar o carnaval. É uma grande viagem para mostrar o ambulante através do tempo”, afirmou Cristiano.

Bara relata de que forma trabalha com sua dupla, o carnavalesco Marco Antônio. Ele explica que não há uma divisão exata de tarefas. Os dois participam e decidem todos os aspectos do desfile em conjunto:

“A gente na verdade divide todas as ideias e conversa o tempo todo. Não temos uma divisão concreta, do tipo ‘você cuida disso, eu cuido daquilo’. Não tem isso, a gente divide todo o trabalho, da pesquisa, do desenvolvimento, as cores, a gente vai conversando. Eu já trabalhei há um tempo com o Marco, muitos anos atrás ele era carnavalesco e eu tinha um ateliê. Fiz fantasias protótipos para ele e a gente hoje uniu essa convivência boa do passado e que estamos mantendo aqui”, comentou Bara.

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Cristiano explica de que forma trabalhou com Cláudio Russo, compositor que foi contratado para fazer o samba-enredo da escola. O carnavalesco afirma que passou todo o projeto do desfile para Russo, mas que nem seria necessário por conta de sua extrema qualidade na composição:

“A gente deu todas as diretrizes pro Cláudio. Na realidade, a gente já vinha desenhando o enredo, então a gente passou os desenhos de fantasia e de alegoria para ele ter consciência de tudo aquilo que a gente ia mostrar na parte estética, para que ele pudesse construir um grande samba. A gente tinha sinopse, o enredo todo direitinho, e fomos dando subsídios. Mas nem precisa muita coisa para Cláudio Russo fazer um grande samba. Ele é o mago do samba enredo no carnaval hoje”, disse o artista.

O carnavalesco relata as dificuldades que enfrenta ao realizar seu trabalho no barracão da escola, localizado na Via Binário, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. A precariedade da estrutura deixa tudo mais imprevisível, porém ele afirma que é possível administrar. Cristiano deixa um recado importante que tem tudo a ver com o enredo da Inocentes:

“Na realidade, eu já passei por todos os grupos. Há 13 anos eu já tinha feito a Inocentes, que era em outro barracão, que era aberto. Já passei por muitas dificuldades. Também já passei no Especial pela Beija-Flor e em São Paulo pela Vila Maria durante cinco anos. Então, a gente adquire experiência. É como se fosse um camaleão, se adaptando às cores do ambiente. É bem difícil. Já poderíamos ter uma cidade do samba da Série Ouro. Temos que lidar com as dificuldades. Se chove, molha tudo. Tenho um carro aqui, que tem uma baiana na frente toda de renda branca. A gente fica correndo para proteger. Quando para a chuva, ainda fica escorrendo água da laje. A gente vai administrando, é o que temos hoje para trabalhar. E vamos tentar entregar o melhor espetáculo possível na Sapucaí e mostrar que a gente é firme e forte, exatamente como os camelôs do nosso enredo. Eles acreditam e conseguem vencer no final. Temos vários exemplos para que a gente possa vencer as adversidades que temos no barracão”, afirmou Cristiano.

Bara cita sua longa experiência no espetáculo, mas afirma que o fator primordial para driblar as adversidades financeiras é o conjunto forte de trabalhadores que o ajudam, dando ideias boas e baratas, e também colocando a mão na massa para fazer o projeto ganhar vida:

“Esse ano farei 35 anos de carnaval. A gente acaba adquirindo experiência no caminho. Mas temos pessoas que trabalham com a gente que dão soluções muito legais também. Temos a Luana na decoração de alegorias. Temos a Maria que trabalha lá em Belford Roxo cuidando do ateliê. Temos um grupo unido para que a gente ache alternativas que tenham um visual muito bom, mas que não tenham um custo alto. É aquela velha brincadeira, de tirar da cabeça o que não se tem no bolso. A gente sabe da dificuldade, hoje as coisas estão muito caras. Mas conseguimos soluções muito legais para que a gente possa apresentar um grande espetáculo. As pessoas vão se encantar”, falou o carnavalesco.

Apesar de todas as dificuldades no processo de desenvolvimento das fantasias e alegorias, Cristiano procura não se deixar abater. O artista diz enxergar o carnaval de outra forma, dando ênfase ao sentimento verdadeiro por sua profissão:

“Eu não vejo carnaval como uma condição. Eu vejo como amor pela nossa profissão. A gente fica muito feliz com tudo que projetamos. Na verdade, a gente é vendedor de sonhos. E sonho não tem local, podemos sonhar em qualquer lugar. Ele pode se tornar uma realidade boa. Apesar de estarmos em um local ruim, a realidade que a gente apresentar na avenida será muito boa”, disse Bara.

O carnavalesco da escola explica que não tinha a intenção de trabalhar no desfile deste ano, mas acabou aceitando o pedido do amigo pessoal e presidente da Inocentes, Reginaldo Gomes. Por conta disso, ele prefere não dizer sobre o que será o seu futuro na folia carioca e deixa tudo em aberto:

“Na realidade, eu tinha uma ideia de não fazer carnaval por um ano para descansar. Eu estava morando em Arraial do Cabo. Aconteceu do Reginaldo ir lá. E eu já tinha trabalhado na Inocentes, sou amigo da família há 20 anos. Ele já tinha ido à São Paulo acompanhar um trabalho de um enredo sobre a China, que era maravilhoso. Ele me falou que a gente teria dificuldades por causa do tema. E me pediu para voltar para ajudar o Marco, fazer essa parceria, porque quanto mais gente melhor. Duas cabeças pensam melhor que uma só. Então, eu resolvi assumir essa volta para o carnaval. Se vou continuar aqui na Inocentes ou se vou alçar novos voos, vai depender de tudo que a vida promete para a gente. Não sabemos o amanhã. A gente sabe muito pouco de hoje. Não tenho uma ideia fixa do que vou fazer. Vou deixar o universo comandar tudo o que a gente precisa”, refletiu Cristiano.

Conheça o desfile da Inocentes

A Inocentes de Belford Roxo para 2024 vem com cerca de 2.200 componentes. Serão três carros alegóricos e três tripés, sendo um deles na comissão de frente e os outros dois ao longo do restante do desfile. A caçulinha da Baixada será a quarta escola a desfilar na sexta-feira de carnaval da Série Ouro. O artista Cristiano Bara explicou os setores de seu trabalho para o site CARNAVALESCO:

Setor 1: “Começamos a contar nossa história a partir do convite de D. João VI para a Missão Francesa vir para o Brasil. Debret ficou responsável de pintar o cotidiano do povo no Brasil Império e aí ele volta pra França e depois documenta isso no livro. No primeiro momento que a gente tem no Brasil de documentação do mercado ambulante, a gente chama de trabalhadores de ganho, mas na verdade eram os escravos de ganho, pois trabalhavam para os seus senhores. Tudo que era produzido nas fazendas, ele pegava e colocava para o escravo vender durante a tarde, à noite. Criava galinha, botava no cesto e vendia. E o Debret se encantou com isso, olhando da janela do ateliê dele, que era no Catumbi. Ele via isso e começou a pintar, foram as melhores pinturas dele, essas são as mais requisitadas pelas pesquisas, todo mundo é encantado com elas. Então, a gente começa a caminhada do nosso enredo, o conhecimento dele sobre o continente africano, o continente europeu, já ele foi convidado pela Coroa Portuguesa para poder vir para o Brasil. Era uma missão que tinha a ideia de trazer o neoclassicismo para o Brasil, que já vinha há muito tempo com o Barroco, com os jesuítas. Os jesuítas vão e eles chegam à missão e começam a modificar a arquitetura no Rio de Janeiro, começam a mudar as características da cidade e sair do barroco para o neoclássico”.

Setor 2: “Com isso, a gente vai mostrando a evolução do comércio. Aí chega a influência de mercador chinês, árabe, judeu, cada um com sua área. O judeu tinha uma área de venda de utensílio para a cozinha, panela de cobre, talheres, já o árabe vendia utensílio para costura, linha, agulha, alfinete, fita métrica, para poder trabalhar esse momento. O chinês trazia os tecidos, e a gente tinha o nosso o Caxeiro Viajante, que era o que viajava no lombo do burro e que transportava tudo que ele vendia, era um comércio de quinquilharias, vamos dizer assim. Com essas influências a gente criou as nossas feiras livres, que era a banquinha que eles colocavam tudo isso, que depois foi se transformando e virou os mercados que a gente tem espalhado pelo país. A gente tem Ver-o-peso, que tem mais de 400 anos, que é no Pará, a gente tem o Mercado Municipal de São Paulo, a gente tem o de Belo Horizonte, Então, a gente fala desse momento dos mercados numa alegoria. A gente mostra o mercado modelo na Bahia, tudo isso é influência desses mercadores, junto com o que a gente já tinha com os nossos escravos, com a influência africana, e foi evoluindo até a criação do mercado”.

Setor 3: “Após isso, a gente já começa uma viagem para os tempos modernos, indo para o grande problema das grandes cidades, que culminou no Rio de Janeiro. A Guarda Municipal tinha que botar ordem na cidade, e virou o grande bicho papão desse camelô. Com esse problema, a gente desenvolve o enredo, mostrando tudo. Tem o cara que vende no plástico, com a cordinha, porque ele quer escapar do rapa, começa e vai funcionando, mas precisa de uma ordem. E essa ordem vem com a ideia de construir o Camelódromo. A gente fala dos produtos piratas, os produtos dos sacoleiros, que compravam no Paraguai e traziam, coisas do cotidiano. Mostra também o Mercadão de Madureira no final. A gente mostra que o forte lá é a procura por produtos religiosos. Temos um carro que tem um trem que leva da Central até Belford Roxo, sede da escola. Então, a gente passa por todos esses mercados que também movimentam o mercado ambulante, o mercado das feiras livres. Também falamos do Silvio Santos, que já na época do problema com a Guarda Municipal, ele vendia na hora do almoço deles, do Rick Chesther, que ficou tão famoso e foi fazer até palestra nos Estados Unidos, do Anísio, presidente de honra da Beija-Flor, que foi camelô, vendedor de bala. Depois foi para o jogo do bicho e se tornou importante para o nosso carnaval. O crescimento do espetáculo, em grande parte, é graças a ele, junto com os demais que fizeram parte da Liga. A gente faz essa homenagem”.

Império Serrano promove o primeiro ensaio técnico carbono zero da história do Carnaval

Pioneiro na criação de uma diretoria voltada para sustentabilidade, o Império Serrano vai inovar em seu ensaio técnico, no próximo sábado. Antes de rasgar o chão Marquês de Sapucaí com a força da sua comunidade, o Reizinho de Madureira vai apresentar o certificado de compensação de carbono do evento. Esta ação inovadora é viabilizada pela Atmmos.io, uma start-up emergente no cenário de inovação social carioca, especializada em soluções de sustentabilidade.

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Com o apoio da empresa no ramo de tecnologia verde, o Império Serrano vai compensar as emissões de CO2 geradas pelo transporte dos participantes e pelo uso de energia elétrica durante a apresentação na Passarela do Samba.

Este evento reflete a vitalidade e criatividade do mercado de inovação do Rio de Janeiro, mostrando o espírito inovador do Império Serrano e da Atmmos.io. Juntos, as entidades estão redefinindo a abordagem de eventos culturais, harmonizando tradição com responsabilidade ambiental.

Segundo Diego Carbonell, diretor de sustentabilidade do Reizinho, a parceria será fundamental para essa nova visão da escola para as causas ambientais.

“Essa ação de compensação é um primeiro grande sinal de que o Império Serrano vem muito forte em suas iniciativas relacionadas à estratégia de sustentabilidade. Temos certeza que a visibilidade dessa ação impactará positivamente na conscientização, não só dos imperianos, mas de todo povo do samba”, disse.

Já para Augusto Veríssimo, CMO da Atmmos, a parceria é um reflexo da inovação e do potencial do Rio como um emergente no polo de tecnologia verde.

“Na Atmmos.io estamos orgulhosos de fazer parte desta transformação, trazendo soluções em sustentabilidade desenvolvidas aqui, no coração do Rio. Esta colaboração não é apenas um passo em direção a um futuro mais verde, mas também um exemplo de como a inovação local pode impactar positivamente a tradição e a cultura”, afirmou Augusto.

Os créditos de carbono viabilizados pela Atmmos.io beneficiam o projeto de conservação Jari Amapá na Amazônia, promovendo a proteção ambiental e o apoio às comunidades locais. Esta iniciativa não só compensa a pegada de carbono do Império, mas também lhe confere o selo ‘Compenso Carbono’, um símbolo do seu compromisso com um futuro mais sustentável e verde.”

No Carnaval 2024, o Império Serrano vai apresentar o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, do carnavalesco Alex de Souza. A escola vai saudar os orixás, grandes reis e rainhas do Império de Oyó, seguindo a ordem do ritual do xirê.

Unidos de Padre Miguel ensaia nesta sexta na Guilherme da Silveira

Focada em seu desfile no dia 10 de fevereiro, a Unidos de Padre Miguel fará mais um ensaio de rua nesta sexta-feira, véspera de feriado de São Sebastião. Com concentração a partir das 20h, a direção convoca toda comunidade e segmentos do Boi Vermelho para mais um treino de harmonia e evolução, desta vez na Guilherme da Silveira, em Padre Miguel.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Em 2024, a Unidos de Padre Miguel levará para a avenida o enredo “O Redentor do Sertão”, de autoria dos carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato. Vice-campeã em 2023, a vermelha e branca da Vila Vintém será a quinta agremiação a desfilar no sábado de carnaval, pela Série Ouro, do Rio de Janeiro, em busca do tão sonhado título e o acesso ao Grupo Especial.

Mocidade fecha parceria com empresa de tecnologia para o Carnaval 2024

A Caju Benefícios, empresa de tecnologia que oferece benefícios e soluções para RHs, fechou uma parceria inédita com a Mocidade Independente de Padre Miguel para o Carnaval 2024. Esta é a primeira ação da empresa em patrocínio de eventos para além do público B2B. Com a parceria, a Caju visa expandir a presença da marca para todo o Brasil através de uma experiência e narrativa conectada ao propósito da empresa – de levar sabor à vida profissional. Assim, busca se conectar com a audiência de forma leve e fluida e romper os padrões das comunicações de marca B2B.

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Foto: Divulgação

Com o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, a escola do carnavalesco Marcus Ferreira irá contar na Sapucaí tudo sobre a fruta do cajueiro, com suas histórias, curiosidades e lendas. O samba-enredo da verde e branco, que tem entre os compositores Marcelo Adnet, é um dos mais ouvidos nos canais oficiais do carnaval carioca e crescendo nas paradas dos streamings musicais – no Spotify, por exemplo, foi número 1 no Rio de Janeiro na última semana do ano e agora está na lista das músicas mais virais do Brasil.

A Caju entende a parceria como uma oportunidade única e autêntica para celebrar o carnaval de 2024 e engajar com os “cajuzetes”, como são chamados as centenas de milhares de usuários da Caju. “Hoje, temos mais de 30 mil empresas de todos os cantos do Brasil utilizando nossos produtos, em especial o cartão de multibenefícios. A brasilidade é muito presente nas nossas comunicações e no tom de voz, e sabemos que muitos dos nossos usuários se identificam com a gente por conta disso. Nada mais justo, então, do que aproveitarmos a maior festa brasileira para nos aproximar deles. O gancho com a Mocidade, que este ano tem como tema do samba-enredo o caju, foi a oportunidade perfeita”, diz Mariana Hatsumura, CMO da Caju.

Para Bryan Clem, diretor de marketing da Mocidade, a parceria casou perfeitamente com o enredo da agremiação. “Estamos muito felizes e satisfeitos com a parceria com a Caju Benefícios. A Mocidade fala sobre o Caju e a marca tem toda identidade aliada a nossa estratégia digital. Tenho a certeza que agregaremos muito mais na campanha deste samba, que virou hit do verão”, destaca.

Ativações da parceria

Para a parceria, os mascotes da Caju e da Mocidade farão uma série de conteúdos que serão publicados nas redes sociais. “É uma maneira de conectar a tradição do Carnaval, festa centenária, com toda a identidade e brasilidade que temos na nossa empresa”, diz Hatsumura. A Caju também estará presente no ensaio técnico da Mocidade que acontece no domingo na Sapucaí.

A Mocidade Independente de Padre Miguel será a primeira a entrar na Sapucaí na segunda-feira, dia 12 de fevereiro de 2024. Saiba mais sobre o desfile de 2024 neste link.

João Bosco visita barracão do Tuiuti e confirma participação no desfile da escola

Um dos maiores cantores e compositores do Brasil confirmou presença no desfile do Paraíso do Tuiuti neste Carnaval. João Bosco, ao lado da filha Julia Bosco e de Moacyr Luz, visitou o barracão da agremiação, na Cidade do Samba, e conferiu detalhes com o carnavalesco Jack Vasconcelos do enredo sobre João Cândido. A canção “O mestre-sala dos mares”, de Bosco e Aldir Blanc, serviu de inspiração para a criação do tema da azul e amarelo.

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Foto: Divulgação

“Ter o João Bosco com a gente é reverenciar a história do João Cândido. Muitos brasileiros só foram apresentados à heróica história de João Cândido quando, em 1974, João Bosco e Aldir Blanc compuseram o clássico ‘O Mestre-Sala dos Mares”, imortalizado na voz da Elis Regina. Nós vamos reverenciar, mais uma vez, a história e o legado de João Cândido na Avenida”, conta Jack.

O artista desfilará ao lado da família de Aldir Blanc na última alegoria do Tuiuti. A escola será a quinta a desfilar na segunda-feira de carnaval com enredo “Glória ao Almirante Negro!”, uma homenagem a João Cândido, marinheiro brasileiro que atuou na liderança da Revolta da Chibata.

Sistema de iluminação do Sambódromo promete revolucionar os desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2024

Pela primeira vez, na Marquês de Sapucaí, cada escola de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, terá o controle total do sistema de iluminação de toda Avenida nos desfiles de 2024. Desde o fim do ano passado, as escolas estão em contato com a equipe que opera o sistema e nos próximos dias vão testar oficialmente, principalmente, em seus tripés e integrantes da comissão de frente. Nos dois últimos anos, a iluminação vem sendo utilizada na Avenida, mas com reclamações dos artistas e do público. Agora, o clima na maioria das escolas de samba é de encantamento com uma possibilidade artística.

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Foto: Divulgação/RioLuz

A iluminação de LED que combina cores e luzes ritmadas com as baterias, alegorias e fantasias, promete ser um destaque em todas as escolas de samba deste ano. Além da comissão de frente, as escolas preparam projetos que vão integrar todo o desfile com o novo sistema de iluminação da Marquês de Sapucaí. Diferentemente do que é especulado nas redes sociais, esse ano nada será “feito de orelhada”, pelo contrário, cada agremiação terá autonomia para realizar o que desejar durante o seu desfile.

Todos os testes, que vão ser realizados nos próximos dias, sempre no horário da madrugada, será acompanhado pela equipe comandada por Césio Lima, uma das principais referências no país em iluminação. Para isso, foi montado um centro de controle no setor 10 da Marquês de Sapucaí.

Em matéria publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo site CARNAVALESCO é garantido que os setores das arquibanacada não vão ficar totalmente sem iluminação entre um desfile e outro. Ao longo das cabines dos jurados, localizadas nos setores 3, 6 e 10, os carnavalescos e coreógrafos poderão explorar todo sistema, inclusive, luzes coloridas de RGBW. A reportagem cita que vão ser utilizados 510 refletores direcionados para pista dos desfiles.

Agora, o mistério sobre quem vai usar o sistema de iluminação fica no ar. Como nas alegorias e fantasias, as agremiações do Grupo Especial guardam a sete chaves os segredos planejados para os desfiles do Carnaval 2024.

Barracões Acesso 1 SP: Pérola Negra levará ao Anhembi a história das quebradeiras de coco babaçu

A série “Barracões” do site CARNAVALESCO viaja junto com a Pérola Negra ao Maranhão para conhecer as quebradeiras de coco babaçu. Carregando consigo a tradição de explorar o fruto do babaçueiro, árvore típica do Nordeste, essas mulheres guerreiras terão sua história contada no Sambódromo do Anhembi através do enredo “Pérola Negra no encanto do balaio das quebradeiras”, assinado pelo carnavalesco André Marins.

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Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

A inspiração e o agradecimento das quebradeiras

O momento em que nasce o enredo costuma ter significado especial para os carnavalescos. Quando André Marins foi apresentado à história das quebradeiras de coco, as descobertas e contatos feitos ao longo do processo desenvolveram não apenas a ideia do tema que a Pérola Negra levará ao Anhembi, como também a maneira especial com que a história dessas mulheres será tratada.

“Eu estava procurando um enredo aonde eu tivesse uma cultura brasileira mesmo, alguma coisa que nunca tivesse passado na Avenida. Conversando com um amigo ele falou que tinha um enredo e apresentou a história das quebradeiras. Eu vi um documentário falando sobre elas e me encantei por causa da história, e enquanto fui criando mais conteúdo para o enredo eu fui descobrindo várias coisas. Quando se fala de pessoas que trabalham com esse tipo de material se imagina que é uma coisa sofrida, difícil, mas para elas isso é um prazer. Recebi um áudio em que a Rosalva, uma das quebradeiras de coco babaçu do Maranhão, pede que não coloque nada sofrido porque elas têm prazer no que fazem. Elas não têm vergonha, não têm nenhum tipo de preconceito com isso que elas fazem. Pelo contrário, elas amam fazer o que fazem com o coco babaçu, e o enredo vem pegando por essa tangente. A gente mostra, é claro, a dificuldade de como foi e ainda é porque também não é fácil agora, mas que tenha essa questão de o brasileiro ter a certeza do que está fazendo”, relatou o artista.

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Em áudio encaminhado pelo carnavalesco após a entrevista, a quebradeira de coco babaçu Rosalva expressa alegria pelo enredo escolhido pela Pérola Negra.

“Estou aqui com os olhos cheios de lágrimas porque é essa a nossa escolha de vida enquanto mulheres quebradeiras de coco, com toda a diversidade que nós temos. A mulher quebradeira de coco, com terra, sem-terra, acampada, ribeirinha, branca, preta. As quebradeiras de coco urbanas, que eu sou uma delas, não tenho terra também, então para quebrar coco eu preciso entrar na terra alheia. Isso é uma escolha de vida. Ser quebradeira de coco não é uma profissão, é um modo de vida, é um jeito nosso de viver. Defender o babaçu é a defesa de nós próprias, tem uma significação muito forte isso para nós. Especialmente agora, nesse momento de mudanças extremas climáticas em que o mundo está discutindo sustentabilidade, olhar para os babaçuais, olhar para as populações tradicionais que defendem as florestas de babaçu, a principal população tradicional, as quebradeiras de coco, que a gente dá a vida pra defender as palmeiras de babaçu, é também contribuir para esse socorro que o mundo está pedindo, que a gente precisa atender e que se faz mais urgente do que nunca. Lutar pelas florestas de babaçu, pela vida e a liberdade das quebradeiras de coco também significa lutar pela vida do meio ambiente como um todo. Muitíssimo obrigada pela sensibilidade e vamos juntos”, agradeceu.

A riqueza do coco babaçu

A Pérola Negra iniciará o desfile apresentando para o público as quebradeiras diante de uma floresta de babaçueiros, fazendo uso da comissão de frente e do carro Abre-alas para ilustrar diferentes situações vividas por essas mulheres. André Marins destaca que o desfile será interessante de se observar como um todo, e apontou alguns elementos de destaque existentes em cada segmento.

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“Existem desde a comissão de frente no primeiro setor, que são as quebradeiras indo para a Avenida catar o coco. Elas vão simular essa catação, que é um ponto bem interessante. A gente tem uma história bem legal nela que tem quatro personagens, que virão bem lúdicos e bem coreografados pelo Ale, que é um grande coreógrafo. No Abre-alas a gente traz como se as quebradeiras estivessem indo para a floresta, com a liberação dos encantados e de Oxóssi para uma boa colheita. A gente vai ter uma brincadeira no Abre-alas que é como se as mulheres estivessem indo catar o coco babaçu na Avenida. Nós teremos um elemento na frente do carro que vai fazer essa performance. O coco babaçu é rico, rico mesmo. A gente traz nossa floresta em ouro por causa que ele é rico e a maioria na questão do ouro porque é para mostrar que ele realmente é uma fonte de renda preciosa. Do caule se faz carvão, das folhas se faz artesanato e a palha para colocar em cima das casas. Do coco surge o óleo, a farinha, o leite de babaçu. Tudo se aproveita dessa grande árvore e desse grande fruto, e a gente estará mostrando no nosso desfile toda essa parte que do que se pode fazer com o babaçu hoje”, detalhou.

Da cultura maranhense ao futuro do babaçu

A apresentação da Pérola Negra será dividida em quatro setores. Após abordar as tradições das quebradeiras, a escola explorará a cultura maranhense e o artesanato desenvolvido com as diferentes partes da planta. André Marins falou a respeito das nuances desses segmentos.

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“Já que a gente fala das quebradeiras do Maranhão, a gente passa pela cultura do Maranhão. A gente traz na nossa segunda alegoria um casarão maranhense com a questão do ofício do azulejo português. A gente traz essa cultura do Maranhão até mesmo para ter mais uma brincadeira que a gente faz com o Rei Sebastião, em que o babaçu se torna o grande Rei dessa cultura maranhense. As fantasias são de uma sobriedade em termos de estilo que é nobre. É uma roupa bem artesanal, toda voltada para a cultura maranhense. Foi elaborada a questão de estamparia de cores que trazem essa riqueza da cultura brasileira. Por exemplo, foi difícil a gente achar algumas coisas relacionadas aos azulejos, mas conseguimos construir como se fosse um cenário do casarão. Dentro desse ambiente todo há uma brincadeira muito grande não só com a ala das crianças, mas também uma performance em cima da segunda alegoria”, explicou.

O futuro das quebradeiras e do coco babaçu terá destaque especial no desfile através do último setor, passando pela Lei do Babaçu Livre e finalizando com uma alegoria carregada de referências tecnológicas.

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“Passamos pela Lei que foi sancionada para as quebradeiras poderem usufruir do coco e entrarem dentro das fazendas para poder colher o babaçu, e trazemos no final essa questão do futuro, o que será do futuro delas e do futuro do babaçu. São várias pesquisas, não só no Brasil como no mundo inteiro. Em vários lugares do mundo fazem pesquisas sobre o coco babaçu, até no biodiesel. A gente traz esse futuro numa questão meio guerreira, com essas mulheres negras, indígenas, e brancas que são hoje está tudo misturado com essa brasilidade toda, para que o babaçu se torne cada vez mais conhecido”, explicou André.

Escola leve e alegre para desfilar no Anhembi

O trabalho de desenvolvimento do carnaval da Pérola Negra para 2024 envolveu aprendizados e a satisfação de levar uma história de luta carregada de muita alegria. Não é difícil traçar um paralelo entre a determinação das quebradeiras com a garra da comunidade da Vila Madalena. André Marins encerra a entrevista falando sobre o sentimento dos componentes ao verem o projeto em desenvolvimento e seu empenho de desenvolver um desfile agradável de se assistir e agregador a nível cultural.

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“Desde o momento da apresentação do enredo até o desenvolvimento é o encanto que eles estão tendo com tudo que está acontecendo. Todos estão gostando da plástica, todos estão gostando da forma que está sendo dividido o enredo. É engrandecedor você ver que os componentes estão gostando daquilo que estão vendo, mesmo que não esteja tudo pronto. Ainda falta detalhezinhos para a gente terminar, mas é bom ver que eles estão bem animados, graças a Deus. A sensação que eu tenho é que a escola está leve, com uma proposta que vai desde a leveza e a alegria até para o futuro das crianças. Eu tentei usar de artifícios que eu sempre uso dentro do carnaval, que é trazer ambientes diferentes. O que você vai ver no Abre-alas você não vê na segunda alegoria, e na segunda alegoria você não vai ver a terceira alegoria. A questão que eu queria era trazer como se fosse um grande documentário, então cada um fala sobre si por exemplo”, concluiu.

O pedido de Rosalva, a quebradeira de coco

O pedido informado por André Marins feito pela quebradeira de coco Rosalva ocorreu em outro trecho do áudio encaminhado pelo carnavalesco. Ela relata o motivo de fazer tal pedido, falando um pouco sobre a realidade vivida por essas mulheres entre os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.

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“Eu estava falando das companheiras fazendo a encenação da coleta do coco e estou aqui imaginando já a escola entrando. Eu só gostaria de pedir uma coisa, não sei se seria abuso meu, mas é um pedido muito especial porque é uma coisa que mexe muito com nós quebradeiras de coco. Que tudo que for pensado, discutido, apresentado construído junto com a gente sobre nós, sobre a nossa luta que a gente leve a nossa alegria, a nossa felicidade de ser mulher quebradeira de coco. Por que eu estou dizendo isso? Porque a mídia no geral, não é o caso da escola, mas a maioria das mídias quando vão falar trazem aquele senso da penosidade da lenda de que o coco é algo penoso, uma vida desgraçada, desprovida de tudo. O que traz a penosidade da nossa vida é a negação do Estado em não regularizar os nossos territórios, principalmente os territórios que estão em retomada e que estão em processo de titulação, que são os territórios quilombolas. Quando a gente tem o território livre, tem o babaçu livre, tem a água livre, tem a terra livre para se plantar e se colher, a gente tem fartura para vender, para comer, para ter uma alimentação saudável, para sermos pessoas com um nexo fundo com as suas águas, com as suas terras, com as suas mães d’águas, com os nossos encantados que estão nos rios, que estão nas nossas florestas. Dos meus maiores orgulhos o primeiro é de ser uma mulher preta e segundo de ser uma mulher preta, quebradeira de coco e filha de quem eu sou. Nós temos a Lei Babaçu Livre nas comunidades, mas eu tenho que roubar o coco em alguns municípios no Tocantins. Nós já temos a nível estadual no Piauí, mas a Lei não é cumprida, não é obedecida, e a gente precisa ter acesso a esse babaçu para a gente poder ter o alimento ou o complemento do nosso alimento. Para algumas famílias é o complemento, mas para muitas famílias o alimento total é o babaçu”, relatou Rosalva.

Ficha técnica
Enredo: “Pérola Negra no encanto do balaio das quebradeiras”
Diretor de barracão: João Ricardo Alexandre
Diretor de ateliê: Antônio Fernandes da Silva
1600 componentes
15 alas
3 alegorias + 1 tripé
Ordem de desfile: Quarta escola a desfilar no dia 11 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 1

Lançamento de livro sobre casais de mestre-sala e porta-bandeira gera debate sobre rumo do quesito e preocupação com excesso de coreografia

O lançamento do livro “Mestre-Sala e Porta-Bandeira, uma arte essencialmente nossa”, de Bruno Chateaubriand, foi realizado na última terça-feira, no hotel Fairmont, em Copacabana. O evento reuniu casais de mestre-sala e porta-bandeira de diversas escolas do Grupo Especial e da Série Ouro, que estiveram presentes para serem homenageados.

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Fotos: Maria Clara/CARNAVALESCO

O livro aborda a importância da arte do mestre-sala e da porta-bandeira e como essa dança se destaca pelo seu alto grau de complexidade técnica, além de carregar um enorme poder simbólico. Cada passo, gesto, e até mesmo o posicionamento do pavilhão, são carregados de significados profundos que remetem a rica história e tradição do carnaval brasileiro.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Bruno conta sobre como essa história começou, também comenta sobre o conteúdo do livro e o que podemos esperar dessa obra.

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“A história do livro, ela começou de uma matéria minha na Veja Rio em 2022, e aí veio aquela coisa que jornalisticamente a gente fala, a gente vai abrindo novas camadas, a pesquisando e fui vendo que tem trabalho sim, mas tem trabalho muito mais de universitários, tem TCC, mas assim, obras publicadas tinha do Aydano André Motta das porta-bandeiras, ele falando de grandes nomes aí dessa arte, mas só porta-bandeira, e aqui a gente dá o lugar de fala também para os mestres-salas. A gente fala, por exemplo, dos casais que já têm mais de 50 anos e estão na ativa: Selminha, Claudinho, Julinho, Rute. Os quatro têm mais de 50 e representam grandes pavilhões: Beija-Flor e Viradouro. Fala da artesania, dos talabartes, como surgiu o talabarte, fala um pouquinho desse lugar também das ponteiras, dos mastros, dos sapatos, que os sapatos são super importantes para os meninos, para os homens. Tem todo esse cuidado, mas esse livro, ele é, como eu disse, é a primeira camada de um estudo, para abrir um debate e para a gente começar a democratizar ainda mais esse poder de fala deles, que eles não tenham medo de falar. E eu sou um canal, sou simplesmente um canal para eles”, citou Bruno.

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O livro conta com algumas entrevistas de personagens fundamentais que contribuíram para a construção da rica história da dança do mestre-sala e da porta-bandeira, entre os entrevistados destacados, temos alguns nomes notáveis como Helena Theodoro, Manoel Dionísio, Vilma Nascimento, o pesquisador Felipe Ferreira e a carnavalesca Maria Augusta.

Manoel Dionísio comentou sobre as danças dos mestres-salas e porta-bandeiras, abordando a relação entre esses profissionais e os coreógrafos, além de expor a sua visão sobre essa situação e como ela pode ser aprimorada.

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“Olha, esse livro do Bruno, ele tem muito a ver com o carnaval em respeito a mestre-sala e porta-bandeira do nosso carnaval, mas eu espero que também esse livro incentive aos casais para dialogarem com os coreógrafos, porque eu não sei se são os coreógrafos ou se são eles mesmo que estão querendo mudar a história, porque do jeito que está não pode ficar. Esse livro dá um incentivo para que esses dançarinos do samba se conscientizem em dois momentos: Se posicionar mediante o seu coreógrafo, não é brigar com o coreógrafo, mas dialogar com ele, porque tem coisa que o coreógrafo manda fazer e que eles sabem que não devem fazer, mas porque que eles fazem? Porque se eles não fizerem o que o coreógrafo mandou, dependendo de como chegar no presidente ‘ah ele não quis me obedecer’, ele vai perder a escola dele. A coisa hoje está no comodismo. O mestre-sala está fazendo a coisa, mesmo errada que o coreógrafo manda fazer, mesmo errada eles fazem para não perder o espaço na sua escola de samba. Acho que esse quesito vai ser extinto, porque já tentaram tirar três vezes, eu participei das três, eu não sei se eu vou ter a oportunidade de participar da quarta vez”, comentou Manoel Dionísio.

Bruno também destacou sua preocupação com o formato atual das coreografias para mestre-sala e porta-bandeira, tanto no Grupo Especial quanto na Série Ouro. Ele também pontua sobre a diferença entre o que vem da quadra e o que é apresentado na passarela do samba, sugere que há uma necessidade de repensar e reavaliar essa abordagem, indicando que a metodologia de julgamento pode estar impondo um modelo específico aos casais.

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“O formato, ele está muito engessado nos dois lugares, tanto no Grupo Especial quanto na Série Ouro. Você repara que hoje a metodologia de julgamento ela vem engessando a arte dos casais e isso a gente repara no desfile, porque quando você vai em uma quadra você vê uma porta-bandeira e um mestre-sala dançando de forma livre, respeitando a energia corporal individual deles, e quando você vai para a passarela do samba, aí já tem um ensaiador, já tem um coreógrafo e uma série de questões limitadores para aquele movimento. Vejo que existe aí hoje um movimento, inclusive, isso é um capítulo que na adaptação desse livro vai entrar: ‘o que vem da quadra e o que vem da passarela do samba, e está muito diferente’. Eu acho que isso precisa ser repensado no momento que você tem uma banca julgadora que vem toda de uma escola de um Theatro Municipal, não que isso não seja importante, as culturas se fundem, existe essa questão de você meio que se apropriar culturalmente de outros movimentos planetários, mas quando você fala de arte, a gente tem que tomar muito cuidado quando você se torna impositivo num lugar só, e isso que é a preocupação, quando você vê uma banca toda de julgadores de uma escola de um Theatro Municipal. Você está meio que impondo que os casais se engessem para aquele modelo e aquele movimento, mas isso é uma opinião muito individual minha. Eu acho que inclusive isso precisa ser repensado, precisa ser reavaliado e isso não é crítica, não estou fazendo jamais crítica a nada, eu acho que as coisas acontecem e a gente precisa repensar: ‘É por esse caminho? Qual o caminho?’, isso aqui tem uma importância tão grande, os casais são contratados para Europa, Estados Unidos, Canadá, para Ásia, pelo Brasil todo, então para onde vamos? Isso é muito importante”, abordou Bruno.

Entre os grandes nomes que estiveram presentes no lançamento, Selminha Sorriso foi um deles e suas palavras expressaram a alegria e a importância que ela atribui a esse projeto para a história do carnaval. Também enfatiza a relevância de tantas mulheres que passaram por esse caminho, deixando um legado muito importante de porta-bandeira.

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“Eu me sinto lisonjeada não só em meu nome, mas em nome de todos os casais de todos os tempos. Imagina que quantas mulheres maravilhosas passaram por essa história e deixaram esse legado para que nós estivéssemos hoje elevando cada vez mais a arte do bailado da porta-bandeira. É um personagem tão importante, tão digno, tão maravilhoso ter recebido essa missão porque é uma missão você conduzir uma história de vida contida num pavilhão de uma escola de samba. Então, a minha mensagem para ele foi de gratidão em nome de todas e de todos nós, as mulheres que sofreram, as mulheres que lutaram, que sofreram perseguição, que foram discriminadas, porque eram sambistas, né? Porque eram mulheres, eram a maioria pretas e sambistas. Elas deixaram para nós muita coisa. Então, estar nesse livro eternizando a história delas, assim como as nossas, é uma razão de agradecimento, de emoção”, disse Selminha.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da atual campeã do carnaval, Imperatriz Leopoldinense, Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro, abordaram a importância do livro para o futuro de quem deseja se tornar mestre-sala e porta-bandeira.

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“Eu acredito que enriquece muito a nossa dança, não só para gente que está atuando, mas para inspirar jovens talentos, crianças, adolescentes. Eu já olhei rápido, com curiosidade, que a gente está doida para ler, né? Mas eu já estou aqui olhando os tópicos e eu vi que tem bastante coisa interessante sobre realmente a arte, porque às vezes a gente fica muito órfão das informações de o que é uma dança de mestre-sala e porta-bandeira, que muitos acham que é um giro, um rodopio, e vai muito mais além disso. E o Bruno foi muito feliz com tudo que os tópicos que eu já vi aqui, que ele colocou no seu livro para essa nova geração, para gente, para enriquecer cada vez mais a nossa arte, e é muito gratificante ter alguém que ama e que cuida do casal de mestre-sala e porta-bandeira, porque o Bruno é apaixonado pelos casais de mestre-sala e porta-bandeira e ter alguém que luta ao nosso favor, que briga, é muito legal”, revelou Rafaela Theodoro.

Em complemento, o mestre-sala, Phelipe, citou: “Eu acho que esse tipo de conteúdo é importante para que as novas gerações que estão vindo por aí possam ter base e conhecimento do que vão estar fazendo, não vão fazer por osmose ou simplesmente por paixão. Acho que a gente pode unir a paixão e o conhecimento na mesma intensidade. Então, parabéns para o Bruno por ter conseguido colher tanto conhecimento e colocar isso no livro para que a gente possa passar para as futuras gerações”.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, Marlon e Squel, compartilharam a relevância do lugar de fala que o Bruno está disponibilizando para as pessoas envolvidas nessa expressão artística tão única e que na maioria das vezes é muito desvalorizada.

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“Eu sou muito grata por toda a possibilidade que existe quando a pessoa nos dá o direito de falar, quando a gente tem o poder da fala, esse lugar de fala que é nosso, quando tem alguém interessado pela nossa arte, toda vez que isso acontece é para a gente celebrar, é para a gente agradecer que alguém se interessou pela nossa arte, pela nossa cultura, é uma arte tão desvalorizada, as pessoas não nos reconhecem enquanto artistas, enquanto trabalhadores, então quando uma pessoa chega com essa disposição em nos mostrar, em nos enaltecer, falar da nossa história, é sempre um dia de celebração e eu sou muito grata ao Bruno por esse momento”, compartilhou Squel.

O mestre-sala também expressou sua gratidão ao Bruno por registrar essa história em um livro, facilitando para todos que desejam conhecer mais sobre o trabalho de ser mestre-sala e porta-bandeira.

“É um registro extremamente importante, como a minha porta-bandeira colocou, a gente luta muito, é um trabalho árduo, é um trabalho onde duas pessoas trazem 40, 50 pontos para uma escola de samba, um exército de milhares e milhares de torcedores e quando a gente tem pessoas como o Bruno que nos enaltece, registra essa história em livro para ficar eternamente para todos que queiram, para todos que possam conhecer um pouquinho e ver o tanto como é trabalhoso ser mestre-sala e porta-bandeira, isso para a gente é de um prazer inestimável. Então eu estou extremamente feliz, nós estamos muito felizes e a gente tem certeza e espera que isso só seja o primeiro de muitos”, abordou Marlon.

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Estreando em 2024 na Série Ouro, Laye Ribeiro, porta-bandeira da escola União do Parque Acari, comentou sobre a sua felicidade de fazer parte de um evento que lança um livro que luta pelos casais de mestre-sala e porta-bandeira. Ela também revelou um pouquinho sobre a sua preparação para o desfile desse ano.

“Foi como eu falei para o Bruno ainda pouco, é maravilhoso ter alguém que luta por nós casais, sabe? O evento é maravilhoso, eu estou mega feliz de estar participando, é o primeiro ano do União do Parque Acari na Série Ouro. Estou muito feliz por estar aqui. Saindo daqui, por exemplo, hoje saindo daqui eu estou indo direto para a Sapucaí para ensaiar. Eu e o Vinícius a gente tem se dedicado muito, a gente tem batalhado bastante, a gente tem o apoio da nossa coreógrafa Vânia Reis e assim, a gente está lutando muito para alcançar o almejado em trazer as notas máximas para a escola”, comentou Layne.

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O casal da Mocidade, Diogo Jesus e Bruna Santos, expressaram a importância do livro na preservação e resgate da tradição do mestre-sala e porta-bandeira, garantindo que a dança desses casais seja sempre lembrada e documentada para as futuras gerações.

“A dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira já vem de uma tradição. Então ele está falando no livro sobre essa tradição, de quando começou, falando agora da nova roupagem do casal de mestre-sala e porta-bandeira, mesmo que continue com a mesma tradição, mas que tem tido a sua inovação, então é muito importante ele estar fazendo esse livro para a gente sempre ser lembrado e é sempre bom ter registrado essa nossa história”, revelou Bruna Santos.

“Para a gente é uma importância enorme, porque é um resgate de uma história, uma continuação também de uma história. O Bruno está vindo com a edição desse livro, espero que não acabe por aí, espero que venham outras edições, venham novos escritores e novas contações de história, e que nunca acabe. E é isso, a nossa dança é essa”, comentou Diogo Jesus.

Marcinho Siqueira, mestre-sala da Vila Isabel, compartilhou sua perspectiva sobre o momento atual, destacando a necessidade de retomar aspectos importantes e relevantes da arte do mestre-sala e porta-bandeira que ao longo do tempo foram um pouco esquecidos.

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“A gente se vê num momento em que a gente precisa retomar certas, como é que eu vou dizer, partes importantes e relevantes da nossa arte que foram com o passar do tempo um pouco deixadas de lado, né? Deixadas de lado. Então eu acho que o livro serve muito para poder ensinar quem está chegando agora e relembrar quem já está fazendo a arte de muita coisa que a gente deixou de lado com o passar do tempo e a gente retomar isso acho que é importante”, compartilhou Marcinho Siqueira.

A porta-bandeira da Inocentes de Belford Roxo, Jaçanã Ribeiro, expressou a sua emoção em finalmente ter um livro para contar a história de mestre-sala e porta-bandeira, porque sempre foi muito grande a carência de literatura e informações sobre esse tema, o que torna o trabalho do Bruno importante para preencher essa lacuna e preservar a memória dessa tradição.

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“Bem, eu acho que está sendo uma suma importância para gente ter essa literatura salvaguardada, né, pelo Bruno Chateaubriand, contando um pouco da importância do casal de mestre-sala e porta-bandeira, e que pouca gente já sabe, né, porque carnaval é aquela coisa mista de N coisas, são passistas, musas, bateria, baianas, que são as mães do carnaval, e para as pessoas entenderem um pouquinho da nossa história, o que significa mestre-sala e porta-bandeira, o que é realmente mestre-sala e porta-bandeira numa escola de samba, e está sendo muito grandioso para gente. Hoje está sendo um momento, assim, pra guardar na memória, porque é bem emocionante a gente ter uma coisa para contar e que realmente, porque não tem muitas coisas que são referentes a mestre-sala e porta-bandeira, quase não se tem literatura”, citou Jaçanã.

Bruno compartilhou com o CARNAVALESCO o que podemos esperar na continuação do livro em 2025. Ele planeja lançar a segunda parte que incluirá fotos e mais dez capítulos. Também mencionou que já tem esses capítulos prontos, mas que não será um livro muito extenso, sua intenção é proporcionar uma leitura que seja rápida e que permita aos leitores concordar, discordar, questionar e buscar compreensão sobre os temas abordados.

“Em 2025 vem a segunda parte com fotos e mais dez capítulos. Eu estou com esses capítulos prontos, mas eu não queria um livro grosso, eu não queria um livro gigantesco, eu queria um livro que fosse acessível, que não fosse passando aquela mensagem: ‘ah é um livro intelectualizado demais, pretensioso demais’. Não, é um livro para que eles possam olhar aquilo ali rapidamente, fazer aquela leitura rápida e com aquilo falar assim: ‘Mas eu concordo com isso? Eu discordo disso, isso aqui não é assim, qual é a nomenclatura disso?’. Não existe nomenclatura para muita coisa ainda, né? Então, inclusive, ano passado na transmissão da Série Ouro na Band, eu citei uma coisa, falei assim: ‘ah a pegada de segurança’, ninguém tinha falado de pegada de segurança ainda. Aí depois tiveram porta-bandeiras que vieram falar comigo: ‘Não, mas aquilo não era pegada de segurança, a pegada de segurança é assim’. É estimular exatamente esse lugar, porque eu perguntava; ‘Qual é o nome disso?’ no simpósio que a gente fez ano passado aqui e eu falava: ‘eu chamo de pegada de segurança’, aí as porta-bandeiras falavam: ‘ah não, tá certo, é pegada de segurança’, mas esse ano eu venho com uma nova nomenclatura, pegada de mão invertida, exatamente para estimular, para que eles ajudem a colocar no papel uma nomenclatura. Já existe um sindicato, acho que pouca gente sabe disso. Existe um sindicato que protege a dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. Tem todo o movimento que existe uma associação também dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. Tem todo o movimento já acontecendo, mas eu acho que a gente precisa sair um pouco da cadeira e falar: ‘Vamos contribuir um pouco mais com isso aqui? Vamos fazer mais isso?’ E o objetivo é esse”, afirmou Bruno.

A maior campeã! Portela exibe sua constelação de estrelas em show repleto de portelenses ilustres

A Portela voltou a comemorar, na noite da última terça-feira, seu aniversário de 100 anos. Mostrando a sua potência e com um show repleto de estrelas no palco, o evento “O Céu de Madureira é Mais Bonito” transbordou emoção e fez todos os presentes no Vivo Rio aplaudirem a escola em pé. O evento, encabeçado pela cantora Teresa Cristina, reuniu artistas e portelenses ilustres, como Orlando Morais e suas filhas Aná e Anttónia, as cantoras Simone e Fernanda Abreu, Marquinhos Oswaldo Cruz, Moacyr Luz, Wanderley Monteiro, Mauro Diniz, além da Velha Guarda da Portela e o elenco show da agremiação. Toda a diretoria estava presente no evento e não pouparam palavras para descrever a emoção de compor a Portela no seu centenário e realizar um evento inédito e tão simbólico.

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Fotos: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

“A gente tem a ideia de fazer esse show numa grande casa do Rio de Janeiro, com os artistas da Portela cantando a produção musical da escola há um tempo, e a gente conseguiu viabilizar com o nosso departamento de eventos, a Teresa Cristina adorou a ideia e resolveu capitanear o evento e fazer convite para os demais participantes, os demais artistas da Portela e eu acho que o resultado foi o melhor possível. Foi um show emocionante, de muita alegria, recordando clássicos da escola e os compositores de Oswaldo Cruz. A nossa ideia é que esse show entre no calendário de eventos da escola e que nos próximos anos esse show só tem a crescer”, conta o presidente da Portela, Fábio Pavão.

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Realizar um show com artistas ilustres que torcem para a escola não é uma iniciativa inédita da Portela. A Mangueira já realiza anualmente o “Show de Verão da Mangueira”, um evento tradicional que busca arrecadar fundos para a escola.

“A Mangueira já faz esse show há bastante tempo e a gente buscava também realizar o show. A questão de que a Mangueira conseguiu viabilizar o show dela há mais tempo, e demorou bastante para a gente viabilizar, mas agora o nosso departamento de eventos conseguiu, e a gente realizou esse grande evento”, ressalta o presidente que revela que o objetivo do evento também é levantar recursos para o desfile da Portela.

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“A gente pretende arrecadar recursos para ajudar na produção do carnaval, com certeza. A receita da Portela depende bastante dos eventos que a escola organiza, na quadra e fora da quadra, e aqui também vai ser um reforço importante para o nosso orçamento.”, afirma Fábio Pavão, que demonstrou muita emoção em estar presidindo a Portela no seu centenário.

“Acredito que é um momento marcante na história de qualquer instituição, e a Portela não é diferente. Então, muitos vieram antes de mim, construíram a Portela para que chegássemos até aqui, e quem está aqui hoje vai passar para as gerações futuras, porque essa instituição aqui é imortal, é eterna. As próximas gerações vão vibrar, vão se emocionar, com os mesmos sambas que nós ouvimos aqui hoje” enfatiza o presidente.

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Teresa Cristina, sambista e portelense que capitaneou e produziu todo o show, não conteve a emoção e a satisfação ao contar como foi o processo de concepção do evento. Ela, que pensou em desistir, diz ter visto na essência da Portela que o importante está dentro da agremiação.

“Eu tive essa ideia de tentar fazer. Eu falei, a Mangueira faz show com Chico Buarque, Alcione, com uma porrada de artistas, até eu já cantei no ‘Show de Verão’. Por que a Portela não pode vir para o Vivo Rio, encher o Vivo Rio e cantar a Portela? A Portela, cheia de sambas lindos, tem tanto repertório maravilhoso e aí fui atrás, né? Enfim, fui atrás de todo mundo, todos esses nomes que você pode imaginar e não consegui. Aí foi me dando um principiozinho de tristeza, aí eu falei, poxa, e aí? Não vou fazer? Mas aí pensei, a Portela tem grandes artistas, nós temos grandes referências. Mas o coração da Portela é a Velha-Guarda, a Velha-Guarda pode estar? Pode. O elenco show pode estar? Pode. O puxador? Pode. A bateria? Pode. Dali eu fui, comecei a convidar pessoas que a princípio eu não imaginaria que pudesse aceitar, mas as pessoas foram aceitando. Eu consegui fazer o elenco, é a primeira vez que eu produzo um show, cara e eu não sou herdeira, eu sou moradora da Vila da Penha, saca? Não tenho dinheiro guardado em poupança, não sou rica, estou lutando aí, estou com 25 anos de carreira lutando. A primeira vez que eu produzo um show é para minha escola. Eu estou feliz pra caramba, ainda não caiu a ficha de que a gente conseguiu fazer isso. A gente conseguiu cantar o que a Portela tem de bonito. Eu não vou nem falar tudo não, porque ainda tinha mais samba para cantar, porque se fosse tudo hoje as pessoas não iam aguentar” explica a cantora orgulhosa de tudo o que realizou.

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Demonstrando um imenso sentimento de felicidade, Teresa Cristina afirmou ter aprendido muito produzindo o show para a Portela e deseja que a escola leve a sua força ancestral para a Sapucaí:

“Eu acho que a Portela tem um axé do cacete, porque a gente conseguiu lotar uma casa dessa sem os grandes nomes óbvios que poderiam estar aqui, mas a gente fez e deu certo pra caramba. Eu estou felizona e acho que eu posso realizar coisas maiores também para a minha carreira, sabe? Isso me ensinou muito. Hoje eu aprendi coisa pra caramba. Eu aprendi que o coração da Portela é Velha-Guarda mesmo de verdade e é a partir dela que tudo que vai se organizando, entendeu? Porque ela, que puxa os ancestrais, falar no nome das pessoas, estão fazendo um show e gritar os nomes dos ancestrais portelenses. Chamar esse povo para ajudar a gente a ganhar de novo. A gente já foi muito vitorioso e esse povo deve estar na maior gana. Tem que gritar o nome dessa galera e a gente gritou, cantou repertório maneiro, astral bom, dancei para caramba e espero que esse axé, que essa energia vá para a escola, vá para o desfile. Todo mundo aqui cantou de graça. Isso aqui é para dar dinheiro para a escola, é para a escola conseguir botar um bom carnaval e eu espero que a gente entenda que a gente tem essa coragem e que a gente faça outro show desse ano que vem”, ressalta Teresa Cristina.

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A cantora conta que não tem boas lembranças do carnaval do ano de 2023 da Portela, carnaval que tinha como enredo a comemoração dos cem anos da escola, mas na avenida não agradou e terminou na 10ª colocação e gerando um sentimento de frustração para muitos portelenses, inclusive para Teresa Cristina:

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“Esse ano é o verdadeiro centenário da Portela, o centenário festejado no ano passado, o meu cérebro já apagou. Aquele Saci sem pé, entendeu? A gente tem carnavalescos espetaculares, o André e o Gonzaga, a gente tem um samba, a gente tem um bom intérprete, a gente tem um enredo que é a cara da história do Brasil”, disse Teresa.

Para diversos participantes do show, a Portela merece uma comemoração como a que aconteceu no Vivo Rio. A relevância cultural e história da escola para o carnaval e para a cultura do Brasil é uma unanimidade inquestionável para todos os presentes no evento.

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“A gente acha que a escola merece, inclusive, um evento como esse anualmente, com grandes artistas. A Portela tem uma história, tem uma tradição, tem um público, é uma das escolas mais queridas. E a Portela merecia um evento como esse para exaltar a escola, para ajudar a arrecadar fundos para o carnaval, que a gente sabe que são muitos gastos. E a Tereza é uma pessoa que carrega a Portela consigo para onde ela vai. Então a gente juntou a fome com a vontade de comer. A Teresa tem um conhecimento musical sobre o samba que é muito vasto, então fazer essa curadoria seria algo muito natural para ela e aí, diante de tudo isso a gente tinha basicamente a receita para fazer um grande show. Um show repleto de muita Portela, um show da Portela, cantando a Portela, porque tem muito que ser cantado. E a gente está dando o pontapé inicial para que isso se repita. Se isso vai acontecer ou não, aí eu não sei. Mas, eu acho que a Portela merece. Eu tenho certeza de que a Teresa também acha. O intuito de fazer isso é começar um movimento para que isso se torne um evento que entre no calendário da escola e também no calendário do carnaval do verão do Rio”, afirma Artur Brandão, empresário de Tereza Cristina.

Para os componentes e diretoria da escola, o significado em estar presente e realizando um evento desse porte nos cem anos da Portela é pura emoção.

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“É a história da Portela sendo contada por grandes artistas portelenses e a gente fica muito feliz, o público está vindo brindar a história da Portela, que se confunde com a história do próprio Carnaval. E eu jamais esperaria estar onde eu estou, no ano do centenário, fazendo parte da diretoria da escola. Mas fico muito feliz, eu que estou na escola desde criança, meu pai foi presidente. Acredito que a Portela tem que ir caminhando, se renovando e que a gente consiga deixar um legado bem bacana para que nos próximos cem anos a Portela continue brilhando aí”, afirma Júnior Escafura, vice-presidente da Portela.

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“É uma honra, é um momento expressivo da escola, fazendo 100 anos. É uma data comemorativa demais para a Portela e eu fico muito honrado de estar podendo ser a voz da escola nesse momento, estou com a felicidade a milhão. Já que estou escrevendo o meu nome em mais uma grande história da nossa escola, uma grande história da Portela, completando cem anos, não são cem dias, mas cem anos. Fico feliz de poder participar disso”, disse Gilsinho, o intérprete da escola.

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O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Squel Jorgea, se dizem honrados em defender o pavilhão da Portela que entrará centenário na Sapucaí esse ano. Squel que voltou ao carnaval e está estreando na Portela, se sente privilegiada em viver esse momento:

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“Para mim é uma honra imensa ser a porta-bandeira da Portela. E a Portela centenária é de uma responsabilidade muito grande. É uma ancestralidade gritando, pulsando. E você ser responsável em conduzir essa história e esse pavilhão tão amado, tão idolatrado por seus torcedores. Para mim, é uma honra. Eu estou me sentindo muito privilegiada, quando o Escafura me ligou e falou tanta coisa bonita para mim, ter ouvido as palavras que eu ouvi e ele falando que viam em mim a pessoa para dar conta dessa responsabilidade, deixou o meu coração cheio de alegria e de muita responsabilidade. Estamos trabalhando para dar conta de sustentar essa energia centenária” afirma Squel.

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“É muito difícil achar uma palavra que descreva a satisfação que é defender a Portela. E mais especial ainda, ser o ano do centenário, a primeira escola centenária do carnaval brasileiro. A Portela faz parte da minha vida, eu acho que fora da pista, fora da Sapucaí. E é um privilégio imenso estar defendendo o pavilhão oficial da escola. Ir para o oitavo ano numa escola muito família e estar ao lado da Squel, que para mim é uma das maiores porta-bandeiras do Rio de Janeiro e do carnaval brasileiro, e passar pelo que a gente passou e agora retornar com essa força total que a Portela está, para mim é como se fosse uma fênix ressurgindo das cinzas e dando a volta por cima, sacudindo a poeira. E eu não tenho dúvidas de que vai continuar sendo esse romance, esse filme com um final feliz, porque defender a Portela é defender o carnaval, acredito que a história da própria Portela e a história do Carnaval se entrelaçam. Quando eu defendo o pavilhão da Portela, eu defendo a bandeira do carnaval, isso para mim é inestimável, é difícil achar uma palavra só que descreva a grandiosidade da minha vida”, conta Marlon.

Apresentando o pavilhão da águia centenária ao público no show, o casal deseja que outras escolas de samba também tenham a oportunidade de serem louvadas como a Portela foi no palco do Vivo Rio:

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“Eu acho que todas as escolas de samba merecem esse espaço, o carnaval precisa ocupar esses grandes palcos da nossa cidade, do Brasil, do mundo. É super digno, é um evento válido para quem não consegue ir até a quadra ter um pouco dessa alegria, um pouco de acesso à nossa cultura. É importante acontecer esses eventos. É o maior movimento cultural popular do Brasil, eu acho que você só engrandece a cultura como um todo, você só engrandece o sambista como um todo, você valoriza de fato uma cultura não só regional, mas de fato brasileira. Eu fico extremamente feliz quando acontecem esses eventos como está acontecendo aqui hoje”, ressalta a porta-bandeira.

“Como a Squel colocou, acho que todas as escolas tinham que ter essa oportunidade, todas as escolas precisam dessa visibilidade e isso é bom para o carnaval de modo geral, para esse espetáculo continuar sendo o que ele é”, afirma o mestre-sala.

Privilegiada e honrada também está a rainha da Tabajara do Samba, a bateria da Portela. Bianca Monteiro, que é cria da escola, sendo uma rainha passista, vê sua história se confundir com a da agremiação:

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“Eu acho que é difícil hoje encontrar uma palavra, até porque como eu estou vivendo isso ainda, encontrar uma palavra que define tudo isso é difícil, mas eu acho que é uma emoção muito grande por toda a minha história, por todo o meu legado, por acreditar nisso, acreditar que o meu sonho um dia poderia ser realizado, está sendo realizado, então acho que poder estar no centenário dessa escola tão forte, tão emocionante, com tanta história, com tantos compositores, com tantos artistas que a Portela tem é uma honra, um privilégio, só gratidão mesmo”, afirma a rainha que afirmou que sentia falta de um evento louvando a existência da Portela.

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“Eu fiquei muito feliz em ver essa iniciativa da Tereza Cristina. Eu sempre senti falta disso, ver portelenses cantando Portela, exaltando a sua escola, defendendo a sua bandeira. Eu falo que existem vários artistas que defendem essa bandeira da Portela, somos nós que fazemos o desfile, que estamos ali se dedicando, e também os artistas que levam o nome da Portela para fora, assim como Tereza Cristina, Zeca Pagodinho e outros grandes artistas também, e a gente precisa de todos eles. A gente não pode deixar a história morrer, a gente tem a nossa Velha Guarda que é muito atuante dentro da escola e também fora, as pessoas querem ver a Velha Guarda cantando, e mesmo com a falta do seu Monarco, você vê que ainda se mantém essa árvore de pé. Então, hoje eu estou muito feliz, meu coração está muito feliz em ver isso. Eu sentia falta disso. Acredito que no centenário é uma iniciativa maravilhosa”, revela Bianca.

Os artistas convidados demonstraram no palco a paixão pela Portela. No início da apresentação do elenco show, todos os cantores convidados sambaram ao som de sambas antológicos da escola como “Lendas e Mistérios da Amazônia” de 1970,“ Contos de Areia” de 1984, entre outros.

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“Eu sou Portela, graças ao Hermínio de Bello de Carvalho e ao Paulinho da Viola. Logo que cheguei da Bahia para São Paulo, vim para cá e um dia eu encontrei com o Hermínio e o Paulinho, ali onde tinha o Cine Veneza. O Hermínio e o Paulinho moravam ali. E aí eu virei Portela, foi assim, foi um rio que passou na minha vida, literalmente. Eu adoro o carnaval, eu acho uma beleza, tudo que apresenta para a gente, tudo que eles fazem e que as escolas fazem é uma coisa que só existe aqui. E eu fiquei Portela e sou Portela, torço para a beleza do carnaval, mas eu quero que a Portela ganhe”, conta a cantora Simone, que pediu ao presidente, Fábio Pavão, para desfilar no chão, ao lado da bateria e com uma camisa da escola.

“A Tereza é uma pessoa que eu amo, respeito, e ela me fez o convite, e como não dizer sim, né? Eu queria de todas as maneiras, e que bom que calhou de ser em um dia em que eu não tinha nenhum compromisso, aí o compromisso era com eles”, conta Simone sobre se apresentar no evento em comemoração aos cem anos da Portela, onde cantou o clássico “Portela na Avenida”.

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A Portela é a maior campeã do carnaval da história do carnaval carioca e a primeira escola de samba a completar cem anos. Outro dado importante relacionado a isso é que um compositor portelense também se tornou o maior vencedor de samba da história da Portela. Wanderley Monteiro se diz grato pelo feito, mas não esquece quem veio antes dele.

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“É uma satisfação muito grande a gente chegar a esse número. Pela escola que a gente ama e sempre torceu. É um feito que a gente nunca pensou, nunca imaginou. Eu cheguei na Portela para ganhar um samba enredo e as coisas foram acontecendo naturalmente, então me sinto muito feliz. A gente até passou o Noca da Portela e o David Correai, mas eu só passei esses caras no samba-enredo, porque no serviço que eles prestaram ao samba e à música popular brasileira, estou muito longe de alcançar. Mas é uma satisfação pessoal muito grande, muito legal pela minha escola. Ah, e o outro feito aqui, eu estou muito feliz de estar aqui neste show que comemora os cem anos da Portela, porque a Portela é uma escola muito grande. A Portela é um patrimônio do Brasil, então esse show tinha que acontecer. Acredito que esse show. Tem que entrar no calendário da cidade todo ano. Tem que ser um show da Portela, desse nível. Então, eu me sinto muito lisonjeado em estar participando deste elenco”, conta Wanderley, autor de oito sambas-enredo da Portela.

Ancestralidade na veia! Jamilly Marques, nova musa, já conectada com a Viradouro promete surpresa na avenida

Jamilly Marques foi apresentada como nova musa da Viradouro, na noite da última da terça-feira, para a comunidade. O anúncio foi feito por Marcelinho e Marcelão Calil, junto com a entrega de flores pela primeira dama da agremiação. Os integrantes receberam a jovem como se já ela já fosse parte da família há bastante tempo. A musa se emocionou em alguns momentos do seu primeiro ensaio, principalmente ao reverenciar o pavilhão, que foi conduzido por Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete.

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Fotos: Giovanna Garcia/CARNAVALESCO

O convite da Viradouro surgiu de maneira inesperada para Jamilly. “Eu fiz um figurino homenageando a Oxumaré, e o presidente viu, e graças à Zambi, ele despertou no coração de me fazer esse convite muito especial, ancestral. Eu peço licença aos mais velhos, aos da casa, pra chegar nesse chão, como eu disse, bem miudinho, respeitando todos, e vai Alafiar. É só isso que eu digo. Alafiou!”, conta Jamilly Marques.

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Marcelinho Calil, diretor executivo, afirma que foi sua ideia: “Foi pessoal mesmo. Na verdade, assim como a Belinha, assim como a Macharete, a Thaís que é da casa e a Lore também. São meninas que eu acho que a escola já vem observando de outras agremiações. E uma mulher como a Jamilly muito ligada à ancestralidade dela, sambista, uma pessoa de muito respeito, muito carinho ao samba, enfim, e que também, acontece na pista, que consegue ser realmente encantadora. A gente vai observando, acompanhando e tem algumas meninas que a gente vem monitorando, olhando, com todo carinho. E recentemente, enfim, vi a Jamilly sambando, vi alguma coisa e, né, por que não? Criamos um espaço para que ela viesse. E, no momento que eu resolvi, levei isso à direção da escola para perguntar e todo mundo tinha muito carinho e aprovou de prontidão”.

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O enredo de 2024 ‘Arroboboi, Dangbé’, é conhecido e tem grande significado para a nova musa. “É um enredo muito especial, homenageando com o Vodum, Dambê, e Oxumaré tem um lugarzinho bem especial na minha vida. Me sinto muito honrada de fazer parte desse enredo”, aborda Jamilly.

Marcelinho explica também não só a conexão com o enredo de 2024, mas com os valores da escola.  “Eu acho que ela tem tudo a ver não só com o enredo, com a força dessa mulher negra que a gente vem narrando ao longo do nosso enredo. Como também, independentemente do enredo, ela estaria aqui de qualquer forma, pois, de fato, há toda essa sintonia. Pelo menos é o que a gente pôde perceber até agora entre a maneira dela enxergar, a maneira de ela viver o samba e a escola também”.

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E vem surpresa por aí! Jamilly avisa para que o público prepare o coração, porque tem novidade na avenida. Marcelinho conta: “Posso adiantar que ela vem no primeiro setor da escola. Ela vem numa posição muito interessante, na frente de uma alegoria muito bonita, muito importante, muito imponente. De fato, eu tenho certeza que vai ser de muita força a passagem da Jamilly pela avenida”.

A modelo, de apenas 20 anos, é musa da comunidade do Império Serrano desde o ano passado, mas suas raízes no carnaval vem desde desde criança quando ainda desfilava na ala das crianças. “O carnaval me ensinou a ser quem eu sou, a respeitar quem veio antes de mim, a respeitar a velha guarda, a respeitar os mais velhos. Tudo que eu sei hoje eu aprendi no samba. O carnaval significa ancestralidade. O ancestral me chamou, me deu esse chamado, esse legado, e eu estou, graças a Zâmbi, cumprindo com muita honra e carinho. Tudo que eu faço é com muito amor, carinho e dedicação, porque eu sou oriunda de ala de passista”, disse emocionada após primeiro ensaio da Viradouro.

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O orgulho e a história dessa mulher que é uma potência, que é a atriz, modelo, passista e musa, vai transbordar na avenida no amanhecer do desfile da Viradouro. “É uma grande honra porque eu venho desfilando na Série Ouro com o Império Serrano e hoje no Especial, com a Viradoura, significa ser reconhecida. O meu trabalho ser reconhecido. Eu venho com muitas passistas ao meu lado representando a mulher preta, estou muito orgulhosa da minha caminhada e espero que vocês, mulheres pretas, passistas, sintam-se representadas”.

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Além disso, Jamilly comenta a importância da representatividade e responsabilidade sob as crianças e passistas que sonham um dia chegar aonde ela está. “Isso é muito especial porque a gente desde pequenininha sonha com esse espaço. Me organizo muito, penso muito. Muito antes de falar, de me posicionar. Representar todas essas meninas que sonham em estar aqui um dia é honroso e eu espero que eu esteja deixando um legado importante e especial para elas”, completou.

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A atual gestão Calil tem sido muito presente em suas ações a valorização do sambista, da representatividade e enxerga cada vez mais como uma missão. “Às vezes a gente evita algumas coisas, falar isso, porque tudo hoje em dia é uma coisa muito difícil com a internet e com interpretação, mas eu não tenho outra resposta para te dar. De fato, na minha cabeça é uma missão. É como a gente enxerga o carnaval, como eu enxergo o que eu tenho como dever presidindo uma escola de samba ou administrando. Além de ser uma coisa que nos toca no lado pessoal, valorizar a sambista e o sambista, quando eu enxergo isso, que isso está na minha cabeça, está na cabeça dele (Marcelão) e muito mais acho que é de forma coerente. É um dever de uma administração de escola de samba valorizar quem de fato luta e sempre lutou por esse chão. É minha maneira de pensar e como eu acredito que vai ser na Viradouro pelo menos enquanto eu tiver”, disse Marcelinho Calil.