Desempenho da ala musical se destaca em homenagem do Amizade Zona Leste ao baluarte Eduardo Basílio
Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
O Amizade Zona Leste realizou na noite de sábado seu desfile no Sambódromo do Anhembi. Com destaque para a atuação da ala musical, que se comunicou muito bem com a bateria, a agremiação teve vários problemas de atuação, em especial da comissão de frente. O Trevo de São Matheus foi a quarta escola a se apresentar pelo Grupo de Acesso 2, fechando os portões aos 50 minutos, o máximo previsto pelo regulamento.
Comissão de Frente
A comissão de frente intitulada “Rosas de Ouro 1971/2024” se apresentou dividida em três atos com a presença de um tripé, onde os anos mencionados aparecem. No primeiro, um grupo de dançarinos com trajes de gala em azul executou uma performance em referência a antigos desfiles. O tripé, com formato de uma casa e aberturas na frente e atrás, faz a função de um portal para os tempos atuais, de onde saem passistas vestidos de rosa. O terceiro ato envolveu uma atuação conjunta dos dois grupos.
Ao longo dos quatro módulos em que foram observados, o primeiro grupo de dançarinos apresentou diversas inconsistências em seus movimentos, com falta de sincronia na apresentação da escola. Um dos dançarinos sempre chegava atrasado, destoando consideravelmente dos demais. O terceiro ato ocorria praticamente na sua íntegra fora do campo de visão dos jurados, pouco contribuindo para o repertório.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal do Amizade, formado por João Lucas e Maria Cristina, desfilou com fantasias representando a “Flor Dourada”, que é o símbolo da escola de samba Rosas de Ouro. Nos dois primeiros módulos, a atuação da porta-bandeira foi devagar, gerando inconsistências na sincronia de seus movimentos com os do mestre-sala em várias oportunidades. O problema observado foi corrigido nos dois últimos módulos, com o João Lucas adequando seu ritmo ao da guardiã do pavilhão.
Enredo
O enredo do Amizade Zona Leste em 2024 foi “Eduardo Basílio, um Mar de Rosas de Ouro. Do Quilombo da Brasilândia para o Mundo”, assinado por uma Comissão de Carnaval, é em homenagem a um dos grandes baluartes do carnaval de São Paulo. Eduardo Basílio foi um dos fundadores da escola de samba Rosas de Ouro, além de ter sido o primeiro presidente da Liga-SP, Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo. Sua gestão na Roseira foi marcada especialmente pelos projetos sociais direcionados à comunidade da região onde a agremiação foi fundada, um dos motivos pelo qual o Rosas ficou conhecido como o “Quilombo da Brasilândia”.
Foi preciso esforço para compreender a história contada pelo enredo ao longo das alas, que não eram claras em seu significado. Com exceção do segundo carro, todos os demais elementos pareciam não se conectar com clareza ao enredo, o que pode gerar problemas ao julgamento da escola.
Alegorias
O Amizade se apresentou com dois carros alegóricos. O abre-alas foi nomeado como “15 de maio. Feliz aniversário!”, data do aniversário de Eduardo Basílio e que, durante sua gestão à frente do Rosas de Ouro, era marcada como o dia do anúncio dos enredos da escola. O segundo carro, intitulado “Quilombo da Brasilândia”, representando o enraizamento da Roseira dentro da comunidade da região noroeste de São Paulo.
O carro abre-alas, com a presença de uma estrutura central em referência a um bolo de aniversário, contava com a presença de telões nas laterais, mas continha diversos problemas de acabamento, com tecidos esticados visíveis por toda a alegoria. Uma escultura na parte superior não contribuía de maneira significativa para a compreensão do carro. A segunda alegoria contou com bom acabamento e representou de maneira adequada a referência ao qual seu nome faz.
Fantasias
As fantasias do Amizade Zona Leste vieram no geral representando os marcos da vida de Eduardo Basílio ao longo de sua gestão à frente do Rosas de Ouro. O segundo casal e as alas finais representavam a saudade deixada pelo baluarte e o desfile ocorrido em 2005, “Mar de Rosas”, que apesar de não ter ganho o carnaval, foi um dos mais marcantes da história da Roseira.
O conjunto de fantasias era no geral de difícil compreensão, procurando fazer referências simples e diretas ao que seus nomes indicavam, pouco se atentando para a harmonização com os demais elementos do desfile. A ala 4 contava com várias fantasias com problemas de acabamento, além de chapéus sendo sustentados pelos desfilantes com dificuldade, como a ala das Baianas.
Harmonia
O Amizade apostou em utilizar-se de apagões em diferentes pontos da pista para provar a força do canto da comunidade, mas tal tática evidenciou as várias inconsistências do canto. Nesses momentos, as alas embolavam seus cantos. Fora disso, muita discrição no canto em geral, com exceção da ala 9, que próxima à bateria na parte final do desfile, demonstrava mais empolgação ao clamar o samba da escola.
Samba-enredo
Assinado pelo consagrado compositor Thiago Meiners e defendido na Avenida pelos intérpretes Adauto Jr. e Eliezer PQP, o samba do Amizade possui uma letra curta, mas que sintetiza de forma poética e linear a proposta do enredo da escola.
A atuação da ala musical foi o destaque do desfile, em especial combinada com a bateria “Batucada do Amizade”, formando bom conjunto nos momentos em que arriscaram os apagões. O samba é de fácil compreensão, o que ajudou a compensar as dificuldades de leitura que os quesitos plásticos ofereciam.
Evolução
O início da escola contou com considerável lentidão, gerando a necessidade da escola acelerar um pouco o passo ao longo da Avenida para conseguir fechar os portões aos exatos 50 minutos, o máximo que o regulamento permite. As alas, porém, vieram compactas e não houve inconsistências gerais de separação entre elas e os demais elementos do desfile enquanto foram observadas.
Outros Destaques
A presidente do Rosas de Ouro e filha de Eduardo Basílio, Angelina Basílio, desfilou à frente da escola e levantou o público enquanto passou pela Avenida, chamando atenção de todos para o desfile da escola. A bateria “Batucada do Amizade” teve grande desempenho, contribuindo positivamente para o desempenho da ala musical.
Imperatriz da Paulicéia tem início de desfile vibrante, mas peca em acabamento de escultura do segundo carro
Por Eduardo Frois e fotos de Fábio Martins
Terceira escola a se apresentar nesta noite de desfiles do Grupo de Acesso II do Carnaval São Paulo, a Imperatriz da Paulicéia fez uma vibrante apresentação. A exibição da comissão de frente e o desempenho da bateria foram os destaques da escola, porém o capricho estético das alegorias acabou comprometido por uma escultura do segundo carro que passou sem a metade de seu braço esquerdo. Com o enredo “Maracatu – Bendito é o seu rito”, a Azul e Branco da Zona Leste encerrou sua passagem pelo Anhembi aos 46 minutos.
Comissão de Frente
Coreografados por Diogo Ferraz, os quinze integrantes da comissão de frente da Imperatriz vieram divididos em três grupos: cinco homens, cinco mulheres e cinco membros da corte do maracatu. Dentro do enredo, a fantasia dos bailarinos representava a “Nação Imperatriz”.
A apresentação do grupo foi extremamente dinâmica, vibrante e bem sincronizada em seus movimentos. Entre os integrantes da corte do maracatu, além do rei e da rainha, vieram dois portas-estandarte e a “Dama do Paço”, que carregava consigo uma boneca.
O segmento utilizou muito bem todo o espaço da avenida para representar a cultura do maracatu, intercalando o lado do sambódromo para qual iriam se apresentar. No trecho do samba-enredo que diz “Abram alas pro meu estandarte passar” o integrante com o estandarte da “Nação Imperatriz” avançava e exibia o adereço de mão para os jurados e o público.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ronaldo Ferreira e Leila Cruz, apresentou o pavilhão da Imperatriz da Paulicéia com muita desenvoltura e segurança. Com um bailado sincronizado através do olhar, a dupla mostrou alegria ao riscar o chão da passarela do samba paulista.
Durante a coreografia o casal chegou a fazer uma sutil referência ao toque dos tambores do maracatu. A fantasia de Ronaldo e Leila possuía as cores azul e dourado, repleta de penas azuis na saia da porta bandeira e no costeiro do meste-sala. A passagem da dupla ocorreu sem contratempos que comprometessem a dança.
Enredo
Inspirados pela cultura do maracatu, a comissão de carnaval da Imperatriz, formada por Wagner Miranda, o Bimbo, Deuseni Ignotti e Clayton Kaomi (in memorian), trouxe ao sambódromo do Anhembi um pouco deste tradicional festejo pernambucano. A escola escolheu focar o seu enredo nos ritos do maracatu nação, que também é conhecido como baque virado.
O setor inicial da agremiação da Zona Leste fez referência aos desfile das agremiações do maracatu na cidade de Recife, colorindo toda a passarela. Após o primeiro carro, as alas seguintes foram baseadas nas antigas tradições de cortejos de coroação dos reis e rainhas do Congo.
A “Noite dos Tambores Silenciosos” foi representada no segundo e último setor da Imperatriz da Paulicéia, em que a escola fez uma visita ao Recife Antigo e a toda a sua ancestralidade negra. Trata-se de um ritual ecumênico que ocorre na noite da segunda-feira de carnaval.
Após o desfile dos maracatus, essas agremiações se reúnem no Pátio do Terço, em Recife, onde juntos cessam as batidas dos tambores para louvarem a Virgem do Rosário, padroeira dos negros, e fazerem orações na língua iorubá para saudar os ancestrais africanos escravizados durante o período colonial.
Alegorias
O luxuoso carro abre-alas da Imperatriz causou um impacto positivo na abertura do desfile da escola. A alegoria azul e dourada recebeu o nome de “Meu maracatu com as bençãos de Dona Santa”. Além do letreiro com o nome da escola, o carro trazia esculturas de bonecas pretas, cabeças de elefante e uma enorme coroa giratória no topo. Destaque para o cuidado que eles tiveram com a iluminação, realçando a beleza da alegoria.
Já o segundo carro, chamado de “A noite dos tambores silenciosos”, não conseguiu o mesmo efeito por conta do braço quebrado de umas das esculturas superiores, que representavam a liberdade do negro. A alegoria que trazia Iansã na parte frontal passou pelo Anhembi danificada, comprometendo o padrão visual estético da Imperatriz que era apresentado até então.
Fantasias
A Imperatriz da Paulicéia trouxe um elegante conjunto de fantasias ao longo das suas dez alas. A primeira delas, após a elegante velha guarda , veio simbolizando o recife antigo, com trajes coloridos que traziam na parte de trás da roupa a bandeira e a arquitetura de Pernambuco.
A ala das baianas desfilou com uma indumentária predominantemente azul bebê, com as senhoras carregando nos braços bonecas com a mesma fantasia que elas, proporcionando um belo efeito na avenida. A roupa delas transmitia uma sensação de leveza ao girar na passarela.
O uso de adereços de mão foi uma constante nas alas da Imperatriz. A ala 4 – Baque Virado, em tons de azul branco e grená, trouxe seus integrantes segurando tambores. A ala 7 – “Encontro de Maracatus” veio nas cores de um dia ensolarado, vermelho e amarelo, enquanto a ala 8 – “A lua alumia”, passou em cores azul e roxo, que remetiam a noite. Ambas traziam estandartes mão.
Harmonia
A comunidade da Zona Leste mostrou na pista de desfiles toda a potência da Imperatriz da Paulicéia. Os cerca de 700 componentes cantaram o samba da escola com intensidade, sobretudo nos dois refrões do samba-enredo. Uma das alas que apresentaram um canto vigoroso e constante durante a avenida foi a 6, que representou os primeiros terreiros de candomblé. Seus integrantes mostraram empolgação ao entoar o hino da escola para o carnaval 2024. Mérito também do belo entrosamento entre o carro de som e a bateria.
Samba-enredo
O samba-enredo da Imperatriz da Paulicéia teve um desempenho satisfatório durante o desfile, especialmente por conta do belo trabalho realizado pela ala musical. O intérprete Tiganá contribuiu bastante para impulsionar o canto da comunidade da Zona Leste, incentivando os componentes a manter o canto na avenida. A obra foi composta por André Ricardo, Cauê Ricci e Caio Ricci.
Evolução
A Azul e Branco da Gamelinha evoluiu de forma correta e coesa ao longo de toda a sua passagem pela pista do Anhembi, sem apresentar buracos ou alas emboladas. O desfile manteve-se no mesmo andamento até o final, sem a necessidade de que os componentes acelerassem o passo para passar dentro do tempo.
Outros Destaques
Outro grande destaque da Imperatriz da Pauliceia foi a exibição da bateria, liderada pela mestra Rafaella Rocha. Mestra Rafa que é a única mulher a comandar uma bateria que desfila no sambódromo do Anhembi. Os integrantes vieram trajados de ogã. A Rainha de bateria Ariê veio com uma luxuosa fantasia de penas vermelhas.
Alegorias altas chamam atenção no desfile da Unidos de São Lucas
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
Segunda escola a desfilar no Grupo de Acesso II neste sábado, a Unidos de São Lucas, claramente, mostrou poder de investimento e ótima capacidade de realizar carros alegóricos bastante imponentes e belos. Também chamou atenção o samba-enredo, dos mais aclamados de todo o carnaval paulistano, e a evolução do casal de mestre-sala e porta-bandeira – que, pouco a pouco ao longo do ciclo carnavalesco, melhoraram e tiveram exibição bastante segura. O canto da agremiação, entretanto, foi irregular (e abaixo no segundo setor) e o tripé da comissão de frente tinha ao menos uma rodinha aparente. O desfile para defender o enredo “O Canto das Três Raças… o grito de alforria do trabalhador!” durou 58 minutos.
Comissão de frente
Coreografada por Paula Andari e intitulada “O Anúncio do Lamento Imortal”, os componentes interagiam com o público e com o tripé em diversas oportunidades, chamando o pessoal para cantar. O segmento era composto por diversos bailarinos vestidos como araras, com um belo esplendor (chapéu) e roupas que variavam entre azuis, verdes e amarelas. O tripé, que simulava um navio, tinha um outro componente, fantasiado como explorador; e tinha detalhes como caveiras – dando a entender que os portugueses, em especial, agiam como piratas na época da chegada ao país. Não houve grande interação entre quem estava no chão e o tripé em si – que, por sinal, tinha pelo menos uma das rodinhas bastante aparente.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Após um primeiro ensaio técnico de pouco brilho e uma segunda apresentação com muita evolução, Erick Sorriso e Victória Devonne completaram uma Jornada do Herói própria. Com atuação bastante segura e em franca evolução, ambos não tiveram erros técnicos em nem um dos quatro módulos, optando pela segurança em todo o trajeto. Vale destacar o belíssimo figurino de ambos, com vários adornos indígenas – ela com um misto de cores, ele com predominância do vermelho e do azul.
Enredo
A proposta da agremiação é falar das lutas dos trabalhadores por direitos, justiças e condições melhores para desenvolver a própria labuta. A exaltação a cada um deles foi inspirada na música “O Canto das Três Raças”, imortalizada na voz de Clara Nunes – e a canção, por sinal, foi importante para permear o fio condutor de toda a apresentação. Nos primeiros segmentos, os exaltados serão os povos originários (com direito ao carro abre-alas e ao primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira); depois, chegou a vez dos afrodescendentes; por fim, os povos europeus (que também exploraram) são citados. A última das onze alas, chamada “Grito Coletivo de Alforria” dava o tom para tudo que a escola queria passar ao público: depois de toda a luta, era chegada a hora de se livrar de toda e qualquer amarra. A linha cronológica da temática foi muito bem apresentada ao longo de todo o desfile.
Alegorias
Chamou atenção a altura dos carros alegóricos da vermelho, preto e branco da Zona Leste. O abre-alas, intitulado “Essa Terra Tem Dono!”, bastante alto, representava o Brasil na época da chegada dos europeus, com muito verde e índios – e esculturas bastante bonitas e bem acabadas. Já o segundo, “Fortaleza de Zumbi”, representava todo o Quilombo dos Palmares – com diversos escravos fugidos e que era reconhecido pela maneira bastante eficiente de trabalho internamente.
Fantasias
Na cabeça da escola já era possível ver que o conjunto de fantasias estava bastante belo. As araras da comissão de frente, utilizando fitas e um belo esplendor, deixaram isso claro; a ala seguinte, “Os Invasores Portugueses”, tinha vários navios com velas e a cruz de malta lusitana. Ao longo de todo o desfile, as fantasias permaneceram em ótimo estado de conservação no geral – e, também, se mantiveram com belo efeito estético. Como erro, a reportagem notou, apenas, que uma das correntes de uma das pedras dos guardiões do casal de mestre-sala e porta-bandeira estava presa na pedra, e não colada – como todas as demais
Harmonia
Tido como um dos melhores sambas do Grupo de Acesso II (e, por que não, de todo o carnaval paulistano), a escola teve canto irregular no desfile como um todo. A cabeça da agremiação tinha bom canto, com destaque para a já citada ala “Os Invasores Portugueses”. Após o carro abre-alas, entretanto, o volume da escola diminuía sensivelmente. E, depois da segunda alegoria, os componentes voltavam a cantar em bom tom.
Samba-enredo
Como dito anteriormente, a canção da Unidos de São Lucas foi muito celebrada desde quando foi apresentada à comunidade e ao público – e, além da inspiração, não havia cacofonia ou excesso de repetições silábicas na obra de Well Pereira, Cacá Camargo, Osmar Menato, Henrique Hoffmann, Kátia Rodrigues, Luiz Jacaré, Bruno Pasqual e Paulinho Valença. Se o desfile optou por mostrar grupos de trabalhadores, a canção ilustrava alguns atos marcantes na história – como a Inconfidência Mineira e a construção e queda do Quilombo dos Palmares. O único momento no qual o samba-enredo trazia alguma referência ao clássico de Clara Nunes foi o verso “Ôôôôô… o grito do povo marcado de dor”. Também vale ressaltar Tuca Maia, intérprete da escola, que estava fantasiado de bombeiro e tentava chamar o público para cantar com a agremiação.
Evolução
De maneira bastante uniforme, a escola progrediu ao longo do Anhembi sem qualquer tipo de sobressalto. Um dos poucos pontos negativos nesse quesito foi o recuo da bateria: em um movimento simples, indo à direita quando o carro abre-alas ainda estava na metade do espaço do box, a agremiação ficou cerca de dois minutos para completar o movimento. A agremiação optou por paralisar toda a escola enquanto a ação era feita, e a ala posterior, “Jesuítas – Exploração e Opressão”, foi pouco célere para ocupar todo o espaço.
Outros destaques
Mostrando muito entrosamento com a agremiação, a corte de bateria teve três destaques nas cores da agremiação. Pepita, madrinha da Bateria USL, estava de branco; Pamela Lino, a musa, estava de preta, e Juliana Fenix, a rainha, veio de vermelho.
Unidos de São Miguel abre Acesso 2 de SP com boa estética visual e muita energia
Por Eduardo Frois e fotos de Fábio Martins
De volta ao Sambódromo do Anhembi após dez anos, a Unidos de São Miguel abriu a noite de desfiles do Grupo de Acesso II com boa estética visual e muita energia. O destaque da exibição ficou por conta da beleza e do cuidado com as fantasias, além da bateria Swing da Nitro. A Tricolor do Extremo Leste paulistano apresentou o enredo “Um príncipe negro na corte dos esfarrapados”.
Comissão de Frente
A indumentária da comissão de frente da São Miguel simbolizava a realeza africana Onze componentes que utilizavam fantasias em tons de preto e bege, com detalhes em vermelho e muito brilho dourado. Dois integrantes vieram na mesma paleta de cores que o restante do segmento, porém com roupas distintas dos demais.
Um desses integrantes carregava uma coroa dourada e vermelha, enquanto o outro utilizava um elegante traje inspirado nas estamparias características da arte ancestral da África. O traje desse último componente, em determinado momento da dança, exibia o trecho do samba: “Vossa majestade, Rei da Ralé”.
A coreografia foi executada pelo grupo de forma precisa e dinâmica, intercalando movimentos rápidos, com outros mais lentos. O ponto alto da apresentação é a coroação do grande homenageado pela escola, Dom Obá. Destaque para o cuidado com a maquiagem dos integrantes, que não se desfez durante o desfile. O cadarço do sapato de um dos componentes se desamarrou ao longo da avenida, mas não prejudicou a evolução de sua dança.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Pedro Trindade e Laís Andrade desenvolveu a sua coreografia com elegância, em passos seguros para apresentar o pavilhão da tricolor do Extremo Leste paulistano. Unindo graça e desenvoltura, eles vieram representando a “África, Mãe Terra” dentro do enredo. A passagem da dupla pelos módulos de julgamento ocorreu sem contratempos.
A luxuosa fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de São Miguel simbolizava a riqueza presente no continente africano. O casal vestia uma roupa em tons terrosos, com bastante búzios, pedrarias e brilho dourado. Pedro utilizava um costeiro com penas marrom, que tambem estavam presentes na saia de Laís. Ambos também tinham na composição de suas vestimentas um recorte de uma estampa de zebra.
Enredo
A Unidos de São Miguel trouxe para a passarela do samba paulistano a história de Cândido da Fonseca Galvão, conhecido popularmente como Dom Obá. O personagem principal do enredo ganhou notoriedade como militar do Exército Brasileiro durante a Guerra do Paraguai, chegando a ser amigo de D. Pedro II, o imperador da época.
O contingente inicial da escola veio todo inspirado na ancestralidade da realeza africana, uma vez que Dom Obá é neto de Abiodum, o rei do Império de Oió. A partir da segunda ala, a São Miguel passou a contar a trajetória de seu homenageado no Brasil, do nascimento à sua participação na Guerra do Paraguai.
Em seguida, o enredo mostrou a relação de amizade que surgiu entre Dom Obá e Dom Pedro II. Já na parte final de seu desfile a Unidos apresentou o “Baile da Ilha Fiscal”, momento em que Cândido da Fonseca traz consigo o povo da Gamboa (a chamada Pequena África) para o baile da corte imperial, tornando-se o príncipe dos esfarrapados.
O enredo da São Miguel foi assinado pelos carnavalesco Alexandre Callegari e Natanael Serra (afastado por motivos de saúde).
Alegorias
O carro abre-alas da Unidos de São Miguel veio com o brasão da escola à frente, contornado por uma iluminação de fios de led vermelho. Em seguida, três esculturas de corpos negros tocando atabaque, além de uma grande escultura representando toda a suntuosidade e realeza africana. O carro estava predominante nas cores marrom, dourado, amarelo e laranja; com um belo acabamento em materiais como palha, búzios e estamparias. A parte traseira continha ainda um grande rosto dourado.
A segunda alegoria da agremiação da Zona Leste trazia um grande bonde à frente, decorado em azul e dourado, com uma destaque em cima, com sua fantasia nas mesmas cores. Dois postes de luz no estilo clássico, um de cada lado, completavam a parte frontal. Já a saia do carro foi revestida com as cores verde e amarelo, em referência à bandeira nacional. Uma grande coroa, dourada por fora e azul por dentro, compunha a parte superior central, enquanto a parte traseira tinha duas esculturas e três bandeiras do Brasil na época do Império.
Fantasias
A escola apresentou um belo conjunto de fantasias. A primeira ala da Unidos de São Miguel trouxe para a avenida um estandarte representando o Reino de Oyó. A fantasia veio nas cores laranja e branco, com detalhes em marrom e dourado, combinando com a paleta de todo o primeiro setor da escola. O sertão nordestino foi tema da segunda ala, que trazia componentes com chapéu de cangaceiro e diversas fitinhas coloridas.
Destaque para a luxuosa roupa da ala das baianas, que representou a Pequena África. O tradicional segmento da escola veio nas cores branco e verde, com detalhes de acabamento em dourado, o que proporcionou um belo efeito visual quando elas giravam na avenida.
A ala 8, “Voz do povo nos jornais”, também apresentou uma bela indumentária, nas cores branco, dourado e laranja claro. O costeiro da fantasia dessa ala trazia uma replica da capa do jornal Gazeta de Noticias.
As últimas duas alas da São Miguel chamaram atenção pela diversidade. A ala 11 “Cultura do povo negro no Rio mesclava nas fantasias de seus integrantes as cores de tradicionais escolas de samba carioca (verde e rosa da Mangueira, vermelho e branco do Salgueiro, azul e branco da Portela). Por fim, a ala 12 simbolizou a “Corte dos esfarrapados”, inspirada no enredo “Ratos e Urubus larguem minha fantasia” da Beija-Flor em 1989
Harmonia
A Tricolor do Extremo Leste desfilou no Anhembi com cerca de 800 componentes divididos entre 12 alas e 2 carros alegóricos. Em geral, a escola cantou o samba-enredo ao longo de sua passagem na avenida. Porém, algumas alas como a ala 5 “Alferes Galvão – Voluntários da Pátria” e a ala 7 “Elos com a corte imperial” poderiam ter se empenhado mais para entoar o hino da São Miguel para este carnaval.
Samba-enredo
O samba-enredo da São Miguel foi conduzido com excelência pelo intérprete Jorginho Soares e toda a sua ala musical. O que fez com que a escola mantivesse a sua animação incial ao longo da passarela. As bossas realizadas pela bateria “Swing da Nitro” também contribuíram para que os dois refrões fossem cantados com mais intensidade pelos componentes. A foi composta por Jorginho Soares, Renne Campos Liso, Marcio Biju e Andherson Cicinho.
Evolução
A Unidos apresentou uma evolução correta e uniforme ao longo do sambódromo do Anhembi, sem apresentar grandes clarões na pista. A única ressalva ficou por conta de um leve espaço entre o carro abre-alas e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, enquanto eles se apresentavam no primeiro modulo de julgamento. A alegoria seguiu em frente, obrigando os dois a se exibirem em movimento. A São Miguel fechou seu desfile sem acelerar o passo para passar dentro do tempo regulamentar.
Outros Destaques
Quem esteve presente no Anhembi para ver a abertura do carnaval paulistano assistiu à uma grande apresentação da bateria “Swing da Nitro”, de mestre Wallace. O segmento da escola ajudou a impulsionar o samba-enredo e a contagiar os componentes da escola.
A rainha da bateria Samanta Castro desfilou com uma fantasia dourada com um costeiro de penas vermelhas. Enquanto a madrinha da bateria Indy Garcez vestia uma fantasia laranja, vermelho e preto, com o corpo a mostra.
Liga-RJ divulga nomes dos julgadores que irão atuar nos desfiles da Série Ouro de 2024
A Liga-RJ reuniu neste sábado, em sua sede oficial, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, as agremiações que fazem parte da Série Ouro para apresentar os julgadores que vão trabalhar nos desfiles de 2024. Os nomes foram aprovados com unanimidade. Assim como em anos anteriores, a Liga-RJ promoveu o curso de julgadores durante seis sábados com aulas, explanações e trocas de aprendizado, sempre das 9h às 17h. No total foram mais de 40 horas de preparação, que incluíram aplicação de provas, com correção comentada e, testes de atenção com devolutiva.

Além de estudos de caso sobre desfiles de edições anteriores. A Liga-RJ vem acreditando e investindo nesse processo de aprendizagem continuada a cada ano com melhorias, para qualificar ainda mais o corpo de julgadores.
Das 04 (quatro) notas concedidas por quesito a cada escola, serão consideradas válidas apenas as 03 (três) maiores, descartando a menor. Os desfiles serão realizados nos próximos dias 09 (sexta-feira) e 10 (sábado) de fevereiro, às 21h. Cada agremiação terá o mínimo de 45 minutos e o máximo 55 minutos para passar pela Avenida. Confira a seguir os nomes dos julgadores selecionados.
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Elizeu Miranda
Simone de Lima
Marta Duarte
Thiago Willians
COMISSÃO DE FRENTE
Flávio Xavier
Fernando Gomes
Simone Alencar
Fábio Canejo
EVOLUÇÃO
Roberto Manhães
Matheus Abreu
Jaqueline Rodrigues
Karina Silva
ENREDO
Fabrício Herbeth
Clécia dos Reis
Talita Veloso
Ana Ribeiro
FANTASIA
Anderson Ferreira
Luciano Moreira
Adrian Nunes
Izabella Nobre
ALEGORIAS E ADEREÇOS
Ana Maria Bottoni
Sérvolo Alves
Renato Costa
Camila Mendonça
HARMONIA
Paulo Roberto Fidelis
Alexandre Magalhães
Jair Silva
Jorge Carvalho
SAMBA-ENREDO
Renato Vazquez
Fernanda Gonçalves
Bárbara Siqueira
Vinicius Cesar
BATERIA
Paulo César Correa
Digo Braz
Jorge Luiz
Ricardo Oliveira
SUPLENTES
André Lima (módulo música)
Leonardo Fartura (módulo visual)
Paula Nogueira (módulo dança)