Em uma noite de festa e emoção, a Dragões da Real deu um importante passo para o futuro do samba. No último sábado, a escola promoveu o lançamento oficial de sua escola de samba mirim, voltada para crianças e adolescentes de até 17 anos. O evento, realizado na tradicional Caverna do Dragão, reuniu um grande público e contou com diversas atividades pensadas especialmente para o público infantil.
Foto: Liz Caroline Yau/Divulgação Dragões da Real
Com um espaço kids, alimentação e brincadeiras, a tarde foi de celebração, mas também de planejamento. O presidente Renato Remondini, o Tomate, conduziu a apresentação do projeto e apresentou os responsáveis por cada setor da escola mirim, que já nasce estruturada com departamentos como casal de mestre-sala e porta-bandeira, bateria, ala musical, passistas, malandros, comissão de frente, alas e até vice-presidências formadas por jovens.
A iniciativa faz parte do compromisso da Dragões da Real com a formação de novos talentos e com a perpetuação da cultura do samba dentro de sua própria comunidade. “Nosso objetivo é formar cidadãos e sambistas conscientes, que conheçam desde cedo a importância do carnaval como manifestação cultural e comunitária”, destacou o presidente.
Os ensaios da nova agremiação terão foco pedagógico e artístico, buscando ambientar os jovens ao universo do carnaval e desenvolver habilidades específicas de cada segmento.
A estreia oficial da escola de samba mirim da Dragões da Real já tem data marcada: será no próximo dia 12 de outubro, durante o desfile das crianças, organizado pela LIGA-SP, na Fábrica do Samba. A expectativa é grande, e a comunidade já abraçou o projeto como mais um capítulo da trajetória vitoriosa da vermelho e branco da Vila Anastácio.
A Pérola Negra revelou, na noite do último sábado, seu enredo para o Carnaval 2025. O tema foi lançado durante uma festa julina e, na ocasião, o novo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kawe Lacorte e Nathalia Bete, também foi apresentado. Depois de algum tempo, a comunidade pôde, enfim, reencontrar-se com o bairro do qual tanto se orgulha: a Vila Madalena. Durante a celebração, o intérprete Lucas Donato cantou os sambas mais famosos da agremiação e, em determinado momento, o carnavalesco André Machado subiu ao palco para apresentar o enredo: “Valei-me, cangaceira arretada. Maria que abala a gira. Valente e bonita, que vence demanda”. A narrativa abordará a história de Maria Bonita e seus feitos até ser cultuada como uma divindade da umbanda. A Pérola Negra é a atual campeã do Grupo de Acesso 2 e escolheu a sexta posição para desfilar no domingo de carnaval, marcando seu retorno ao Acesso 1. O CARNAVALESCO conversou com André Machado, responsável pelo enredo. O artista explicou como a Pérola Negra pretende desenvolver o tema no Anhembi.
Carnavalesco André Machado. Foto: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
“A gente dividiu esse enredo em três setores: o primeiro vai abordar, de fato, a história de Maria Bonita, de como ela largou a vida que levava e foi para o cangaço. Depois, vamos mostrar sua influência na cultura, na arte e no artesanato nordestino. O encerramento será com um grande panteão da umbanda, destacando a força dessa entidade na cultura nordestina — inclusive porque Maria Bonita é uma mulher valente”, explicou.
André Machado se diz confiante em realizar um grande carnaval, apesar das dificuldades do Grupo de Acesso. O profissional agradeceu à presidente Sheila Monaco por lhe dar liberdade para desenvolver o projeto do Carnaval 2026:
“A gente tem tudo para fazer um grande desfile. É um enredo com o qual estou muito feliz; fazia tempo que eu não criava um tema autoral, e a presidente Sheila me deu carta branca para brincar e desenvolver de uma forma bem alegre. Hoje, o Grupo de Acesso conta com grandes escolas de samba, mas a gente está aqui para lutar de igual para igual e fazer um grande espetáculo, se Deus quiser”, declarou.
O artista revelou que gosta de criar enredos com narrativas nordestinas, pois os leva para um campo pessoal e representam uma forma de homenagear pessoas importantes em sua vida. Ele também afirmou que trabalhar com temas autorais é mais fácil, já que não há interferência externa:
“Apesar de ter pais nordestinos, só fui a Pernambuco uma vez. Desde então, para entender melhor a cultura, sempre me apeguei aos livros e adquiri uma obra chamada Bonita Maria do Capitão. Inclusive, a autora é parente de Maria Bonita. Quando falei do xaxado na Mancha, em 2023, a bisneta da Maria Bonita visitou o barracão e autografou o livro. Esse é o tipo de enredo que sempre gostei de desenvolver. É uma forma de retribuir o carinho da minha mãe, do meu pai e de todas as pessoas do Nordeste que conheço. Trabalhar com um tema autoral é muito mais fácil, porque não há uma terceira pessoa dizendo o que tirar ou limitando a nossa liberdade”, finalizou.
A paixão pelo carnaval do Rio de Janeiro segue mais viva do que nunca. Os ingressos de arquibancadas especiais para os desfiles do Grupo Especial de 2026 se esgotaram em menos de cinco horas após a abertura das vendas ao público geral, na manhã deste domingo. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) anunciou o esgotamento por meio de suas redes sociais. “Em menos de 24h com as vendas gerais abertas e temos a honra de anunciar: AS ARQUIBANCADAS DO RIO CARNAVAL 2026 ESTÃO ESGOTADAS PROS DIAS COMPETITIVOS! 🔥🤩”, publicou a entidade, celebrando a resposta do público.
Nesta etapa de vendas, foram disponibilizados aproximadamente 80% dos ingressos de arquibancadas especiais, com oferta em todos os setores das arquibancadas especiais do Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Os outros 20% já haviam sido vendidos em ações anteriores: o projeto Ingresso Sambista e o Passaporte Rio Carnaval, ainda em março, além da pré-venda exclusiva para clientes do Mercado Pago, banco digital oficial do evento, encerrada na última sexta-feira.
O Rio Carnaval 2026 acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, reunindo as 12 principais escolas de samba do Rio em três dias de competição. No dia 21, o tradicional Sábado das Campeãs encerrará a temporada de desfiles com a apresentação das seis primeiras colocadas, em uma grande celebração da festa e da arte carnavalesca.
Homenagens nos enredos de 2026
O ano de 2026 será marcado por grandes homenagens na Marquês de Sapucaí. Dos 12 enredos que compõem o desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a maioria presta tributo a personalidades históricas, figuras da cultura popular, artistas consagrados e manifestações religiosas e afro-brasileiras. Confira os temas de todas as escolas que vão sacudir a Sapucaí.
A Acadêmicos de Niterói, que estreia no Grupo Especial após conquistar o título da Série Ouro, vai abrir os desfiles com um tema que promete dar o que falar. A escola apresentará o enredo “Do Alto do Mulungu Surge a Esperança: Lula, o Operário do Brasil”, uma homenagem à trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desfile desenvolvido por Tiago Martins.
A Imperatriz Leopoldinense com o enredo “Camaleônico” homenageará Ney Matogrosso, destacando sua carreira multifacetada, sua liberdade estética e seu papel na quebra de tabus. A proposta é assinada pelo carnavalesco Leandro Vieira.
A Portela apresentará o enredo “O Mistério do Príncipe do Bará”. A agremiação de Madureira vai contar a história de Custódio Joaquim de Almeida, o Príncipe Custódio, figura vinda do Benin que se tornou um dos pilares da cultura afro-gaúcha. André Rodrigues assina o desenvolvimento do desfile.
A Estação Primeira de Mangueira levará para a Sapucaí uma celebração à sabedoria da floresta amazônica. O enredo “Mestre Sacacá do Encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra” exaltará a figura do curandeiro paraense conhecido por seus saberes ancestrais e seu domínio das ervas e raízes da floresta. A criação é do carnavalesco Sidnei França.
Já a Mocidade Independente de Padre Miguel mergulha no universo do rock nacional com o enredo “Rita Lee, a Padroeira da Liberdade”. A escola da Zona Oeste celebrará a cantora como símbolo de irreverência, ousadia e independência feminina, em um desfile assinado por Renato Lage.
A campeã do último carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis, aposta na força da religiosidade ancestral. Com o enredo “Bembé do Mercado”, a azul e branca vai retratar essa manifestação religiosa afro-brasileira realizada há mais de 130 anos no Recôncavo Baiano, reconhecida como patrimônio imaterial da cultura nacional. O desenvolvimento é de João Vitor Araújo.
A Viradouro vai levar às arquibancadas uma homenagem à sua própria história. O enredo “Pra Cima, Ciça” exaltará o mestre de bateria Moacyr da Silva Pinto, o Ciça, figura icônica do carnaval e responsável por dois títulos da escola. O desfile é assinado por Tarcísio Zanon.
A Unidos da Tijuca escolheu como tema a potente história de Carolina Maria de Jesus. Com o enredo “Carolina Maria de Jesus”, a escola homenageia a escritora mineira que revolucionou a literatura ao retratar, com crueza e poesia, a vida nas favelas brasileiras. A criação é do carnavalesco Edson Pereira.
O Paraíso do Tuiuti fará um mergulho na espiritualidade afro-cubana com o enredo “Lonã Ifá Lukumi”. A proposta de Jack Vasconcelos é apresentar essa vertente religiosa pouco conhecida no Brasil, ressaltando sua força ancestral, sua estética ritualística e as pontes culturais entre América Latina e África.
A Unidos de Vila Isabel apresentará um desfile onírico e ancestral com o enredo “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”. A escola prestará tributo ao multifacetado Heitor dos Prazeres, artista que se destacou como pintor, compositor e sambista, em uma narrativa assinada por Gabriel Haddad e Leonardo Bora.
A Acadêmicos do Grande Rio voltará os olhos para o movimento Manguebeat. Com o enredo “A Nação do Mangue”, a tricolor de Duque de Caxias vai explorar as raízes do movimento que revolucionou a cultura pernambucana nos anos 1990, misturando regionalismo, crítica social e inovação. O tema será desenvolvido por Antônio Gonzaga.
O Acadêmicos do Salgueiro fará uma emocionante homenagem à carnavalesca Rosa Magalhães. O enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau” celebrará o legado da artista, maior campeã da história da Sapucaí, falecida em 2023. O carnavalesco Jorge Silveira será o responsável pelo desfile.
Conhecida por ser uma das cidades mais cosmopolitas do planeta, a capital dos Países Baixos (também conhecido como Holanda) será o enredo do Águia de Ouro em 2026. Intitulado “Mokum Amesterdã: o voo da Águia à cidade libertária” e assinado pelo carnavalesco Alexandre Louzada, a agremiação da Pompeia realizou um evento intimista para anunciar a temática.
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Histórias que o enredo traz
Perguntado sobre como surgiu a ideia de falar de Amsterdam, Alexandre Louzada foi franco: “Não partiu de mim a ideia, mas quando você descobre grandes possibilidades, que você pode contribuir socioculturalmente para o carnaval, levantar bandeiras de não preconceito, de igualdade, de respeito, isso me interessa. A missão de qualquer carnavalesco é trazer algo que acrescente para a vida das pessoas”, destacou.
Em outra entrevista, o responsável por sugerir tal temática se revelou. Trata-se de ninguém mais, ninguém menos que Sidnei Carrioulo, presidente da instituição: “Se o enredo não me agradasse, eu teria que bater a cabeça na parede, porque fui eu quem forcei esse enredo. A gente não pode inverter a ordem das coisas. Quando a gente falou a respeito de ter um patrocinador, nós escolhemos algo que era interessante. Temos várias parcerias conversadas, várias possibilidades. A gente veio nesse trabalho, mas não de trás para frente”, comentou, com o bom humor que lhe é peculiar.
Não é apenas em relação a Amsterdã que a reportagem quis ouvir integrantes do Águia de Ouro sobre histórias. Jacqueline Meira, diretora de carnaval da agremiação, relembrou que a Pompeia já teve alguns “enredos CEP” (como são popularmente conhecidos os desfiles em homenagem a cidades, estados e países) marcantes – como “A Milenar cultura de um povo, quem tem olho grande já entra na China” (2003), “Ribeirão Preto – Região à Frente do Seu Tempo: Da Abolição ao Agronegócio, Terra de Liberdade e Riqueza!” (2010) e “Brasil e Japão: 120 anos de união” (2015): “Essa nossa facilidade para falar de lugares favoreceu bastante, sim. Mas não foram apenas esses fatores que contribuíram. A leveza do enredo e a alegria que o enredo vai trazer também foram fundamentais. Todo mundo gostou muito, a escola vibrou. Tenho certeza que vai ser lindo, vai ser incrível. Vai ser Águia de Ouro”, prometeu.
Caldeirão cultural
Um dos entrevistados pela reportagem foi o carnavalesco da agremiação, que mostrou estar com a pesquisa sobre a capital neerlandesa na ponta da língua. Para começar, ao ser perguntado sobre o desafio de carnavalizar um tema pouco comum quando se pensa em um desfile de escola de samba, Louzada fez analogias: “Nós temos grandes similaridades e grandes diferenças. Mas o carnaval tem esse poder de se ajustar, de explicar, de colocar de uma forma como se tudo fosse um encantamento. A melhor definição dessa proximidade é que todos nós, tanto o Águia de Ouro como Amsterdã, fazem parte de um reino: aqui o nosso rei é o Rei Momo; e lá, é o Rei Guilherme Alexandre. A maior festa que o Águia de Ouro pode participar é o carnaval, que é uma festa do Rei Momo; e, lá na Holanda, em Amsterdã, a maior festa do calendário deles é o Dia do Rei, em que todos se vestem de laranja e fazem um carnaval da maneira deles – mas tem o mesmo significado, o mesmo sentido de você mostrar que todos daquele reino mostram alegria”, apontou.
Muito mais conhecimento, entretanto, foi debulhado pelo carnavalesco – que citou, inclusive, dois dos pintores mais famosos do planeta, que nasceram nos Países Baixos: “Por se tratar de uma cidade que é entrecortada de canais, que tem muitas pontes, o carnaval é capaz de criar essa ponte entre entre São Paulo e Amsterdã. E, atravessando essa ponte, pela ótica dos grandes mestres Van Gogh e Rembrandt, a gente encontra todas as pinceladas de emoção”, poetizou.
Surgimento de Amsterdam também presente
Como já ficou claro, existem diversas informações e histórias relevantes que serão utilizadas pelo Águia de Ouro no enredo sobre Amsterdã. Mas não faltará, também, a linha cronológica que contará o surgimento da cidade: “Para quem não sabe a história, a lenda da criação da cidade de Amsterdã tem a ver com o nosso símbolo: a cidade nasceu, segundo contam, num momento de uma grande tempestade que se formou sobre o rio Amstel e um casal de pescadores que estava num barco frágil, começou a rezar para que pudesse chegar a um lugar seguro. Nesse momento, num clarão do céu, surge uma águia que conduz esse barco até as margens do rio Amstel num determinado ponto. E, ali, eles desembarcaram, se estabeleceram e construíram o primeiro dique. Dique, em holandês, se escreve ‘dam’ – por isso, Amsterdã é ‘o dique do rio Amstel’. Foi ali que nasceu a cidade, por obra de um milagre e em forma de uma águia, que apontou o lugar onde deveria se estabelecer aquela cidade”, explicou.
Analogias para definir fio condutor
Indagado sobre como tantas referências seriam organizadas em um fio condutor, Louzada citou algo muito forte na mente de um nascido em outra cidade ao se estabelecer na Cidade Que Não Para: “É um enredo que é atemporal. assim como as próprias obras, de Van Gogh e de Rembrandt – que são considerados grandes mestres da pintura até hoje. Na sinopse, eu falo que ‘o ontem virou para sempre’. Aí é que está esse fio condutor: essa rua de água, que são os canais. Eu poderia até comparar com o Tietê, só que o Tietê não é mais navegável – pelo menos aqui nesse ponto que a gente está. A gente vai fazendo reflexões e revelações a respeito do que a gente vive hoje e das nossas condições. Em um mundo que está tão caótico, temos uma cidade que promove a liberdade, o respeito entre as pessoas, uma cidade feliz. O mundo está perdendo a humanidade e precisa de felicidade – e Amsterdã é uma cidade que se considera uma cidade feliz”, comemorou.
Substantivo que define o enredo
Um dos principais motivos pelos quais a agremiação abraçou a temática tem a ver com um sentimento em especial. O próprio Louzada citou tal palavra na explanação para a reportagem: “Não é somente uma viagem turística pelos pontos mais bonitos de Amsterdã: existe muita mensagem implícita nesse enredo – ou até mesmo explícita, porque é uma cidade que vive a liberdade. Ela nos inspira porque ela vive a liberdade. E a águia é um dos símbolos de liberdade”, contou.
Citando um dos grandes nomes ligados à cidade em questão, ele tornou a repetir o sentimento que é tão lembrado ao citar a capital dos Países Baixos: “’Mokum’, no dialeto holandês antigo, quer dizer ‘lugar’ ou ‘porto seguro’. A gente parte dessa premissa, dessa viagem que a gente faz e chega a esse porto seguro, conta essas histórias, revela os seus grandes personagens – como Anne Frank e o diário dela. Tudo aquilo acontece em uma cidade que vive a liberdade – e não libertinagem. É uma cidade feliz, é considerada pelas pesquisas da ONU como uma das populações mais felizes do mundo”, comentou o carnavalesco, aproveitando para explicar a expressão que inicia o nome do enredo.
Quem também citou tal sentimento foi Sidnei Carrioulo: “O objetivo do nosso enredo é falar sobre liberdade. Essa é a palavra certa. A gente ficou pesquisando muita coisa para falar da liberdade, e a gente descobriu uma coisa muito interessante: é a liberdade que faz com que a pessoa seja feliz. Liberdade e felicidade estão de mãos dadas. Amsterdã é conhecida como a cidade da liberdade e é considerada a quinta cidade mais feliz do mundo. Esse é o nosso foco: a liberdade traz felicidade. E é aí que vamos construir o nosso enredo. A gente vai mostrar o Amsterdã, lógico, porque a gente precisa colocar uma plástica na avenida e a gente foi pesquisando e viu que tem vários pontos que são muito interessantes. Por sinal, já começamos muita coisa”, adiantou.
Cronograma
Para falar sobre os próximos passos da agremiação, Jacqueline começou destacando que o Águia de Ouro já se encontra em processo de confecção de fantasias: “Agora, a gente já está com os pilotos a todo vapor. A gente está programando uma feijoada para agosto para celebrar esse enredo maravilhoso com a nossa comunidade – após esse evento mais fechado que fizemos hoje. Já o nosso samba-enredo será apresentado no dia 27 de setembro”, vislumbrou.
A diretora também destacou que o processo para definição da canção que embalará o Águia em 2026 é o já conhecido pelo universo do carnaval paulistano: “Quanto ao samba, vai ser como todos os anos: vai ser aberto, todo mundo vai conseguir escrever suas obras. Depois, a diretoria vai fazer as seleções e a gente vai trabalhando junto com todo mundo. Vai ser bem tranquilo, como todos os anos é”, finalizou.
O carnaval perdeu uma de suas maiores almas. Maria Augusta Rodrigues partiu, mas deixou um legado tão grandioso que continuará ecoando em cada enredo que ousa emocionar e em cada desfile que transforma a Avenida em poesia.
Foto: Reprodução TV Globo
Falar de Maria Augusta é falar de paixão, inteligência, de beleza estética e de coragem criativa. Foi ela quem ajudou a mudar o jeito de fazer carnaval. Maria Augusta entendia que uma escola de samba podia ser palco de história, cultura e sentimento. E ela fez isso como ninguém.
No Salgueiro, foi mais que uma carnavalesca. Foi revolucionária. Pensou desfiles como quem pensa capítulos de um livro, com começo, meio, fim e alma. Deu voz às raízes negras, às lutas ancestrais, à espiritualidade, à cultura popular. Desfiles que marcaram época e seguem vivos na memória carnavalesca.
Mas tem um lugar onde Maria Augusta virou lenda viva: a União da Ilha do Governador. Foi com ela que a Ilha encontrou sua essência: leve, bem-humorada, emocionante, encantadora. Quem já viu Domingo (1977) ou se arrepiou com O Amanhã (1978) sabe do que estamos falando. Ela deu à Ilha um jeito próprio de desfilar, sonhador, quase infantil no olhar, mas gigante no impacto. E mais que isso: ela ajudou a fazer da escola uma das mais queridas de todos.
Seus enredos tinham poesia e propósito. Misturava história e afeto, Brasil e mundo, rua e palco, com uma sensibilidade rara. Era artista, pesquisadora, pensadora. Uma mulher à frente de seu tempo e que, mesmo assim, sempre fez questão de exaltar o tempo dos outros: o tempo da cultura negra, das tradições populares, do samba.
Neste momento de despedida, fica um vazio enorme. Mas também um orgulho imenso. De termos vivido no tempo dela. De termos visto, ano após ano, sua genialidade tomar forma na avenida. De sabermos que ela moldou toda uma geração de artistas, carnavalescos, apaixonados pelo samba.
Maria Augusta agora é estrela. Daquelas que brilham forte no céu do carnaval. O carnaval que ela ajudou a construir é muito mais do que desfile. É emoção, resistência, memória e sonho. Tudo isso… ela ensinou como ninguém.
A Unidos de Vila Isabel recebeu nesta sexta-feira uma turma de estudantes da Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo, no barracão da agremiação. O grupo realizou uma visitação para conhecer os processos de criação dos desfiles e aprender sobre a importância das escolas de samba e do Carnaval.
Foto: Cristian de Jesus/Divulgação Vila Isabel
Os estudantes estão no Brasil através de um programa do Centro de Estudos da América Latina da universidade. Durante quatro semanas, o grupo participou de encontros temáticos no Rio de Janeiro. Todos os lugares escolhidos estão relacionados com Heitor dos Prazeres.
“Ao longo do programa, visitamos a Pequena África, o centro histórico e a favela Pereira da Silva — sempre conectando essas experiências ao enredo da Vila Isabel, que tem sido nosso fio condutor. Nada melhor do que encerrar esse ciclo com a visita ao barracão”, afirmou Mariana Piller, coordenadora de atividades do programa.
Em 2026, a azul e branca do bairro de Noel apresentará “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”. O enredo parte de um olhar onírico para homenagear o multiartista Heitor dos Prazeres, a quem é atribuída a criação dos termos “Pequena África” e “África em miniatura” para se referir à região da antiga Praça Onze.
“Conhecer a história de Heitor dos Prazeres foi importante para entender não só quem foi o sambista, mas também a história e a cultura do país. Esse enredo me ajudou a enxergar o Brasil com outros olhos, compreender um país potente e cheio de criatividade”, afirmou Luiz, um dos universitários de Harvard.
Neste sábado, a União de Maricá realiza o recadastramento dos componentes para o Carnaval 2026. A ação acontece das 10h às 16h, na quadra da agremiação, e será voltada exclusivamente para quem desfilou no último carnaval e devolveu a fantasia. O processo será individual e gratuito, mediante apresentação do documento de identidade (RG).
Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO
O presidente Matheus Santos destacou que o recadastramento é mais uma etapa de um trabalho sério e comprometido. Segundo ele, a agremiação segue em ritmo acelerado de organização visando um novo grande desfile na Sapucaí.
“Estamos seguindo nosso planejamento com dedicação e responsabilidade para realizar mais um grande Carnaval. Maricá tem mostrado sua força a cada ano e em 2026 será mais uma oportunidade de reafirmar a potência da nossa comunidade. Esse recadastramento é um passo fundamental para garantir que todos que fazem parte dessa trajetória estejam presentes mais uma vez na Avenida”, afirmou Matheus.
Em 2026, a União de Maricá levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Berenguendéns e Balangandãs”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. A escola será a sexta a desfilar no sábado de carnaval, dia 14 de fevereiro, pela Série Ouro.
A Unidos do Jacarezinho fez uma nova contratação para o Carnaval 2026. A agremiação rosa e branco do Jacaré que retorna à Sapucaí no próximo carnaval terá João Vitor Silveira como enredista . João atuará em parceria com o carnavalesco Bruno Oliveira no desenvolvimento e criação do enredo que homenageará o cantor e compositor, cria da comunidade do Jacarezinho, Xande de Pilares.
Foto: Ygor Gusmão/Divulgação Jacarezinho
João Vítor Silveira é ritmista, pesquisador e historiador formado pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa o universo das escolas de samba e sua ligação com o desenvolvimento da sociedade, com ênfase no território carioca. É co-autor de livros como “Sal60 – Uma revolução em vermelho, branco e negro”, “Matriarcas do Samba Paulistano” e “Histórias da Portela: 100 anos de Glória”. No carnaval, trabalhou em escolas como Beija-Flor de Nilópolis, Unidos de Vila Isabel, Acadêmicos do Sossego, Acadêmicos de Niterói e União de Maricá, e hoje também é pesquisador e enredista da Portela.
“Xande é um gigante da nossa cultura, do nosso samba, e poder estar envolvido nessa homenagem mais que merecida, é bom demais. E é até engraçado, pois em 2024 fui o enredista da homenagem ao Guará, primo dele, então estou começando a ficar próximo da família”, brinca o enredista. Em dupla jornada no carnaval 2026 o novo profissional garante que o desafio é gigante, porém prazeroso “Sobre conciliar, felizmente é algo que eu estou acostumado. Tanto nos anos que trabalhei na Acadêmicos de Niterói, quanto na União de Maricá, eu estava conciliando com trabalhos no Grupo Especial. O costume não faz com que seja fácil, mas tenho os referenciais para me concentrar, trabalhar com muito respeito em ambas escolas.” avisa o novo contratado.
A Unidos do Jacarezinho desfilará na sexta-feira de carnaval, dia 13 de fevereiro, sendo a primeira a pisar na Sapucaí. A escola prepara para o último domingo do mês, dia 27 de julho, feijoada de lançamento oficial do enredo, com show do homenageado Xande de Pilares e participação da bateria do Salgueiro. Os ingressos já estão à venda na plataforma de vendas on-line Sympla. Para adquirir basta acessar o link https://www.sympla.com.br/evento/feijoada-do-jacarezinho/3010528?referrer=sympla.queue-it.net e garantir o ingresso antecipado.
Neste domingo, 13 de julho, a quadra da Unidos da Tijuca recebe mais uma edição da Feijoada Nota, sua tradicional feijoada mensal. A combinação de samba, música boa, cerveja gelada e feijoada nota 10, acontecerá a partir das 13 horas, recebendo os shows completos do grupos Arruda, Como Antigamente e Confraria Carioca em clima de arraiá. E mais, DJ Bracinho da Big Mix agita os intervalos e a Bateria Pura Cadência encerra o evento. A entrada é franca retirando a cortesia no Sympla.
A feijoada Nota 10 é preparada pelo chef Bruno Malta. A quadra da escola oferece área de alimentação com vastas opções gastronômicas entre elas caldos, churrasco e doces, além de área kis para as crianças. A entrada é franca. A mesa para 4 pessoas com ingressos inclusos sai por R$ 80. Quem optar por camarote pagará R$ 150 para 10 pessoas.
A quadra de ensaios da Unidos da Tijuca fica localizada na Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo. Há estacionamento amplo no local.
Serviço:
Feijoada Nota 10 da Unidos da Tijuca
Atrações: Grupo Arruda, Como Antigamente, Confraria Carioca e Bateria Pura Cadência
Horário: 13 às 19h
Endereço: Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo
Classificação: Livre
Ingressos: Entrada Franca retirando a cortesia no Sympla
Vendas On-line: https://www.sympla.com.br/evento/pagode-do-mestre—feijoada-nota-10/3011247
Televendas: 21 98165-1753
Morreu no Rio de Janeiro, aos 83 anos, a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, uma das figuras mais influentes e geniais da história do Carnaval. Internada no Hospital São Lucas, em Copacabana, a artista salgueirense foi protagonista da revolução estética que transformou os desfiles das escolas de samba a partir dos anos 1960. O GRES Acadêmicos do Salgueiro, escola que ela fez história, publicou uma emocionante homenagem destacando sua importância e eternidade no samba. Veja abaixo o texto.
“É com o coração em luto, mas repleto de gratidão, que nos despedimos hoje de Maria Augusta Rodrigues, uma das maiores carnavalescas da história, salgueirense de alma e a última viva da geração que transformou para sempre o desfile das escolas de samba.
Maria Augusta não foi apenas uma artista genial. Ela foi uma revolução inteira. Esteve ao lado de nomes como Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães no momento mais audacioso e criativo da nossa história. Foi ali, no Salgueiro dos anos 60, que ela ajudou a reinventar o Carnaval. Com inteligência, elegância e ousadia, fez do desfile uma verdadeira aula de brasilidade, beleza e potência cultural.
No nosso pavilhão, escreveu páginas inesquecíveis. Foi a mente por trás de carnavais marcantes, como “Festa para um Rei Negro”, enredo campeão em 1971. Mas sua influência não parou por aí. Deixou marcas em outras grandes escolas, comentou desfiles com sensibilidade rara e formou gerações inteiras com sua visão artística aguçada. Onde havia samba, havia Maria Augusta e onde ela estava, havia respeito, verdade e grandeza.
Neste ano, tivemos a imensa alegria de homenageá-la em vida. Nossa escola mirim, o Aprendizes do Salgueiro, escolheu Maria Augusta como enredo para 2025. E ela viveu essa homenagem como uma criança feliz. Esteve com nossos pequenos, deu aula, riu, chorou, e desfilou com uma emoção que tomou conta de todos. A quadra se encheu de amor. Era como se ela voltasse para casa. E, de fato, voltou.
Hoje, a casa chora. Mas também se orgulha. Porque Maria Augusta é eterna. Seu nome está escrito nas nossas paredes, nas nossas fantasias, no compasso da nossa Bateria Furiosa e no coração de cada salgueirense que aprendeu a amar o Carnaval por meio da arte.
O Salgueiro agradece por tudo. Por cada ensinamento, por cada detalhe, por cada ousadia. Que sua luz siga brilhando em todos os desfiles que ainda virão, guiando novas gerações de artistas, contadores de histórias e sonhadores do samba.
Descanse em paz, Augusta.
Você é Salgueiro para sempre.
Você é Carnaval para sempre”.