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Sinopse do enredo do Arranco para o Carnaval 2025

“Mães que Alimentam o Sagrado”
(Arranco do Engenho de Dentro 2025)

“Òrìsa bi ìyá kòsí
Òrìsa bi ìyá s’òwón”

“Orixá igual mãe não existe
Orixá igual mãe é raro”

(Dito Yorubá)

“Èṣù ṣí ọ̀nà fún ìyá”
Exú abre os caminhos para a mãe.

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Ancestralidade

No princípio, Obìnrin, te perguntaram o que tu sabias ser, respondeste: ìfẹ̀. E seguiste no mundo sendo mulher, guardando o mistério da vida, cabaça capaz de gerar. De ti, cheia de afeto, também vem o primeiro alimento, sagrado dom: mu ọmú. No continente ancestral, mãe África, o festival Gẹ̀

lẹ̀dẹ̀ é uma celebração aos teus dons. Ọkúnrin mascara seu rosto e despe seu corpo da masculinidade para fazer festa em louvor as grandes senhoras mães.

Yèyé é senhora dos oceanos, mãe dos filhos gerados e contidos em suas águas. Dona de Orí, ventre dos Òriṣà, foi a senhora Ìyá que guiou seus filhos pela grande encruzilhada: dos mares até esta terra.

Mas não só Yemanjá é Ìya. Aqui nesse chão, seus filhos fazem ṣiré para louvar as òriṣà mães: Ọ̀ṣùn, Ọya, Ọbà, Yewá, Nàná e Yemọja. Para elas são oferecidas comidas feitas pelas mãos da Ìyágbásé, cargo de prestígio no terreiro, exercido na cozinha, lugar de Mímọ̀sínú. Cozinhar é domínio santo feminino, sem comida não há òriṣà. Alimentar o terreiro é também cultuar os deuses e os antepassados.

Pluralidade

Fora do terreiro, a fé de Obìnrin move o mundo. A Mãe Baiana faz feijoada no dia de Jorge guerreiro, ao som de agogô, repique, tamborim, surdo e pandeiro, pedindo força para enfrentar os dragões de todo dia.

Mãe sempre roga a mãe, confia na Senhora Advogada. Ìyá com fé faz Angu para a Senhora do Rosário, pede por seus filhos, na prece ao som da congada para a mãe que olha pelos pretos. Com fé vai à beira-mar em procissão, pedir à Senhora dos Navegantes para cuidar dos seus, na ida e na volta. Segurança e boa pesca, alimento e fartura.

Mulher do Tacacá ocupa a rua todo dia para vender a iguaria. Na festa da Mãe Nazaré olha com fé as romeiras e os romeiros que passam segurando a corda da Senhora. Mãe no Brasil acredita nas origens dessa terra. Confia na fé de Iaçã, a indígena que abraçou o sofrimento de perder a filha para descobrir a palmeira do Açaí, fruto que alimentou sua aldeia.

Terra de Fé esse Brasil… A raiz indígena do nosso solo, chamada “Pão da Nossa Terra”, conhecida por diversos outros nomes, alimenta tanta gente. Conta a lenda originária que a mandioca nasceu da tristeza da mãe de Mani em meio a perda de sua filha, do seu choro velado na oca, nasce a Mani-oca – Mandioca.

É lá na Bahia de São Salvador onde os filhos e filhas dessas mães saem em dia de Carnaval, ao toque do Ìjẹ̀ṣà, oferecendo pàdé para Bara, em celebração à vida que vem dessas Ìyá.

Por todo o Brasil se faz festa e quando chega o mês de junho não há como esquecer os meninos do sertão: Antônio, João e Pedro. Aos três santos as mães cozinham diversas iguarias com o milho, herança indígena, alimento que fortalece o corpo e cura o espírito. Brasil das mães guerreiras, benzedeiras, mandingueiras que saúdam a vida aos pés do umbuzeiro, a árvore da esperança. A crença delas em dias melhores guia sua busca por uma vida mais próspera. Mulheres que pedem com fé são atendidas. Súplica de mãe é sempre concedida.

Resistência

Mãe que ara a terra, planta sementes e colhe não só os frutos e verduras, colhe esperança. Ganha a vida vendendo na feira, trocando no mercado e sorrindo em casa. Não desiste de manter seus filhos saudáveis, mesmo quando a esperança do alimento vem daquilo em que ninguém vê beleza.

Mulher que luta para não sucumbir ao enlatado, não comer o processado, não deixar de ser rainha, não perder o poder da cozinha. Comida de mãe é sagrada, saudável, temperada com amor. Cozinha é lugar de mistério e poder, onde toda mulher pode ser.

Mãe que é chefe de família, é empreendedora, doméstica, batalhadora, que garante o sustento sem perder a alegria. Abdica de si para cuidar dos filhos, dos pais e da casa. Não perde a esperança de um mundo mais justo. Está sempre disposta a ajudar. Caridade na língua é palavra feminina.

Mulher que chora pela terra, que preserva para ela seguir saudável para o plantio. Sempre preocupada com o futuro, se pergunta diariamente: A terra seguirá alimentando? Ela precisa mesmo de um cuidado materno.

Mãe é a fonte do primeiro alimento: amamenta e acalenta. Mas a mulher só precisa ser mãe se quiser. Escolha que merece respeito. Muitas não podem gerar uma vida, mas também são mães. Outras não têm útero para gerar, mas também são mães. O amor delas é herdado da ancestralidade. Elas zelam pelos seus com sensibilidade, carinho e afeto.

Amor de mãe é dedicação, é fé e é força!

Mulheres que elegeram a Missão da maternidade, outras foram mães pelo acaso, pelo destino, ou pela simples falta do direito de escolha. Mas a maternidade precisa ser pensada com as suas glórias e complexidades: ser mãe é difícil.

Mães, abraçadas pelo Falcão que as cobre com um manto de amor que as faz Senhoras. Todas podem ser Ìyá. Na Obìnrin habita também o segredo de cuidar, alimentar e proteger. Mesmo diante das adversidades, parte delas adquirem com o tempo a sabedoria e o discernimento para seguir nessa jornada.

Mulheres do Arranco, unidas nas alegrias e nas angústias, seguem de mãos dadas fazendo circular uma poderosa energia que sustenta o “Chão do Nosso Terreiro”, o Engenho de Dentro, alimentando com esperança o seu sagrado: a fé e a família.

Presidente: Diná Santos
Vice-presidente: Tatiana Santos
Carnavalesca: Annik Salmon
Texto: Annik Salmon e Artur Vinícius Amaro
Pesquisa: Annik Salmon e Artur Vinícius Amaro

Agradecimentos

Agradecemos a Iyalorixá Marcia Marçal do Nascimento, Matriarca do Ilê Asé D’Oluaiyè Ni Oyá, por abrir as portas da sua casa e dividir conosco seu amor por esse sagrado ancestral que nos guia. A nossa Presidente Dona Diná, matriarca do chão do nosso terreiro, por partilhar sua fé em Nossa Senhora Aparecia e seu amor por todos os que passam pelo Arranco, que ganham em seus braços um colo de mãe sempre disposta a acolher. Agradecemos também a Dandara Suburbana pela receptividade, a troca proveitosa e o aceite para embarcar nessa jornada cheia de afeto. Ao Obá Abiodun Adriano de Azevedo Santos Filho, do Ilê Axé Opô Afonjá – São Gonçalo do Retiro – Salvador (BA), pelos conselhos sobre a ancestralidade que tanto guiaram este texto. A Ariel Portes por somar nas encruzilhadas. E a todas as mulheres que contribuíram e que vão contribuir com suas histórias e afetos para que esse seja um grande carnaval do Arranco do Engenho de Dentro.

Glossário do Enredo

Obìnrin (substantivo) – Mulher
ìfẹ̀(substantivo) – Amor
mu ọmú. (Verbo) – Mu – Dar/ ọmú – Seio > Dar o Seio – Amamentar
Gẹ̀lẹ̀dẹ̀(Substantivo) – máscara pertencente ao culto dessa sociedade.
Ọkúnrin (Substantivo) – Homem
Yèyé (Substantivo) – 1 – Mãe; 2 – Mãezinha, uma forma carinhosa de definir as mães.
Ìyá (Substantivo)– Mãe
Orí (Substantivo) – Cabeça
Òriṣà (Substantivo) – Oxirá; 1 – Divindades representadas pelas energias da natureza,
forças que alimentam a vida na terra, agindo de forma intermediária entre Deus e as
pessoas, de quem recebem uma forma de culto e oferendas. Possuem diversos nomes de
acordo com a sua natureza; 2 – deuses africanos da etnia yorùbá cujo culto objetiva
equilibrar as energias do Ser Humano e em seu entorno. Eles atuam como intermediários
entre a humanidade e o criador.
Ṣiré (Substantivo) – 1 – Cerimônia pública de Candomblé quando toda a comunidade se
reúne para louvar as divindades através de cânticos e danças. No Ṣiré os Òriṣà se
manifestam através de transe e dançam paramentados com suas roupas festivas e
apetrechos rituais.
Ìyágbásé (Substantivo) – 1 – Cargo de confiança dado pelo Orixá no candomblé de Ketu
para que uma ekedi mais velha da casa para atribuí-la a responsabilidade pelas comidas
litúrgicas; 2 – Cozinheira chefe do terreiro.
Mímọ̀sínú (Substantivo) – Conhecimento Secreto
Ìjẹ̀ṣà (Substantivo) – Ritmo sacro do Candomblé produzido por instrumentos de
percussão litúrgicos para louvar Ọ̀ṣùn e a outras divindades.
Pàdé (Substantivo) – Comida Litúrgica do Candomblé oferecida ao Orixá Exu, feita a
base de farinha de mandioca crua com azeite de dendê, mel, água ou cachaça.

Referências:

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yorùbá. Revista África e Africanidades – Ano III – n. 12 – Fev. 2011 – ISSN 1983-2354. P.
ALVES, Míriam Cristiane (org.) et al. Matripotência e Mulheres Olùṣọ́: Memória
Ancestral e a Enunciação de Novos Imaginários. – 1° ed. – Porto Alegre: Editora
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ANDRADE, Maria Elizabeth Ribeiro. Festa do rosário dos homens pretos de Minas
Novas. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
ARAÚJO, Antoracy Tortolero. Lendas Indígenas – Ilustrações de Bruno Gomes – Rio
de Janeiro: Editora do Brasil, 2014.
BENISTES, José. Dicionário yorubá português. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2011. ______________. Mitos Yorubás: o outro lado do conhecimento. – 9° ed. – Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2021.
______________. Dicionário português yorubá. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2021.
Giácomo, Maria Teresa Cunha de. A Lenda Da Mandioca (Lenda dos índios Tu
IGBOIN, Benson O. Is Olodumare, God in Yoruba Belief, God? Kanz Philosophia, v.
4, n. 2, p. 189-208, dec. 2014. Tradução para uso didático por Wanderson Flor do
Nascimento.
JAGUN, Márcio de. Yorùbá: vocabulário temático do candomblé. – 1. ed. – Rio de
Janeiro: Litteris, 2017.
LIGHT, Henrique. Nossa Senhora dos Navegantes – Porto Alegre, 1871 – 1995. Porto
Alegre: Unidade Editorial Porto Alegre, 1996.
LODY, Raul. A senhora que cozinha – A “Iyá agbá sé” ou “iabassé”. Brasil Bom de Boca, 2017. Disponível em: <https://brasilbomdeboca.com.br/a-senhora-que-cozinha-a-iya-agba-se-ou-iabasse/> . Acesso em: 25/03/2024.
PORTUGAL FILHO Ferandez. Iyami Oxorongá: O culto às Mães Ancestrais. São Paulo: Arole Cultural, 2022.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. – Ilustrações de Pedro Rafael. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
SILVA, Vagner Gonçalves da. Exu: Um Deus Afro-atlântico no Brasil. – 1° ed. 1°
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SIMAS, Luiz Antonio. Almanaque brasilidades: um inventário do Brasil popular. – Ilustrações de Mateu Velasco. – Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.
______________. Santos de casa: Fé, crenças e festas de cada dia. – Ilustrações Aline
Bispo. – 1° ed. – Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
SUBURBANA, Dandara (org.) et al. Laboratório de Narrativas Femininas. – 1° ed. –
Rio de Janeiro: SESC RJ, 2022.

LigaRJ tem novas integrantes em sua diretoria

Responsável pelos desfiles da Série Ouro, a LigaRJ tem duas novidades em sua diretoria visando o Carnaval 2025. Sob a gestão do presidente Hugo Junior, a entidade contará com Paula Maria como diretora cultural e Marcia Abdalla como diretora social. Elas foram anunciadas nesta quinta-feira e já estão integradas aos trabalhos no novo ciclo carnavalesco.

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Fotos: Divulgação/LigaRJ

Paula Maria assume a diretoria cultural da LigaRJ com foco na valorização da história das agremiações filiadas, com atividades que as exaltem ao longo de todo o período pré-carnaval. Oriunda de uma família de sambistas, ela também é vice-presidente cultural do Império Serrano e demonstrou muita alegria com a oportunidade.

“Sem dúvida alguma é o maior desafio profissional da minha vida, mas ao mesmo tempo é muito gratificante por se tratar de algo que eu amo e conheço. Pretendo manter viva e dar publicidade às particularidades de cada uma das agremiações que compõem a Série Ouro, mantendo vivas suas histórias, lutas e exemplos”, afirmou Paula.

A outra novidade é a chegada de Marcia Abdalla como diretora social, cargo que desempenhou no Sereno de Campo Grande. Agente de projetos sociais, ela é idealizadora do programa “Missão Medula”, que atua na realização de palestras e ações propagando o impacto social e a importância da doação de medula óssea no Brasil inteiro. Em seu trabalho, a diretora garantiu que estará próxima das agremiações.

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“Estou radiante de emoção com o convite do presidente Hugo Junior. Fiquei apaixonada pelo amor e dedicação das pessoas que se entregam o ano inteiro, dando o melhor de si para tudo acontecer. E na minha caminhada não é diferente: muito amor e dedicação a quem precisa. Antes de uma festa, o carnaval é serviço social. Vamos juntos buscar contribuir um pouquinho para que nossas comunidades se sintam abraçadas e acolhidas”, destacou Marcia.

Diretora de carnaval segue para 2025

Outra novidade da LigaRJ foi a renovação de Carla Brito como diretora de carnaval. Ela chegou à entidade nos preparativos dos desfiles de 2023, esteve no último e foi garantida para o próximo.

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No planejamento para o Carnaval 2025, a LigaRJ vai realizar o sorteio para definir as ordens dos desfiles da Série Ouro no dia 18 de junho, na Barra da Tijuca. No próximo ano, a festa na Marquês de Sapucaí acontecerá nos dias 28 de fevereiro e 1º de março, com 16 agremiações na busca de uma vaga para o Grupo Especial.

Conheça o enredo da Rosas de Ouro para o Carnaval 2025

A Sociedade Rosas de Ouro, que no próximo ano buscará seu oitavo título do grupo Especial do carnaval paulistano, apresentou na noite da última quarta-feira, o enredo que levará para seu desfile em 2025.

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Com o título “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, o enredo que será desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, que fará sua estreia na entidade, contará a história da arte de jogar e sua importância na sociedade. “Desde os tempos mais antigos da humanidade, os jogos refletem valores, habilidades, traços marcantes e costumes de culturas e épocas. Com o passar dos séculos, evoluíram, se diversificaram, refletindo avanços tecnológicos, sociais e culturais, sem perder a sua essência. Sorte, mistério, adrenalina, estratégia e muita diversão, e é isso que levaremos para nosso desfile de 2025”, detalha o carnavalesco.

O enredista Roberto Vilaronga, responsável pela ideia e desenvolvimento, ressalta a importância do tom lúdico na narrativa. “A história dos jogos será tratada de forma leve, lúdica e carnavalizada, deixando o enredo envolvente e empolgante do início até o final.”

Para lançar seu enredo, a Rosas de Ouro optou por fazer uma surpresa para seus diretores, coordenadores e chefes alas, com uma apresentação especial realizada em seu barracão, na Fábrica do Samba. “A nossa ideia foi pegar todos os nossos segmentos de surpresa, por isso, optamos por esse formato sem uma grande festa. Porém estamos preparando uma celebração especial para a nossa comunidade, assim iniciaremos juntos esse incrível projeto, contamos com todos vocês”, explica Angelina Basilio, presidente da escola.

A Roseira será a sexta escola a desfilar na primeira noite das apresentações do grupo Especial do carnaval de São Paulo, em 28 de fevereiro, no sambódromo do Anhembi.

Carnavalesco – Fábio Ricardo
Enredista – Roberto Vilaronga

Beija-Flor ressalta pontos didáticos da sinopse que homenageia Laíla: Fé, protagonismo preto e profundo conhecimento musical

A Beija-Flor reuniu na última quarta-feira diversos veículos de imprensa em seu barracão na Cidade do Samba para apresentar a sinopse do enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, lançada na última segunda-feira. Com o carnavalesco João Vitor Araújo, o diretor de carnaval Marquinho Marino, e os pesquisadores Bianca Behrends, Vivian Pereira e Guilherme Niegro, a tarde se dedicou a explorar detalhes da sinopse e da construção do enredo da Deusa da Passarela para o Carnaval de 2025.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Após a leitura da sinopse, o quinteto fez algumas explanações e respondeu as perguntas sobre alguns pontos do texto. Bianca comentou que alguns pontos que não podiam faltar no enredo eram a fé sincrética de Laíla, bradando por respeito e tolerância religiosa, as bandeiras que ele defendeu durante muitos anos através dos enredos, como o protagonismo do povo preto em sua festa, e a exposição de diversas mazelas sociais, em enredos como “Ratos e Urubus”, “Saco Vazio não para em pé”, “Monstro é aquele que não sabe amar”, e que são abordados em outros desfiles apresentados, assim como seu último carnaval na União da Ilha, “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder”.

Guilherme falou sobre a necessidade que Laíla teve de se impor no meio do carnaval, justamente em meio a chegada dos acadêmicos para a folia na década de 1960, em contrapartida dele preto, pobre e favelado, mas muito entendido do próprio carnaval. Além disso, ressaltou como a música clássica era fundamental para o homenageado, relembrado também pelo seu ouvido absoluto, capaz de distinguir plenamente os sons, mesmo em meio a uma bateria, pois Laíla saberia onde estaria exatamente um instrumento desafinado ou um ritmista descompassado. Ele falou também sobre como a construção partiu não só de entrevistas feitas com nomes como Rosa Magalhães, Milton Cunha, Maria Augusta, Mário Jorge Bruno, Plínio e Rodney, entre outros, mas também de como eles reagiam aos textos que era construidos da sinopse, com a pergunta: “Você está vendo o Laíla aqui?” ou dando informações como “O que não pode faltar do Laíla?”.

Sinopse da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2025

Ressaltando a fé do homenageado, Marino aprofundou um pouco sobre a questão religiosa de Laila, sendo ela um marco de um sincretismo que só poderia ocorrer no Brasil. E como para ele cada guia, cada colar, tinha um sentido e significado para ele: “Ele tinha de tudo naquele peito, santinhos católicos, Cosme e Damião, São Jorge, terço, colares indígenas, patuás, ele conheceu uma cigana, ela leu o destino dele, gostou, e colocou mais um cordão no peito. Acaba que, mesmo com o estigma macumbeiro, é evidente que ele era isso mesmo, é evidente que ele era um católico apostólico baiano, pois ele acreditava em tudo, confiava em tudo, desde que ele gostasse de você”, ressaltando que Laíla conhecia muitos locais sagrados por intermédios de pessoas que ele gostava e tinha confiança.

Em seguida, Marino contou que foi João Vitor quem decidiu o título do enredo por conta dessa pluralidade religiosa que ele trazia e acreditava fielmente, além de ter desenhado a logo do enredo. E que o título casou com a proposta imaginada de começar com parte mais espiritual para depois chegar no trabalho musical e relacionado com o carnaval.

Marino e Vivian também comentaram sobre a importância de tentar construir um texto e enredo concisos, principalmente, para que a maioria das pessoas compreendam aquilo que a Beija-Flor deseja mostrar de Laíla. Vivian falou como a história dele é uma história recente, por ele ter falecido há pouco tempo, em contraste aos seus 70 anos dedicados à folia, e existirem poucos registros mais distantes de forma física, porém muito tendo se preservado de forma oral:

“O carnaval das escolas de samba preserva a oralidade. A gente está começando agora essa questão de gravar, registrar em imagem, vídeo e áudio. Mas isso foi gostoso porque estamos indo para um caminho onde ele gostava, das histórias orais, da oralidade, e isso é uma característica que tinha nos enredos dele, que ele desenvolvia”.

A comissão teve uma preocupação, em seu trabalho conjunto, de fazer uma sinopse didática em relação a Laíla, em busca de ajudar desde aquele que não conhece a história, até os compositores que irão se debruçar nela para construir os sambas que disputarão nas eliminatórias. Marino também adiantou que fará uma prévia inicial antes dos sambas disputarem na quadra, chamando as parcerias no barracão para ouvir os sambas, num local mais tranquilo, um ambiente controlado musicalmente falando, para entendê-lo, sendo esta uma das formas que o próprio Laíla conduzia a disputa.

Salgueiro participa da confecção de tapetes de Corpus Christi na Catedral do Rio

Na manhã desta quinta-feira, dia de Corpus Christi, o Acadêmicos do Salgueiro marcou presença na confecção de tapetes festivos na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. O evento contou com a participação especial da agremiação a convite do Padre Wagner Toledo, pároco da Igreja de São Jorge no Centro e diretor espiritual do Salgueiro. O tapete, elaborado pelo diretor de comunicação Victor Britto, homenageia São Sebastião, padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro e do Morro do Salgueiro.

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Foto: Victor Brito/Divulgação Salgueiro

A iniciativa surgiu durante uma conversa entre Padre Wagner e a diretoria do Salgueiro sobre o enredo que a escola levará para a Marquês de Sapucaí em 2025: “Salgueiro de Corpo Fechado”, uma narrativa que explorará a relação humana com a busca pela proteção espiritual.

Entre os presentes no encontro, estavam a presidente do Aprendizes do Acadêmicos do Salgueiro, Mara Rosa, e a porta-bandeira da escola, Marcella Alves.

Mara Rosa destacou a união entre fé e a paixão pelo Salgueiro: “Já dizia nosso samba: ‘O Salgueiro é para quem tem fé’. Unidos pela fé, estamos aqui para celebrar o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo.”

Marcella enfatizou a importância do momento para a agremiação: “Hoje é um dia muito especial para nós, salgueirenses. Poder dar esse pontapé inicial e estar dentro do nosso enredo, fechando o nosso corpo aqui, montando o nosso tapete de Corpus Christi, é algo muito simbólico. Participar desta festa nos dá a crença de que entraremos diferentes em 2025”.

Além da diretoria e segmentos da escola, paroquianos da Igreja de São Jorge também contribuíram para a confecção do tapete salgueirense, que servirá de passagem para o Santíssimo Sacramento ao final da procissão, conduzida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, no final da tarde desta quinta-feira.

Vila Isabel volta a fazer disputa de samba e marca data da final

A Unidos de Vila Isabel divulgou nesta quinta-feira o calendário da disputa de samba-enredo para o Carnaval 2025. A festa para escolher o novo hino da azul e branca de Noel começa em 27 de setembro, e o anúncio será feito na madrugada do simbólico dia 28, aniversário do bairro.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Os compositores terão pouco mais de dois meses para entregar as letras e passarão por duas eliminatórias antes da final. A entrega e explanação da sinopse acontecerão em 26 de junho. No mês seguinte, a Comissão de Carnaval da agremiação disponibilizará datas entre 15 e 26 de julho para tirar dúvidas e orientar os compositores.

Última escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, a Vila Isabel levará para a Sapucaí o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece” desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. A escola focará nas assombrações que atazanam o imaginário popular, demonstrando como elas fazem parte do nosso dia a dia de várias formas, em diversas etapas da vida – desde a infância até a fase adulta.

Conheça o enredo da Vila Isabel para o Carnaval 2025

Calendário:
26/06 – Entrega e explanação da sinopse
15 à 26/07 – Dúvidas e orientações
16/08 – Audição interna
28/08 – Entrega dos sambas
06/09 – Apresentação
13/09 – Eliminatória
20/09 – Semifinal
27/09 – Final

Selminha Sorriso e Nilce Fran tomam posse no Conselho do Museu do Samba

A porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso, e a coordenadora da ala de passistas da Portela, Nilce Fran, são as novas conselheiras deliberativas do Museu do Samba. As consagradas sambistas tomaram posse na última segunda-feira, durante evento de abertura da nova exposição do museu. Intitulada Samba Patrimônio, a exposição abriu ao público na terça e fica em cartaz de terça a sábado, das 10h às 17h. O Conselho Deliberativo do Museu do Samba é formado por cinco integrantes e tem como responsabilidade a formulação e implantação de políticas e projetos estratégicos voltados à preservação da memória e da cultura do samba.

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Foto: Divulgação/Museu do Samba

Além de Selminha Sorriso e Nilce Fran, também tomam posse outros três membros do novo Conselho Deliberativo: Carlos Ferrão, mestre em Administração Pública pela FGV-EBAPE e fundador do Pré-vestibular Social Dona Zica; Cátia Medeiros, produtora de eventos e integrante do Departamento Feminino da Estácio de Sá; e Juliano Dumani, mestrando em Patrimônio, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e pesquisador nas áreas de Relações Étnico-Raciais, Estudos de Cultura, Memória e Oralidade.

“Fazer parte do Conselho Deliberativo é um privilégio que vai de encontro a tudo o que eu penso sobre o samba e sua preservação, porque quando temos memória, temos passado, presente e futuro; infelizmente o Brasil é considerado um país de memória curta, o que é real, o que torna ainda mais especial este momento para mim, porque o Museu do Samba é um espaço sagrado, voltado para os sambistas e a perpetuação de suas histórias, um museu que pensa o samba como resistência cultural e patrimônio da nossa gente”, afirma Selminha Sorriso.

“Sou grata pelo convite para fazer parte do Conselho do Museu do Samba. A geografia do samba passa por aqui e eu, como portelense nascida no berço de Candeia, Paulo da Portela, Natalino José, de Argemiro, Ary do Cavaco, e do meu pai Wanderley, sei que estou honrando o ensinamento deles e me sinto uma célula nesse celeiro de bambas, aprendendo a cada dia. Estar no meio de tantas pessoas grandiosas só eleva o meu amor pelo samba, que é meu dom e é minha vida”, emocionou-se Nilce Fran.

“Selminha e Nilce Fran são símbolos de representatividade e da força feminina do samba, são mulheres pretas, reconhecidas por sua arte, seu engajamento cultural e pelos projetos sociais que implantaram em suas escolas de samba; os demais membros são profissionais com experiência em gestão e pesquisa, além de serem igualmente comprometidos com a valorização do samba e suas lutas sociais”, afirma Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.

Mocidade Independente de Padre Miguel apresenta novos coordenadores de alegorias para o Carnaval 2025

A Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou os novos coordenadores de alegorias. Thiago Ferreira e Alex Furtado irão compor o time para o Carnaval 2025.

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Foto: Divulgação/Mocidade

Alex Furtado iniciou na bateria “Não existe mais quente” em 1994 já teve passagem pela escola mirim e pela direção de barracão. Nos últimos três carnavais, realizou um trabalho na avenida junto com a equipe de Carnaval.

“A expectativa de trabalhar com o Thiago é a melhor possível. Será um trabalho em conjunto. Que a gente consiga ter o melhor resultado para a escola”, comemorou Alex.

Já Thiago Ferreira faz parte do grupo de alegorias desde 2009 e, agora, passa a coordenar o departamento. Ele também tem passagens por outras agremiações, como Unidos de Padre Miguel, Viradouro e Imperatriz Leopoldinense.

“O convite foi uma surpresa. Após o carnaval desse ano, fui fazer um curso de Harmonia e achei que iria ingressar numa nova empreitada, quando me veio esse convite inesperado e irrecusável. A alegoria sempre foi a minha essência dentro da escola. É um sonho realizado”, contou Thiago.

A Mocidade será a primeira escola a desfilar na terça-feira de Carnaval, com o enredo “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar!”.

Quinho é o enredo do Boi da Ilha para o Carnaval 2025

Voltando a Série Prata do carnaval carioca, o Boi da Ilha do Governador já tem seu enredo para 2025. A escola irá homenagear um dos maiores intérpretes de samba-enredo: Melquisedeque Marins, o Quinho.

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Nascido no Dendê, o jovem feirante niciou sua trajetória no mundo do samba na agremiação da Freguesia por conta de seu grande talento, foi chamado por Aroldo Melodia para fazer parte do carro de som da União da Ilha e em pouco tempo estaria cantando no Salgueiro, escola que ele conquistou dois campeonatos.

O cantor teve passagem também por São Clemente, Império da Tijuca, Santa Cruz e Grande Rio, além de passagens pelo carnaval gaúcho, paulista e santista.

Quinho “incendiava” as arquibancadas com seus gritos de guerra e de empolgação com sua capacidade de motivar os desfilantes. Ícone do carnaval carioca, grande intérprete e referência para novas gerações, o artistas que nos deixou ano passado, terá sua vida e obra cantada na avenida Intendente Magalhães.

O presidente da agremiação Marcelo Santos, diz ser uma honra ter Quinho como enredo.

“A ideia surgiu depois de uma conversa com meu departamento de comunicação e de carnaval. Eu achei uma homenagem mais do que justa. Quinho é cria do Boi e vai ser uma grande honra contar sua vida na avenida”.

Intitulado “Arrepia Boi da Ilha” o enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Fran Sérgio. A sinopse, assim como o cronograma da disputa de samba, será divulgado em breve pela agremiação.

Dono de cinco títulos em SP, Sidnei França chega na Mangueira e fala do enredo: ‘reflete e reforça a ancestralidade preta’

Sidnei França, carnavalesco estreante no Grupo Especial do Rio de Janeiro, chega à Mangueira com cinco títulos no Grupo Especial de São Paulo para desenvolver o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o artista compartilhou como aconteceu o convite para trabalhar na Estação Primeira, seu sentimento diante das expectativas para o Carnaval 2025, o ápice do enredo, o que não pode faltar no samba de 2025, como está conciliando os trabalhos entre Rio e São Paulo e até revelou uma curiosidade sobre seu samba preferido da Verde e Rosa.

sidnei franca mangueira
Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

Ele contou como recebeu o convite da Mangueira, descrevendo esse momento como uma mistura de honra e alegria, destacando a raridade de um carnavalesco de São Paulo assumir um posto no Rio de Janeiro. Sidnei se sente honrado pela oportunidade de trabalhar em uma escola tão tradicional e vê o convite como um reconhecimento de seu trabalho. No entanto, também reconhece a grande responsabilidade e expectativa que isso gera.

Em relação ao enredo, o carnavalesco compartilhou que foi um processo de construção conjunto com a direção da escola e que o tema surgiu da vontade de abordar a negritude e a cultura afro-brasileira de forma profunda e emocionante. Ele espera que o desfile seja uma celebração da história e da resistência do povo negro, além de transmitir uma mensagem de empoderamento e orgulho da ancestralidade africana. O carnavalesco expressou estar leve e feliz com essa oportunidade e se sente acolhido pela Mangueira, tanto pela estrutura da escola quanto pela comunidade, se colocando a disposição para contribuir da melhor forma possível para o Carnaval de 2025.

“O convite da Mangueira para esse próximo carnaval para mim foi um misto de honra e alegria. Honra porque um carnavalesco de São Paulo não é comum, um profissional de São Paulo chegar ao Rio, a gente sabe muito bem que tem uma série de questões que envolvem, não só preconceito, mas até mesmo realidades, estruturas diferentes. Recebi com bastante honra, a Mangueira é uma escola quase centenária, essa história gigantesca que qualquer apaixonado pelo samba e pelo carnaval tem essa dimensão e muita alegria também, porque isso também chancela meu trabalho, me coloca num lugar de observação e eu tenho a exata noção da responsabilidade e da expectativa que causa um carnavalesco que não só estreia na Sapucaí, mas já estreia na Mangueira. Isso gera uma sensação de muita responsabilidade para mim e de muita expectativa para os outros. Estou leve, feliz e, principalmente, me sentindo abraçado pela Mangueira, seja como estrutura, seja como administração, seja pela comunidade. É um momento muito bonito estar aqui hoje e me coloco sempre a serviço dessa escola gigantesca para o carnaval”, disse Sidnei.

Integrantes da Mangueira aprovaram a escola fechar o domingo de carnaval

Durante a entrevista o carnavalesco revelou que o enredo surgiu a partir de uma dissertação de mestrado que abordava a questão da ancestralidade bantu. Ele se apaixonou pelo tema por ser muito ligado às questões identitárias e históricas da comunidade negra. A ideia central é explorar como a alma carioca resgata a ancestralidade bantu e como essa cultura ancestral influencia o modelo de vida atual. O ápice do enredo será mostrar como o Rio de Janeiro atual, marcado por contrastes entre violência e prazer, dores e paixões, reflete a história e a cultura da população negra.

Como surgiu o enredo de 2025

O desfile vai dialogar constantemente com o passado e o presente, revelando como a cultura preta sofreu perseguição, apagamento e invisibilidade ao longo dos séculos, e como isso ainda reverbera nos dias atuais. Assim, a Mangueira pretende trazer para a Sapucaí uma narrativa que explique muito do que se vive no Rio de Janeiro contemporâneo, destacando como a cidade aprendeu o significado da negritude entre dores e paixões.

“O enredo parte de uma dissertação de mestrado e um amigo meu do Rio me colocou em contato com essa leitura e eu me apaixonei, porque eu sou muito ligado às questões identitárias, às questões da historicidade preta. Isso me sensibilizou e eu resolvi propor para a Mangueira um discurso ligado na ancestralidade bantu, e aí já falando do enredo, na questão de como a alma carioca, ela recupera a ideia de ancestralidade bantu e da contribuição desse tronco linguístico, dessa cultura ancestral para o modelo de vida atual. É um enredo que dialoga com o passado e com o presente ao tempo inteiro, é uma maneira de interpretar esse Rio de Janeiro atual caótico entre a violência e os prazeres, entre as dores e as paixões. Explica muito do que a gente vive no tempo presente, observar no passado o quanto a cultura preta, a sociedade bantu, sofreu de perseguição, apagamento e invisibilidade, e como isso ainda é reverberado até os dias atuais, então se hoje a gente faz carnaval, se hoje a gente celebra a vida constantemente no Rio de Janeiro é para suportar a dor de tanta violência que vem desde a colonização e a Mangueira se debruça sobre uma história de uma cidade que aprendeu o que é negritude entre dores e paixões”, revelou Sidnei.

‘Celebrar a vida, desafiar a morte e ainda fazer carnaval’

O artista destacou que no samba de 2025 não pode faltar a força da raça negra, especialmente a ancestralidade preta, com ênfase na cultura bantu. Ele ressaltou que o enredo não é de lamento ou tristeza, mas sim de celebração da vida sob o olhar bantu. O carnavalesco enfatizou que é essencial transmitir a alegria característica do povo da Mangueira, que enfrenta a realidade diariamente para construir seu presente e futuro. Portanto, o samba precisa refletir a alma festiva e valente da Mangueira, que celebra a vida, desafia a morte e faz carnaval.

“Não pode faltar no samba a força da raça negra, eu tenho repetido muito internamente, a partir de agora com a sinopse isso é externo, isso é para o mundo, que não é um enredo que cobra nada, ele apenas reflete e reforça a ancestralidade preta, especialmente bantu, não é um enredo de lamento, de tristeza e de reprodução. É um enredo que celebra a vida sob um olhar bantu, então não pode faltar a alegria característica do povo do Morro da Mangueira que a cada dia acorda e enfrenta a realidade para construir o seu presente e projetar o seu futuro. Não pode faltar a alma da Mangueira, festiva, valente que consegue, como diz o desfecho do enredo, celebrar a vida, desafiar a morte e ainda fazer carnaval”, destacou Sidnei.

O carnavalesco explicou que está conciliando o trabalho entre Rio de Janeiro e São Paulo com duas equipes distintas. Ele possui uma equipe de muitos anos em São Paulo, enquanto montou uma nova equipe no Rio de Janeiro para acompanhar seu trabalho na Mangueira. No Rio, Sidnei tem estado mais presente pessoalmente para entender a dinâmica do Carnaval carioca. Enquanto isso, em São Paulo, ele supervisiona o trabalho à distância, dando orientações e contribuindo com sua assinatura e desenvolvimento dos projetos.

Conheça a sinopse do enredo da Mangueira para o Carnaval 2025

“Eu tenho uma equipe de muitos anos em São Paulo que me acompanha e ela ficou lá. Então eu montei uma equipe no Rio, uma equipe, entre aspas, nova, para me acompanhar aqui com a minha presença. Eu tenho ficado muito mais presente aqui na Mangueira, no Rio, para entender a dinâmica do carnaval do Rio. E eu tenho uma equipe que conduz o meu trabalho em São Paulo, onde eu faço a assinatura e faço, lógico, os desenhos, o desenvolvimento, mas eu tenho uma equipe que toca, porque até sabe como eu penso, como eu gosto, como eu funciono e aí eu fico aqui no Rio mais presencial”, explicou Sidnei.

Sidnei acompanha o carnaval do Rio desde os 16 anos, e até se tornar carnavalesco, ia a todos os desfiles da Sapucaí anualmente, até por volta de 2008 ou 2009. Durante esse período, assistiu a desfiles marcantes, como os de Chico Buarque, o Nordeste de 2002 e a Língua Portuguesa, entre outros. Ele destaca o samba de 1990, “E deu a louca no barroco”, como o ápice da beleza melódica e da construção, este samba o encanta muito por conta da narrativa sobre uma mulher que surtou em Vila Rica e construiu um mundo particular em um enredo que se pretendia barroco. Ele elogia a construção e desconstrução desse enredo, e destaca que o samba vem de um enredo de Fábio Borges, um carnavalesco com quem teve o prazer de conviver e que também trabalhou em São Paulo.

“Eu posso dizer que eu não tenho um desfile preferido, mas eu tenho um samba. Eu acompanho o carnaval do Rio desde os meus 16 anos, desde 1996 eu venho todo ano até eu me tornar carnavalesco, porque aí o carnaval se tornou um trabalho, um compromisso e a partir de 2008, 2009, já não consegui manter essa regularidade. Mas de 96 a 2008 eu vim em todos os desfiles da Sapucaí, eu acompanhei Chico Buarque, o Nordeste de 2002, a Língua Portuguesa e foi vindo vários desfiles incríveis. Eu não consigo classificar um desfile, eu destacaria o samba de 90, ‘Deu a louca no barroco’ . Acho esse samba o ápice da beleza melódica e da construção, ou melhor, da desconstrução, uma narrativa de um enredo que se pretendia barroco, mas era muito louco falar de uma mulher que surtou lá em Vila Rica e construiu um mundo particular. Aquele samba me encanta muito, que inclusive vem de um enredo, o enredo é do Fábio Borges, um grande querido que trabalhou em São Paulo e a gente teve o prazer de conviver”, contou Sidnei.