A Inocentes de Belford Roxo levará para a avenida a reedição do enredo campeão do carnaval de 2008, “Ewe, a cura vem da floresta”, tema idealizado pelo carnavalesco Jorge Caribé, que terá uma nova plástica assinada pelo carnavalesco Cristiano Bara. O enredo tem como guia condutor o poder da cura das doenças através das plantas e a necessidade de preservarmos as nossas florestas, temas que após 17 anos ainda são atuais e discutidos em todo mundo.
“Resolvemos trazer de volta esse enredo por ser uma questão muito séria e um alerta para que as pessoas tenham consciência da importância da floresta para o ser humano. Vamos celebrar a vida com a sabedoria de negros, índios, orixás, caboclos, curandeiros, pajés, médicos e bioquímicos, trazendo um novo desenvolvimento apresentado, fantasias e alegorias com materiais modernos. Vamos fazer um grande carnaval”, disse o carnavalesco da Inocentes de Belford Roxo, Cristiano Bara.
A Inocentes deverá realizar a festa de lançamento do enredo no mês de julho, no aniversário da agremiação.
Os enredos para o Carnaval 2025 estão fazendo sucesso entre o público, gerando inúmeras opiniões e expectativas para a folia. O site CARNAVALESCO conversou com alguns foliões para descobrir os diferentes pontos de vista sobre o que promete ser uma celebração inesquecível.
Renata Silva, que desfila em algumas escolas do Rio, compartilhou sua opinião sobre os enredos preferidos para o Carnaval 2025, além de suas expectativas em relação aos sambas. Ela expressou sua apreciação pelo enredo de sua escola, Viradouro, e também destacou os enredos da Tuiuti, Vila Isabel e Portela como sendo particularmente cativantes. Renata enfatizou a importância de esperar por sambas de alta qualidade para acompanhar os enredos, enquanto ressaltava que, embora os temas possam parecer semelhantes à primeira vista, cada escola aborda sua história de maneira única. Para ela, a diversidade e a autenticidade são elementos essenciais para manter a vitalidade do carnaval. Além disso, Renata lembrou a origem africana do samba, destacando sua importância fundamental na cultura carnavalesca.
“Eu gostei do enredo da minha escola, Viradouro, depois da Tuiti, gostei do enredo da Vila e Portela. Todos os enredos eu achei assim, muito bons. Tomara que venha samba bom também. Os temas acabam ficando muito monótonos. Por mais que cada escola faça diferente, as pessoas acabam achando que está tudo igual, mas não é, se cada um fazer diferente, sem contar que o samba, o samba vem da África, o fundamento vem dali”, compartilhou Renata.
Alessia Barros, de 62 anos, compartilhou sua forte ligação com a escola Imperatriz, expressando sua devoção pela agremiação. Ela destacou que, embora sempre tenha sido apaixonada pela escola, este ano houve comentários sobre aspectos negativos, referindo-se às discussões sobre o enredo relacionado à macumba, que trouxeram uma perspectiva diferente à sua experiência carnavalesca.
“Eu gosto da Imperatriz, porque a Imperatriz é tudo para mim. Mas eu acho que esses enredos estão todos iguais, esse ano então que teve gente falando de macumba, esse ano está demais mesmo”.
Por outro lado, Marta Gomes, de 57 anos, compartilhou sua preferência pelo enredo da Vila Isabel, mas expressou sua frustração com a percepção de que tudo parece se repetir no carnaval, desde as batidas até os enredos. Ela expressou um desejo por mais variedade e originalidade, ressaltando a importância de evitar a monotonia na festividade:
“Eu gostei do enredo da Vila. Mas acho tudo a mesma coisa, você vê que é a mesma batida, a mesma coisa e os mesmos enredos”.
As opiniões de Alessia e Marta refletem a diversidade de pontos de vista presentes entre os foliões, mostrando como diferentes experiências e perspectivas moldam a maneira como cada indivíduo vivencia o carnaval.
A Grande Rio saiu exalando felicidade pela Cidade do Samba, na noite de terça-feira, após saber que será a terceira a desfilar na terça de carnaval, primeiro dia na história de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro. O CARNAVALESCO conversou com o diretor de carnaval, Thiago Monteiro, e o carnavalesco Gabriel Haddad.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
“Está maravilhoso. A gente está preparando, mais uma vez, um grande carnaval. É um carnaval que se liga à escola de Duque de Caxias. O lado dos Correios não é só interessante por conta da altura, mas pela maneira que a gente concentra as alas e os carros. A gente consegue montar o carnaval muito mais rápido”, frisou Gabriel Haddad.
“A gente não pode escolher a posição, mas estamos felizes e satisfeitos. Não dava para ser a última, porque a Portela tirou a bola maior, mas ficou ótimo. O lado da concentração era o que nós queríamos. Ficou ótimo”, completou Thiago Monteiro.
A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) realizou na noite desta quinta-feira o sorteio da ordem dos desfiles para o Carnaval 2025. O evento aconteceu na Cidade do Samba e pela primeira vez foi aberto ao público.
Além do sorteio, os espectadores puderam confraternizar enquanto acompanham apresentações do Grupo S.E.R., da roda de samba de Pretinho da Serrinha, da Unidos do Viradouro e do Samba da Volta. Três agremiações já conheciam os dias e posições de desfile. A Unidos de Padre Miguel abre o domingo, dia 2 de março, enquanto a Unidos da Tijuca abre a segunda-feira, 3, e a Mocidade, a terça-feira, 4. Todas as demais entraram em sorteio.
Também não faltou emoção para um momento especial de homenagens. Os 20 jovens ritmistas que participaram do show da cantora Madonna na Praia de Copacabana, formando uma bateria para uma das músicas, receberam uma placa de agradecimento para imortalizar o feito histórico.
“Vocês representam nossa arte e cultura. Vocês são o futuro do samba”, discursou o presidente da Liesa, Gabriel David.
Na hora do sorteio, mais uma mistura de sentimentos. Em um formato inovador, os representantes das escolas iam a um palco 360º, montado no meio do público, para sortear o dia e, depois, a posição. No fim, com todos já sabendo a data e horário das apresentações, só restou comemorar e encerrar a noite com o Samba da Volta, uma roda de samba formada por músicos com forte ligação no Carnaval.
Veja abaixo a ordem dos desfiles
Domingo
1 – Unidos de Padre Miguel
2 – Imperatriz
3 – Viradouro
4 – Mangueira
Segunda
1 – Unidos da Tijuca
2 – Beija-Flor
3 – Salgueiro
4 – Vila Isabel
Terça
1 – Mocidade Independente
2 – Paraíso do Tuiuti
3 – Grande Rio
4 – Portela
A Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou nesta quinta-feira (23) a contratação de uma nova coreógrafa para o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos. O casal iluminado receberá o auxílio de Ana Paula Lessa para aprimorar sua dança para o Carnaval 2025.
Foto: Divulgação/Mocidade
Ana Paula Lessa é diretora de movimento de casais de mestre-sala e porta-bandeira com mais de 10 anos de experiência. Campeã do Carnaval por três vezes, acumulando dois estandartes de melhor porta-bandeira treinada por ela, além dos prêmios de melhor casal pelo SRZD, Sambanet, Tupi e Gato de Prata para Casais sob sua direção. Julgou o quesito na série B do Carnaval carioca em 2016 e ministrou workshops para escolas de base do quesito.
“Uma honra para mim receber um chamado de uma Escola de tamanha grandeza e de torcedores tão apaixonados como a Mocidade. Assumir a direção artística do Casal oficial com tanto talento como Bruna e Diogo e com um trabalho tão bem desenvolvido, me trás alegria e um enorme entusiasmo. Espero poder contribuir positivamente com os três lindos casais da Mocidade e que juntos, a gente consiga mais uma estrela!”, disse Ana Lessa.
Ana Paula é graduada e pós graduada em Fisioterapia e possui qualificação em ensino de Ballet Clássico pela Escola do Teatro Bolshoi. É presidente da Associação da Escola de Dança Maria Olenewa do Theatro Municipal do Rio de Janeiro onde também terminou sua especialização em ensino de dança. É autora do livro Afabaleto e professora e diretora do Elevé Ballet Studio.
Os defensores do pavilhão, Bruna e Diogo, celebraram a chegada de Ana Lessa.
“A expectativa é que tenhamos um lindo encontro e temporada este ano. Ana Paula é uma grande profissional que o nosso Carnaval Carioca tem, e tenho certeza que, com a experiência dela, poderemos desempenhar um ótimo trabalho na Avenida”, afirmou o mestre-sala.
“Será um prazer trabalhar com a Ana, que é uma profissional do Carnaval. Que esta nova temporada possa ser de grandes aprendizados e que juntos possamos conquistar só coisas boas para nosso trabalho”, contou Bruna.
Campeã do Carnaval de 2025, a Viradouro vem em busca do bicampeonato. Com enredo já anunciado, a escola quer agora saber em que posição desfilará na busca de mais um troféu. Perguntamos isso ao mestre-sala Julinho Nascimento e à coreógrafa Priscilla Mota para saber o que eles esperam sobre a ordem da Vermelho e Branco de Niterói nos desfiles do ano que vem.
Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval
Expectativa para o sorteio
Julinho está com a expectativa boa para a Viradouro, mas que independente do lugar em que a escola desfilar, ele e Rute vão fazer o melhor na avenida: “A expectativa é a melhor possível, é um dos grandes momentos de toda preparação para o carnaval. A gente fica com aquela expectativa de saber em que momento, em que hora mais ou menos vai desfilar. É muito mais importante para a escola como um todo, principalmente para o carnavalesco, a direção de carnaval, que faz um planejamento de desfile em função de horário, mas para mim, enquanto mestre-sala, que é um quesito junto com a Rute, que é porta-bandeira, para gente acho que é indiferente o momento que a gente for desfilar. A gente tem que entrar na pista e fazer o nosso, e fazer bem. Mas diante dos últimos anos a Viradouro tem bons resultados sendo uma das últimas do desfile, nos últimos dois anos foi a última a desfilar. E sempre se cria, psicologicamente, a expectativa de aguardar até a última escola passar, para saber realmente o total dos desfiles, mas acho que qualquer posição que vier para a gente é bem-vindo, porque a gente sabe que independente da posição do desfile, qualquer escola que quer alcançar o êxito, ela tem que entrar e fazer o seu melhor, independente da posição”.
Priscilla Mota também fica muito animada com o sorteio, pela expectativa que ele gera, e dessa vez ainda pelo show a ser feito pela escola: “Eu fico sempre animada, é um dia de expectativa, de encontros e hoje mais especial porque terá o show da nossa Viradouro”.
Um dia a mais de desfile
A coreógrafa falou então sobre as novidades para o Carnaval de 2025, em especial o novo dia de desfile e a diminuição do número de escolas por noite: “Acho que toda mudança causa uma estranheza inicial. Será uma adaptação para quem desfila e para quem assiste. Pelo uso do recurso da iluminação acho bom, porque assim não terá o risco de atrasos ou a possibilidade de desfilar de dia. Em relação ao julgamento, teremos que aguardar a quarta-feira para entender se terá impacto nesse sentido”.
O mestre-sala acredita também que o carnaval será diferente por este dia a mais, tanto pro público, quanto para a definição do sorteio: “Vai ser um carnaval diferente sim. Eu não sei se o desfile em si, de cada escola em si, mas essa questão de serem três dias de desfile, acho que cria uma expectativa diferente, de saber que são três dias de desfile, um dia a mais, de qual a expectativa do público diante disso. Acho que tem muitas pessoas por aí que concordam, outras discordam, ‘ah, um dia a mais’, ‘ah, vai ser cansativo’, já tem aquelas pessoas que vão olhar ‘caramba, um dia a mais de folia no grupo especial’, ‘um dia a mais pra curtir a Sapucaí’, todo aquele frisson, todo aquele calor que a gente sente na Marquês de Sapucaí nos desfiles. E pra nós desfilantes, e até pra uma escola, de repente um terceiro dia, é sempre uma expectativa grande de saber ‘eu tenho um dia a mais para me preparar’, aquela preocupação de sempre ter alguma coisinha para acertar, sempre alguma coisinha ajeitar, pra afinar. Apesar de que hoje as escolas se preparam para um mês, quinze dias antes do carnaval já estarem com tudo pronto, mas um dia a mais de preparação é sempre bom. Acho que esses três dias vão ser diferentes sim, e acredito que muita gente vai querer ficar no terceiro dia.Sempre fica aquela expectativa do final, do encerramento. Acho que independente da posição de quem vai ser a última, segunda, terceira, a desfilar. Inclusive, acho que vai ser aquele sorteio ‘bola 1’, ‘bola 2’, ‘bola 3’, para saber quem vai desfilar domingo, segunda ou terça, para depois saber a posição”.
Em que posição desfilar
Julinho deseja, entretanto, que a Viradouro seja a escola que fecha os desfiles do Grupo Especial: “Time que está ganhando não se mexe. Então, se tá dando sorte, se for, no primeiro sorteio, cair bola três, primeiro dia, e cair bola quatro, a última a desfilar, vai ser super bem-vinda. Mas a gente entende, e a escola sabe, que para alcançar o êxito, ela tem que se preparar para desfilar bem e fazer o seu melhor em qualquer posição e qualquer dia”.
Priscilla, por sua vez, não tem uma preferência por dia ou posição, mas confia que, independente destes, buscará fazer um bom trabalho: “Eu sou sempre muito motivada e confiante, tento não me influenciar com a posição e dia de desfile. Prefiro acreditar que quando o trabalho é bom, ele agrada em qualquer dia, e o contrário também. Prefiro confiar no nosso trabalho e dedicação do que na sorte da bolinha”.
Apresentador do sorteio da ordem dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro para o Carnaval 2025, ao lado da atriz Regina Casé, o comentarista Milton Cunha conversou com o site CARNAVALESCO sobre o evento e o momento das escolas de samba. Leia abaixo o papo.
Fotos: Divulgação/TV Globo
O que representa para você apresentar o sorteio e ter Regina Casé como parceira?
Milton Cunha: “É um sonho antigo estar nesses eventos oficiais da Liga. Representa muito para mim. É a abertura, modernidade, inclusão, representatividade. O Gabriel (David) ser um presidente jovem, lança esse produto para outra esfera, além do sorteio, o povo, o show, a estrela convidada (Regina Casé). Ele já tinha mostrado que era ousado quando me deu a transmissão dos ensaios técnicos e deu tudo certo. Tenho visto que a maré está pra mim e o presidente da Liga não tem problema de diversidade. O Gabriel é antenado. Chamar uma estrela da televisão, como a Regina Casé, é valorizar muito o projeto. Me sinto no olho do furacão, onde o carnaval, o sambista e o show tudo vai estar tudo girando. Me sinto muito honrado”.
O que você espera dos três dias dos desfiles do Grupo Especial em 2025?
Milton Cunha: “É uma decisão das escolas, dos presidentes. Os presidentes votaram e aprovaram. Eles sabem o que estão fazendo. Não sou desses que acha que vai dar errado. Que seja testado, aprovado e que seja sucesso de público, comercial, escolas e todo mundo. Eu confio”.
O que pensa sobre a participação do público no sorteio?
Milton Cunha: “Uma das guinadas do Gabriel David é abrir para o público. Quando ele bota três mulheres pretas na direção da Liesa diz que é inclusivo e democrata. O público vai estar em volta do palco, sendo privilegiado, vendo o sorteio e melhores os shows. Tem escola com cinco ônibus com integrantes das comunidades. Viva o samba e o público”.
Qual sua opinião sobre os enredos do Grupo Especial para o Carnaval 2025?
Milton Cunha: “A procissão negra da Marquês de Sapucaí é dos mitos de negritude. Além disso, há os mitos originários. Caiu em desgraça os enredos de branquitude, injustos, colonizadores. Não da mais para ficar ‘viva os mitos brancos’, tem que passar por visão crítica. Essa visão vai ser apresentada por completo em 2025 na Avenida. São explosões de elogios a negritude, candomblé. São tão diferentes uns dos outros. São visões tão recortadas. Não é só uma África. É um continente gigantesco, muito rico e grande. A África luminosa da Viradouro de 2024. É uma estética que você pode ir para muitos lugares. Nunca é repetitivo”.