Sinopse do enredo do Salgueiro para o Carnaval 2025
Enredo: “Salgueiro de Corpo Fechado”
Salve Deus
Corpo Fechado. Imune, invulnerável, à prova de bala, faca, coice de animal, graças a processos secretos de feitiçaria tradicional. O corpo fechado pode resultar de amuletos usados ao pescoço, livrando o portador de todos os perigos, morte súbita, prisão, agravo (injúria), ou por se ter submetido ao cerimonial do feitiço, muamba, catimbó, macumba, de variadas formas, quase dependendo de cada mestre a maneira e cerimonial do ato. Em geral, há o auxílio de cânticos rituais, sacrifícios de animais, velas etc.
Feitiço. Mandinga. Quebranto. Só ele sabe rezar. O preto velho mandingueiro veio para trabalhar. Adorei as Almas! Sempre no nosso caminho, aliviando qualquer penar.
Senhor Marabô, Exu dono da minha porteira, é aquele que vence toda demanda. Traz Exu Pimenta também para nos ajudar. Sentinela de Xangô, o meu protetor, firma ponto, ponto de fé.
Mau-olhado, espinhela caída, erisipela, vento virado, peito arrotado. Sai pra lá! Tenho meu corpo cruzado, fechado.
Sem medo de macumba, sem medo de quiumba, o Salgueiro prepara o tacho de óleo de oliva, arruda, guiné, alecrim, carqueja, alho e cravo. Com o sinal da cruz na fronte, no peito, nas mãos e nos pés, nossa escola vai entrar na maior encruzilhada do mundo, a Marquês de Sapucaí, de corpo fechado. A história e cultura do fechamento do corpo está inserida em um conjunto de crendices presente em religiões africanas e européias que sobreviveram à travessia do Atlântico.
Ao longo do tempo, o pacto para a proteção do corpo se diversifica e caminha com nuances próprias nas pequenas cidades do interior, na zona rural, na periferia, na cidade grande. Territórios de um mundo mágico-religioso, povoado de rezas, crenças, simpatias e benzeções.
A crença na invulnerabilidade chegou ao Brasil por meio dos mandingos escravizados, do antigo Império Mali, que eram ao mesmo tempo guerreiros, feiticeiros e seguidores do islamismo. Do nome desse povo, veio o termo mandinga, no sentido de feitiço, mágica, coisa-feita, despacho. Embora fosse seguidor da religião islâmica, o fundador do Império Mali, Sundiata Keita, possuía, conforme se acreditava, poderes mágicos vindos dos amuletos que utilizava. As chamadas bolsas de mandinga eram costuradas em pano ou couro com passagens do Alcorão, portadas junto ao corpo para trazer proteção e poder, que se intensificavam em proporção direta ao número de talismãs usados.
Trazidas à Colônia, foram adaptadas como “patuás terapêuticos” contra “males” do corpo e da alma. Supunha-se que as bolsas de mandinga tinham propriedades de cura e que fechavam o corpo contra doenças e feitiços. Na Bahia, as passagens corânicas foram substituídas por orações cristãs, acrescidas ainda de diversos elementos, como balas de chumbo, pedra de corisco, pólvora, olho de gato, osso de defunto, moedas de prata, sangue humano e de animais. A potência das mandingas estava no ritual que lhes conferia um poder místico após sua confecção. Eram cozidas dentro de bolsas e defumadas com incensos e ervas para depois serem benzidas e enterradas em encruzilhadas à meia-noite ou depositadas debaixo do altar de uma igreja para em cima delas serem rezadas três missas, o que as tornaria ainda mais poderosas. Além de acreditarem ter o corpo fechado ao usá-las, muitos daqueles que traziam tais objetos em volta do pescoço esperavam também que lhes trouxessem dinheiro, sorte e mulheres.
Da mesma forma, no sertão, existia a ideia de que o corpo do cangaceiro era magicamente fechado, protegido contra armas e munição. Muito supersticiosos, estruturavam suas vidas de acordo com uma série de rituais. Tinham obsessão por cobrir os próprios corpos com símbolos, emblemas e orações protetoras: estrelas posicionadas na frente e no verso de chapéus protegiam contra o olho gordo; as estrelas de oito pontas recordavam a macambira, uma planta espinhosa comum na região, que ninguém tocava; a flor-de-lis, representação do lírio, era um símbolo de pureza, atributo ironicamente admirado pelos bandidos. Crucifixos, rosários, o manto da Virgem Maria… Os sertanejos constituíram assim seu próprio “manto sagrado”, todos armados de mosquetões, excentricamente adornados, para cobrir o corpo masculino “aberto” pela mulher.
Moreno, um cabra bem famoso, o feiticeiro do bando de Lampião, conhecia todas essas formas de pactos e ritos para fechar o corpo. O cabra cujo a volante tinha raiva por ele e o bando sempre escaparem contou que fechou os corpos de quase todos os aliados, fazendo-lhes patuás poderosos; e ainda santificou-lhes os anéis para que tivessem uma mira certeira e uma argúcia mortal no manejo dos punhais. Aos mais perigosos e mais procurados pela polícia, Moreno ensinou como se “envultar” (ficar invisível) através de pactos com “diabos dóceis”. Reza a lenda que Lampião quase sempre declinou dessas feitiçarias. Temente a Deus e afilhado de Nossa Senhora, ele “não queria ficar devendo favor ao Diabo”. O chefe dos cangaçeiros só aceitou levar um sinete na aba dianteira do chapéu que lhe concedia talentos premonitórios. Quando foi abatido no cerco de Angico (Sergipe), Lampião estava usando um outro chapéu, estava “desprotegido”. O “chapéu mágico” fora devolvido ao próprio Moreno, que dele recortou o sinete e o guardou consigo até sua morte, aos 100 anos.
Fé ou superstição? Sempre há quem enfrente as crendices de peito aberto. Mas se a ideia é fechar o corpo, haverá aqueles que procuram, nas rezas e nas devoções, uma calmaria para o desassossego. Para todos os males que atingem o corpo e a alma do homem, sempre há uma reza para curar. Corpo e espírito não se separam. Hoje, várias cerimônias para fechar o corpo são feitas pelo país. Essa prática visa tornar a pessoa invulnerável não apenas a armas, como também da inveja, doenças, má sorte etc.
Contra a panema, no linguajar indígena, desgraça, infelicidade, poderes sobrenaturais são exercitados com adornos de santos combinados com velhos espíritos da selva, os “encantados”. Pessoas que estiverem acometidas pelo “roubo de sombra” só tendem a ser consideradas curadas quando benzidas a partir do ritual da pajelança, um ritual de restabelecimento espiritual. O pajé dança, canta o toante e o maracá, carrega plantas, penas. Nas cerimônias Pankararu, o “remédio do mato” recobra do flechamento, quando “bichos ruins” ou entidades malignas desejam se apossar do espírito da pessoa. Aqui a cura vem do poder da mata. A mata tem uma gente que tem muito poder.
Jurema Preta, senhora rainha, és dona da cidade, mas a chave é minha. É tupereneguê, é tuperenaguá, salve o povo da Jurema, deixa os mestres trabalhar.
Em uma religião que celebra a vida, é fácil perceber que um corpo saudável é uma obrigação essencial. O corpo no Candomblé alcança e representa o sagrado, traz sentimentos, sensações e emoções. Com banhos de ervas (abô), passes magnéticos e palavras encantadas, para formalizar e sacralizar o ritual de fechamento de corpo, usa-se o contra egum. Uma ferramenta de defesa confeccionada em palha da costa, podendo conter búzios e/ou contas referentes aos Orixás ou Divindades, que possui uma grande quantidade de axé, agindo sobre a áurea eliminando todas as energias negativas e doenças do corpo. Somente o corpo doente pode encontrar essa cura; somente a ferida que dói, uma hora cicatriza.
É o corpo que se fecha, como uma casa que veda suas frestas.
E no meu terreiro, Salgueiro, quem me protege não dorme. Advogado dos pobres e doutor das doenças da alma, do corpo e do espírito, mestre da jurema, Exu na Quimbanda, Preto Velho na Linha das Almas, feiticeiro, mandingueiro, orador, rezador, catimbozeiro, dono da magia. Defensor dos feitiços e das magias negativas. Trabalha em todas as linhas espirituais, tanto na direita quanto na esquerda da Umbanda, Quimbanda, Catimbó… Seu Zé é um mistério divino. Mestre curador porque faz cura, trabalhos de virada. Malandro da Lapa. Acompanhado de sua Falange de Malandros, atua como protetor da minha casa. Vigia quem entra e quem sai, toma conta do entorno para me defender. É bom, pois faz o bem, mas, quando está “virado”, manda a maldade de volta para quem enviou. Despacha, se vinga. O inimigo cai, eu fico em pé.
Porque eu tenho meu corpo fechado, tenho um malandro do meu lado pra me acompanhar. Que Seu Zé me proteja daquilo que não posso ver! Que meus inimigos não me vejam nem de noite, nem de dia, nem no pingo do meio dia. Que assim seja.
Texto: Igor Ricardo
Carnavalesco: Jorge Silveira
Referências bibliográficas:
ANDRADE, Mário de. Música de Feitiçaria no Brasil/ Mário de Andrade. 2. ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 2006.
CALAINHO, Daniela Buono. Metrópole das mandigas: religiosidade negra e inquisição portuguesa no antigo regime. Garamond, 2008.
LOVO, Arianne Rayis. Caminhando junto: produção de cura, corpos e “caminhos” a partir das rezadeiras Pankararu. Unicamp/SP, 2018.
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Um aspecto da diversidade cultural do caboclo amazônico: a religião. Estudos avançados, Quixadá: Uiniquixadá, 2005.
NERY, Vanda Cunha Albieri. Rezas, Crenças, Simpatias e Benzeções: costumes e tradições do ritual de cura pela fé. Centro Universitário do Triângulo – Uberlândia/MG, 2004.
SANTIAGO, Luís. O mandonismo mágico do sertão: Corpo fechado e violência política nos sertões da Bahia e de Minas Gerais (1856-1931). Loope Editora, 2021 (2ª edição).
SANTOS, Vanicléia Silva. As bolsas de mandinga no espaço Atlântico: século XVIII. São Paulo, 2008.
Vídeo com a leitura da sinopse
O Salgueiro ancestral pede licença para falar. Traremos a vocês a história da cultura do Corpo Fechado no Brasil. Hoje, evocamos o Preto Velho Mandingueiro do morro do Salgueiro e, apresentamos a sinopse de “Salgueiro de Corpo Fechado”.
Compositores, esperamos que se… pic.twitter.com/vAy077PSes
— Acadêmicos do Salgueiro (@Salgueiroficial) June 6, 2024
Diretor da Liesa revela que álbum ao vivo do Carnaval 2024 teve um crescimento de 200%
O diretor de Relações Institucionais da Liesa, Hélio Motta, participou nesta quarta-feira da mesa “Samba-Enredo na Era Digital”, no Rio2C, o maior encontro de criatividade da América Latina, que acontece na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Durante o papo, ele revelou que o álbum ao vivo do Carnaval 2024 teve um crescimento de 200%.

“O álbum do estúdio reflete o ambiente pré-campeonato. É uma pressão gigantesca em termos de produção para cada escola ter o seu melhor fonograma. A gente entrega para o público 50% do nosso espetáculo antes dele acontecer. Esse ano gravação aqui na Cidade das Artes, na Sala de Orquestra. Trouxemos todas escolas e ficou muito bacana. O álbum ao vivo é a captação de todo mundo junto, a emoção que só a gente consegue captar. A ideia é tentar trazer a emoção da Sapucaí para dentro de casa. Tentamos traduzir isso. O sistema de áudio no carnaval é super complexo. O espetáculo é realizado com as pessoas andando e os fogos acontecendo. A captação é complexa. O álbum ao vivo temos que captar. Temos curva de aprendizado. Crescemos mais de 200%”.
Hélio Motta contou que há três anos a Liesa mudou e “conversa mais com o público consumidor”.
“O evento era totalmente offline. A Liga não conversava com o consumidor final. Nos últimos três anos, nós criamos uma marca do evento, a Rio Carnaval, para poder se comunicar diretamente. Nesse caminho de remodelação que apresentamos a mudança significativa para Liga e para gravadora. Com a parceria com a ONErpm tivemos acessos aos dados e com isso criamos novos produtos para atender diretamente qual era a demanda do público. Agora, a gente pode ter acesso a todas ferramentas. Podemos perceber comportanto e hábitos do consumo. A produção do estúdio é para um campeonato que vai acontecer em fevereiro dentro do Sambódromo. É diferente de qualquer artista ou indústria fonográfica. Quando a gente lança o álbum de estúdio é muito alto e o consumo é gigantesco. Na ideia de renovar o público, quando entra o álbum ao vivo, tem o sambista que consome o ano inteiro e o público que tem a experiência de entretenimento. O ao vivo tem o uso contínuo. Continua na playlist de muita gente. Após o campeonato quem gosta de samba quer escutar o ao vivo. Agora, a gente tem que fazer todos álbuns. Não podemos voltar atrás”.
O dirigente da Liesa contou novidades que podem surgir no futuro. “Tivemos quatro sambas entre os virais do Brasil. O algorismo não vê a emoção, ele percebe o play. Estamos desenvolvendo estratégias para estarmos ainda mais em evidência nas plataformas. A tecnologia nos ajuda a trazer na imersão. A partir deste momento, vamos poder trazer o público para dentro da Avenida”.
Mestre Odilon ‘abençoa’ trabalho de Fafá: ‘bateria da Grande Rio está em boas mãos’
Emoção tomou conta do primeiro ensaio de bateria da Grande Rio, na última terça-feira, em Caxias. Mestre Fafá foi surpreendido com a presença do lendário Mestre Odilon, que comandou a bateria da escola por 11 anos.

“Muito emocionante estar aqui hoje. Um convite incrível e que eu realmente não esperava. Fico muito feliz de ver o trabalho que o Fafá está fazendo aqui. Ele é um garoto de ouro e que merece continuar esse caminho incrível. A bateria da Grande Rio está em boas mãos”, frisou Odilon.
Emocionado com a surpresa, Fafá celebrou a oportunidade de abrir a temporada de treinos para o Carnaval 2025 ao lado de um profissional que ele sempre admirou.
“Foi uma honra receber o Odilon, aqui, no nosso primeiro ensaio. Ele que é a minha maior referência, junto com meu pai, no carnaval. São meus mentores mesmo. Foi um momento muito emocionante pra mim e, com certeza, pra toda a bateria. A melhor forma pra começar a nossa temporada”, celebrou o Major.
Os ensaios de bateria acontecem sempre às terças-feiras, a partir das 20h, na quadra da Grande Rio, em Caxias.
Grande Rio faz primeira reunião com a comunidade e presidente de honra crava: ‘2025 será incrível’
Superliga marca sorteio da ordem dos desfiles das séries Prata e Bronze para o Carnaval 2025
A Superliga Carnavalesca do Brasil realizará no domingo, a partir das 19h, o sorteio que definirá a ordem dos desfiles das escolas das séries Bronze e Prata na Estrada Intendente Magalhães para o carnaval de 2025. O evento terá entrada restrita para as agremiações filiadas e com transmissão ao vivo pelo canal do Fita Amarela.

Segundo o presidente da Superliga, Luiz Vinícius Macedo, “Este sorteio é um momento crucial para as escolas, pois define a sequência dos desfiles, influenciando diretamente na preparação e na apresentação de cada uma. Estamos trabalhando para garantir um evento transparente e justo, que respeite o empenho e a dedicação de todas as agremiações participantes”.
Gestão eficiente! Marcelinho Calil, diretor executivo da Viradouro, compartilha reflexões sobre o sucesso da escola desde 2019 no top 3
A Viradouro, atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, está preparando um enredo impressionante para o Carnaval de 2025, intitulado “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Em uma entrevista exclusiva concedida ao site CARNAVALESCO, o diretor executivo da escola, Marcelinho Calil, compartilhou sobre o momento que a agremiação vive desde 2019 e como ele encara a responsabilidade de abrir os desfiles com a Imperatriz, Mangueira e UPM. Marcelinho também deixou sua opinião sobre esse momento que as escolas estão abordando a temática afro-religiosa.

Em análise sobre o momento atual da Viradouro, que desde 2019 tem se mantido no top 3 do Carnaval do Rio de Janeiro, Marcelinho descreveu dois cenários distintos que se complementam para explicar esse sucesso contínuo. O primeiro cenário é de uma força institucional, onde a escola foi entregue em condições precárias e foi reconstruída com uma liderança forte, profissionais competentes e o apoio fundamental da comunidade. O segundo cenário é competitivo, envolvendo quesitos fortes e uma estrutura sólida para os profissionais trabalharem. O diretor executivo enfatizou que a escola busca realizar suas atividades com amor e competência, minimizando erros e riscos. No entanto, Marcelinho reconheceu que a fórmula exata para o sucesso da Viradouro é difícil de definir, pois é resultado de um esforço constante no dia a dia e da capacidade de entender e se adaptar à competição.
“Passa por dois cenários distintos que se completam: Força institucional, uma escola que foi entregue falida. Falida, que eu estou falando, não é dinheiro, é moralmente falida e que foi reconstruída, acredito eu com uma liderança boa, profissionais que abraçam e que são competentes, uma comunidade que é o pilar de tudo, que estava adormecida e abraçou todas as ideias e acreditou na gente. De outro ponto competitivo, claro, quesitos fortes, sem dúvida alguma, já que está falando de colocação, estrutura para o profissional trabalhar, uma escola que faz tudo com muito amor, com muita competência, pelo menos busca isso, e procura minimizar erros, minimizar riscos. O que você quer saber é a fórmula da Coca -Cola e todo mundo quer saber, mas de fato são pilares assim, mas é impossível eu conseguir dizer para você o que sustenta a escola no topo a algum tempo. Eu acho que é o dia a dia, procurar, como eu disse, o empenho e obviamente com alguma capacidade, pelo menos o mínimo possível, conseguir entender essa competição, como ela funciona, mas sempre deixando claro que a escola não se sustenta para a competição, a escola de fato se fortalece como escola, como instituição e aí sim ela tem todas as ferramentas para competir bem”, compartilhou Marcelinho.
Fazendo jus ao nome escola de samba, Tarcísio Zanon encontra receita para os enredos da Viradouro
A escola de Niterói vai abrir o Carnaval 2025 com a vice-campeã, a Imperatriz, além da Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro, e da Estação Primeira de Mangueira, a segunda escola mais vencedora da história do carnaval e Marcelinho descreveu esse momento como fortíssimo. Ele enfatizou que não vê a Imperatriz como uma rival direta, mas sim como uma das 11 escolas buscando seu lugar ao sol. No entanto, Marcelinho expressou sua confiança na capacidade da Viradouro de fazer um grande Carnaval, independentemente da posição em que desfile. Ele mencionou sua experiência passada, sendo campeão e vice tanto como última de segunda quanto como segunda de domingo, evidenciando a resiliência e força da escola.
Marcelinho deixou claro que sua principal preocupação é proporcionar à Viradouro as condições para fazer um grande desfile, confiando no processo de julgamento e no padrão de excelência que a escola tem buscado nos últimos anos. Sua declaração de “zero preocupação” não é arrogância, mas sim um reflexo da confiança que tem no trabalho realizado pela escola e na capacidade de se destacar independentemente da posição no desfile.
“Um dia fortíssimo! Não vejo a Imperatriz como a rival, acho que são 11 escolas tirando a Viradouro, obviamente, com ela 12, buscando seu lugar ao sol. Carnaval já teve ciclos na sua história, escolas que vêm bem, escolas que depois não têm bons resultados, depois passam a ter de novo. Reconheço a Imperatriz como uma grande escola, sem dúvida alguma, que vai fazer um grande Carnaval. Acho que tem um dia fortíssimo mesmo, a Mangueira, a Imperatriz e a UPM, mas assim, eu vou falar o que eu falei lá no sorteio. E para não achar que é história, eu vou falar exatamente o que eu falei para o CARNAVALESCO quando fiquei em sexto do último dia. Eu não me preocupo mesmo, sendo bem honesto. Nos últimos anos a escola tem um padrão, ela vem buscando excelência e o meu papel é repetir ou melhorar. Eu sei que a escola tem capacidade, tem condição de fazer um grande Carnaval e de buscar as notas máximas, independentemente do lugar que ela venha. Já fui campeão e vice como última de segunda e campeão e vice como segunda de domingo. Então eu acho que a Viradouro tem a sua maneira, a sua força e eu tenho certeza que ela vai ser muito bem julgada se for muito bem e penalizada se não for bem como qualquer outra escola, independentemente da colocação. Zero preocupação. Quando eu digo zero preocupação não é nenhum tipo de arrogância não. É porque de fato não é algo que habita o meu coração nem a minha cabeça. A minha preocupação é proporcionar a Viradouro a condição de fazer um grande desfile, que aí sim eu entrego para quem estiver julgando, como tem sido muito bem feito nos últimos anos,” contou Marcelinho.
Em relação a sua percepção sobre o momento atual das escolas de samba abordando temas afro-religiosos, reconhecendo a importância de celebrar e honrar essa cultura ancestral. Marcelinho destacou que, embora muitos enredos tenham uma conotação afro-indígena, como o da Viradouro, é fundamental entender e respeitar as diferenças entre as diversas manifestações culturais. Ele expressou sua felicidade ao ver o reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira no carnaval e ressaltou a importância de estudar e compreender as nuances de cada enredo, evitando a simplificação ou generalização de culturas tão ricas e diversas.
“Eu acho que de uma maneira geral isso faz sentido, mas vejo um pouquinho de diferença. O enredo da Viradouro, por exemplo, ele é afro -indígena, mas eu diria que ele tem uma conotação muito mais indígena, que é a história da divindade do encantado Malunguinho na jurema sagrada, e assim um paralelo africano muito interessante com o João Batista, o último malunga, mas esse sentimento que você me traduziu eu fico muito feliz, porque eu acho que a escola de samba é isso mesmo, mas acho também que é hora de todos nós, como sambistas, reforçarmos e estudarmos as diferenças que cada um tem. Não cometemos o mesmo erro que quem nos agride faz, que é colocar tudo num pacote unificado. São enredos que homenageiam e que veneram uma cultura, uma ancestralidade, que de fato é a nossa existência, é a escola de samba em si, mas com todas as suas diferenças. Então eu vou buscar estudar melhor, já fiz o meu dever de casa, mas vou buscar estudar um pouquinho melhor cada um desses enredos para ver, sim, esse mesmo sentimento ancestral, mas de fato saber diferenciar cada um deles. Eu acho que nesse momento, é muito importante a gente ter esse dilema. A gente vive num continente e ninguém confunde Buenos Aires com Rio de Janeiro, mas na África tudo é a mesma coisa. É hora da gente botar cada coisa no seu lugar, mas concordo com você. Estou com muito orgulho de falar da origem do samba e da origem de quem construiu tudo o que a gente está pisando hoje,” disse Marcelinho.
Camisa Verde comemora permanência no Especial e mira projeto mais ousado em 2025
O Camisa Verde e Branco permaneceu no Grupo Especial do carnaval de São Paulo, fato que não acontecia desde 2005 e 2006, depois teve passagem no Especial em 2008 e 2012, mas não permaneceu no Especial. O Trevo, nove vezes campeão do Grupo Especial, é um dos pavilhões mais pesados do carnaval de São Paulo e mira um projeto mais ousado após superar dez anos consecutivos no Acesso I.
O vice-presidente e diretor de carnaval, João Victor Ferro, é um dos símbolos da reconstrução do Camisa Verde e Branco, com uma família de grandes raízes na agremiação, atualmente sua mãe, Erica Ferro é a presidente e a irmã Sophia Ferro é a rainha de bateria, todos crias da agremiação da Barra Funda e frutos da retomada no Grupo Especial.
Em entrevista para o site CARNAVALESCO, João Ferro falou sobre o momento de felicidade da comunidade: “É um sentimento de felicidade. A escola ficou muitos anos no Grupo de Acesso, vinha de diversos problemas aí anos anteriores. Então conseguimos estabilizar a escola. Para a gente foi um prazer, uma felicidade, e agora estamos trabalhando para alcançar novos voos. A realidade é essa, a escola subiu, conseguimos se manter, agora a briga é outra. Estamos trabalhando, de forma organizada, quietinho, para fazer as coisas acontecer, e se Deus quiser vai dar certo”.

O Camisa Verde e Branco esteve disputando nota a nota contra o rebaixamento para o Acesso e escapou nas últimas notas, ficando no 12º lugar. O objetivo da escola era pés no chão, foco era justamente na permanência no Grupo Especial após tanto tempo sem disputar a elite do carnaval paulistano.
Mas para o carnaval de 2025, o foco é diferente, João frisou que é mais ousado e relatou sobre as mudanças que a escola passou em quesitos como de carnavalesco e casal: “Todas as mudanças foram para continuar mantendo a escola organizada, é o que falei, hoje o projeto é outro, tínhamos um projeto de se manter no grupo, agora o projeto é um pouco mais ousado. As mudanças foram por conta disso, outras nem tanto, ciclos que apenas se encerraram né. Mas a escola continua com a amizade com os profissionais que passaram pela escola. É tudo para poder encaixar em uma linhagem de projeto e acredito que está dando certo já, vocês vão ter algumas novidades nas próximas semanas”.
O Camisa Verde e Branco terá o carnavalesco Cahê Rodrigues, que é carioca, mas trabalhou no Vai-Vai em São Paulo, e aposta no casal Everson Sena e Lyssandra Grooters. Foram duas mudanças nos quesitos, além de renovar com Mestre Jeyson, o intérprete Igor Vianna e o coreógrafo Luiz Romero.
Sobre o enredo, Cazuza, o vice-presidente, ressaltou: “Para mim é muito difícil falar, é um enredo forte, é um enredo imponente, graças a Deus um enredo que a escola abraçou, a escola gostou muito. Temos uma proposta de horário para o desfile, que é fechar uma das noites de desfile, então assim, o pensamento, sentimento, tem a proposta, é positivo cara, vamos embora”.
Neste sábado, dia 09 de junho, o Camisa Verde e Branco lança oficialmente o enredo em homenagem a Cazuza. O vice-presidente e diretor de carnaval, João Victor Ferro, convidou toda a comunidade e o povo do samba para o evento que acontecerá na Fábrica do Samba.
“Convidando novamente toda a comunidade verde e branco, a família do samba, do carnaval de São Paulo, para poder prestigiar o nosso evento. O enredo já foi lançado, mas estaremos lançando a logo oficial do enredo, vai ter a presença da Lucinha, mãe do Cazuza, de alguns convidados da Lucinha, enfim, é uma noite para podermos festejar o momento que a escola está vivendo né. Depois de tantos anos ter ficado no Grupo Especial, a escola merece esse presente, uma festa para poder comemorar, confraternizar entre componentes da escola, e os familiares do nosso homenageado”.
Cazuza é o enredo do Camisa Verde e Branco para o Carnaval 2025
O Camisa Verde e Branco será a última escola a desfilar na sexta-feira, dia 28 de fevereiro, e era alvo da escola, fechar uma das noites de desfiles.
Inocentes de Belford Roxo começa oficina de percussão
A Inocentes de Belford Roxo começa nesta quarta-feira, a partir das 19h, na quadra de ensaio da agremiação, na Avenida Boulevard, 1741, no bairro São Vicente, a aula inaugural da 15ª oficina de percussão “A procura da cadência perfeita”, coordenada pelo mestre de bateria Washington Paz. Os alunos aprendem com professores especializados a tocar diversos instrumentos, tais como: tantan, tamborim, chocalho, surdo de marcação, agogô, reco-reco, caixa de guerra, cuíca, repique e pratos. As inscrições para o curso são gratuitas e realizadas às quartas-feiras, das 19h às 22h. Podem se inscrever pessoas de qualquer sexo e idade. É só levar xerox da identidade, comprovante de residência e uma foto 3X4. Podem participar das aulas alunos iniciantes e também os que tenham algum domínio de instrumentos para aprimoramento. Não é preciso ter instrumento para participar do curso.

A escolinha é um projeto social gratuito da Inocentes criado pelo mestre Washington com o objetivo de formar ritmistas da comunidade e também tirar da ociosidade crianças através da música. Alguns muitas vezes não têm voz onde vivem, não têm residência ou dependem de favores dos outros. A mudança começa quando frequentam as aulas e recebem todo apoio dos ritmistas, da diretoria e do presidente de honra Reginaldo Gomes. Logo que aprendem a tocar um instrumento, passam a gerar seu sustento com shows, fazendo parte de bandas, grupos musicais ou escolas de samba.
“Gostaria de dizer que o projeto não é só para crianças e adolescentes é para os mais velhos também, pessoas adultas e da terceira idade de todos os sexos, desde que queiram aprender”, disse o comandante da bateria da Inocentes de Belford Roxo, Washington Paz.
A rainha de bateria, Darlin Ferratty, mãe da cantora Lexa, com sua beleza e simpatia, deverá estar presente na primeira aula. A oficina de percussão “A procura da cadência perfeita” está incluída no conjunto de atividades grátis na quadra da agremiação, intitulada “Inocentes em movimento”.
Carlinhos Sombrinha é o novo mestre de bateria da Pérola Negra
A Pérola Negra anunciou em suas redes sociais o novo Mestre de Bateria para o próximo ano: Carlinhos Sombrinha, que assumirá o comando da Swing da Madá.

Mestre Sombrinha vem de uma família do samba e é ritmista desde os 5 anos de idade, tendo crescido na Mocidade Alegre, conhecida como a Morada do Samba. Atualmente, ele é Diretor de Bateria na escola.