O Salgueiro anunciou nesta terça-feira sua mais nova musa: Flavia Alessandra. Atriz, advogada, apresentadora e empresária, ela, de 50 anos, nasceu na Tijuca e se orgulha de suas raízes. Agora, desfilando pela primeira vez como musa, ela completa seu extenso currículo com o posto de musa de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. A tarde desta terça-feira marcou sua primeira visita ao barracão do Salgueiro, na Cidade do Samba, onde foi recebida pelo presidente André Vaz. Flavia conversou com o carnavalesco Jorge Silveira e acompanhou os preparativos da Vermelho e Branco para o aguardado desfile de 2025.
“Acabo de completar 50 anos e vou estrear na avenida. Isso é muito desafiador, significativo e libertador. Quero que sirva de exemplo pra mulher de 50, 60. Quero que elas saibam que podem tudo e que sim, o melhor momento da vida pode ser agora”, comentou Flávia.
Foto: Anderson Borde/Divulgação Salgueiro
Em 2025, o Acadêmicos do Salgueiro levará para a Marquês de Sapucaí, o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira e escrito pelo enredista Igor Ricardo. A agremiação vai apresentar as culturas religiosas do Brasil e as raízes afro-brasileiras. A história começa na África, com o povo Mandinga, e termina com uma homenagem à umbanda carioca e a Zé Pilintra. O tema do “corpo fechado” refere-se a um processo de feitiçaria tradicional que torna o corpo invulnerável, à prova de bala, faca, coice de animal, entre outros. Ele pode ser alcançado por meio de amuletos, rituais, cânticos, sacrifícios de animais e velas.
“Estou honrada por estrear na Sapucaí com a Salgueiro, uma escola que eu sempre admirei, tijucana, do bairro onde eu nasci e cresci. O enredo deste ano é muito bonito e eu estou radiante! Vou dar o meu máximo para que esse desfile seja honroso, tal como a escola e esse tema corajoso e necessário. A Salgueiro, mais uma vez, vai inovar e trazer para avenida um espetáculo maravilhoso. É uma honra fazer parte disso. Que seja o primeiro de muitos”, comenta Flávia sobre a novidade.
As eliminatórias para a definição da futura Corte Real do Carnaval 2025 acontecem nos próximos dias 6, 7 e 8 de novembro, seguidas pelas semifinais nos dias 14 e 15 de novembro. A grande final está marcada para 22 de novembro. Todas as etapas das eliminatórias e a final serão realizadas na Cidade do Samba.
A ordem da apresentação dos candidatos será definida nesta quarta-feira. às 17h, com um sorteio, no Sambódromo, no Setor 11. A corte será composta por oito integrantes, incluindo também duas princesas (2ª e 3ª colocadas) e o vice-rei.
Com 114 inscrições ao todo, 58 candidatas concorrem ao posto de Rainha do Carnaval e 25 para o trono de Rei, além de dez para musa, 17 para muso e quatro para Cidadão Não Binário. Os vencedores nas categorias Rei Momo e Rainha receberão R$45,5 mil cada, Vice-Rei, R$8 mil, e os outros cinco integrantes da Corte, R$32,5 mil cada.
Dono da chave da cidade durante o carnaval, o Rei Momo é um personagem legitimamente carioca, cujo nome remonta à mitologia grega e, o personagem, a um grupo de jornalistas do jornal carioca “A Noite” em 1933.
A Unidos da Tijuca, que segue apostando em novos talentos, substituiu o segundo mestre-sala para o Carnaval 2025. Diego Jenkins será o defensor do segundo pavilhão ao lado da porta-bandeira Thainá Teixeira, que após o período de licença maternidade está de volta às atividades na agremiação. O novo mestre-sala deu seus primeiros passos nas tradicionais escolas de mestre-sala e porta-bandeira do Rio de Janeiro, as do Manoel Dionísio e Minueto do Samba.
Tem passagem por escolas como Unidos do Viradouro, Lins Imperial, Unidos do Jacarezinho, Acadêmicos do Engenho da Rainha, Guerreiros Tricolores, Unidos da Villa Rica e Império de Araribóia, em Niterói. Está entre os fundadores do grupo Nobres Casais, no qual visa difundir a arte dos casais de mestre-sala e porta-bandeira do Brasil. Defende há 08 anos o primeiro pavilhão do Acadêmicos de Vigário Geral, na Série Ouro.
“Me sinto honrado pelo convite e muito grato ao presidente Fernando Horta pela confiança e oportunidade em defender o pavilhão tijucano. Inicio uma nova história, com muito respeito, na escola com tantos campeonatos. Uma oportunidade que sempre sonhei, na agremiação que acompanhei de perto a passagem de grandes ídolos na arte. Chego respeitando aqueles que vieram antes de mim e com o compromisso de trabalhar com muita dedicação para honrar os que vierem depois. Obrigado, Tijuca”.
A dupla já iniciou os treinamentos visando o desfile da escola que acontece dia 03 de março de 2025 na Marquês de Sapucaí. O enredo da agremiação para o próximo carnaval é “Logun-éde – Santo Menino que Velho Respeita” – orixá de cabeça do novo profissional.
O Paraíso do Tuiuti foi a primeira das doze escolas do Grupo Especial a fazer sua gravação oficial para o álbum dos sambas-enredo da Liesa para o Carnaval 2025. Os componentes da escola estiveram no Century Estúdio, na Zona Oeste do Rio, e o CARNAVALESCO acompanhou toda a movimentação durante o dia. Pixulé, intérprete oficial da escola comentou sobre a preparação que realizou para a gravação do álbum, destacando a importância do sono para a voz.
“Eu sempre falo que a arma do cantor é o sono, se o cantor pode fazer exercício de voz, exercícios técnicos, influência muito, mas a arma do cantor é o sono. Se ele tirar uma tarde boa de sono, uma noite maravilhosa de sono, no dia seguinte ele vai estar inteirinho para gravar o samba e botar a voz espetacularmente”, disse o cantor.
Para o intérprete, o samba como um todo é especial, porém, se tivesse que definir algum trecho que chama a sua atenção, ele já destacou.
Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO
“Tem uma parte bacana que eu curto muito: ‘Eu travesti/Estou no cruzo da esquina/Pra enfrentar a chacina/Que assim se faça/Meu Tuiuti/Que o Brasil da terra plana,/Tenha consciência humana/Chica vive na fumaça’”.
Pixulé comentou também sobre a emoção empregada nos momentos de defender o samba da escola, seja na gravação ou no ao vivo, nos ensaios e no desfile em si.
“Eu sou um tipo de cantor que eu entro dentro do samba, eu abraço o samba, seja na gravação e no ensaio de rua, é a mesma coisa, a emoção toma conta e a gente acaba perdendo a linha”.
Diretores de carnaval, Rodrigo Soares e André Gonçalves também estavam presentes na gravação. Rodrigo comentou revelou o que esperar da gravação da escola para 2025 e qual a parte do samba do próximo carnaval mais toca o coração dele:
“O samba já foi construído com uma pegada, uma levada de um samba bem atual, falando de um tema bem atual, uma defesa bem correta daquilo que ele propõe. A gravação foi maravilhosamente boa. Eu acho que até pela qualidade da obra, a forma que a gente já vem ensaiando, preparando esse samba há algumas semanas, eu acho que está ficando uma proposta muito boa, e esperar que ele seja realmente aquilo que ele está apresentando, ou seja, ele tem essa cara valente, aguerrido. E que realmente ele transmita aquilo que a escola pretende fazer na avenida. O início do samba é bem forte, a cabeça do samba: ‘Só não venha me julgar pela boca que eu beijo, pela cor da minha blusa e a fé que eu professar’. Já é o indício da tradução daquilo que o samba te propõe, ou seja, de fazer uma reflexão de tudo o que acontece, principalmente, nessa vertente do público, da história da Xica, essa cabeça é bem forte”.
Também foi falado por ele sobre as pessoas envolvidas na gravação, a mobilização da bateria, e como isto tudo é um reflexo do que a escola já vem realizando ao longo dos últimos meses.
Diretores de carnaval, Rodrigo Soares e André Gonçalves
“É o resultado do que a gente está fazendo às segundas-feiras. Mestre Marcão tem a competência de lidar com a rapaziada bem completa. Ele trouxe o time dele, o nosso coro vem trabalhando desde que o samba foi lançado, ou seja, é aquilo que a gente faz, quem dera trazer 300 ritmistas”.
Por fim, Rodrigo comentou o que representa para ele e André estar presentes na gravação de um samba tão forte como o que será levado pela escola em 2025.
“Representa mais um passo de um trabalho que a gente pretende fazer com maestria. Primeiro para mostrar para todos o significado e o apelo do samba e mostrar realmente a cara que o Tuiuti pretende dar com essa mensagem. O que a gente pretende é basicamente isso. Não é só mais um trabalho, é mais um trabalho com samba forte, samba de mensagem positiva, mas um samba auto-explicativo”.
Hudson Luiz, cantor auxiliar do carro de som da escola, contou mais sobre a forma que o arranjo foi feito, pensando nas necessidades da escola, e falando sobre como a gravação foi realizadas e as ideias musicais que o Tuiuti utilizou na sua faixa.
Hudson Luiz, cantor auxiliar do carro de som
“Todo o arranjo foi pensado de acordo com a necessidade do nosso enredo e do nosso samba. Entendendo o que era necessário, que o samba pedia, seja o arranjo musical das cordas e seja o arranjo da bateria. Cada detalhe que foi colocado no samba foi sim pensado dentro do enredo, dentro do samba. Eu acho que toda a gravação para a gente é muito importante, porque é um novo momento que se inicia, um novo ciclo que se inicia. Foi muito interessante, mais o ano consecutivo a gente consegue colocar toda a ala musical para poder fazer a gravação. Como foi no ano passado, a ideia que a Liga traz para a gente colocar no nosso samba, com os arranjos que foram propostos pelo nosso diretor musical, por todo o nosso grupo musical. Eu acho que isso é muito interessante e traz uma certa confiança e uma certa abertura para que as nossas alas musicais de todas as escolas de samba possam colocar o melhor dos seus trabalhos”.
Mestre Marcão comentou sobre o andamento da bateria para a gravação, o que ficou mais confortável de ser realizado e trabalhado.
“Acho que aqui foi 142 BPM (batidas por minuto), 143 BPM, que fica mais confortável, o samba fica mais confortável, fica mais com a cara de samba-enredo e fica mais fácil para se comunicar com o povo. A gente, com o diretor da ala musical, estamos ensaiando por três ou quatro meses”.
O mestre ainda explicou que não realizou nenhum desenho especial para a gravação, apenas nuances que já estão sendo executadas na quadra.
“A gente só fez umas nuances que já estamos fazendo na quadra e algumas bossas a gente não colocou, porque a gente ainda está definindo o que fazer, e não podemos estragar a surpresa da avenida”.
Claudio Russo, compositor do samba, comentou como a obra do Tuiuti impactou na vida dele com o conhecimento de caminhos até então desconhecidos para ele, e na importância de falar também sobre a violência sofrida pela comunidade LGBTQIAPN+ no país.
“Eu aprendi muito com esse samba, eu consegui junto com o Gusttavo Clarão, receber o apoio do Jack Vasconcelos (carnavalesco), e ele me levou para um caminho que eu não conhecia, porque tem muita coisa nesse samba que a gente teve que aprender do zero. A questão das travestis, da quimbanda, do catimbó, e foi através desta união com Jack que eu conheci Fábio, que está me iniciando nos caminhos do catimbó, e foi aí que eu aprendi muito da história de Xica Manicongo. Só aprendendo essa história que a gente começa a entender como é importante a luta de Xica Manicongo para a questão dos direitos no Brasil. Somos o país que mais mata travestis no mundo, o que mais desrespeita a comunidade LGBTQIAPN+, e esse samba, esse enredo, vem para ratificar a luta contra esse desrespeito que o Brasil em geral comete”.
Claudio se emocionou ao falar de como foi todo o processo de construção da letra em parceria com Gusttavo Clarão, relatando as experiência de como essa samba é único desde a concepção.
“O processo de produção deste samba foi muito louco. Este ano estou fazendo 35 anos de samba e foi diferente de tudo. Eu até pedi ao meu parceiro Gusttavo, que mora nos Estados Unidos, e a gente é muito sintonizado um com o outro, para fazer samba. Um dia indo a Dona Praia, que é uma entidade, falou: ‘você vai ficar três dias sem dormir, você vai acordar sem saber de nada, e vai acordar com muita coisa desse samba’. E isso aconteceu, fiquei três dias, quando dava uma hora da manhã eu acordava do nada, com algumas coisas na cabeça e o tempo todo eu me questionando: ‘será que é isso?’. E quando passaram esses três dias eu tinha quase a ideia da letra muito construída na minha cabeça e aí eu comecei a bater bola com o Gusttavo, ele propondo algumas coisas, e eu falando: ‘isso daqui está em cima do que eu aprendi’. E ele entendendo tudo e trazendo a parte melódica, que ele é muito bom isso, propondo algumas coisas de letra. E se eu não tivesse essa experiência esse samba não seria assim”.
Para o compositor, o verso que mais chama a sua atenção ´o do velho discurso crstão, pela força com que isso teve na época de Xica Manicongo e tem nos dias de hoje, explicando um pouco mais sobre como é um resumo das causas que o enredo defende.
“O primeiro dia que eu conheci o catimbó, eu ganhei uma imagem. E o samba fala: ‘faz tempo que eu digo não, ao velho discurso cristão’, porque foi a Igreja Católica que combateu, autorizou o combate e quis queimar Xica Manicongo na Inquisição, na Bahia, ela foi perseguida por causa disso. ‘Faz tempo que eu digo não ao velho discurso cristão/sou manicongo/há duas cabeças em um coração’, e quem cultua Exu sabe o que eu estou falando, ‘são tantas e uma só/eu sou a transição/carrego dois mundos no ombro’. Muitas pessoas falaram: ‘não bota essa frase’. Quando a gente mostrou por Jack ele falou: ‘é essa a frase’. Ela resume o que é a luta desse samba”.
Por fim, Claudio Russo conta o que espera do rendimento do samba da escola nos próximos meses.
“Eu tenho muita esperança que esse samba renda muito. A gente sabe que para o Tuiuti isso sempre é uma luta. O Tuiuti já marcou o Especial com grandes sambas. O samba de 2018 despontou como o grande samba do ano em janeiro e foi aquele desfilaço. Recentemente, o samba de 2023 foi a mesma coisa e ganhou uma dezena de prêmios. Espero que esse samba, com o apoio do carro de som e do Pixulé, com o apoio do mestre Marcão, que está numa fase extraordinária, chegue em dezembro estourado. A escola tem uma força muito grande nos ensaios de segunda-feira e eu tenho certeza que quando estiver perto do Natal, vai estar ‘bagunçando São Cristóvão’”.
O carnavalesco André Machado é estreante no Águia de Ouro. Carregando uma bagagem de experiência no carnaval paulistano, o profissional chega à escola da Pompéia para desenvolver o enredo em homenagem ao cantor e compositor Benito di Paula, dando andamento ao desfile da agremiação da Zona Oeste. Como citado, André passou por várias entidades em São Paulo, tendo como trabalhos recentes nas escolas Rosas de Ouro, Colorado do Brás e, nos dois últimos carnavais, Mancha Verde. O profissional conversou com o CARNAVALESCO e falou sobre a preparação do Águia de Ouro para o próximo desfile.
O artista revelou que o presidente Sidnei e a diretora de carnaval Jacqueline Meira estão por perto vendo o trabalho dele, mas tudo é feito por amor à entidade. André diz que ambos são apaixonados pelo Águia de Ouro e sabem o que é melhor para a escola. De acordo com o artista, não há vaidade sobre opinar dentro do seu projeto. “Uma coisa que eu sempre falo mais do que ninguém é que dentro de uma escola de samba não existe amor maior do que o do presidente. Tudo que eu vou criar, por mais que eu coloque amor no que eu faço, existe um maior que é do presidente e jamais ele vai querer qualquer coisa que prejudique a agremiação dele. Eu não tenho vaidade nenhuma de por um acaso o Sidnei e Jacqueline, que também é outra pessoa que ama a escola, darem qualquer opinião sobre o meu serviço, porque eu sei que o sentimento deles é maior do que o meu amor pela escola, até porque eu estou entrando agora e me apaixonando pelo Águia de Ouro. Eu vou tentando dentro do possível montar o meu carnaval em cima do que eles querem de mim e principalmente o que a comunidade espera também, porque eles têm clareado a minha mente nesse sentido, querendo fazer um carnaval que agrade a comunidade para chegar feliz na avenida”, contou.
Confiança no título
Nos dois anos em que esteve na Mancha Verde, o carnavalesco conquistou um vice-campeonato e quinta colocação, indo duas vezes para os Desfiles das Campeãs. Agora, na agremiação da Pompéia, o profissional quer buscar o título, e o fato de abrir o sábado de carnaval não intimida a comunidade. “Eu estou muito esperançoso, porque eu estou muito focado para fazer um grande carnaval e brigar realmente pelo título. Tirando a comunidade do Águia de Ouro, as pessoas do carnaval acharam loucura a nossa escolha de abrir o sábado de carnaval, mas isso não quer dizer nada, porque a gente está acreditando bastante. É só trabalhar, focar no que a gente tem que fazer e apresentar o nosso trabalho para o público, para as pessoas em casa e principalmente para os jurados. A gente vai trabalhar esses meses que faltam para o carnaval com o regulamento embaixo do braço, pensando em fazer o melhor para que a gente consiga voltar entre as cinco e quem sabe ser campeão”, declarou.
Opinião sobre o samba-enredo
O artista falou sobre o samba-enredo da escola. O Águia teve um processo diferente na escolha do samba-enredo. De acordo com André, a agremiação pediu para os compositores seguirem fielmente a sinopse. O fato distinto é o que o homenageado Benito di Paulo participou das audições. “A gente teve 17 parcerias, eu tive conversas preliminares com alguns deles, a gente cortou 10, e ficaram sete. Fizemos mais audições até ficar cinco. Essas obras a gente apresentou para o Benito de Paula conhecer as possíveis obras iriam para a avenida. Ele deu a opinião dele em relação a algumas, toda a diretoria se reuniu depois dessa conversa com ele e a gente decidiu que seria esse samba que foi campeão. Eu digo que dos últimos carnavais, eu acredito mesmo na força desse samba. Talvez seja um dos samba mais bonitos dos meus últimos carnavais. Nós conversamos com todas as outras obras também para seguir à risca do que a gente queria na sinopse, porque é o a gente pretende mostrar. A comunidade está muito feliz e já é conhecida por cantar muito. Tem tudo para esse samba crescer e se transformar, se Deus quiser, em um dos melhores sambas do carnaval”, completou.
O caminho para o Carnaval 2025 da Mocidade Independente de Padre Miguel ganhou mais um importante marco com o lançamento do clipe oficial do samba-enredo. A obra, que já conquistou o público desde sua escolha. Para os apaixonados pela verde e branca, a chegada do clipe é um presente que antecipa a emoção da avenida e a energia que só o samba da Mocidade pode proporcionar. Veja abaixo o clipe.
“É sempre um momento muito aguardado para todos os independentes que querem ouvir a obra oficial. Enquanto não temos a gravação da Liga, optamos por dar esse presente ao nosso torcedor”, comentou o diretor de carnaval, Mauro Amorim.
Com uma produção que envolve a dedicação e talento da equipe, o clipe busca transmitir a grandiosidade e a essência do samba que promete ecoar com força no Sambódromo. “Estamos muito contentes com o trabalho de todo time de direção musical, carro de som, bateria e harmonia”, destacou Mauro.
Foto: Divulgação/Mocidade
Segundo Amorim, o samba é uma peça fundamental na conquista dos melhores resultados na avenida: “Temos a certeza que o samba será um grande aliado nosso no desempenho da avenida”, afirmou o diretor de carnaval.
A Estrela Guia será a primeira escola a desfilar na terça-feira, 4 de março, e levará para a Sapucaí o enredo “Voltando para o Futuro – Não Há Limites para Sonhar”, assinado pelos carnavalescos Renato e Márcia Lage.
A Grande Rio divulgou partes de suas fantasias para o carnaval de 2025, quando cantará, na Marquês de Sapucaí, o enredo “Pororocas Parawaras – as Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós”. Concebidos pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, os figurinos ocuparam o espaço imersivo “Mar de Espelhos”, no AquaRio. As fotos do ensaio “Mergulho no Espelho do Encante” foram realizadas por Custódio Coimbra e Joana Coimbra, os mesmos artistas responsáveis pelo material de divulgação das fantasias do desfile da Grande Rio de 2022, que celebrou as energias de Exu. Haddad explica a continuidade da parceria e a proposta deste novo ensaio.
Fotos: Custódio Coimba, Joana Coimbra e Ademir Junior/Divulgação Grande Rio
“Custódio e Joana possuem um olhar muito interessante, poético e não-óbvio. Isso nos interessa muito, pois permite que brinquemos com as roupas, que dão cores e formas a uma narrativa de enredo também não-óbvia. A ideia do ensaio não é revelar as roupas da forma como irão para a Avenida, nos moldes do que fazemos para o Livro Abre-Alas. Algo mais formal, voltado para o julgamento. Pelo contrário: a ideia é que as fotos de Custódio e Joana desafiem o olhar do público, aguçando a curiosidade e contribuindo para a construção de uma atmosfera. Não são fantasias completas, o jogo começa aí. Misturamos peças, ocultamos elementos. Queremos mais a insinuação do que a revelação, uma espécie de caleidoscópio. O enredo é mágico e nos leva ao mistério, aos movimentos de barras de saias e margens de rios, reflexos e profundidades. Algo muito sensorial. Por isso falamos em “Mergulho no Espelho do Encante” e evocamos a energia das águas da Amazônia. A sensibilidade precisa estar aflorada”,– finaliza o carnavalesco.
Leonardo Bora reforça o caráter experimental deste ensaio, que contou, ainda, com a produção de vídeo de Ewerton Pereira. Ele destaca que a proposta é a continuidade de uma série de ações realizadas em parceria com outros artistas:
“O enredo “Pororocas Parawaras”, concebido e desenvolvido em parceria com a artista paraense Rafa BQueer, permite que a gente mergulhe num universo extremamente rico. Na visão fantástica da narrativa, as Princesas Turcas, que se confundem com as pororocas do Pará, atravessam os Portais da Encantaria, em alto mar, e conhecem uma explosão de vida no interior da floresta, no barro dos igapós, no “fundo do igarapé”, como canta o samba escolhido – que tem, entre os seus autores, o Mestre Damasceno. Elas se transformam em animais de poder, bailam em Pajelanças e Candomblés, são cultuadas nas giras de Tambor de Mina, viram tema de Carimbó. É algo muito vivo e fluido, orgânico, dinâmico. E só é possível vivenciar essa riqueza a partir do diálogo com o território – por isso a parceria com artistas paraenses é fundamental. Andreia de Vasconcelos, que vestiu parte de uma fantasia que expressa o Carimbó, é paraense, idealizadora do Grupo de Carimbó Aturiá, pesquisadora e professora de danças e ritmos amazônicos. João Victor, que “navegou” em um barquinho cujo nome homenageia Dona Onete, autora de “Quatro Contas”, é paraense, designer, ilustrador, artista visual e criador da marca Pink Boto. Essa troca de saberes e energias começou na pesquisa do enredo, quando entrevistamos dezenas de mestres e lideranças religiosas, passou pela feitura do filme de divulgação, realizado pelo cineasta Vitor Souza Lima, pela gravação de um EP inédito, com “doutrinas encantadas” e um carimbó composto por Jane Cerdeira e Marcelle Almeida, e continua se desdobrando”, completa o artista.
Um dado curioso, que chamou a atenção de todos, é que um dos espaços do “Mar de Espelhos” tem o nome “Pororoca” e é descrito como uma interação que “simula o desdobrar do nosso reflexo, das várias versões de nós mesmos refletidas nas ondas.” Haddad ressalta que “é isso o que podemos esperar da Grande Rio: uma onda de alegria!”
Além da parceria com o Mar de Espelhos do AquaRio, a escola realizou um ensaio fotográfico em seu barracão, na Cidade do Samba. O fotógrafo Ademir Júnior, colaborador de Bora e Haddad desde 2017, registrou todas as fantasias do desfile de 2025 – imagens que irão compor o Livro Abre-Alas. Nessas fotos, as roupas estavam completas. A experimentação, no entanto, também se fez notar, como informa Haddad.
“Mesmo no ensaio realizado no barracão, que em geral é mais tradicional, propusemos toques especiais. O cenário-base foi pensado como grande colcha de retalhos, sobre a qual se derramava um móbile composto por 2 mil garrafinhas preenchidas com líquidos coloridos – uma referência sutil ao trabalho das erveiras do Ver-o-Peso, mercado onde são vendidos itens para os rituais do Tambor de Mina. Algumas bancas e lojas, inclusive, levam o nome das Princesas – elas estão em tudo. Ao lado dessa colcha, construímos uma caixa com espelhos, dentro da qual algumas fotos desconstruídas foram realizadas. É um recurso antigo e fascinante, que pode ser conferido nas fotos do Júnior”, finaliza o artista.
A tarde do último domingo foi marcada por muita alegria e diversão na quadra da Unidos de Padre Miguel, que realizou a 19ª edição do Festival da Alegria. Com o tema “Circo do Boi Vermelho”, o evento atraiu centenas de crianças da comunidade, que aproveitaram ao máximo cada momento. Palco de ensaios e feijoadas, a quadra da Vermelho e Branco da Zona Oeste se transformou em um verdadeiro parque de diversões, com tirolesa, brinquedos infláveis, pula-pula, concursos de dança e a distribuição de doces, bolo, cachorro-quente e pipoca, garantindo uma tarde inesquecível de alegria e descontração.
“Ver a felicidade estampada nos rostinhos das crianças é o que faz todo o esforço valer a pena. Esse é o nosso momento de retribuir o carinho da comunidade e proporcionar a elas um dia inesquecível” afirmou Rafaele Rodrigues, diretora de quadra.
Foto: Divulgação/UPM
Encerrando o evento, foram sorteados patinetes, bicicletas e outros brinquedos, fechando com chave de ouro uma tarde especial que reforça o compromisso da Unidos de Padre Miguel com a comunidade e suas famílias.
O sábado estava marcado no calendário de todos os fãs do samba paulistano. Na data citada, aconteceu a 9ª edição da Festa do Ziriguidum, dos maiores eventos do carnaval de São Paulo. Sempre organizada pelo Império de Casa Verde, a ocasião reúne outras coirmãs e comunidades para confraternizar e cantar juntos sambas históricos. Em 2024, além do Tigre Guerreiro, estiveram presentes a Mocidade Alegre, o Vai-Vai e a Acadêmicos do Tucuruvi. A grande idealizadora da Festa do Ziriguidum é ninguém mais, ninguém menos que Theba Pitylla. Atualmente, rainha da Barcelona do Samba (bateria do Império de Casa Verde), ela relembrou o motivo pelo qual o evento começou a ser realizado.
Theba Pitylla, idealizadora do evento, e rainha da Barcelona do Samba (bateria do Império de Casa Verde
“A Festa do Ziriguidum foi uma necessidade! A primeira foi realizada em outubro de 2014, porque eu ia participar do concurso para eleger a rainha do carnaval de São Paulo – e a festa foi feita para arrecadar fundos para eu participar. Em 2015, fui eleita rainha do carnaval. A festa foi muito boa e nós colocamos no calendário da escola. Hoje, eu conto com a ajuda da diretoria e do presidente, se tornou algo da própria escola. Já são dez anos!”, animou-se.
Desafios
Organizar um grande evento é sempre algo repleto de barreiras – que, com muito ardor, as escolas de samba conseguem superar. Rogério Figueira, o Tiguês, diretor de carnaval do Império, relatou alguns dos desafios pelos quais o Tigre Guerreiro honrou o apelido e suplantou: “Quando acaba uma festa, a gente já começa a planejar a outra. A gente faz aquele balanço do que funcionou, o que não funcionou. A gente vê quais são as atrações, priorizamos as que nunca vieram – como é o caso da Acadêmicos do Tucuruvi, eles nunca tinham vindo numa festa do Ziriguidum. A gente se prontificou a trazer eles desde lá de trás. A gente vai procurando melhorar sempre para o povo: vamos colocar uma promoção de cerveja, uma promoção de whisky, alguma coisa para trazer também o componente para não ficar naquele esquema repetitivo. Festa de escola de samba tem hora que acaba sendo chata se você não coloca nem um atrativo para o folião. A gente também considera que é uma época ainda longe do carnaval, então a gente procura fazer algumas coisas que funcionem melhor”, destrinchou.
Rogério Figueira, o Tiguês, diretor de carnaval do Império de Casa Verde
Theba vai ainda mais além: “A gente começa a organizar a festa muito cedo. Dá um trabalho, às vezes dá vontade de não fazer por conta de algumas provações… mas, quando chega o dia da festa, a gente vê a galera das escolas de São Paulo e Rio de Janeiro… aí não tem como não fazer. Dá um fôlego, um ânimo para fazer a festa – que é pensada de sambistas para sambistas. Tenho certeza que essa festa vai ser para sempre!”, comentou.
Orgulho
Sobre o sentimento imperiano em relação à Festa do Ziriguidum, Tiguês relembrou de uma edição em especial: “Há anos que a gente organiza essa festa, e ela é uma festa pra sambista de verdade, É a festa das passistas, é a festa que todo mundo quer participar. Para o imperiano é muito prazeroso, até porque o evento ficou muito marcado pela inauguração dessa quadra nova: foi em uma Festa do Zirigdum em 2021. Para a gente foi incrível poder inaugurar a quadra em uma oportunidade tão feliz como a gente inaugurou. Agora, é realizar essa de hoje e segunda-feira começar a planejar o ano que vem”, prometeu, citando o atual terreiro da azul e branca, na Rua Brazelisa Alves de Carvalho – a cerca de apenas cento e cinquenta metros da Dispersão do Anhembi.
Ao falar sobre o evento, Theba exalta o reconhecimento que a ocasião possui: “É um sonho ver a festa tão consolidada! Tudo que se trata do Império é um orgulho para mim. Sou aquela imperiana roxa, para mim tudo está bom. Ver o Império de Casa Verde tão forte e ouvir de sambistas de todas as escolas falando da Ziriguidum é muito bom, é muita felicidade”, comemorou.
Surpresas
Como não poderia deixar de ser, o evento trouxe algumas atrações inesperadas. A primeira delas foi o anúncio da candidata imperiana ao concurso de corte infantil promovido pela Associação dos Sambistas do Amanhã de São Paulo (ASASP), Kenya Morena.
Outro grande momento foi a homenagem a Robson Campos, o mestre Zoinho, que completou vinte anos à frente dos ritmistas da Barcelona do Samba em 2024. Foram exibidas mensagens de diversos personagens importantes para a vida do baluarte – como, por exemplo, Tiguês e dona Sueli, mãe do comandante da batucada imperiana.
Shows (literalmente)
Tradicionalmente, a primeira escola a se apresentar na Festa do Ziriguidum é o próprio Império. Além de um novo alusivo composto após o carnaval de 2024, grandes clássicos da agremiação foram cantados – como “Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (2005) e “Sambando, cantando e seguindo a canção. Vem, vamos embora para a festa da MPB”. Os dois últimos sambas levados para a avenida (“Império dos Tambores – Um Brasil Afromusical”, de 2023; e “Fafá – A Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, de 2024) foram especialmente entoados pela comunidade.
Especializado em show, o Grupo Miscigenação, da Mocidade Alegre, também esteve presente – e fez uma série de performances. A Morada do Samba, por sinal, não se limitou a cantar grandes sambas da própria história: foram executados alguns sambas de 2024 de coirmãs cariocas – casos de “A Negra Voz do Amanhã”, da Mangueira; “Pede Caju que Dou… Pé de Caju que Dá!”, da Mocidade Independente; e “Hutukara”, do Salgueiro.
Por outros caminhos, o Vai-Vai apostou em sambas próprios. Além do tradicionalíssimo esquenta da agremiação, com históricos alusivos e trechos de “Amado Jorge, a História de uma Raça Brasileira” (1988) e “A Volta ao Mundo em 80 Minutos”, foram executados os sambas-enredo do histórico tetracampeonato da Saracura, entre 1998 e 2001 e os sucessos “No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu… Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil” (2017), “A Música Venceu” (2011) e “Simplesmente Elis. A Fábula de uma Voz na Transversal do Tempo” (2015).
Encerrando a noite, a Acadêmicos do Tucuruvi fez mais passagens de sambas recentes que as coirmãs. Vencedor do Estrela do Carnaval, organizado e concedido pelo CARNAVALESCO, em 2024, “Ifá” teve destaque. Canção de 2025, “Assojaba – A Busca pelo Manto” também foi executado diversas vezes. Outros clássicos também tiveram espaço, como “São Luís do Maranhão. Um Universo de Encantos e Magias” (2010), “Oxente, o que seria da gente sem essa gente? – São Paulo, Capital do Nordeste!” (2011) e “O Esplendor da África no Reinado da Folia” (2012).
Rodrigo Delduque, vice-presidente do Zaca, acredita que o já histórico desfile de 2024 é o reflexo de um projeto amplo que acontece na Serra da Cantareira: “Com certeza Ifá nos deixou um ensinamento, nos deixou uma estrutura. Nós conseguimos corresponder visualmente dentro dos critérios de carnaval – e, hoje, estamos colhendo frutos do último desfile da Tucuruvi. As escolas convidando, a gente vem com muita alegria, com o maior prazer para fazer sempre o nosso melhor pela nossa agremiação”, pontuou.
Gratidão e incentivo
Personagens importantes das escolas convidadas aproveitaram para exaltar a iniciativa imperiana. Solange Cruz, presidente da Mocidade Alegre, foi uma delas: “É muito bacana, eu fico muito agradecida em ser convidada! O Império é uma grande agremiação. É sempre uma honra estar participando aqui junto com a galera do Tigre Guerreiro. E, olha, não é a primeira vez que a Mocidade veio na Ziriguidum. E, quando a gente não veio tocar, a gente veio ser homenageado. Uma vez fui eu, outra vez foi o mestre Sombra. É só agradecimentos mesmo, por todo o carinho e recepção do Tigre Guerreiro”, comentou.
Solange Cruz, presidente da Mocidade Alegre
Delduque aproveitou para destacar o quanto incentiva as festas que unem escolas de samba: “Eu sou um cara apaixonado pelo carnaval paulistano, eu sou um cara apaixonado pela cultura. Eu acho que a nossa cultura, quanto mais unida, quanto mais junto estivermos, mais fortalece o carnaval e o samba. Seja lá qual for a quadra, qual for a coirmã, se depender da Tucuruvi, nós vamos estar sempre juntos, sempre atendendo e sempre pedindo para que as escolas também compareçam à nossa quadra”, revelou.
Vice-presidente Rodrigo Delduque, do Tucuruvi
Luiz Robles, diretor-geral do Vai-Vai, traçou um paralelo com a 1ª edição da Festa É Tradição E O Samba Continua, organizado pela agremiação no dia 22 de setembro: “O carnaval mudou e cada vez mais a gente sente a necessidade de estar incorporando escolas de samba nos ensaios, fazendo festas. Inclusive a nossa festa a gente já pretende deixar no calendário porque é o que traz o público hoje. O público de samba gosta de samba, e nada melhor para chamar atenção que as escolas. Isso é necessário. O Ziriguidum, a festa deles hoje, é necessário ter outras escolas porque o público vem. Para mim, vejo que é positivo”, balanceou.
Luiz Robles, diretor-geral do Vai-Vai
Ao citar a multiplicação das festas de escolas de samba paulistanas, Solange passou uma informação em primeira mão para o leitor do CARNAVALESCO: “Eu acho incrível essas festas, a gente tem mais que aprimorar, fazer esse pessoal vir curtir muito mais a nossa cultura, fazer com que eles participem, vejam e visitem as quadras das agremiações para que fique cada vez melhor. Eu acho super importante essa integração que todas as escolas fazem aqui. São Paulo é muito lindo nesse ponto, eu acho muito bacana esses convidas. Aliás, a Mocidade Alegre vai estar dia 16 de novembro no Salgueiro e dia 14 de dezembro na Mangueira”, revelou.
Robles aproveitou para destacar que a reciprocidade é sempre bem-vinda pela Saracura: “Para nós, sempre é uma honra estar com as escolas de samba. A gente gosta de se apresentar, de estar presente nas festas. E é como a gente fala: para eles, ter o Vai-Vai, eu acredito que seja positivo. A gente acaba sendo contemplado e somos chamados bastante para as festas. E a gente vai, viu?”, finalizou.