A Unidos de Bangu gravou oficialmente o samba-enredo para o álbum da Liga-RJ, no estúdio, em Marechal Hermes. Com o enredo “Maraka’Anandê – Resistência ancestral”, desenvolvido pelos artistas Raphael Torres e Alexandre Rangel, sobre a história e a resistência da Universidade Indígena Aldeia Maracanã, a equipe de reportagem do CARNAVALESCO esteve presente na gravação.
Igor Vianna encabeça o carro de som da escola pelo segundo ano consecutivo. Ele revelou qual é o sentimento de gravar o samba-enredo, devido a sua história com a vermelho e branco.
“Cada ano são novas emoções e grandes expectativos. É uma felicidade imensa estar representando o pavilhão mais antigo da Zona Oeste. A Unidos de Bangu possui um lugar cativo no meu coração, pois ajudei a compor o samba de quando a escola voltou a desfilar em 2013. E depois realizei uma breve passada para voltar em 2020, mas fui passear e voltei, de novo, em 2024 para me manter no próximo ano”.
Intérprete Igor Vianna. Fotos: Gabriel de Souza/CARNAVALSCO
O enredo exalta a cultura e a luta da Aldeia Maracanã em um cenário urbano. Desse modo, Leandro Augusto, presidente da Unidos de Bangu, compareceu ao estúdio e falou sobre a importância de levar essa narrativa para a Avenida.
“É um enredo que precisava ser feito. É a primeira aldeia urbana do Rio de Janeiro e sofre uma covardia com o poder público. A Bangu está brigando pelo povo indígena e pela cultura do nosso país. Eu estou apaixonado pelo samba-enredo”.
Reforço da luta pelo território
O mestre de bateria, Laion, comanda a “Caldeirão da Zona Oeste” pela terceira vez consecutiva. No carnaval passado, ele gabaritou o quesito, para manter a continuidade no trabalho, Laion comentou como foi a gravação.
Mestre Laion
“É uma sensação imemorável e de muita felicidade. É uma temática que já trabalhei, ou seja, o tema indígena. A Bangu, neste carnaval, vem em defesa dos povos originários em sentirem ameaçados, principalmente, com a questão da perda do lar. O nosso samba vem reforçando isso. Eu me sinto muito orgulhoso, pois acredito que a comunidade irá gostar”.
O samba-enredo é composto por Junior Fionda, Romeu d’Malandro, Jonas Marques, Junior Falcão, Fábio Bueno, Juca, JV Albuquerque, Gulle, Edu Casa Leme, Jorginho Via 13 e Marcelinho Santos. A letra pontua a luta da Aldeia pelo direito à terra e ao não despejo das forças públicas. Desse modo, Laion nos conta qual foi a construção da melodia para acompanhar a parte lírica.
“Não utilizamos nenhum instrumento específico na gravação, mas na Avenida teremos. A parte da bossa, musicalmente falando, joga em uma temática indígena”, contou Laion.
Em 2025, a Unidos de Bangu irá se apresentar no sábado de Carnaval, segundo dia de desfiles da Série Ouro, sendo a quarta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí.
A Acadêmicos de Vigário Geral realizará seu primeiro ensaio de rua, nesta quinta-feira, 28 de novembro, na Praça Catolé do Rocha, em Vigário Geral. O ensaio marca o início da preparação para o Carnaval 2025, onde a escola levará para a Avenida o enredo “Ecos de um Vagalume”.
O enredo faz uma homenagem ao jornalista Francisco Guimarães, que com suas crônicas, retratou o cotidiano da comunidade e do Rio de Janeiro com uma sensibilidade, abordando temas como a luta pela dignidade humana, as memórias afetivas das pessoas simples e a busca constante por justiça e liberdade. A concentração será no Bar do Bibil, localizado em frente à Praça, a partir das 19h.
Serviço
Primeiro ensaio de rua dos Acadêmicos de Vigário Geral
Quinta-feira, 28 de novembro, a partir das 19h
Praça Catolé do Rocha 4, Vigário Geral
A Unidos de Bangu anuncia a chegada de Leandrinho Silva como o novo 2º mestre-sala da escola para o Carnaval de 2025. Natural de Bangu e da comunidade, Leandrinho iniciou sua trajetória no samba através do projeto Manoel Dionísio e também fez parte da ala de passistas da própria Unidos de Bangu. Sua paixão pela dança o levou a outras grandes agremiações, como a Estrelinha da Mocidade e os Acadêmicos de Santa Cruz.
Com o retorno de Leandrinho à agremiação, agora como segundo mestre-sala e formando parceria com Cris Soares, a Unidos de Bangu segue valorizando e investindo nos talentos da casa, reforçando seu time e se preparando para o Carnaval de 2025, quando levará para a avenida a força e a resistência da Aldeia Maracanã.
A Em Cima da Hora abriu inscrições para a sua ala de cmunidade para o Carnaval 2025. Os interessados deverão preencher as fichas disponibilizadas nas redes sociais da escola e efetuar o pagamento de uma taxa no valor de R$ 70 e atender ao requisito de presença obrigatória em todos os ensaios técnicos da escola. Os ensaios ocorrem semanalmente, às quartas-feiras, no Parque Madureira (Portão 2), com concentração às 19h30.
Neste carnaval, a agremiação apresentará o enredo “Ópera dos terreiros – O canto do encanto da alma brasileira”, uma criação assinada pelo carnavalesco Rodrigo Almeida. A Em Cima da Hora será a sétima escola a desfilar na Série Ouro da Liga-RJ, no dia 28 de fevereiro de 2025, sexta-feira, na Marquês de Sapucaí.
Atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Viradouro apresentou alguns figurinos do abre-alas e de alegorias para o Carnaval 2025. A escola, no ano que vem, terá o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.
Sobô Nirê Mafá! Saudação para “Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena. Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Alegoria 04 “Matriarcas Ajuremadas” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman – Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier LucasSobô Nirê Mafá! Saudação para “ Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena. Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Abre-alas e Alegoria 02 “Espíritos Incandescentes” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman – Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier LucasSobô Nirê Mafá! Saudação para “Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena. Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Abre-alas e Alegoria 02 “Ancestrais do Fogo” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman – Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier LucasSobô Nirê Mafá! Saudação para “Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena . Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Alegoria 03 “Protetores da Mata” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman – Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier LucasSobô Nirê Mafá! Saudação para “Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena. Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Alegoria 05 “Oferendas para Malunguinho” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman – Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier LucasSobô Nirê Mafá! Saudação para “Reis Malunguinho”. Uma entidade afro-indígena. Ora Caboclo, Ora Mestre, Ora Exu Trunqueiro. E assim a Unidos do Viradouro caminha forte rumo ao Carnaval 2025. Alegoria 06 “Festa e Reparação” Venha fazer parte dessa história. Contato para vendas : Lu Altman . Tel 21 999914504 (whatsaap) Ficha Técnica Criação: Tarcisio Zanon Desenho de Figurino: Roberto Monteiro: Confecção : Atelier Alessandra Reis e equipe. Registro Fotográfico: Renata Xavier Direção de movimento: Marcio Moura Maquiagem: Christina Gall e equipe Iluminação: Leandro Lucas e JPC Iluminação Transporte: Edilson Mude Home Modelos: Pablo Jalles, Thais Timóteo, Naiara Gonçalves e Clara Xavier Lucas
Com o desfile do Carnaval 2025 cada vez mais próximo, o GRES Acadêmicos do Salgueiro intensifica os preparativos e realiza, nesta quinta-feira, seu primeiro ensaio de rua. A partir das 20h, “os macumbeiros mandingueiros” salgueirenses tomam conta da Rua Maxwell, na altura do Tijolinho, para trabalhar canto e evolução.
“Os ensaios de rua são fundamentais para que a gente garanta o melhor desempenho dentro de cada quesito. Temos uma comunidade bastante presente, e os primeiros ensaios dentro da quadra já mostraram a garra que o nosso componente sempre apresenta”, destacou o presidente André Vaz.
O ensaio reunirá todos os segmentos da escola, um dos momentos mais aguardados no aquecimento para o grande desfile. Para Igor Sorriso, intérprete que lidera o carro de som, a participação do público é um ponto alto.
“É muito bom sentir a energia e vibração do público. Eles são um termômetro para nós e um incentivo ainda maior para que a gente possa buscar a perfeição a cada semana”, afirmou Sorriso.
Em 2025, a Vermelho e Branco levará à Marquês de Sapucaí o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, criado por Igor Ricardo e desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. A narrativa mergulha nas tradições místicas e espiritualistas que prometem proteger o corpo contra males físicos e espirituais, conectando influências africanas, europeias e indígenas da cultura brasileira.
O Acadêmicos do Salgueiro será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, 3 de março de 2025.
Serviço
Primeiro Ensaio de Rua do Salgueiro
Rua Maxwell, altura do Tijolinho
Quinta-feira, 28 de novembro
Local: 20h
Com uma introdução ao som de piano e a força do canto da Vila Pompéia, o Águia de Ouro realizou no dia 8 de outubro, na Fábrica do Samba, sua gravação para o projeto audiovisual da Liga-SP para o álbum oficial dos sambas-enredo para o carnaval de São Paulo de 2025, lançado nesta semana nas principais plataformas digitais. A obra assinada pelos compositores Rapha SP, Marcus Boldrini e Marcelo Nunes fará parte do desfile da Azul e Branco, que será a primeira escola a desfilar no sábado pelo Grupo Especial com o enredo “Em Retalhos de cetim, a Águia de Ouro do jeito que a vida quer”, assinado pelo carnavalesco André Machado. Apostando em um samba carregado de referências a sucessos do sambista Benito Di Paula, que será homenageado pela escola no próximo carnaval, o Águia de Ouro contará com a emoção para conquistar o Sambódromo do Anhembi. A equipe do CARNAVALESCO conversou com diferentes lideranças da escola para conhecer detalhes da preparação para essa gravação.
Celebrando a primeira vitória em um concurso promovido pelo Águia de Ouro e fã de Benito di Paula, o compositor Raphael Sinopoli, o Rapha SP, falou sobre a importância da obra escolhida pela escola da Vila Pompéia para sua carreira.
“Esse samba para mim tem uma importância muito grande não só por ser o primeiro samba que eu componho para o Águia de Ouro, que é uma escola que eu sempre admirei bastante e sempre tive um carinho, mas nunca tive essa oportunidade de compor. Também é por falar de Benito di Paula, que é um artista que eu sou muito fã e eu vivo da música, sou músico, eu trabalho com isso, eu vivo disso. É um artista que desde criança sempre acompanhei o trabalho dele, sempre fui muito fã da música dele, das composições dele, da forma dele conduzir aquilo com o piano, o samba no piano. Poder fazer parte dessa homenagem para mim é uma coisa que vou levar para sempre na minha vida”, declarou.
Rapha SP acredita que as referências a obras que marcam a carreira de Benito di Paula podem ser o diferencial para o bom rendimento do samba do Águia de Ouro, gerando um sentimento de identificação da parte do público.
“Creio eu que ele vai causar um grande impacto não só pelo tamanho do artista que está sendo homenageado, mas também pelas obras que são de conhecimento nacional. As músicas dele são de conhecimento nacional e elas são citadas ali no samba, tem trecho das músicas. Creio que a maioria das pessoas que vão estar ali acompanhando ou que vão estar acompanhando pela televisão conhecem e vão se identificar com aquilo. Tem frase que emociona, tem frase que é para chorar, tem frase que é uma alegria maravilhosa. Ele mescla muito bem tudo isso, todas essas emoções. Ficou um samba muito bom, muito fácil de ser cantado e creio que vai ser muito bem executado pelo Água de Ouro na Avenida”, afirmou.
O samba do Águia de Ouro para 2025 tem no refrão principal seu momento mais chamativo, mas para Rapha SP o começo da primeira parte do samba é o trecho que mais mexe com seu coração.
“O samba tem várias partes que eu gosto. Ele foi muito bem construído, tanto a letra quanto a melodia, foi tudo muito casado e muito bem pensado, mas uma parte que realmente me orgulha de ter feito é a cabeça do samba. O refrão do samba é maravilhoso, é uma explosão maravilhosa, mas a cabeça do samba eu acho que é um negócio que realmente mexe comigo e é uma das partes do samba que eu mais gosto, que é: ‘Retalhos de cetim dão vida e cor à inspiração. Já comprei surdo e tamborim pra me vestir de emoção. Moço, aumenta esse samba que o verso não para. Batuque mais forte, a tristeza se cala’. Essa parte, essa embalada do começo aí para mim é a minha parte preferida”, disse.
Assinatura do homenageado
O arranjador do samba para a faixa oficial do Águia de Ouro, Chanel Rigolon, explicou a estratégia adotada para a gravação. O artista teve uma preocupação especial em destacar a essência dos instrumentos que são assinatura de Benito di Paula em conversas com o músico Cristiano Gibi, que também participou das gravações de maneira especial.
“Como fala do Benito, uma lenda viva do nosso samba, a primeira coisa que a gente pensou foi no piano, em uma introdução que lembrasse alguma música dele. Nessa, conversei com o Gibi e mostrei para ele algumas ideias e teve um pedido: ‘faz junto com o cavaquinho’. Falei: ‘acho que é um especial só, uma homenagem para o Benito’, então no começo da introdução, na largada do samba, só tem o piano. A gente fez a introdução baseada em um trecho do samba que fala da parte do Benito, justamente uma parte menor, bonita, aí sim a gente foi distribuindo. Interessante que no refrão do meio também tem um acordeão, então o próprio Gibi, que gravou o piano, foi no refrão do meio e vai ficar intercalando entre o piano e o acordeão. Normalmente eu já tenho esse hábito de fazer os arranjos e as dobras junto com corda pensando também em batucada, então é como uma conversa. Muitas coisas eu vou fazer junto com o violão, outras coisas eu faço junto com bandolim, então vai virando uma conversa. De repente eu faço uma pergunta e outro instrumento responde, ou a percussão tocou de alguma maneira e eu respondi. Desde 2000, quando comecei a fazer arranjo e entrar no carnaval que eu venho fazendo esse tipo de pensamento diferente. Eu não sou do choro, mas gosto muito do choro e nele acontece muito isso. Você pega os arranjos do Pixinguinha, tem muita coisa que já é obrigação naquela frase. É que nem aqui, nessa parte menor em especial. Tem um trecho que a gente padronizou todo, a gente fez com todas as cordas. Fiz cavaco, bandolim e sete cordas, e o piano fazendo também, pensando em resposta da voz e pensando junto com a harmonia”, disse.
Chanel elogiou a confiança do Águia de Ouro em seu trabalho e citou algumas características que costuma aplicar em seus trabalhos como arranjador.
“Posso falar que, graças a Deus, o Águia tem um respeito enorme e confiança no trabalho. Eles deixam à vontade mesmo, então dificilmente alguma coisa que vou sugerir é cortada. Essa confiança, essa troca, já não é o primeiro ano. Eu já faço há muito tempo no Águia também, então se tem uma coisa pra falar é isso. Esse respeito mesmo, esse carinho, esse cuidado, respeitando cada um. A mesma coisa do Douglinhas, a gente já pensa no grito, ou seja, você vai na introdução pensando no grito de guerra. ‘Essa é aquela parte onde o Douglinhas tem que dar o grito, é a parte em que ele vai brilhar’. ‘Nessa parte aqui a batucada vai’. Tudo é meio pensado. ‘A faixa tem 5 minutos e 35 segundos, então vamos fazer isso de introdução, vamos fazer isso aqui’. Tem essa questão dessa organização, mas sempre perguntando para eles, eu nunca defino nada. Normalmente não mexem, mas eu sempre mostro. Faço questão de mostrar”, declarou.
Comunidade presente de corpo e alma
A diretora de carnaval Jacqueline Meira, que acompanhou a equipe do Águia de Ouro nos trabalhos orgulhosa da apaixonada comunidade da Vila Pompéia, falou sobre o que o mundo do samba pode esperar da faixa da escola para o álbum oficial do carnaval de 2025.
“O pessoal está empenhado em fazer uma belíssima apresentação. O pessoal está muito feliz com o nosso enredo, e o Águia de Ouro é uma escola que canta muito, graças a Deus. A galera vai fazer um lindo show para vocês”, declarou.
São as pessoas que fazem a diferença no sucesso de uma escola de samba, e a comunidade do Águia de Ouro se fez presente na gravação. Jacque celebrou a presença do povo da Vila Pompéia ao falar das pessoas que fizeram parte dos trabalhos da escola.
Diretora de carnaval Jacqueline Meira
“Hoje nós estamos com a nossa comunidade na gravação. Temos a nossa rainha, Renata Spallicci, mas hoje é a comunidade. É uma festa, uma celebração da comunidade de ter voltado o audiovisual, todo mundo está feliz. É só a comunidade mesmo”, afirmou.
Mesmo fazendo parte da comunidade da escola desde a infância, para a diretora cada etapa do ciclo carnavalesco sempre é especial. Questionada sobre o sentimento de estar presente no processo de gravação da faixa oficial, Jacque fez uma verdadeira declaração de amor ao Águia de Ouro.
“Falar de Águia de Ouro, mostrar o Águia de Ouro, para mim é uma das coisas mais importantes. Estou muito feliz, amo muito minha escola e sou muito grata aos meus componentes, que são os nossos maiores tesouros. Fico muito honrada sempre que posso mostrar o Águia, vestir o Águia, falar de Águia e cantar Águia”, disse.
Sambas de homenagem tendem a ser emocionantes, e para celebrar Benito di Paula o Águia de Ouro traz uma obra carregada desse sentimento. Para Jacque Meira, definir uma parte que mexe mais com o coração é desafiador.
“Os refrões são muito marcantes, são muito fortes. Mas se tratando de Benito di Paula, trazemos os versos com as obras dele, então fica difícil escolher uma parte do samba. E eu amo o samba demais. O samba é extremamente melódico, é bem bacana. Eu não consigo dizer mesmo qual a melhor parte do samba”, opinou.
Foco no resultado
O presidente do Águia de Ouro, Sidnei Carriuolo, também é o presidente da Liga-SP, e foi o idealizador do retorno das gravações do álbum oficial no formato ao vivo. O dirigente celebrou a realização dos trabalhos, que foram interrompidos em função da pandemia da Covid-19.
“Acho que são resgates que a gente tem que fazer. Tem que lembrar que a pandemia nos tirou muita coisa, a pandemia fez muito mal ao carnaval e ele está retomando. Isso é uma retomada legal, a gente está com bons olhos justamente por causa disso”, comemorou.
O presidente destacou a presença dos instrumentos que são assinatura dos trabalhos de Benito di Paula na composição da faixa oficial nos trabalhos do Águia de Ouro. “O que a gente vai fazendo é introduzir o piano. Vai ser o diferencial. Tem também uma sanfona, que a gente vai estar colocando na gravação. O importante é a gente gravar o samba bem para as pessoas assimilarem e aprenderem o samba, isso que é o mais importante”, disse.
Sidnei tem como característica conhecida o pleno foco em todas as atividades relacionadas ao carnaval. Destacou seu trecho favorito do samba do Águia de Ouro, mas reforçou que a prioridade é obter o melhor resultado para que a comunidade se beneficie dele.
“O refrão porque também tem referência à música do Charlie Brown, que já está acostumada no ouvido das pessoas. O importante é você gravar o samba bem, que as pessoas consigam ouvir legal e possam cantar dentro daquilo que é realmente a obra”, declarou.
Homenagem ao ídolo nas vozes de lendas
Vida e obra do sambista do Rio de Janeiro radicado em São Paulo Benito di Paula terão o clamor na Avenida comandado pelas vozes do paulista Douglinhas Aguiar e do fluminense Serginho do Porto, nomes também históricos do samba brasileiro. Os cantores falaram da preparação que fizeram para realizar a gravação da faixa oficial do Águia de Ouro.
“A gente fez uma preparação espiritual. Normalmente faço uma mentalização grande do que vai acontecer. Eu imagino, mais ou menos, a cena de como a gente vai estar gravando, o que a gente vai falar, o que a gente vai fazer, e a gente tem vibrações positivas para chegar e fazer o melhor trabalho possível”, declarou Douglinhas.
“Acho que a nossa energia positiva transforma tudo isso, e a maior preparação para que a gente faça esse desenvolvimento maravilhoso é descansar. É a gente estar com a mente bem positiva, sabendo que o nosso samba é maravilhoso, que a escola tem um carnaval para 2025 maravilhoso para pôr na Avenida, então, isso tudo mexe com a gente”, afirmou Serginho.
Para Douglinhas, técnica e emoção se fazem necessário pelo fato de o samba-enredo ser um gênero musical diferenciado.
“Não, é tudo junto. Samba-enredo é uma modalidade muito difícil, acho que é a modalidade mais difícil de ser cantada, de verdade. Sempre falo o seguinte: samba enredo é uma maratona corrida na velocidade de 100 metros rasos, ou seja, é extenso e toda a passagem é ali, é no gás. O sambista é um maratonista rápido.”
Douglinhas e Serginho exaltam o fato de Benito di Paula poder receber tamanha celebração em vida. Os veteranos intérpretes demonstraram grande admiração pelo homenageado ao falarem do sentimento de darem voz ao samba do Águia de Ouro na gravação oficial.
“A emoção grande porque o Benito está vivo. Todas as homenagens que as pessoas fazem, normalmente a pessoa já não está mais aqui e o Benito não. Ele vai estar aqui, vai estar desfilando com a gente, e o samba foi feito na primeira pessoa, é como se o Benito estivesse cantando. É uma emoção muito grande”, afirmou Douglinhas.
“São flores em vida, e essa é uma homenagem inédita. É a primeira vez que o Benito di Paula é enredo, tanto no Rio quanto São Paulo ou em qualquer outra parte do Brasil. Essa homenagem em vida para ele está sendo maravilhosa para todos nós do Águia de Ouro. Meu ídolo, como é ídolo também do Douglinhas. A gente cresceu ouvindo o Benito di Paula juntamente com todos os nossos familiares. Vai ser emocionante não só para o Benito como para toda a escola”, disse Serginho.
Entre o refrão e a cabeça do samba, os intérpretes apontaram diferentes partes da obra do Águia de Ouro para 2025 como as que mais mexem com seus corações.
“Para mim esse samba é maravilhoso, mas eu acho que todas as partes são muito boas. Mas o refrão, acho que já está na boca de todo mundo. É muito fácil, é bonito”, afirmou Douglinhas.
“Eu gosto muito da abertura do samba porque descreve um pouco do Benito. Aquele Benito que desceu a serra e foi para a Tijuca, para o Morro da Formiga e depois veio para a terra da garoa e tomou esse caminho todo grande. ‘Retalhos de cetim, dão vida e cor à inspiração. Já comprei surdo e tamborim para me vestir de emoção’. É muito forte”, opinou Serginho.
Estratégias da bateria de mestre Juca
Comandante de longa data da “Batucada da Pompeia”, mestre Juca falou sobre o plano elaborado para andamento e bossas no samba do Águia de Ouro para a gravação oficial.
“O andamento foi um 146 BPM. Acho que para a gravação, com essa levada de caixa, é o ideal. Todos os diretores, ritmistas, todos nós elaboramos as bossas. A gente fez lá um apagão no começo, na cabeça do samba, e a gente tem também, que a gente vai levar para a avenida, um forró na parte do samba que fala do Luiz Gonzaga”, disse.
Mestre Juca é quase que sinônimo de Águia de Ouro. É um dos integrantes mais longevos da história da escola, sendo mestre de bateria há mais de 30 anos. Para o artista, a confiança em seus ritmistas o permite realizar seu trabalho com tranquilidade.
“São muitos anos já à frente da bateria do Águia de Ouro, então eu me sinto tranquilo. A rapaziada sabe o que tem que fazer, então venho para cá tranquilo que eu sei que vai dar bom”, afirmou.
A Independente Tricolor reuniu sua equipe no dia 7 de outubro para a gravação do projeto audiovisual da Liga-SP para o álbum oficial dos sambas-enredo do carnaval de São Paulo de 2025, lançado nesta semana nas principais plataformas digitais. O trabalho da escola se destacou pela qualidade técnica e comprometimento da comunidade presente no coral para clamar a obra assinada pelos compositores André Diniz, Evandro Bocão, Mirandinha Sambista, Rodrigo Peçanha, Fábio LS e o intérprete Chitão Martins. A Maior Família Tricolor do Brasil será a terceira agremiação a desfilar pelo Grupo de Acesso com o enredo “Gritos de Resistência”, assinado pelo carnavalesco André Marins.
Buscando o retorno ao Grupo Especial após a queda em 2024, a Independente Tricolor renovou parte de sua diretoria e começa a colher os frutos. A técnica da ala musical aliada ao bom trato dos representantes da comunidade presentes no coral, que se sentiram parte do processo e cantaram de forma espontânea e animada o samba, mostram que a escola está levando a sério o principal objetivo para o ciclo do próximo ano. A equipe do site CARNAVALESCO conversou com diferentes lideranças dos segmentos da Independente para saber mais sobre a preparação realizada para a gravação.
Foto: Igor Souza/Divulgação Liga-SP
Identidade Independente com essência carioca
Estreando na função de diretor musical, Digo Sá foi o encarregado pelos arranjos da faixa da Independente Tricolor. O diretor exaltou o comprometimento da comunidade ao longo dos ensaios e detalhou qual foi o plano elaborado para a execução musical da gravação do samba, que é assinado majoritariamente por compositores do Rio de Janeiro.
“Viemos com o arranjo pensando nas características da escola. A Independente todo ano tem uma característica de um samba que é polivalente, com as introduções que marcam, e procurei trazer isso sem mexer na essência da escola. A gente procurou manter essa essência de uma introdução bem melodiosa, pesada e do samba que veio do Rio de Janeiro, um samba bom que agradou muito a comunidade. Procurei deixar o samba mais com a essência do pessoal mesmo do Rio, sem mudar muito o arranjo. O samba já veio praticamente pronto, a gente trocou uma palavra ou outra. Em termos de cordas coloquei uns arranjos um pouco mais ousados, os ataques de cordas e os contratempos de cordas. E em relação aos instrumentos, a gente vai com o time da escola, que é o meu time de cordas. É meu primeiro ano, confio muito no meu time. Senti isso nos ensaios, o pessoal está bem determinado e a gente está muito focado em voltar para o grupo Especial do carnaval. Mantive muita essência, procurei não sair tanto, pensando na escola. Não polemizando, mas a gente vê muitos arranjadores que procuram deixar a marca deles, mas esquecem que a gente tem que trabalhar para a escola. Eu pensei nisso e falei: ‘eu vou trabalhar de uma forma que eu tenho que agradar a minha bateria, que eu tenho que agradar meus diretores, meu pessoal’. A essência foi essa”, explicou.
Diretor musical, Digo Sá
Para o samba de 2025, a Independente optou por seguir uma abordagem mais conservadora, focando na identidade do gênero musical e sem adicionar instrumentos que não sejam os tradicionais.
“Priorizei muito as características de samba-enredo mesmo, com cavacos e violões, apenas isso. Como o samba pede um ato de resistência, preferi deixar a resistência do carnaval mesmo. Os cavacos na cara, violão na cara, os solos ali naqueles momentos e priorizando principalmente a escola. Evitei teclados, evitei sopros, o que eu quero é mostrar a resistência do carnaval”, afirmou Digo.
Um rebaixamento é sempre doloroso, mas a Independente está disposta a dar a volta por cima. O diretor demonstrou confiança com o trabalho realizado pela escola e afirma que o foco é na família tricolor.
“A Independente virá forte. Estamos com um samba bom, que agradou muito a comunidade e que é um ato de resistência. Tenho certeza que de a gente virá para um Carnaval muito bonito. A escola está trabalhando muito. Já nos primeiros dias a gente sentiu que a comunidade, pelo fato do que aconteceu em 2024, está um pouco ainda com o coração ferido, mas tem uma garra. Eu senti nesse meu primeiro ano que a escola tem muita garra e está com muita vontade de voltar para o Especial. A gente vai trabalhar só nisso, o samba vai ser para a escola. Não para mim, que sou o arranjador. Não para o mestre Cassiano, não para o Luiz, que é o diretor. O samba é para a escola e a gente vai trabalhar para isso”, concluiu.
Todos os setores representados na gravação
Outra novidade para a equipe da Independente, o diretor de carnaval Ronny Potolski comemorou o retorno das gravações ao vivo para o álbum oficial do carnaval de São Paulo ao falar das expectativas para o trabalho realizado.
“É um grande produto o samba ao vivo, ainda mais no formato que a Liga-SP está propondo. Voltando, principalmente no pós-pandemia, é mais um sinal de que o carnaval está firme e forte, e a Independente vem aí dando seu grito de independência”, declarou.
Ronny contou que a ideia ao montar a equipe que esteve presente na gravação da Independente Tricolor foi a de garantir que todos os componentes da escola se sentissem representados de alguma forma nos diferentes segmentos da gravação.
Ronny Potolski, diretor de carnaval
“A gente apresentou uma ideia de todos os setores estarem representados pelo menos com algum componente. Lógico, não dá para vir a escola toda pela limitação física, mas todas as alas estão presentes. São chefes de alas de alguns componentes, trouxemos o casal oficial representando o quadro de casais, a comissão de frente está presente, musas e passistas também, baianas, harmonia, alegoria. São vários setores. Ala musical, é claro, bateria, vários setores que participaram dessa pré-produção nossa. A gente fez alguns ensaios anteriores à gravação, e hoje é transformar isso em um grande produto para o carnaval de São Paulo”, explicou.
O diretor citou os elementos do samba da Independente que mais lhe agradam. “É um samba que acho que tem nuances melódicas muito bonitas, mas a saída da segunda, depois do refrão de meio, que fala da causa praieira e dos pontos do candomblé, eu acho que é a parte que mais me toca por ser melodicamente bonito e de ter palavras de resistência cultural no meio da letra do samba. Tem uma parte histórica e também uma parte cultural muito legal”.
A relação do momento da escola com a situação do Brasil tem um significado especial para Ronny Potolski na missão de comandar a equipe da Independente Tricolor nos trabalhos da gravação do samba.
“Acho que para a escola é grito de resistência mesmo. A escola vem de um resultado de descenso, então é um enredo que tem a ver com ela, tem uma característica dela. O momento do país também pede isso, um grito de resistência em várias frentes da sociedade. Particularmente para mim, estar esse ano à frente da escola junto com a diretoria, liderando o projeto, é um desafio bem legal. Sempre difícil, mas acima de tudo prazeroso”, afirmou.
Foco na correção de erros e valorização da comunidade
Responsável direto pela preparação do coral da Independente, o diretor de harmonia Ulisses Ozzetti falou sobre as expectativas para a gravação da faixa da escola para o álbum oficial do carnaval de 2025.
“Eu espero que a nossa comunidade arrebente, que nós venhamos com esse propósito. Fizemos ensaios na quadra, durante três semanas, para o pessoal pegar bem o samba e para a gente fazer a gravação o mais rápido possível, porque a ideia não é ficar muito tempo gravando. A gente faz os ensaios já para isso, para quando chegar aqui já matar de uma vez. Espero que a escola faça uma gravação maravilhosa como faz os ensaios”, declarou.
Ulisses Ozzetti, diretor de harmonia
Ulisses gosta do samba da Independente como um todo e valorizou as características da obra ao falar qual parte mais lhe agrada. “Acho que o samba inteiro conta uma história, o samba inteiro é legal e é um samba fácil. Ele não é um samba longo, não tem palavras difíceis. É um samba fácil que acaba virando um ‘chicletinho’, esse é o bom do nosso samba desse ano. Para o nosso trabalho de pista, de chão, facilitou muito e a gente já percebeu nesses ensaios de coral”, opinou.
A Independente Tricolor focou em consertar os erros cometidos no passado aliado às características da comunidade para reverter os resultados do carnaval de 2024, de acordo com o diretor.
“A escola já tem o pessoal da gente, já tem a nossa comunidade. Nós estamos só reforçando o trabalho em cima dos erros que a gente teve no último carnaval para melhorar, para consertar os erros e a comunidade vir com aquela alegria que vem sempre. Nossa comunidade tem uma pegada forte por ser oriunda de torcida. Já tem uma pegada, uma vontade diferente então a gente está usando isso”, afirmou.
Ulisses valorizou a oportunidade de mostrar ao mundo do samba os frutos do trabalho realizado ao falar do sentimento de participar das gravações do projeto audiovisual da Liga-SP para o carnaval de 2025.
“A importância para mim, por exemplo, é que é o primeiro passo. Você constrói um samba, você trabalha em cima do samba. Essa gravação, o audiovisual, é a primeira vez que a gente vai mostrar o nosso trabalho para fora. Essa é a importância para nós, é fazer um trabalho legal para mostrar para fora a força da nossa comunidade”, disse.
Amor ao samba na voz da emoção
Em seu segundo ano na Independente, o intérprete Chitão Martins falou sobre a preparação que fez para participar da gravação do samba que defenderá no Anhembi no próximo carnaval.
“Primeiro, o prazer é sempre nosso de estar falando com vocês. A preparação é a normal do dia a dia. A gente descansa bem, chega aqui e faz um bom aquecimento vocal, ainda mais hoje que está um ventinho gelado. A gente se prepara bem para estar com a voz bem aquecida para poder fazer um grande trabalho lá dentro”, disse.
Como a ideia do álbum oficial do carnaval de 2025 é passar a sensação de estar ouvindo o samba na Avenida, Chitão acredita que a abordagem tem que ser equivalente.
“Hoje como é uma gravação diferente, um lance ao vivo, eu procurei trazer a emoção como se fosse na Avenida mesmo. Procurei transmitir bastante emoção e alegria, que é a minha característica. Geralmente, quando é gravação no estúdio, a gente procura pôr um pouco mais de técnica e trazer a emoção na segunda parte do samba, para trazer aquela garra, mas aqui, um clima de ao vivo, a gente tentou trazer a emoção no samba inteiro”, explicou.
O intérprete exaltou a confiança da escola e o trabalho dos compositores ao falar sobre o sentimento de cantar o samba de 2025 na gravação do álbum oficial.
“Sentimento maravilhoso de paixão ao pavilhão e de amor ao samba, de amor à música. Graças a Deus, sempre consegui cantar na Avenida bons sambas e esse ano mais uma vez é um bom samba. Eu só tenho que ser grato à Independente por confiar no meu trabalho e grato aos compositores, apesar de eu estar assinando a obra também, mas grato aos compositores por me dar essa obra maravilhosa”, celebrou.
Para Chitão Martins, o trecho do samba que mais lhe chama atenção está na parte final da obra. “O samba todo é legal, mas aquela finalzinha ali do samba… ‘Jovem, olhar da esperança pintando a cara, na rua, favela a gente não para, pois o samba é revolução’, acho que isso é uma parte forte do samba”, opinou.
Valorizar a letra do samba é prioridade da bateria
Realizando a preparação da bateria “Ritmo Forte” para a gravação, o mestre Cassiano Andrade falou sobre a estratégia planejada de andamento do samba.
“A gente pretende colocar 146 bmp. Acho que é a nossa proposta para a escola, de um andamento um pouquinho mais para a frente do que a gente costuma fazer, mas está dentro ainda do que a gente já faz em ensaios. Vamos ver a energia, que às vezes pode ser um pouquinho mais para trás. Tudo depende de como começa, é só na hora de gravar que a gente vê o que tem de necessidade mesmo”, contou.
Mestre Cassiano Andrade
Na visão do mestre, a prioridade da gravação está em destacar a letra do samba, o que o faz preferir uma abordagem mais simples quanto a aplicação de bossas no samba.
“Eu vou colocar uma bossa afro no refrão do meio que é ‘picotadinha’, bem legal, dentro da melodia do samba, na introdução e no final. A gravação valoriza mais a letra, não cabe encher de muitas bossas não. Uma bossa só está bom”, explicou.
Cassiano Andrade falou sobre o sentimento de comandar a “Ritmo Forte” em mais uma gravação para o álbum oficial do carnaval.
“O sentimento é mais que um dever cumprido. A gente imprimiu o que ensaiamos há tantos meses aí. É chegar e fazer o que tem que ser feito bem feito com o que está sendo ensaiado junto com a ala musical. A gente vai dar o nosso melhor para fazer uma boa gravação. Se Deus quiser, vai dar tudo certo”, concluiu.
A Grande Rio gravou a sua faixa para o álbum das escolas de samba, no último dia 9 de outubro, no Century Estúdio. A escola de Caxias levará para a Sapucaí o enredo “Pororocas parawaras”, dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad. Alguns dos integrantes da escola conversaram com o CARNAVALESCO sobre a gravação da faixa da Tricolor de Caxias. O intérprete Evandro Malandro contou como foi a preparação para a gravação da escola, tanto dele, quanto do carro de som. Para o cantor, “A mina é cocoriô” é uma das partes que mais chama a atenção no samba-enredo da Tricolor da Baixada.
“Eu tenho minha aula particular e o carro de som também tem a aula separada deles. A gente tem um aulão também com o nosso professor Pedro Lima, que é quem prepara vocalmente, que configura ou conserta final de frase, postura, a forma de cantar para emitir o som. ‘A mina é cocoriô’ já tomou conta, emocionou todo mundo. Esse samba tem muita melodia, tem uma força muito incrível, reúne todas características que eu gosto de cantar, que o Fafá gosta de trabalhar. É um casamento perfeito”, disse.
Clayton Bola, integrante da comissão de harmonia da Grande Rio, acompanhou os trabalhos de gravação, e falou um pouco sobre o que esperar da faixa da escola. “Com todo respeito às coirmãs, nós temos um dos melhores cantores do Grupo Especial e a melhor bateria do Grupo Especial. É esperar 100% de aproveitamento. A gente sempre conversa que esse samba é uma oração. A emoção do Evandro Malandro passou cantando te arrepia, te deixa emocionado de verdade, com os olhos lacrimejando”.
Clayton Bola, integrante da comissão de harmonia da Grande Rio
Marquinhos Silva, que foi o cavaquinista da gravação da escola, falou sobre o arranjo da obra da Grande Rio para o álbum oficial da Liesa: “A gente analisa muito como é que é o samba. Quando vem praticamente pronto, fica muito mais fácil da gente criar. O samba, quando surgiu na disputa na eliminatória do Pará, ele veio com uma identidade muito forte, quase que impossível da gente poder modificar, porque pegou na veia, e foi unânime o fato de abraçar o samba. Teve muita conversação de instrumentos, cavaco com o violão de sete cordas e a bateria. O resultado vocês vão vão adorar, tenho certeza, e pode esperar que o samba está maravilhoso”.
Mestre Fafá, comandante da bateria, falou sobre o andamento do samba na gravação. “O andamento é que fazemos nos últimos anos e que tem sido uma receita de sucesso da Grande Rio. A escola tem cantado muito mais, tem feito excelentes desfiles. Vamos manter essa mesma pegada. É um samba extremamente melodioso, que é para ser cantado e não gritado. Acho que isso facilita muito o nosso trabalho, a nossa forma de pensar. Tenho certeza que ficou uma gravação muito boa e tenho certeza que vai ser sucesso”.
Mestre Fafá
Fafá continuou falando sobre não se preocupar com o uso de bossas na gravação, já que para a faixa a preocupação é em acertar a bateria e sustentação do andamento: “Eu ainda não estou preocupado com bossa, estou preocupado em acertar a bateria, equalizar, acertar a sustentação do andamento, depois a gente vai trabalhar nisso. Mais uma vez, poder gravar pela Grande Rio, para a Grande Rio, é uma honra gigante assim para mim”.
A Liga-SP já divulgou as faixas do álbum de samba-enredo e o projeto audiovisual da Liga-SP. Foi um trabalho coletivo, contou com várias empresas, mas a prática de áudio e vídeo diretamente com as escolas ficou a cargo de Guma Sena e Rodrigo Pimentel, se comunicando a todo instante enquanto as escolas estavam trabalhando. Todas as agremiações cumpriram à risca o manual padrão que exigia, gravando cantor com bateria, instrumento solo, cordas e o coral. Pimentel é experiente na gravação de sambas-enredo, o seu estúdio ‘RW Studio’ opera há muitos anos com carnaval e, por isso, novamente foi convidado para fazer parte do projeto. O profissional conversou com o CARNAVALESCO, falou sobre os serviços prestados para a Liga-SP neste ano e deu detalhes da estrutura e modelo das faixas.
Rodrigo Pimentel, um dos responsáveis pelo álbum de 2025. Foto: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
O que representa ser o responsável pelos áudios do álbum do samba-enredo para o Carnaval 2025?
Rodrigo Pimentel: “É sempre uma realização. O carnaval para mim é mais do que uma profissão. Eu comecei no carnaval dentro de uma escola de samba, desfilei em vários setores de uma escola de samba e hoje virou o meu trabalho. Não trabalho só com o carnaval, mas ele me ajudou muito a impulsionar a minha carreira. Também foi uma escola de aprendizagem muito grande, não só na parte do áudio, mas na parte de lidar com pessoas, como gerenciar esse tipo de projeto que envolve tanta gente. Deve ter passado mais de mil pessoas por aqui nesses dias”.
Qual é a relação do RW Studio com o carnaval desde o surgimento?
Rodrigo Pimentel: “O RW começou com uma paixão minha pela música desde pequeno. Meu pai é um músico e o RW na verdade é o R de Rodrigo e W de Wagner (pai). Quando criança eu fui a um estúdio com ele e um dia a gente resolveu montar um nosso. Claro que não pensávamos que chegaria nisso, porém um dia eu resolvi tomar a decisão de seguir essa parte para a minha vida profissional. Junto a isso havia a paixão pelo samba. Eu fui de uma escola de samba, da Sociedade Rosas de Ouro, desde 1992 ou 1993. A primeira vez que eu estive lá, vi o Royce cantando pela primeira vez e me apaixonei pelo carnaval. Desde então eu estive no carnaval todos os anos, seja dentro da escola e depois profissionalmente trabalhando. Mas aí eu não pude mais estar associado a nenhuma escola, também não me sentia confortável ser parte de uma agremiação, porque eu presto um serviço para a Liga-SP e devo ser o mais isento possível, fazendo esse serviço da forma mais lisa possível para todo mundo nas mesmas condições”.
Como foi a estrutura de gravação?
Rodrigo Pimentel: “Essa estrutura ao vivo já acontece desde 2011. Claro que cada ano é um ano em termos de tecnologia. Em 2011 para 2024 a tecnologia mudou imensamente e a última vez que a gente havia feito aqui na Fábrica do Samba foi em 2020. Depois veio a pandemia e parou. Ele é bem próximo do que já foi feito em 2018, 2019 e 2020. A mudança foi que nesse ano o Guma assumiu a parte visual, assumiu também a produção do trabalho e ele trouxe um ‘approach’ dele como músico que ele é e como uma pessoa do audiovisual excelente. A gente foi evoluindo e a parte da sonoridade e tecnologia a gente tentou manter com o que a gente já vem fazendo de forma escalada com a evolução dos equipamentos mais novos. Porém, vamos ter uma mudança grande na parte do vídeo. Quem assistir vai ver que o visual está muito bacana”.
Como funciona a tentativa de reproduzir o ‘Som da Avenida’?
Rodrigo Pimentel: “A ideia desse álbum é tentar reproduzir o que acontece lá na avenida. Claro que não tem como porque lá é ambiente onde cada escola tem duas mil, três mil ou quatro mil pessoas, Uma energia pulsante daquele momento que a agremiação se prepara um ano inteiro. Mas aqui a gente tentou de alguma forma concentrar essas pessoas e vamos tentar interferir o mínimo possível em estúdio para que esse disco realmente seja ao vivo, que ele tenha a emoção do ao vivo, tenha talvez a pequena impureza do ao vivo, mas essa pequena impureza realmente é o que torna um produto quente, caloroso e que represente realmente a tradição e a identidade de cada escola”.
O que o álbum dos sambas-enredo tem que ter como principal na execução das obras?
Rodrigo Pimentel: “O que não pode faltar é a energia do povo, a essência da escola, porque a ideia do ao vivo realmente é essa. A gente vai do lado muito técnico e frio de um estúdio para um lado bem quente do ao vivo que às vezes tem pequenas imperfeições, são times grandes gravando, elencos de 70 e 80 pessoas, são humanos e às vezes tem pequenos deslizes normais. Eu acho que a beleza do produto é ver seres humanos aqui interagindo depois especialmente de uma pandemia onde ficou todo mundo trancado em casa. Isso é uma vitória para o carnaval ver a celebração do samba em um produto audiovisual desse”.
O que sente quando ouve que o seu trabalho é referência no Brasil?
Rodrigo Pimentel: “Eu não concordo com isso de vencer ou perder e ser referência. Eu acho que isso é uma coisa eterna em todos os sentidos. O fã do Beatles geralmente não gosta dos Rolling Stones, o fã do Celtics odeia os Lakers. Existem essas comparações, mas o carnaval é carnaval. São Paulo tem suas características e o Rio de Janeiro tem as características dele. Eu particularmente ouço os dois discos incansavelmente desde 1992, conheço todos os sambas-enredo e sou uma das poucas pessoas talvez que eu conheço que ouço sambas-enredo todo dia dos dois carnavais. Ambos são um excelente produto, festa da nossa cultura, da nossa tradição e uma coisa que só nosso país tem. Ninguém mais vai ter”.