Um ensaio técnico exemplar da bateria “Medalha de Ouro” da Estácio de Sá, comandada por mestre Chuvisco. Um ritmo que contou com pressão sonora de uma afinação mais pesada de surdos, além de um leque recheado de paradinhas que atrelaram a bateria ao enredo da vermelha e branca do morro do São Carlos. Cabe ressaltar que ritmistas, diretores e o próprio mestre vieram de cara pintada, com maquiagem indígena.
Na cabeça da bateria da Estácio de Sá, um naipe de tamborins de imensa virtude sonora mostrou um trabalho caprichado. Uma boa ala de agogôs tocou com segurança, assim como um naipe de cuícas de qualidade também contribuiu no preenchimento das peças leves. Uma ala de chocalhos de inegável técnica tocou usando um cocar, assim como todos os diretores de bateria incluindo o mestre Chuvisco, entrando de vez no clima do enredo.
A cozinha da bateria estaciana apresentou sua tradicional afinação de surdos mais pesada, que contou com marcadores de primeira e segunda eficientes e firmes. Surdos de terceira deram um balanço único ao ritmo do Velho Estácio. Repiques de alta técnica se uniram a caixas de guerras de valor sonoro inestimável, com sua levada de partido alto ressoando com imensa qualidade.
Bossas bastante atreladas ao enredo com uma pegada florestal foram muito bem concebidas. Todas as criações musicais são profundamente conectadas ao aguerrido samba-enredo estaciano. Numa delas, parte dos tamborins adentra o corredor, para a realização de um trecho solo que conta com uma subida. Já na bossa do refrão do meio, todos os diretores vão para a frente da bateria “Medalha de Ouro” para tocarem juntos maracas, numa levada musical indígena. Um leque de paradinhas recheado da bateria da Estácio garantiu uma passagem potente por toda a pista. Bossas que se aproveitaram sobretudo da pressão sonora proporcionada pela afinação pesada dos surdos.
Uma apresentação bastante notável da bateria “Medalha de Ouro”, dirigida por mestre Chuvisco. Um ritmo estaciano exemplar foi apresentado, com boa pressão de surdos, caixas de guerra ressonantes e um conjunto de bossas bem conectado ao tema do Berço do Samba. Não importa em que grupo esteja, é sempre especial ver uma bateria da Estácio de Sá com um trabalho destacado.
Por Matheus Vinícius e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Allan Duffes, Marcos Marinho, Guibsom Romão, Marielli Patrocínio e Rhyan de Meira)
A terceira escola a entrar na Sapucaí no último domingo, no Sambódromo, foi a União de Maricá. Em seu segundo ano na Série Ouro, a agremiação se apresentou de forma muito animada e compacta, apesar da grande quantidade de componentes. A comissão de frente de Patrick Carvalho arrebatou o público que assistia e o casal Fabrício Pires e Giovanna Justo foi responsável por arrancar aplausos sinceros da arquibancada e da frisa. O impacto das apresentações iniciais elevaram o nível para um desfile praticamente sem defeitos da União de Maricá. Foi um ensaio com muitos aspectos positivos do início ao fim.
A escola vai narrar na Avenida a história da entidade da umbanda carioca Seu Sete da Lira através do enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete!”, desenvolvido pelo multicampeão Leandro Vieira. Maricá será a sexta agremiação a desfilar pela Série Ouro, na sexta-feira, 28 de fevereiro.
“Excelente! A gente veio mostrar o que já faz lá em Maricá. A gente cantou e evoluiu para caramba. Eu gostei muito do rendimento do samba, que é um samba leve, um samba pra frente. Tudo que a gente programou deu certo. A gente tinha esse paradão que queria fazer também para mostrar o canto da escola, coisa que a maioria das escolas não tem feito, a gente resolveu fazer. Então, tudo certo, estamos prontos já para o desfile oficial. Teve um teste que eu fiz hoje, que a gente vai inserir no desfile, que é uma questão de andamento e marcações. Aqui é muito importante. O ensaio técnico, além do show e mostrar o trabalho para o grande público, é importante para a gente que está no dia a dia da escola, para fazer alguns testes, para colocar em prática algumas coisas e saber se deu certo ou não. E aqui tudo deu certo, a gente vai botar para frente. O paradão deve ser usado no desfile. A gente vai conversar com a equipe, existe essa possibilidade sim, já que hoje foi legal”, avaliou Wilsinho Alves, diretor de carnaval.
O coreógrafo preparou uma comissão de frente impressionante e cheia de energia. Todos os componentes estavam vestidos em trajes brancos de filhos de santo, exceto o que representava o Exu, usando um cartola vermelha, muitas contas douradas e uma calça preta. Todos os passos foram dados com precisão e com firmeza com referências da umbanda.
No primeiro módulo, alguns componentes apresentaram problemas com os lenços na cabeça. Como solução, a comissão optou por tirar os lenços nas três apresentações seguintes. Apesar de não demonstrar dificuldade em dançar com a cartola, o Exu fez seu solo colocando a cartola e dançando ao redor dele.
Outra ousadia desta comissão de frente foi utilizar a iluminação cênica da Sapucaí na exibição para o último módulo de jurados, aumentando assim a expectativa para o que Patrick Carvalho está planejando para o desfile oficial. As luzes acrescentaram dramaticidade e profundidade à coreografia muito bem elaborada pelo coreógrafo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O mestre-sala Fabrício Pires e a porta-bandeira Giovanna Justo se apresentaram com um bailado aguerrido e com muita conexão. Eles foram expressivos com movimentos que retrataram alguma incorporação de entidade. Também fizeram valer a iluminação cênica na última cabine de jurados que deu mais foco ao seu bailado. Infelizmente, durante a apresentação no 2º módulo de jurados, a bandeira embolou devido ao vento e Giovanna teve que superar esse obstáculo. Nas outras cabines, o casal foi impecável.
“Isso aqui é um termômetro para nós que fazemos parte do artístico do carnaval. Passar aqui nessa terra sagrada que é a Marques de Sapucaí para ter esse privilégio de ensaio, é ótimo porque a gente se erra, se acerta aqui, a gente está no ensaio. Esse tempo aqui para gente é ótimo, para mim hoje foi excelente. Tudo que nós pensamos, realizamos aqui, e eu só tenho que agradecer por esse ensaio de hoje que para mim foi maravilhoso. Sempre tem uma questão com o vento porque a gente fica em um vão, comissão e a gente, mas só que eu molho muito minha bandeira, ela está toda molhada, o peso vai todo na bandeira. Eu senti o vento, mas senti pouco”, disse a porta-bandeira.
É bem positivo de verdade. Não é igual todo mundo fala que foi maravilhoso, é bem positivo porque sou bastante crítico. O desse ano eu achei que foi legal, a gente conseguiu fazer bastante coisa, conseguimos impor o que a gente vai fazer no dia com algumas ressalvas pequenas da fantasia e tudo. Estou muito contente, muito feliz e agora só trabalhar um pouco mais para o desfile. Para o dia oficial a expectativa é que a gente faça um excelente desfile para coroar esse trabalho todo que a União de Maricá vem fazendo”, completou o mestre-sala.
Harmonia
O trio de intérpretes Nino do Milênio, Matheus Gaúcho e Bico Doce mostrou que estão em sintonia e conduziu muito bem o samba neste ensaio. Os componentes cantaram forte e integralmente o samba mostrando que este quesito não será um problema para a União de Maricá – a escola evidenciou que tem chão. O apagão da bateria de uma volta no samba no começo do desfile assinalou a capacidade da comunidade de Maricá de não deixar esse hino cair.
Samba
A obra de Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, João Vidal, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Hélio Porto e André Do Posto 7 funcionou muito bem na Marquês de Sapucaí. A comunidade vestiu a camisa deste samba e estava com ele decorado de ponta a ponta. Além disso, é um samba animado que contagiou toda escola.
“Eu sou chato, mas para mim é Maricá campeã, fizemos um belíssimo ensaio com a nossa escola toda cantando, foi perfeito”, avaliou Bico Doce.
“Estou numa felicidade gigante, felicidade gigante. Para mim que estou desde o início da escola, vi a chegada do Nino e a chegada do Bico. Tenho ensaiado muito, tenho trabalhado muito e hoje foi mais um grande ensaio. Se Deus quiser, chegaremos firme dia 28 para fazer um grande desfile, que foi fruto de um grande trabalho. Vamos que vamos!”, comentou Matheus Gaúcho.
Evolução
A escola veio grande para brincar carnaval. A União de Maricá demonstrou muita organização e maturidade ao trazer para o ensaio técnico alas dispostas de forma compacta e coesa. O cortejo vermelho, amarelo e branco foi festivo como a entidade homenageada e fluido, contribuindo para um bom andamento da escola.
Outros Destaques
A bateria do mestre Paulinho Steves teve ousadia e muita qualidade musical. Como comentado anteriormente, houve um apagão acompanhado, provavelmente, de atabaques que provocou o canto mais forte da comunidade. Toda essa desenvoltura enquanto os ritmistas desfilaram todos descalços defendendo sua bateria.
“Tudo que eu pedi a minha bateria, ela atendeu, nós estamos ensaiando há mais de oito meses e eu peço a energia, a alegria e felicidade. O balanço é positivo 100%, mas como eu cobro eles, eu não quero chegar só a 100%, eu quero passar na avenida com 1000%. Temos mais duas semanas pro Carnaval e pode ter certeza que quando a bateria da Maricá descer a Marquês de Sapucaí vai ser 1000%”, afirmou o mestre.
Um ensaio técnico excelente da bateria “Maricadência” da União de Maricá, comandada por mestre Paulinho Steves. Um ritmo bastante energético e potente foi apresentado, aliado a bossas profundamente conectadas ao grande samba-enredo da escola vermelho, amarelo e branco.
Na cabeça da bateria da Maricá, um naipe de tamborins de elevada técnica tocou com precisão um desenho rítmico baseado nas nuances melódicas do belo samba-enredo da agremiação. Uma ala de chocalhos de grande qualidade também auxiliou a preencher a sonoridade das peças leves. Um naipe de agogôs eficiente executou uma convenção pautada pelas variações melódicas da obra. Cuícas tocaram de forma segura, ajudando a marcar o samba.
Na parte de trás do ritmo da “Maricadência”, uma afinação privilegiada de surdos foi notada, dando bastante pressão no trabalho firme e preciso dos marcadores de primeira e segunda. Surdos de terceira foram responsáveis pelo balanço de qualidade propagado pelos graves. Uma ala de repiques de boa técnica musical, tocou junto de caixas consistentes que mesclavam toque embaixo reto com a batida feita em cima, com levada de partido alto. Vale ressaltar o bom trabalho dos repiques solistas nas bossas, assim como as frases rítmicas feitas de modo cirúrgico pelas terceiras também nos arranjos.
Bossas altamente vinculadas a melodia do samba revelaram uma criação musical conceitualmente intuitiva. As paradinhas também se aproveitaram da afinação destacada dos graves para contribuir dando pressão sonora aos arranjos propostos. Um leque de bossas com boa integração com a obra da Maricá.
Uma apresentação excelente da bateria da União de Maricá, dirigida por mestre Paulinho Steves. Um ritmo que contou com a pressão sonora da boa e pesada afinação de surdos, contribuindo sobretudo nas potentes bossas da “Maricadência”. Sem dúvida, tanto mestre Paulinho, quanto seus diretores e ritmistas têm motivos de sobra para atravessar a ponte rumo a Maricá com sorriso orgulhoso no rosto e sensação imensa de dever cumprido.
Por Matheus Vinícius e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Allan Duffes, Marcos Marinho, Guibsom Romão, Marielli Patrocínio e Rhyan de Meira)
Era 19h30 do domingo, 09 de fevereiro, quando a Vigário Geral pisou na Avenida Marquês de Sapucaí, logo após o Arranco de Engenho de Dentro. A azul, vermelha e branca abriu o desfile com uma comissão de frente dinâmica e com bastante energia para representar o seu homenageado, Francisco Guimarães – jornalista negro relevante durante a Primeira República. A bateria de mestre Luygui também merece elogios pela condução, assim como o mestre-sala Diego Jenkis e a porta-bandeira Thaina Teixeira que se exibiram com precisão e competência.
Um ponto negativo do ensaio da Vigário foi no quesito Harmonia, já que muitos componentes passaram sem entoar seu samba-enredo. Em contrapartida, o carro de som de Danilo Cezar fez um bom trabalho na Sapucaí. Os diretores de carnaval e harmonia, Ismar Silva, Renato Cosme e Ney Junior, avaliaram positivamente o ensaio técnico.
“Depois vamos assistir, mas inicialmente, dentro da nossa logística e de tudo que nós programamos foi melhor. Esperávamos a escola cantando, mas foi surreal de canto pelo que vimos. Animação e andamento foram perfeitos. Evolução foi perfeita. Saiu tudo como nós queríamos e até melhor. Para o desfile oficial, lógico, vamos melhorar o canto, apesar de acharmos que foi ótimo. Nós vamos buscar um canto impulsionado. De verdade, eu posso dizer que o intuito e o trabalho da Vigário são para vir para as cabeças e disputar o título”, analisou Ismar.
O diretor Renato Cosme complementou já pensando no desfile oficial: “Se Deus quiser, no dia do desfile, estaremos melhor ainda, mais afiados e com mais animação. Vocês vão ver muitas coisas lindas nos nossos carros, com nossas musas. Vai ser tudo show de bola! A escola já está linda e nós vamos chegar no pedaço de cima [da tabela da Série Ouro]”, declarou.
Ney Junior acredita que há margem para melhorar o canto dos componentes: “Foi gratificante o nosso ensaio hoje. A escola cantou bem, foi compacta. E agora é esperar o dia do desfile para mostrar que a Vigário chegou para fazer um belíssimo desfile. Podemos melhorar o canto da escola, algumas alas eu acredito que podem melhorar. No dia do desfile estaremos 100%, com uma plástica muito bonita. Nós confiamos nos nossos componentes que vamos fazer um lindo desfile”, acrescentou Ney.
A Acadêmicos de Vigário Geral será a terceira escola a desfilar no sábado de Carnaval da Série Ouro, 1º de março, com o enredo “Ecos de um Vagalume” desenvolvido pelos carnavalescos Alex Carvalho e Caio Cidrini.
Comissão de Frente
Coreografados por Handerson Big, os integrantes do quesito representavam jornalistas do final do séc XIX, com suas bolsas-carteiro e figurino de época, e entre eles estava aquele que representou Francisco Guimarães. Entre os passos sincronizados e ágeis dos componentes foi possível notar movimentos de dança urbana e de referências à religiosidade de matriz africana. No encerramento da apresentação, os componentes cobriam a boca com as mãos causando um impacto de crítica.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Diego Jenkis e Thaina Teixeira apresentaram um bailado mais próximo do tradicional, demonstrando bastante sintonia e confiança no casal. Na parte do “sino da igrejinha”, o casal executava movimentos que remetem a terreiro. Um detalhe que não passou despercebido foi o fato de que a porta-bandeira se apresentou no último módulo descalça, por conta de um problema que teve com o salto em a 3ª e 4ª cabine de jurados.
“Hoje nós apresentamos cerca de 80% do que pretendemos trazer para o desfile. Vão ter alguns ajustes e tem algumas coisas que a gente não colocou por serem movimentos específicos de fantasia e para o ensaio técnico não funcionariam tanto. Estou bem satisfeita, a gente pegou bastante vento, o que não é um problema, mas dificulta um pouco o desenvolvimento dentro das cabine, mas a gente conseguiu apresentar da forma que ensaiamos. Estou muito feliz com o trabalho, muito feliz com a energia, com a nossa entrega. A gente está ensaiando praticamente todos os dias aqui há Sapucaí. Está sendo tudo muito pensando e desenvolvido com muito carinho e muita dedicação”, disse a porta-bandeira.
“Eu chego aqui na linha final com o sentimento de muita felicidade e muita gratidão. Primeiramente, agradeço à Deus, aos nossos Orixás e à presidente Betinha que mais um ano deu a oportunidade de continuarmos conduzindo o primeiro pavilhão dessa escola que faz parte da minha história e da minha vida. Estou muito feliz, é um sentimento de felicidade. Antes de entrar na última cabine, nós olhamos para a nossa coreógrafa, que é a Bia Oliveira, e eu falei assim ‘gente, tem mais duas?’, porque a gente tava com tanta vontade, com tanta felicidade que a gente nem sentiu passar essa quarta cabine que esse ano nós intensificamos o trabalho justamente por ter mais um cabine. Mas, fluiu tudo perfeitamente. O vento tentou nos atrapalhar, mas eu tenho uma porta-bandeira, que me desculpem as outras portas-bandeiras do Carnaval, mas eu tenho a melhor e ela conseguiu driblar todas as adversidades da natureza que o que vem de Deus, a gente não pode que é um ruim. Estou muito feliz”, completou o mestre-sala.
Harmonia
É relevante destacar a condução do intérprete Danilo Cezar à frente do carro de som. O trabalho foi bem executado pela equipe e em parceria com a bateria de mestre Luygui. Infelizmente, a escola não respondeu à altura, afinal os componentes não tiveram uma boa desenvoltura cantando o hino deste ano. Muitas alas passaram com canto irregular.
“Eu achei legal. No último ensaio que a gente fez no Parque Madureira, a escola tava cantando. A evolução do carro de som foi boa. Bateria deu um show, como sempre, Mestre Luygui, sempre deu um show. Acho que o trabalho foi feito. É só esperar mesmo, continuar ensaiando e esperar o desfile”, comentou o intérprete.
Samba
A composição de Marcelinho Santos, Tem-Tem Jr, João Vidal, Romeu D’Malandro, Julio Cesar, Telmo Augusto, Mauricio Amorim, Marcos Barbeiro, Edu Casa Leme, Ricardo Simpatia e Totonho garantiu uma boa levada por parte do carro de som e da bateria. Em contrapartida, o samba não entrou integralmente na cabeça da maioria dos desfilantes. O segundo refrão é a parte que rende mais devido às palavras mais fortes com “vadeia” e “bambeia”.
Evolução
A escola veio pequena e optou pela bateria não entrar no recuo. Para administrar melhor o tempo, a agremiação optou por segurar um pouco os últimos componentes ao final do ensaio. Apesar disso, a escola passou bem organizada ala a ala, não apresentando problemas graves neste quesito.
Outro destaque
A bateria de mestre Luygui merece uma menção honrosa neste ensaio técnico. Apresentou duas bossas muito interessantes: uma simulava um funk batidão no refrão principal e outra um ritmo ponto no trecho “O sino da igrejinha faz belém-blém-blom”. Além disso, fez teve um ótimo desempenho ao longo de todo ensaio e deu ritmo adequado para a evolução dos desfilantes.
“Saio daqui bem feliz, muito satisfeito com o que a bateria Swing Puro apresentou. Tivemos umas semanas bem difíceis por causa da guerra lá em Vigário Geral, além da chuva, e com isso tivemos que cancelar alguns ensaios, mas eu confio muito na minha equipe, confio muito na minha bateria e eu sempre tive certeza que a gente iria apresentar um grande espetáculo hoje aqui no ensaio técnico. Destaco os meus surdos, primeiro, segundo e terceira, por causa da jogadinha que a gente tem, além das caixas de guerra que sustentam o nosso ritmo e o conjunto também do tamborim com chocalho”, afirmou o mestre.
Um ótimo ensaio técnico da bateria “Swing Puro” do Acadêmicos de Vigário Geral, sob o comando de mestre Luygui. Um ritmo com potência da pressão sonora dos surdos foi exibido junto de bossas igualmente explosivas que se pautavam pela melodia do samba da escola.
Na cabeça da bateria da Vigário Geral, um naipe de cuícas tocou com segurança. A ala de agogôs mostrou valor sonoro, executando um desenho rítmico baseado nas nuances melódicas da obra da Vigário. Um naipe de tamborins eficiente também ajudou a complementar as peças leves com qualidade musical. Uma ala de chocalhos extremamente acima da média mostrou um apuro técnico elevado. Vale mencionar que os chocalhos estavam vestidos de vagalumes, com direito a luzes piscando na parte traseira da saia transparente, se conectando visualmente ao personagem homenageado pela agremiação.
Uma parte de trás do ritmo da “Swing Puro” marcada por uma afinação de surdos bastante pesada. Marcadores de primeira e segunda foram firmes e seguros durante o cortejo. Surdos de terceira contribuíram dando um balanço envolvente na cozinha da bateria da Vigário, além da participação destacada nas paradinhas. Um naipe de repiques se exibiu de forma coesa, assim como caixas de guerra ressonantes e taróis sólidos ajudaram no preenchimento musical dos médios. Em meio ao corredor foi possível perceber atabaques e um agogô de duas campanas (bocas), sendo participativos principalmente nas bossas.
Bossas que se aproveitavam das variações melódicas do samba-enredo da Vigário foram percebidas. Bem como um trabalho de potência e pressão sonora envolvendo a afinação pesada de surdos demonstrou eficiência, deixando os arranjos altamente explosivos. Destaque para a participação das terceiras e das caixas nas bossas, que mesmo mais complexas, foram bem executadas.
Uma ótima apresentação da bateria “Swing Puro” da Vigário Geral, dirigida por mestre Luygui. Um ritmo potente, consistente e com bossas explosivas, envolvendo a boa e pesada afinação de surdos. Destaque para um naipe de chocalhos bastante diferenciado e surdos de terceira que ajudaram na boa musicalidade das paradinhas com nítida pressão sonora. Um trabalho para deixar mestre Luygui, seus diretores e ritmistas empolgados em realizar um bom desfile.
Por Marcos Marinho e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Allan Duffes, Matheus Vinícius, Guibsom Romão, Marielli Patrocínio e Rhyan de Meira)
O Arranco do Engenho de Dentro levou à Avenida, no ensaio técnico, no último domingo, na Sapucaí, um treino que reverenciou a força, a resistência e os saberes das mulheres negras, com destaque para a comissão de frente composta por 15 mulheres que performaram a força feminina no axé. A apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Laryssa Victória, emocionou com gestos simbólicos de resistência e afeto, enquanto a bateria, comandada por mestre Gilmar, elevou o público com o ritmo contagiante do ijexá. Apesar de momentos em que a evolução oscilou, a escola mostrou dedicação e energia ao transmitir a mensagem do samba-enredo, celebrando o axé e a ancestralidade.
“Excelente! Superou as minhas expectativas. A escola soube fazer um ensaio muito produtivo, que é uma coisa que a gente vem buscando. Hoje eu saí daqui satisfeito demais com o desempenho da escola. Sempre tem uma coisinha ou outra para melhorar até o desfile. Até mesmo porque cada ano é uma novidade pra gente. A gente pode ensaiar, fazer tudo 100%, que chega no dia, acontecem algumas coisas que fazem parte do processo. Eu sei que com a garra da escola a gente vai conseguir combater junto”, explicou Múcio Travasos, diretor de carnaval do Arranco.
Comissão de frente
Sob a concepção dos coreógrafos Lipe Rodrigues e Márcio Dellawegah, a comissão de frente do Arranco encantou a avenida com um bailado que reverenciou as mulheres detentoras dos segredos no axé. Composta por 15 mulheres negras, a apresentação destacou figuras poderosas, como a guerreira, a sacerdotisa, a yaô e a trabalhadora, simbolizando a diversidade das performances femininas. Em um momento de grande força e significado, uma cesta com frutas foi um importante elemento cênico, representando os alimentos preparados por aqueles que cuidam da comida dos orixás. Enquanto dançavam, os componentes entoaram com emoção os versos do samba-enredo, celebrando a ancestralidade e a resistência.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Laryssa Victória, apresentou uma dança tradicional e cadenciada, com movimentos suaves e elegantes. A proposta da coreografia, que priorizava a delicadeza e evitava movimentos bruscos ou rápidos, foi bem executada. No entanto, em alguns momentos, os movimentos poderiam ganhar mais vigor e presença para conquistar ainda mais os módulos de jurados.
Um dos pontos altos da apresentação aconteceu no trecho emocionante do samba, onde se canta “Yalorixá que homem nenhum enfrenta”. Nesse momento, Laryssa levantou a mão com o punho cerrado, em um gesto poderoso e cheio de significado, simbolizando resistência e força feminina e de axé. Já no trecho em que o samba diz “Embala eu mamãe / Teu colo é chão onde eu quero morar”, Diego transformou-se na figura de um menino pássaro, recebendo em seu coração um toque carinhoso da mãe. Esses momentos foram destaques da apresentação, celebrando tradição, sentimento e a conexão da dança do casal com o enredo.
“Hoje foi tudo dentro do nosso previsto. Por conta do horário a gente já imaginou o vento justamente, alteramos o ensaio para gente poder pegar esse tempo. Acredito que a gente fez tudo o que a gente queria fazer, tudo que a gente ensaiou, a gente conseguiu executar aqui hoje, vimos o que precisamos ajustar para o desfile. Eu estou muito feliz, acredito que meu mestre-sala também está porque tenho certeza que a gente entregou o melhor para a nossa escola. Acredito que a surpresa para o desfile oficial será a fantasia. O que a gente vem representando para esse enredo é muito importante”, revelou a porta-bandeira.
“Os ensaios técnicos tomaram uma proporção de desfile mesmo, só que a gente enquanto sambista tem que atentar que isso é um ensaio e a gente trabalha para que tudo ocorra na mais perfeita harmonia. Mas, aqui é o lugar de errar, aqui é o lugar de ver o que dá certo e o que não dá, o calor da emoção do público, da bateria ao vivo. Têm ensaios nossos que são a gente, a caixa de som e o coreógrafo. A pegada da bateria dá toda uma diferença na coreografia e hoje é o dia da gente ajustar o que cabe e o que não cabe. E a gente está feliz porque 95% que a gente preparou para o desfile conseguimos encaixar dentro do tempo da bateria, do andamento da escola, da ala que vem posteriormente e isso é muito importante e é um sinal de que a gente está caminhando o trabalho para o caminho certo. O que muda realmente no dia do desfile oficial nem é o nosso trabalho, mas é a questão de áudio e canto da escola para gente introduzir com a pressão”, completou o mestre-sala.
Harmonia e Samba
A harmonia da escola se destacou pelo canto honesto e envolvente, alternando momentos de maior intensidade com outros mais contidos. Embora a escola não tenha cantado o samba por completo, entregou com muita força e energia trechos marcantes, como o que diz: “É samba de Yaô, na curimba de mulher / Quem não pode com mandinga, não carrega meu axé / Tenho sangue de rainha, que o sagrado alimenta / Yalorixá que homem nenhum enfrenta”.
Os intérpretes Pamela Falcão e Thiago Acácio merecem elogios pela condução firme do samba, transmitindo da mensagem das mulheres que alimentam o sagrado com muito axé. Outro ponto alto foi o entrosamento impecável entre o carro de som e a bateria, comandada por mestre Gilmar. A bossa no ritmo do ijexá, trazida pela bateria, foi um dos grandes destaques da apresentação, com um ritmo contagiante que elevou ainda mais a energia da escola.
“Temos pontos a serem acertados, mas pontos acertados depois de tantos ensaios. Isso aqui é um teste, aqui é um treino, mas no geral pelo que a gente pôde sentir do termômetro, ali do carro de som, com a escola evoluindo, com as pessoas ali vibrando, que foi ótimo. E ainda temos ensaio de rua, comunidade do Arranco vai estar lá com certeza para nós entregarmos o melhor que pudermos. Podemos perceber que em uma bossa nossa com atabaques, ela não estava microfonada, então tivemos uma questão com o delay e são nove vozes para integrar, mas só precisamos ajustar essa questão”, disse a cantora.
“Só agradecer, a Liga RJ que fez um trabalho incrível, ofereceu para nós um carro de som maravilhoso, conseguimos fazer o nosso ensaio sem problemas técnicos nenhum, graças a Deus deu tudo certo. Estamos com um samba incrível, nossa comunidade cantou muito e estou muito feliz, ansioso pelo desfile porque vai dar tudo certo, o show está só começando. Podemos perceber que em uma bossa nossa com atabaques, ela não estava microfonada, então tivemos uma questão com o delay e são nove vozes para integrar, mas só precisamos ajustar essa questão”, completou o cantor.
Algumas alas apresentaram certa desorganização, e o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira teve pouco espaço para se movimentar com a liberdade que merecia. Após a saída do segundo recuo, com a bateria já totalmente de volta à avenida, surgiu um buraco no desfile. Rapidamente, os diretores de harmonia entraram em ação, correndo para segurar a escola e garantir que o ritmo e a energia fossem mantidos. Um momento de tensão, mas que mostrou a dedicação da equipe para evoluir na avenida.
“Minha avaliação é a melhor possível! Colocamos tudo em prática. Tínhamos um pouco de dúvida em uma bossa que era na cabeça e ela é bem perigosa porque a contagem é muito em cima, mas fluiu perfeitamente. Tenho que agradecer 100% à minha diretoria. Meus diretores de bateria fizeram um trabalho magnífico. Aos meus ritmistas, foi tudo impecável. Tudo que nós ensaiamos foi botado em prática, os atabaques, a Pamela e o Thiago, o nosso carro de som. Foi tudo perfeito! Quarta-feira que vem nós temos o nosso ensaio no Setor 11. Vamos para esse ensaio muito feliz e muito convicto do que fizemos hoje. Sempre tem uns detalhes que tem que melhorar, mas eu estou muito que, do que apresentamos hoje, nós só temos que lapidar. Não é preciso mudar, é só lapidar. Vamos continuar na mesma pegada. E algumas coisinhas a mais. Tem surpresa, mas é surpresa [risos]”, avaliou mestre Gilmar.
Um ensaio técnico muito bom da bateria “Sensação” do Arranco do Engenho de Dentro, sob o comando de mestre Gilmar. Um ritmo seguro, equilibrado e com bossas bem conectadas ao tema da agremiação. Com sua afinação tradicionalmente mais pesada, as paradinhas também eram marcadas pela pressão sonora envolvendo os surdos.
Na parte de frente do ritmo, um naipe de cuícas efetuou seu toque com segurança, ajudando a marcar o samba. Uma ala de agogôs eficiente fez um desenho rítmico pautado pelas nuances melódicas do samba da azul e branca do bairro do Engenho de Dentro. Uma ala de chocalhos bem acima da média fez um trabalho impecável durante todo o cortejo. Assim como um naipe de tamborins funcional executou uma convenção rítmica simples com precisão.
Na cozinha da bateria “Sensação”, logo após a primeira fila haviam atabaques que contribuíram com o preenchimento musical da parte de trás do ritmo, assim como auxiliaram em bossas. Uma boa afinação de surdos foi percebida, com o tradicional peso da bateria do Arranco. Surdos de primeira e segunda foram firmes e seguros. Já os surdos de terceira ficaram responsáveis pelo bom balanço da bateria “Sensação” do Arranco, além da participação precisa em paradinhas. Repiques corretos executaram o toque junto de um bom naipe de caixas, recheando ritmicamente os naipes médios.
Bossas que se aproveitavam da melodia do samba foram notadas. Arranjos com auxílio do trabalho diferenciado das peças leves se juntaram a uma eficiente pressão sonora propiciada pela afinação de surdos mais pesada. Atabaques também deram uma preciosa contribuição consolidando um toque afro. Inclusive na bossa da cabeça utilizaram baquetas de madeira, que representam o aguidavi sagrado no Candomblé e no Candomblé Queto. Um trabalho de paradinhas bem concebido, além de bastante conectado ao tema da escola, dando ênfase às potencialidades do ritmo do Arranco.
Uma apresentação muito boa da bateria do Arranco, dirigida por mestre Gilmar. Um ritmo consistente, bastante vinculado ao enredo da escola e com a característica afinação mais pesada de surdos da agremiação. Um treino que certamente deixou mestre Gilmar, sua diretoria e ritmistas felizes e satisfeitos na volta para casa. Vale ressaltar a participação feminina em simplesmente todos os naipes, transformando a luta por equidade sexual dentro do ritmo numa verdadeira “Sensação” dentro da bateria do Arranco do Engenho de Dentro.
Através de um texto, de autoria do presidente Fernando Horta, a Unidos da Tijuca anunciou que não terá nenhuma rainha de bateria para o Carnaval 2025. A decisão é por respeito a cantora Lexa, que nesta segunda-feira perdeu sua filha. Veja abaixo o texto.
Através desta mensagem, que é também uma prece, desejamos nossos mais profundos sentimentos à Lexa e seu companheiro Ricardo Vianna, pela passagem da menina Sofia de volta aos braços do Orum.
Oxum, senhora da fertilidade, da maternidade e do amor, é a padroeira da Unidos da Tijuca e também a mãe de Logun-Edé, nosso enredo para o próximo carnaval.
Junto a cada mãe que chora está o choro de Oxum, e é nos braços dela, onde nos encontramos acolhidos, repletos de amor, doçura e afeto, que desejamos que toda a família esteja nesse momento.
Nossa pequena Sofia será, agora e para sempre, uma estrela a iluminar a vida de seus pais e familiares, e também uma estrela a iluminar os nossos caminhos.
E é por respeito, consideração e carinho, que anunciamos a decisão de não estabelecer ninguém a frente da bateria Pura Cadência para esse carnaval, num gesto de empatia, de importância e de homenagem.