Por Philipe Rabelo. Fotos: Magaiver Fernandes
A Grande Rio vem de um carnaval que, apesar de bonito, mas que errou e perdeu pontos em quesitos importantes e, por isso, foi parar no Grupo de Acesso, mas acabou beneficiada por uma virada de mesa. Para o Carnaval 2019, a agremiação leva para Sapucaí um enredo mea culpa: “Quem nunca…? Que atire a primeira pedra”.
O presidente de honra, Helinho de Oliveira, considera que a escola está reconstruída e pronta para entregar mais um belíssimo carnaval para o público.
“Agradeço a todos que nos ajudaram naquele momento e também a todos os que superaram o sentimento tristeza. A comunidade está muito animada com o nosso enredo, no qual chamamos a atenção para a responsabilidade do ‘quem nunca?’”, justificou.
Depois da crise vista no último carnaval, bem como dos julgamentos feitos acerca da tricolor de Caxias, Helinho é taxativo sobre os impactos. “A ferida está bem tratada, quase cicatrizada e por isso vamos dar uma reposta na Avenida, que é o que o público merece, um grande carnaval”, prometeu.
O atual presidente, Milton Perácio considera que a escola passa por um processo de renascimento.
“Sabemos que erramos e por isso pedirmos perdão. A Grande Rio ressurge das cinzas, como uma fênix, e estamos aí, firmes e fortes para uma belíssimo carnaval, essa feijoada mostra isso”, explicou.
Feijoada revela outro clima e esperança na Grande Rio
Conhecida por ser a escola dos famosos, a Grande Rio fez uma feijoada que, apesar do altíssimo nível, não reuniu um elenco global, como de costume. A escola de Caxias contou belíssimas apresentações preenchendo com a bateria nos espaços entre as atrações que levantaram o público presente na Marina da Glória.
No começo da tarde a escola se apresentou com a bateria e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto. Depois foi a vez da voz mais famosa do carnaval: Neguinho da Beija-Flor que cantou acompanhado da bateria Invocada os sambas antológicos da azul e branca de Nilópolis.

O evento seguiu com ótimas apresentações do cantor Ferrugem, da cantora Ludmilla e também de Nego do Borel. O ritmo do funk levantou o público. Mesmo lotada, as pessoas que estavam na feijoada falavam da escola com muito carinho, como o casal Nahla e Matheus, que estava radiante com as apresentações. “A escola é maravilhosa. Fico muito feliz em poder fazer parte e estar neste momento tão importante”, contou a fisioterapeuta Nahla Hassan.
A escola também contou com a presença de uma de suas musas, a atriz Giselle Prattes, que vai estrear na Avenida em 2019. “Vou representar a rede, só o que posso falar… mas a minha fantasia está quase pronta, falta apenas uma última prova. Admiro a escola pela enorme generosidade, tanto com os artistas, como com a comunidade. Acertamos em cheio neste enredo”, concluiu.
A coreógrafa Beth Bejani também falou sobra a continuidade do trabalho com os parceiros Márcia e Renato Lage, atuais carnavalescos da escola de Caxias. “Trabalhamos juntos por tanto tempo, que já conhecemos o ritmo de trabalho e a forma como gostamos de atuar na escola. Esse ano faremos mais um belíssimo carnaval e estamos muito à vontade com a maneira de trabalhar da Grande Rio”, pontuou.


Um desfile de escola de samba vai muito além dos nove quesitos analisados pelos julgadores. Para o público, e até para a crítica, mesmo que atenda o que o regulamento pede, o desfile que tem um clima legal entre os componentes torna-se destaque. E esse clima “alto astral” pôde ser observado – e muito – no ensaio técnico da Imperatriz Leopoldinense na noite deste sábado, na Marquês de Sapucaí.
Coreografada por Fabio Batista, a comissão de frente da Imperatriz fez uma apresentação bastante interessante na Sapucaí. Mesclando teatralização com movimentos bastante sincronizados de dança, o quesito apostou em uma apresentação performática – que teve direito até a chuva de papel picado. A apresentação levantou aplausos da torcida gresilense presente na Sapucaí.
“Nós fizemos tudo dentro do programado, nossa coreografia foi tudo o que a gente tem vindo ensaiando. É claro que 100% nunca vai estar até porque a emoção do dia do desfile é diferente. Tenho certeza que a gente está no caminho certo, eu e Thiago vamos vir mais um ano para buscar a nota 10 para toda a Imperatriz. Esses últimos dias têm sido bastante intensos porque quanto mais vai se aproximando a gente sempre percebe alguma coisinha que pode melhorar e sempre em busca de um bom resultado. Alguns dias nós vamos parar para descansar até porque o corpo pede”, comentou a porta-bandeira.
Um dos pontos altos da noite da Imperatriz na Sapucaí. A comunidade cantou demais a obra gresilense e, mesmo sofrendo com pequenas falhas do som da Sapucaí, manteve em alta o canto do samba-enredo da agremiação. Mesmo alas que, pelo regulamento, não são cobradas de cantar (como Baianas, Velha Guarda e Crianças), fizeram seu papel e cantaram com muita força o samba da Imperatriz. Belo trabalho de harmonia da escola, comandada por Junior Escafura.
Contestado no pré-carnaval, o samba se mostrou extremamente funcional e está na boca do povo de Ramos para o desfile da Imperatriz. Assim como no desfile em 2018, há de se destacar o bom desempenho de Arthur Franco e do time de canto da escola, contribuindo muito para o bom rendimento do quesito no ensaio técnico.
Assim como o quesito Harmonia, um dos pontos altos da apresentação da Imperatriz. Ousando nas bossas e dando um molho todo especial ao samba, a Swing da Leopoldina, de Mestre Lolo, contribuiu bastante para o bom treino da Imperatriz na Sapucaí. A cada ano que passa o trabalho do mestre e de seus diretores na Imperatriz tem se mostrado cada vez mais importante e merecedor de destaque.
Para não dizer que o treino da Imperatriz na Sapucaí foi perfeito, apenas um deslize em evolução pode ser citado. O primeiro setor, logo após a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira no terceiro módulo de julgamento, demorou para acompanhar a movimentação da escola abrindo um espaçamento razoável bem em frente ao módulo. O caso foi solucionado na sequência e pode ser visto como o único deslize da Imperatriz no ensaio técnico. No mais, foi possível observar uma escola solta e brincando na Avenida, bem na essência do que se conhece de carnaval.

Com o enorme desafio de cantar em forma de samba-enredo o sucesso de Gonzaguinha “O que é, o que é?” como hino imperiano para 2019, a dupla Leléu e Anderson Paz foi o ponto alto do ensaio técnico do Império Serrano na noite deste sábado, na Marquês de Sapucaí. Mostrando bastante entrosamento e interpretando a obra com muita correção, a dupla de cantores oficiais da Verde e Branca mostrou estar afinada para abrir o carnaval do Grupo Especial no domingo que vem, dia 3 de março.
Coreografados por Claudia Motta, os integrantes da comissão do Império arrancaram aplausos do público presente na Sapucaí. Contando com duas crianças entre os componentes do quesito, a coreografia apresentada foi com base na letra da música de Gonzaguinha, com bastante teatralização e movimentos bem coordenados durante as apresentações.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Reizinho de Madureira teve desempenho regular na noite de treino na Sapucaí. Durante as apresentações em frente as cabines de jurados, a dupla Diogo e Verônica mostrou estar entrando em sintonia, mas apresentou certa insegurança na sincronia. Pequenos ajustes no desenvolvimento da dança do casal podem ser feitos para a busca do 10 no dia do desfile oficial.
“Foi um ensaio bastante prazeroso, a gente se divertiu. É o nosso primeiro ano juntos e já deu pra pegar o ritmo um do outro, a técnica dela junto com a minha ajudou bastante. Verônica já é veterana e em 2020 eu vou completar 10 anos vindo de primeiro mestre-sala à frente de uma escola. Pra mim tá sendo bastante prazeroso dançar com a Verônica. Hoje foi excepcional. Posso destacar aqui uma nota 10 sem demagogia, e agora é acertar alguns detalhes mínimos para domingo”, comentou o mestre-sala.
“Toda vez que eu piso na avenida para mim é sempre muito emocionante. A gente hoje aproveita para colocar um pouco de emoção e aproveita também para fazer um pouco do que a gente vai apresentar no dia. Eu me emocionei muito durante esse desfile, esse samba mexeu muito comigo. Esse ano está sendo muito especial pra mim porque nasceu minha filha e certamente esse ano vai ficar marcado na minha vida. A nossa fantasia vai representar a emoção”, completou a porta-bandeira.
A música de Gonzaguinha é de total conhecimento público e não seria diferente com o componente do Império Serrano. Mesmo podendo apresentar melhora em algumas alas, o canto foi satisfatório, provando mais uma vez a força da comunidade imperiana, mesmo em momentos de adversidade e críticas. Quem tem um chão como o Império Serrano tem muito motivo para se orgulhar e isso foi, mais uma vez, comprovado na Avenida.
Alvo de muitas críticas no pré-carnaval pela adaptação da canção de Gonzaguinha, o samba do Império Serrano funcionou durante o ensaio técnico na Marquês de Sapucaí. Muito bem interpretada pela dupla de cantores oficiais da agremiação, Leléu e Anderson Paz, a obra teve rendimento bem satisfatório, mostrando que pode ser um ponto positivo para o desfile oficial, contribuindo inclusive com um maior apelo popular de quem estiver assistindo a apresentação do Império no dia 3.
“O andamento do samba foi bacana. O mestre Gilmar tem a bateria na mão. Acho que o samba teve uma boa resposta das arquibancadas e a escola cantou bastante. Isso é consequência dos ensaios que a gente tem feito. Muita gente está falando as coisas sem saber. Eu acho importante a opinião de cada um, mas sobretudo eles devem respeitar o pavilhão da Império Serrano, que é uma escola gloriosa. O Império não é qualquer uma, tem que respeitar! E o trabalho foi muito bem feito hoje, e o andamento foi legal. O ensaio técnico é a última “alinhavada” para nós podermos definir o que será feito no dia”, contou Leléu.
Com um andamento mais cadenciado, a bateria jogou com a escola e contribui positivamente para o ensaio da Verde e Branca da Serrinha. Com breques que convidavam o componente e o público a cantar, a Sinfônica de Mestre Gilmar contagiou os presentes.
Certamente o quesito que precisa ter uma maior atenção da agremiação da Serrinha, dentre aqueles possíveis de serem avaliados em ensaio técnico. A escola apresentou algumas oscilações de andamento e espaçamentos entre alas que precisam ser ajustados até o dia do desfile oficial. Perda de décimos importantes neste quesito podem ser fundamentais para os objetivos do Império Serrano no carnaval 2019.
A União da Ilha do Governador realizou seu ensaio técnico na noite deste sábado na Marquês de Sapucaí. A agremiação teve em sua harmonia e no casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Dandara Ventapane, os pontos altos de seus treino rumo ao desfile, na próxima semana. A escola enfrentou um enorme desafio pois o som da avenida, já com a sonorização que será usada no desfile, apresentou diversas falhas, mas a comunidade comprovou que está com seu canto em dia e segurou no gogó a ausência da voz do intérprete Ito Melodia.
“O ensaio foi muito bom. Ensaio no campo de jogo. No fim cada diretor contou alguma coisa que pode melhorar, porque eu não estou na avenida toda. Mas no geral, foi um excelente ensaio. Primeiro, ficamos felizes com o som da avenida, mas ele está em teste e depois baixou. A gente desfilou praticamente sem som, mas cantamos bravamente até o fim. Eu estou muito feliz com toda a escola. De onde eu estava, na frente da bateria, foi tudo muito perfeito, mas creio que sempre dê para melhorarmos algumas coisas na evolução. Hoje, temos um andamento de ensaio que é diferente do andamento no dia do desfile, pois existem os carros alegóricos e a comissão de frente”, disse Dudu Azevedo, diretor de carnaval.
O grupo coreografado pelo estreante Leandro Azevedo veio caracterizado de retirantes do Ceará, em um figurino muito bem idealizado. Eles formaram casais e se apresentaram com uma coreografia sincronizada e sem falhas no primeiro módulo de julgamento. O ponto alto foi o momento em que os dançarinos dançavam em pares quando o trecho do samba chegava no trecho ‘convida a dançar’.
Uma aula o bailado da dupla Phelipe Lemos e Dandara Ventapane. O casal, formado em 2016 na Vila Isabel, demonstra a cada ano que merece estar entre os melhores do Grupo Especial. O figurino trazia Phelipe em um tom de marrom e Dandara mais colorida, com uma saia floral e a parte de cima da indumentária no mesmo tom de cor da do mestre-sala. Eles demonstraram um grande entrosamento. Phelipe desfilou toda sua técnica apurada com movimentos rápidos e precisos. Dandara acompanhou deslizando pela avenida.
“Foi além da minha expectativa. Todo mundo sabe que eu não era muito a favor de ensaio técnico. Precisamos melhorar muito pra apresentar um espetáculo muito melhor para esse povo da Sapucaí. Eles merecem assistir a um espetáculo melhor. Mas, que energia maravilhosa. Essa Ilha do Governador, que não é minha escola de coração, mas está tomando a minha vida de um jeito que não da pra explicar”, comentou o mestre-sala.
“É um ano que para as mamães do carnaval é muito especial. Acho que o ensaio técnico ele começa a mostrar essa nossa capacidade. Força da mulher do samba e da mulher que trabalha, e que cuida do seu filho e que consegue realizar os seus sonhos. Esse será um ano muito especial para todos nós. A nossa passagem hoje pela Sapucaí só me confirmou mais uma vez que estamos no caminho certo”, completou a porta-bandeira.
O time de harmonia da Ilha merece destaque. Por volta dos 17 minutos da Ilha na avenida o som sofreu uma queda. Inicialmente as alas embolaram o canto em relação ao que era cantado por Ito Melodia, mas rapidamente o canto de estabilizou e a escola segurou no gogó a ausência de som. Mesmo com a volta parcial da sonorização, somente no fim do ensaio tudo foi normalizado, embora tenha havido outras duas quedas. Um desafio enorme que a comunidade da Ilha conseguiu superar.
A obra insulana mostrou-se competente na avenida. A condução sempre segura de Ito Melodia foi fundamental para o bom rendimento do samba-enredo, executado em um andamento que não permitiu a fuga do canto da métrica e da melodia. Ito e os mestres Keko e Marcelo se mostraram entrosados. As paradinhas valorizaram ainda mais o samba.
“A bateria foi aquilo que a gente estava esperando. O andamento agora no finalzinho caiu um pouquinho no último módulo, mas também tenho que considerar que esse ainda não é o som da avenida ideal, nem o carro de som oficial. O som aqui, eu também achei que estava um pouco baixo, pode ter influenciado de cair o andamento do samba, mas no todo a bateria conseguiu realizar apresentações diante de todos os módulos. Lógico que tem um negocinho, uma surpresa que a gente não mostrou. Tem um negócio que a gente vai fazer com a Gracyanne, vocês vão ver no dia”, prometeu mestre Marcelo.
Quesito onde a Ilha precisa ter atenção redobrada a poucos dias do desfile. Embora as alas estivessem bem espontâneas e soltas, brincando o carnaval, sem militarismo, a técnica de desfile teve percalços. A começar por um andamento irregular da escola, que por diversas vezes pareceu travada, parando excessivamente, perdendo a linearidade de sua evolução. Houve ainda problemas de espaçamentos, detectados na saída da bateria dos dois recuos, embora, para a escola sejam buracos para entrada e saída dos ritmistas. Aspectos que podem ser lapidados pela escola.
A União da Ilha demonstrou um grande respeito com o público do ensaio técnico ao colocar a escola inteira com alguma tipo de adereço, enfeite ou ornamento na roupa, com motivos nordestinos. Destaque para a belíssima ala de baianas, que com fitas coloridas nas anáguas criaram um efeito lindo na avenida. A bateria dos mestres Keko e Marcelo causou frisson ao colocar uma fila de triângulos à frente dos ritmistas e realizar uma paradinha com o instrumento. Nessa hora os mestres bailaram com a rainha Gracyanne Barbosa. Ito Melodia precisou deixar o ensaio técnico assim que terminou pois iria se apresentar no desfile do carnaval de Santos.