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Barracões: Mocidade aposta em abre-alas que resgata estética clássica independente para buscar o caneco

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barracao mocidade2019 1A Mocidade Independente de Padre Miguel não conquista um bicampeonato desde os anos 90. Por pouco não conseguiu esse feito no ano passado. Entretanto as notas no quesito fantasias acabaram tirando a escola da liderança da apuração e a jogando para o sexto lugar. Apostando em um novo desfile bem sucedido para voltar a vencer, a Estrela Guia desta vez deposita em uma estética que resgata os grandes carnavais da Mocidade para levantar o seu sétimo título do carnaval carioca. A começar pelo carro abre-alas, carregado de estrelas.

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O carnavalesco Alexandre Louzada desenvolve o quarto carnaval seguido na Mocidade nesta segunda passagem. Ele revela à reportagem do CARNAVALESCO que este é o primeiro enredo totalmente seu que desenvolve na agremiação.

barracao mocidade2019 11“Me sinto inquieto quando permaneço com a mesma visão estética. Pensei nesse enredo a quatro anos. É o meu primeiro enredo meu aqui na Mocidade. parece um castigo, pois quando eu pude desenvolver a minha proposta vieram essas dificuldades. É uma temática bastante enraizada na estética histórica da Mocidade. Quis fazer um carnaval mais clean, por conta dos recursos”, afirma.

Com 34 anos de carreira, Louzada é sincero quando indagado sobre as dificuldades encontradas pela escola neste ano de crise. Segundo o artista o carnaval 2019 é sem precedentes na história da festa.

barracao mocidade2019 3“Ano passado a coisa começou a ficar atrasada com a questão dos ateliês e acabamos penalizados, mas não tive tantos problemas como tive esse ano. Eu não consigo nem descrever esse ano. Não tem precedentes o que estamos passando, não sei nem como cheguei até aqui. Nenhum aspecto foi fácil ou tranquilo. Fazer um carnaval sem um mínimo de recurso ou estrutura não tem como descrever”, desabafa.

Cosmologia será fio condutor da história sobre o tempo

Para contar uma história carregada na abstração, Louzada se utiliza de um fio condutor para dar estrutura e coerência à sua proposta de desfile, conforme explica à nossa reportagem.

barracao mocidade2019 8“O fio condutor é a cosmologia. O homem procura entender o tempo através dos fenômenos naturais. A Mocidade é uma estrela e tem um nome que sugere eterna juventude. Não importa quanto tempo tem de idade, carrega no peito a eterna mocidade”, discorre.

Louzada pelo terceiro ano seguido fez adaptações em seu projeto inicial do ponto de vista da concepção depois da escolha do samba-enredo. O artista informa que não fica escravo da sinopse e que o samba é a trilha sonora do desfile, e por isso deve ser o protagonista.

barracao mocidade2019 7“O menino tempo é implícito mas ao mesmo tempo conta a passagem do tempo. Eles mesmos criaram isso. É burrice você ser 100% preso à sinopse. O compositor é parte do processo artístico. Antigamente as escolas davam os temas e os compositores criavam os sambas e aí surgia o desenvolvimento do enredo. Se não ferir a estética eu sou parceiro dos poetas”.

O artista revela ainda que a temática de 2019 seguirá a mesma característica dos últimos anos, de fácil assimilação do público e jurados.

barracao mocidade2019 12“Eu tenho bons ouvidos. O que as pessoas observam e me passam me servem como sinal de alerta. Todo mundo hoje tem entendimento da mecânica de julgamento. Se não estiver bem defendido o enredo, não dá para vencer. O Viriato Ferreira falava que os carnavalescos complicavam o carnaval, que ele é simples. Simplicidade não é necessariamente pobreza”.

Entenda o desfile

Louzada prefere não esmiuçar cada setor, mas explica ao internauta do site CARNAVALESCO em linhas gerais como se desenvolverá a temática da Mocidade na avenida.

barracao mocidade2019 10“A abertura da Mocidade resume a proposta. O passar do tempo. O abre-alas é a invenção do tempo, através do Deus Chronos. Como se tivesse brincando com astros e estrelas, fabricando o conceito de tempo, inventado pelo homem. Passamos pela necessidade de medir o tempo através de equipamentos, como relógio de sol, água, areia. Começa a dividir em segundos e minutos o passar do tempo. Não satisfeito cria mecanismos mais sofisticados de marca, como a criação do relógio. Ele fraciona o tempo dele, inventa que tem de dormir 8 horas. O homem se torna escravo do próprio tempo. Não sabemos realmente quanto tempo a gente tem. Em quanto tempo se pinta um quadro, se compõe uma música? O homem esquece de viver. Os momentos marcantes da Mocidade encerra o nosso desfile. Os campeonatos impregnados na memória dos independentes”.

Barracões: André Machado confirma volta de ‘padrão’ Rosas de Ouro e assegura barracão mais adiantado

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Dando continuidade ao especial que visita os barracões das escolas de samba para o carnaval de 2019, o site CARNAVALESCO entrevistou o profissional da escola de samba Sociedade Rosas de Ouro. Responsável por todo o desenvolvimento do enredo, o carnavalesco André Machado segue para o seu terceiro carnaval na agremiação com o enredo autoral: “Viva Hayastan”, uma grande homenagem ao país europeu Armênia.

rosas barracao2019 10“O enredo do carnaval de 2019 da Rosas de Ouro vai falar sobre a história e cultura Armênia. Logo quando lançou nós tivemos a preocupação porque existe um certo preconceito com enredos considerados ‘CEP’. A Armênia tem uma cultura que as pessoas desconhecem, elas não sabem que lá foi o local onde a Arca de Noé ancorou. Foi também a primeira nação cristã, tem o alfabeto próprio, isso aguçou a minha vontade de fazer um enredo sobre”, ressalta.

André Machado expõe que ideia surgiu enquanto assistia programa de TV e defende que proposta não tem nenhum motivo financeiro.

rosas barracao2019 2“Estava no processo do carnaval de 2018, e assistindo ao documentário do Globo Repórter sobre a Armênia, me interessei pela cultura e trouxe a ideia pra escola. Nós tivemos a preocupação até no título do enredo, porque as pessoas iam achar logo de cara que o tema existe por questões financeiras, e não é. A Sociedade Rosas de Ouro tem parceria com a BESNI, e nem sabia que os donos são da Armênia. Pensei em colocar o título do enredo ‘Viva Hayastan’, que quer dizer ‘Viva Armênia’, e colocamos esse nome pra provocar a curiosidade das pessoas, de ir pesquisar e isso surtiu efeito. Antes de criticarem, elas procuraram saber o significado”, explica.

A Armênia tem uma extensa história, são mais de três séculos de existência. E sobre o processo de apuração, André responde que contou com uma ajuda de armênios para destacar os principais pontos.

rosas barracao2019 3“A gente fala de uma civilização que tem mais de três mil anos, e foi um desafio condensar essa história em cinco carros alegóricos e dezenove alas. Assim que tive a ideia do enredo, procurei a comunidade de Armênios no Brasil, localizada em Osasco. O secretário de cultura me ajudou muito com o processo de pesquisa, pegamos os pontos principais. Mesmo as pessoas não conhecendo a cultura do país, nós escrevemos de uma forma que ela consiga entender o enredo. Vocês vão ver uma escola muito fiel à história”.

Imagem de Seu Basílio estará presente no 5° carro alegórico

A última alegoria contará com uma surpresa emocionante aos sambistas apaixonados pela Rosas de Ouro. Isso porque a imagem de um dos fundadores da agremiação, Eduardo Basílio, estará presente abraçando o brasão do país homenageado. André revela segredo e afirma mesmo padrão nas cinco alegorias.

“A homenagem vai ser um ponto alto, inclusive foi a primeira alegoria a ser confeccionada. Eu priorizei porque as pessoas falam que o último carnaval da Rosas não foi tudo aquilo mas começou muito bacana, e foi piorando durante o desfile. Então comecei com o último pra gente terminar de uma forma bem legal, com o mesmo acabamento do abre-alas”.

Barracão para 2019 é o mais adiantado dos último três anos

A Rosas de Ouro sofreu nos últimos anos com o cronograma de barracões, onde retoques eram feitos momentos antes de entrar na avenida. O carnavalesco afirma que mais de 80% já está pronto e promete um grande desfile.

rosas barracao2019 5“Graças a Deus é o carnaval mais adiantado dos últimos três anos. Primeiro que a gente está voltando com o padrão Rosas de Ouro e segundo que esse enredo me possibilitou a mostrar uma cultura nova. Estou com uma equipe que trabalhou comigo em outras escolas e que não tive nos últimos três anos. Temos tudo pra fazer uma grande carnaval”.

Além dos imprevistos com alegorias, André Machado foi alvo de críticas na internet em relação ao seu trabalho na azul e rosa da zona norte. Ele comenta sobre problemas financeiros e assegura força total nos próximos anos.

rosas barracao2019 6“Eu sou muito criticado com os meus dois últimos carnavais, no primeiro não tanto porque a escola acabou ficando entre as campeãs. As pessoas costumam falar ‘cadê o padrão Rosas de Ouro’ e ‘cadê o padrão André Machado do Pérola Negra’. Todo mundo sabe da questão da crise, a escola teve muitos problemas nos carnavais passados e a gente procurou colocar todas as dívidas em dia pra poder voltar com a qualidade nesse ano e com força total em 2020”.

Conheça o desfile

1° SETOR

rosas barracao2019 7“Se a gente fosse seguir a ordem cronológica da Armênia, teríamos uma parte que não seria tão legal de contar, que é a história do genocídio que aconteceu em 1915. Não consigo imaginar como a gente iria contar uma parte tão triste, onde no desfile tem pessoas alegres, contentes, mandando beijo pra arquibancada e sambando. Então a gente colocou essa parte logo no inicio, até pra justificar a parte da vinda desse povo ao Brasil. Pra você ter uma ideia do tamanho disso, existem treze milhões de armênios no mundo, mas apenas três milhões moram lá, por isso esse povo está presente nos cinco continentes. Logo em seguida tem uma ala dizendo ‘apesar de tudo que eles sofreram, hoje eles estão presentes pra contar a história’, e a partir disso a gente começa a desenvolver o nosso enredo. O abre-alas vai falar do Éden. Não existe uma comprovação histórica de que o Éden foi na Armênia, mas vertentes da bíblia acreditam que sim. Vamos fazer uma referência ao paraíso, o dilúvio e a Arca de Noé. Logo em seguida tem alas que são os povos que formaram a Armênia. As baianas vão falar da Deusa Asterix, que por coincidência foi uma Deusa que distribuía rosas como símbolo do amor”.

2° SETOR

“A gente vai falar dos povos que começaram a invadir lá, que foram os povos assírios, os persas, gregos e os romanos. O carro vai representar o Hayk, que é o patriarca da Armênia, e Tigranes, que foi um grande rei que conseguiu estender o território. É como se os heróis tivessem sido representados por duas figuras, protegendo e defendendo a sua nação dos grandes invasores”.

3° SETOR

rosas barracao2019 8“Aqui a gente vai falar da chegada do cristianismo, pra quem não sabe foi São Judas Tadeu e São Bartolomeu que apresentou o cristianismo para os Armênios, mas como eles adoravam os Deuses pagãs, logo de início não foi aceito pela grande maioria. Depois entrou a figura de São Gregório, na época tinha partes que queria viver no paganismo e São Gregório não aceitava isso. Ele foi preso num poço, viveu por 14 anos. Nesse tempo apareceu 38 virgens que vieram de Roma, o rei se apaixonou por uma delas e ela não correspondia. O rei ficou muito doente, apaixonado, e o único jeito de se curar era soltando São Gregório. Ele foi solto e celebrou uma missa para o rei, onde foi curado. O rei pergunto para Gregório o que ele poderia fazer pra recompensar, ele respondeu que queria que a Armênia se tornasse um reino cristão, e à partir daquele momento todos se tornaram cristão. Existe algumas batalhas que também tiveram com os cristão presentes no setor. Existem muitos locais pagãos que viraram igrejas”.

4° SETOR

“Como a igreja patrocinou colégios, escolas e universidades, e como eles criaram um novo alfabeto próprio, houve um processo onde as pessoas tiveram mais acesso a cultura. Teve um movimento literário muito importante presente em uma ala, e logo atrás tem o nosso quarto carro que vai falar da cultura. Vamos prestar uma homenagem ao Charles Aznavour, que foi um grande cantor que morreu ano passado. Vamos falar de artesanato, música, comidas e também o alfabeto. Tem uma ave que é muito utilizado no alfabeto, as letras são desenvolvidas a partir desse pássaro. As alas que seguem falam da independência, que foi um fato muito importante. A gente fala do Xadrez, porque para os armênios é o esporte número um, as crianças desde pequenas são obrigadas a aprenderem a jogar”.

5°SETOR

rosas barracao2019 9“Vamos finalizar com o carnaval Armênio, que acontecesse na mesma data que o nosso, mas como lá está no inverno, as pessoas costumam usar roupas mais pesadas, mas existem máscaras e eles confeccionam bonecos. Como é uma nação extremamente cristã, eles pulam os quatros dias de folia e na quarta-feira de cinzas jogam o boneco no rio como renuncia do profano. O último carro é a figura do Seu Basílio como representante maior da nossa escola abraçando o brasão Armênio. Hoje onde fica a praça Armênia e a estação de metrô Armênia, era o local onde os sambistas se concentravam para desfilar na Tiradentes. Até isso indiretamente a Armênia tem uma ligação com nós, paulistanos. Faremos uma homenagem aos fundadores da escolas que desfilaram na Tiradentes. A gente decidiu fechar dessa maneira pra mostrar a alegria desse povo”.

Ficha Técnica

19 alas
5 alegorias
2.300 componentes
500 fantasias destinadas ao povo armênio

História do carnavalesco André Machado

rosas barracao2019 1“Eu sou carioca e cheguei aqui em São Paulo há 20 anos pra desenvolver o carnaval da Barroca Zona Sul, logo depois eu fui pra Imperador do Ipiranga, passei pela Nenê, Império de Casa Verde, Pérola Negra, X-9 Paulistana e há 3 anos estou no Rosas de Ouro. Eu sou formado em desenho de moda e estou no carnaval desde os 13 anos, onde ajudava os carnavalescos do Rio de Janeiro a desenvolver os seus projetos, como na Mangueira, Portela, Paraiso do Tuiuti. Mas me firmei mesmo aqui, constitui família e não fiz outra coisa além do carnaval. Eles sempre tiveram carinho com profissionais do Rio de Janeiro, e com isso eles fizeram eu acreditar que o meu sucesso seria em São Paulo. Estou muito contente e pretendo continuar a minha história como carnavalesco aqui”.

Barracões: Jorge Freitas destaca força da mulher em desfile milionário como carnavalesco da Mancha Verde

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Almejando o inédito título do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, a escola de samba Mancha Verde investiu uma alta quantia em dinheiro para ver sonho se tornar realidade. Conceituado na região paulista e estreante na agremiação, Jorge Freitas assume responsabilidade como carnavalesco, desenvolvendo o enredo africano: “Oxalá, Salva a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra!”. Jorge recebeu a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão localizado junto à quadra. Ele explica detalhes do tema, destaca força feminina e revela que protagonista está inserida na realidade atual.

mancha barracoes2019 6“Quando eu fechei com a Mancha eles queriam falar da saga dessa guerreira negra. Idealizamos uma sinopse onde uma negra nasce princesa no Congo, ela é escravizada pela cobiça do invasor europeu que invadiu sua terra para roubar a maior riqueza, que era o Marfim. Ela cresce e na sua juventude é tirada das suas origens e feita escrava, ela cruza o oceano sem saber onde iria parar. Durante a viagem é marcada no corpo, é violentada, carrega em seu ventre o fruto da violação. Ao chegar no Brasil, se encanta pelas terras, pede as bençãos dos orixás e é recebida por Iemanjá. Em Pernanbuco, ela vê as mãos negras atuando nas plantações, no café, da cana-de-açúycar. Na senzala ela pede aos santos brasileiros para que abençoe e vai a luta, não só por ela, e sim pra fazer que o seu povo tenha a libertação. Ouve falar de Palmares onde poderia expressar os seus sentimentos, e lá fica cada vez mais forte, e se torna uma das pessoas que coordena os Palmares. Lá tem seus filhos, sendo que um é a história do Brasil, sem Aqualtune, não teríamos um dos personagens principais que é Zumbi dos Palmares. O papel dessa mulher a gente coloca como libertação para todas as mulheres que sofrem de violência, abusos e sempre vão em busca de liberdade. A protagonista do nosso enredo é inserida numa realidade atual, o mundo mostra isso. Todos nós somos iguais, todos temos os mesmos direitos e os mesmos deveres sem distinção de cor, de raça, de religião”.

No último setor, a escola traz a princesa Aqualtune carregando a mistura das duas regiões, Brasil e África. O sambista encontrará no desfile uma grande escultura de Zumbi dos Palmares, neto da princesa, toda esculpida por ferro.

mancha barracoes2019 7“Eu acredito que é um desfecho nosso e uma forma muito poética de enfatizar uma parte da história do Brasil, mas também com foco no grande orixá que está nos guiando”, finaliza.

Sobre a pesquisa, Jorge Freitas conta que altruísmo e força de Aqualtune chamou sua atenção.

“O que mais me intrigou foi a bravura dessa mulher em não lutar apenas por si, e sim pelo povo no qual se sentia responsável. Tanto é que ela nasce princesa e se torna escrava, mas o ‘eu’ dela, como princesa daquele povo, fez com que lutasse e encontrasse a igualdade do negro como ser humano”.

O carnavalesco se mostra seguro ao falar sobre cronograma de barracão e brinca com alegorias prontas.

“Na verdade só estamos dando alguns retoques finais que poderiam ser deixados até pra avenida, mas como sobrou tempo, estamos fazendo dentro do barracão mesmo. Como você pôde ver, ta tudo embalado (risos)”.

Patrocínio ultrapassa o valor R$ 3 milhões

Num cenário de crise onde muitas escolas de samba diminuem a grandiosidade do desfile para que caiba no orçamento, a escola de samba Mancha Verde corre na contramão dessa realidade. Através do patrocínio da Crefisa, a entidade alviverde arrecadou R$ 3.426.370,00 pela Lei Rouanet (Lei de incentivo a cultura). Não tem relatos na história do carnaval de valor maior captado de um único incentivador, englobando também o carnaval do Rio de Janeiro.

Jorge Freitas indica destino de parte da verba e afirma necessidade de uma boa direção para administrar o valor arrecadado.

mancha barracoes2019 2“As pessoas acham que o patrocínio é todo no carnaval, mas se tem um investimento na estrutura. Acabou o carnaval em Fevereiro, em Março já estávamos ensaiando. Pra ensaiar você abre a quadra, tem a luz, tem a água. A escola montou uma infraestrutura pra receber os seus componentes durante um ano de uma forma legal, e tem os investimentos do próprio patrimônio da quadra. Pra que a gente pudesse fazer um carnaval maior, você tem que montar uma estrutura onde tem que aumentar o tamanho do barracão, tudo isso também está inserido na verba que a Crefisa disponibilizou. Tem coisas que você não pode pagar com a lei Rouanet. O investimento é fantástico, mas você precisa de uma boa gestão pra administrar. Houve um investimento muito forte. Quando você ensaia o ano todo, quando você traz o componente ao ano todo pra dentro da quadra, isso é um investimento”.

mancha barracoes2019 1É inevitável não esperar um carnaval competitivo da escola. Cauteloso sobre resultado, Jorge assegura estilo detalhista nas alegorias.

“Falar da vitória é uma consequência do trabalho, nós temos grandes chances de fazer um grande espetáculo, mas tudo acontece na hora. Pra que tudo isso aconteça nós fizemos um trabalho muito intenso com os quesitos que são de avenida, os 70% nós trabalhamos muito. Vamos ver na avenida esse projeto grandioso que a Mancha está preparando. Quando eu falo de grandioso é do trabalho em si, acabamento, riqueza de detalhes nas alegorias e nas fantasias”.

Bit da bateria para 2019 cresce por influência de Jorge Freitas

As apresentações do Puro Balanço provocaram curiosidade para quem comparasse com a postura do último carnaval, sentimento provocado pela presença do carnavalesco. Isso porque, ao escolher o samba-enredo, Jorge Freitas conversou com o Mestre Maradona e outros dirigentes sobre vontade de aumentar o andamento da bateria.

mancha barracoes2019 3“Na verdade não é só aumentar o bit, é preciso conciliar três quesitos: Ritmo, dança e canto. O nosso samba precisava de um bit mais elevado para que a nossa evolução acontecesse de uma forma mais satisfatória para o desfile, são três coisas que são totalmente juntas e não tem como separar. Você tem a bateria, tem o samba-enredo e a evolução do componente, houve um consenso não só na parte de bit, mas nós trocamos as afinações dos surdos pra um tom mais apurado, com distinção entre os outros naipes. É uma medida para que tudo aconteça de maneira satisfatória. As pessoas estranham, mas é tudo técnico, nós temos que trabalhar os noves quesitos em conjunto”.

Além de carnavalesco, Jorge Freitas é cenógrafo, artista plástico, diretor artístico e, durante 25 anos, atuou como regente de banda bicampeã. Ele revela que cargos do passado influenciam no trabalho do presente.

mancha barracoes2019 4“Não existe segredo, o que existe é o comprometimento muito grande do profissional com a agremiação com a realização do trabalho, eu amo o que eu faço. Todos os atributos que eu tinha no cotidiano insiro no trabalho, a regência me ajudou muito nessa parte harmônica, me ajudou muito na parte da evolução, isso ai é o meu segredo. Tenho uma linguagem muito didática no motivacional com o componente”.

Praticamente todas as agremiações que Jorge Freitas assinou carnaval foi campeã. Sobre desfile da Mancha, o carnavalesco garante que não considera como desafio e elogia gestão.

“Não é um desafio, a Mancha vem numa crescente muito grande. Teve alguma fatalidade que fez ela descer, e ela subiu com uma força muito grande. Eu acho que é uma das grandes potência do carnaval de São Paulo. Ela tem uma gestão de invejar, o carnaval necessita de bons gestores e na Mancha isso aqui é muito claro. Desde a sua fundação é o mesmo presidente, e ele conseguiu fazer com que a agremiação se transformasse numa potência disciplinada. Quando você chega na quadra é de uma limpeza fenomenal, e isso é no dia a dia, o cotidiano da Mancha se faz dessa forma”.

Conheça o desfile

1° SETOR –Áfica Suntuosa

“A gente abre com o grande nascimento de Aqualtune e a gente faz uma homenagem à África suntuosa que até então era de riquezas, essa é a primeira parte do nosso enredo. Era um local de muita riqueza, tanto que no samba diz ‘África, suntuosa riqueza’, e dali a gente chega a cobiça dos invasores. Ele chegam, dominam o Congo e começa o confronto do homem branco e o Congolês, fazendo os africanos se tornarem escravos”.

2° SETOR – A África Chora

mancha barracoes2019 5“Nesse setor temos o negro transformado em escravo. Existem fatos de violência com a mulher grávida até cruzar o mar vermelho de dor, porque o negro é trazido para o mar, eles choram e tem suas lágrimas transformadas em sangue”.

3° SETOR – Tráfico do navio negreiro

“Chegamos então na nossa terceira alegoria, o tráfico do navio negreiro e recebidas em águas brasileiras por Yemanjá. Aqui chega, encontra coqueiro na terra do Maracatu, tem a colheita de algodão, de café, da cana-de-açúcar. Nos deparamos a imagem de Nossa Senhora do Rosário, onde Aqualtune pede libertação e proteção”.

4° SETOR – Pernambuco

“Ela vai a Palmares, e a expressão africana é colocada em potes de argila. Traremos os tambores que foram criados pra expressão musical do povo africano, os turbantes que os negros usavam e que virou moda no Brasil”.

5° SETOR – Afro-Brasil

“Nosso desfecho é unindo a Aqualtune com o coração afro-brasileiro. A gente termina com África-Brasil, fazendo uma grande homenagem à Aqualtune simbolizando a luta da mulher, a luta do ser humano e aparece a imagem de Zumbi dos Palmares. Zumbi vai ser uma grande peça feita durante quatro meses, toda ela em ferro porque estamos num ano de Ogum, então o ferro estará presente a essa homenagem a Aqualtune”

História do carnavalesco Jorge Freitas

mancha barracoes2019 8“Eu sou da região serrana do Rio de Janeiro. Alguns trabalhos meus no Rio foi Portela, Vila Isabel, depois vim pra São Paulo em 1999 pra fazer aquela homenagem ao Brasil dos 500 anos. Aqui passei por quatro agremiações, foi Gaviões da Fiel, Pérola, Rosas de Ouro no qual fiquei muito tempo e Império de Casa Verde. Todas escolas que passei tive títulos, e agora uma nova experiência na Mancha Verde. Junto com meu filho fizemos Independente e ano passado subimos com o Águia de Ouro. Eu acho que essa trajetória é vitoriosa, mas o que me diferencia é o trabalho que faço com a comunidade. O trabalho de carnavalesco nada mais é que uma coisa que faz parte de dois quesitos, o trabalho motivacional que eu faço com os componentes é o diferencial, e esse trabalho é o que as escolas necessitam. É um trabalho exaustivo mas a gente vê que tem um resultado enorme”.

Transmissão dos desfiles do Rio de Janeiro pela Rede Mais Esportes

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Ouça a transmissão dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo pela Sintonia Sasp

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Barracões: Gaviões da Fiel aposta em reedição com linguagem diferente

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A Gaviões da Fiel traz um enredo reeditado de 1994. Sidnei França é o responsável pelo desenvolvimento do tema: “A saliva do santo e o Veneno da serpente”.

gaviões et2019 1502 10“Está sendo uma honra desenvolver esse trabalho. Na época foi um desfile com cara de campeã, a escola levantou o público e todos apostaram no título. Teve uma apuração muito conturbada, na época o carnaval de São Paulo não era tão profissionalizado como se é hoje, e parece que teve notas que sumiram e depois acharam. O jurado de samba-enredo deu nota seis de melodia pra o samba que era um dos mais cantados do ano. Ficou um clima estranho, e com essa nota seis a escola ficou na segunda colocação, e isso ficou meio que entalado na garganta. Quanto tivemos a ideia de resgatar o enredo, isso gerou um alvoroço na comunidade justamente por isso”, afirma.

O carnavalesco diz que poucos elementos do desfile original será usado e revela nova linguagem, principalmente no último setor.

barracao gavioes2019 2“Muitas pessoas me perguntam se o desfile vai ser apresentado da mesma maneira, e eu sempre respondendo ‘não’. O enredo foi totalmente remodelado, até porque falar do tabaco, que deriva pro cigarro há 25 anos era uma coisa, hoje a sociedade está mais politizada. Fiz toda uma repaginação, respeitando a essência do samba mas não necessariamente o que foi mostrado em 94. Visualmente falando a escola mudou demais, os carros estão maiores, as fantasias mudaram, os materiais, e isso vai refletir pra quem for comparar o desfile de 2019 com o de 1994. Claro, eu escolhi pontos do desfile até pra homenagear o Raul Diniz, mas numa releitura repaginada. Por exemplo, em 94 a última alegoria era uma caveira, e isso significa que quem fuma está perto da morte. Eu não concordo com essa visão, em 2019 vai ter uma nova leitura, o final do desfile não faz um julgamento de ser certo ou errado fumar, a questão não é essa, cada pessoa é dona de si e é responsável pelas consequências dos seus atos. Eu deixei mais leve, colorido, conto a história do tabaco como ele é deixo as escolhas para cada pessoa”.

Sidnei França conta que ideia de reedição surgiu através de um diretor e revela que tema gerou polêmica.

barracao gavioes2019 3“Desde o carnaval do ano passado já existia uma ideia de um grande carnaval em 2019 porque é o ano que os Gaviões faz 50 anos, queríamos um enredo que conseguisse agradar a escola com um sentido mais emocional. Um diretor me perguntou se a gente não poderia reeditar o enredo de 94, eu pensei e achei que daria um caldo legal. O presidente me perguntou se eu não teria medo do julgamento, eu até acreditava que poderia gerar uma polêmica, mas eu acho que os Gaviões tem uma linhagem de enfrentamento, ela é não é uma escola de fica em cima do muro, e eu acho que ele tinha que comprar briga e foi o que aconteceu. Algumas mídias comentaram que enredo era uma apologia ao fumo, incentivar as crianças, mas a gente não se abateu as críticas”.

Sobra a pesquisa, Sidnei ressalta que quantidade de informações sobre o tabaco foi o que mais lhe cativou.

“O que mais me chamou a atenção foi a capacidade desse tema de encantar. Falar do tabaco gera uma riqueza cultural, de signos e símbolos que o homem foi se apegando e o tabaco sempre esteve presente”.

Conheça o desfile

SETOR DE ABERTURA – Saliva do santo e o veneno da serpente

barracao gavioes2019 5“A comissão de frente se auto-explica. Ela vai contar sobre uma lenda árabe que diz sobre um santo que viveu na época de Cristo. A família dele, fugindo do exército romano, foi para o norte da África, especificamente no Egito. Esse santo, chamado de Santo Antão, teria abdicado sua vida toda a percorrer a África levando a mensagem de Cristo, ele acreditava nesse conceito cristão. Já adulto encontrou uma serpente, maltratada, judiada, com sede, descamando, e a acolheu. Quando ela se restabeleceu, a serpente picou o braço desse santo, traiu a confiança dele. O santo assustado pela picada, jogou a cobra longe e chupou o veneno da cobra na mordida. No local que ele cuspiu esse veneno, surgiu um pé de tabaco. O enredo parte pra contar a história do tabaco através dessa lenda muito lúdica de como teria surgido o pé de tabaco no oriente, essa é a nossa comissão de frente”.

1°SETOR

“Aqui conta que muito tempo depois dessa lenda um árabe estaria percorrendo o mesmo local e encontrou um pé de tabaco. Curioso, porque ele era um grande conhecedor de ervas, pegou um pé e levou pra terra dele, e esse árabe é Maomé, fundador da religião muçulmana. Ele teria levado o tabaco para o oriente médio e ali se espalhou. A gente vai mostrar toda a suntuosidade dos templos árabes, os camelos, desertos, enfim. É o trecho que passou a comissão de frente até o abre-alas”.

2° SETOR

gaviões et2019 1502 39“É aqui que a gente vai contar que os gurus indianos pegaram o tabaco e desenvolveram uma cura, o primeiro uso da erva foi medicinal. Depois a gente conta que foram os árabes que levaram para a Europa o tabaco. Na Europa a gente mostra que foram os alquimistas da era medieval que acreditavam que o tabaco tivessem elementos que os levariam a encontrar a poção da eterna juventude. Temos os portugueses porque foi em Portugal que o tabaco virou rapé, nada mais é ele moído com algumas composições químicas, e foi constatado que em forma de pó ele ajuda a obstruir as artérias e também para curar dores de cabeça. E aí desenrola para o carro dois que é a alegoria da Rainha Catarina de Médici. Tinha um embaixador francês que ouviu dizer sobre a erva que curava dores de cabeça, e na época a rainha era muito famosa pelas dores de cabeças alucinantes, ela saia gritando no palácio, tacando objetos. A gente vai falar nesse carro que o embaixador francês levou para Paris o tabaco para rainha experimentar, e ela foi curada. Nós vamos mostrar no carro que em forma de gratidão ela deu um baile no palácio. Só que não para por ai, após a cura ela começou a ter uma nova fase no seu reinado. Sem as dores de cabeça, Catarina passou a ser mais ativa na sociedade, e ela era conhecida por ser enérgica, por não ter medo de mandar prender. Isso revoltou o povo que foi o começo do processo que culminou na queda das Bastilhas, a revolução francesa e a construção de uma nova França. Mesmo não intencional, ela ajudou no processo de criação de uma nova França. Esse carro mostra o baile e a construção de uma França nova”.

3° SETOR

gaviões et2019 1502 35“O terceiro setor se dedica a contar sobre a Bahia, quando o enredo cai no Brasil. A gente conta da velha Bahia, os pescadores, e que todos conhecem de uma forma lúdica. Foi nessa Bahia que chegou o tabaco, que no começo era vendido por escravos, e isso vai ser retratado na primeira ala. Nesse setor também temos as baianas que são as mães de santo, porque nos terreiros também se usa tabaco triturado como erva de purificação. O setor é encerrado com o terceiro carro que é o sincretismo religioso, a fé católica com o culto aos orixás. É um carro mais místico, religioso”.

4° SETOR

“Na penúltima parte do desfile a gente mostra como a mulher na sociedade buscou no cigarro uma forma de emancipação feminina. A mulher e o cigarro estiveram ligados no século 20 como uma forma de emponderamento, de mostrar que a mulher tem o direito de fazer o que quiser. Tem várias alas que mostram isso que estou falando. Também tem uma ala que homenageia a Rita Lee, que foi uma mulher que nunca escondeu que fumava e que sempre se mostrou a frente do tempo dela. O quarto carro é um cabaré, que mostra que a mulher é dona do seu corpo, das suas atitudes, e o cigarro sempre presente”.

5°SETOR

gavioes 2ET2019 17“Eu optei por uma linguagem muito mais leve e lúdica, ao invés de falar de câncer, morte. A gente fala desde a venda do cigarro, não da forma maço, mas antigamente numa época mais romântica em que as pessoas iam ao cinema de mãos dadas. Depois a gente mostra doces, porque toda pessoa viciada em cigarro tem um gosto por doces. Um cigarro acompanha um xícara de café, uma barra de chocolate, um chiclete, muitas vezes pra tirar o gosto da boca. É uma forma brincalhona de mostrar os doces acompanhamentos. Nesse setor vou ter uma ala de pessoas vestidas de juiz, uma ala metade preta e metade branca, eu quero mostrar que toda pessoa é dona das suas escolhas. Ela mostra através das cores que tudo tem o seus benefícios e os seus malefícios. A gente vai pra última ala que é o coração e o pulmão, porque o nosso samba termina cantando isso. Você é livre pra escolher o que faz da sua vida, só que tem que preservar a saúde. Então nós vamos para o carro da mente humana, que é um cérebro como parque de diversões mostrando como a mente é delirante, de como ela é entregue aos vícios, e precisamos ser fortes. A mente que busca o cigarro por prazer, só que a mente é delirante, ela te leva ao domínio mas tem horas que você perde o controle. O carro mostra de uma forma bem leve de como o vício faz você brincar com os sentidos”.

História do Sidnei França

barracao gavioes2019 1“Desde os dois anos eu frequentava a Mocidade Alegre com a minha mãe, e até os 13 eu ia de uma forma descompromissada. Com 14 anos passei a desfilar e, quando a presidente Solange assumiu a presidência, eu comecei a fazer parte da diretoria como Diretor Cultural. Nesse cargo passava a assessorar o antigo carnavalesco nas pesquisas e criação, e com isso eu fui me aproximando cada vez mais. De 2003 e 2008 eu desempenhei esse papel, e quando o carnavalesco saiu da escola a Solange me convidou a integrar a comissão de carnaval, e essa é o começo da minha história como carnavalesco.Meu primeiro desfile que assinei foi em 2009 e, junto à comissão, trouxemos o título. Fiquei até 2016 na Mocidade Alegre, no ano de 2017 aceitei o convite da Vila Maria pra fazer o carnaval sobre os 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que também foi um presente. E em 2018 eu aceitei o convite dos Gaviões, quando eu desenvolvi o enredo “Guarus”, que era um tema patrocinado. Mas eu busquei uma outra linguagem, não ser folhetinho político, e busquei uma linha mais mitológica sobre os índios Tupi. E continuo aqui com um grande presente na minha trajetória que é poder reeditar um enredo clássico como esse”.

Editorial: análises das baterias

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carnavalescoPelo sétimo ano consecutivo o site CARNAVALESCO fará todas análises das baterias da Série A e do Grupo Especial no Sambódromo. O trabalho pioneiro começou com o jornalista Rodrigo Coutinho. Com total apoio e respaldo do site, ele dirige o projeto e conta com as participações de Kleber Komká e Guilherme Gonçalves.

A ideia da análise de cada bateria foi dada para suprir a carência técnica nas matérias jornalísticas de toda imprensa, e, claro, do site CARNAVALESCO. A proposta é a valorização do segmento, inclusive, abrindo portas para todos os mestres.

Em nenhum momento, o trabalho leva em conta algo pessoal ou relacionamento. As análises são feitas em cima dos critérios técnicos e do momentos vistos na pista, quadras, ou ensaios de rua e do Sambódromo. Nossos colunistas visitam ensaios desde a escolha do samba-enredo.

Embora a relação de proximidade com muitos mestres exista, conquistada através de anos de convívio como ritmistas, os colunistas separam laços de amizade e focam no trabalho técnico da bateria.

O trabalho com opinião é sempre uma missão árdua. Vai agradar uma parte e desagradar outra. Hoje, a análise é boa e amanhã pode não ser. O site CARNAVALESCO privilegia sempre a opinião. Não somos donos da verdade. Erramos e acertamos. Acima de tudo, a gente trabalha para enaltecer o sambista e fazer uma cobertura jornalística gigante e do tamanho que o carnaval merece.

Obviamente, o site CARNAVALESCO e todos seus colunistas, equipe de jornalistas, fotógrafos e redes sociais estão sujeitos aos comentários do público e críticas. E isso faz parte de sermos um veículo de imprensa, que trabalha com notícias, e opinião. Porém, a gente repudia veementemente qualquer tipo de ofensa pessoal ou coação. O próprio veículo ou seu time de colunistas tomará medidas judiciais caso seja necessário para enterrar de vez mentiras e boatos que só fazem mal aos sambistas.

Temos ótima relação com as escolas de samba, com a Liesa e a Lierj. E nossa credibiliade na informação e na opinião está relacionada ao nosso trabalho, e, acima de tudo, nos nossos acessos. São mais de 3 milhões de pessoas acompanhando nossa cobertura carnavalesca no mês do carnaval.

Por outro lado, a direção do CARNAVALESCO reafirma que não permitirá também que nenhum integrante do veículo tenha participação em mentiras, boatos ou brigas. Isso é repudiado e inaceitável.

Por fim, o site CARNAVALESCO frisa que nos sete anos de análises das baterias todas escolas já receberam elogios e críticas. Os jurados do Especial e da Série A estão em constante contato com nossos colunistas e os mesmos são orientados a não emitirem opinião fora das nossas páginas, ou seja, opinião sobre as baterias vão ser dadas sempre no site CARNAVALESCO e não em redes sociais ou conversinhas de botequim.

Sabemos a nossa missão. O que conquistamos e o que ainda vamos conquistar. Ter opinião está no nosso DNA. Não vamos perder isso, JAMAIS. A nossa batucada é nossa maior referência. Nossas orquestras nos orgulham e sempre vamos valorizar quem faz. Erros e acertos são naturais na vida. A valorização é importante quando ela é real. Tapinha nas costas, abraços e afagos podem ser falsos.

Salve todas baterias do Rio de Janeiro. Salve os mestres. Vamos ao maior espetáculo da Terra.

Barracões: Maior volumetria e tamanho das alegorias marcará desfile da Renascer em 2019

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Por Diogo Cesar Sampaio

barracao renascer2019 2Após viver momentos dramáticos para conseguir por o carnaval de 2018 na rua, o ano de 2019 tem tudo para representar uma virada de página na história da escola. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas no atual pré-carnaval, a Renascer de Jacarepaguá investiu em seu barracão, e irá apostar em um desfile grandioso e volumoso plasticamente. Com outros dois trabalhos assinados na agremiação em 2017 e 2018, os carnavalescos Alexandre Rangel e Raphael Torres acreditam que o atual trabalho será o com resultado mais impactante e surpreendente deles.

“Esse ano, mesmo com a crise, vamos trabalhar com alegorias grandiosas. A diferença para carnavais anteriores é essa. Mesmo com toda a dificuldade, a gente está apresentando algo que a Renascer há muito tempo não apresenta. São carros bem maiores do que a Renascer vinha apresentando, e com muito mais esculturas. Acredito que essa parte estrutural vai surpreender”, afirma Raphael Torres.

barracao renascer2019 5No entanto, mesmo com mudanças na plástica, algumas características dos trabalhos anteriores permanecerão. Para Alexandre Rangel, assim como 2018, o desfile de 2019 será marcado pela superação dos problemas.

“Assim como os desfiles de 2017 e 2018, o desse ano também terá muita garra, muito amor, muito carinho e muita dedicação, tanto vinda da nossa parte como da parte da comunidade. O carnaval de 2019 é o carnaval da superação e dedicação. Tem muito amor envolvido, tem muita baiana esperando a roupa dela chegar, tem muitas pessoas da comunidade esperando ansiosas pela fantasia, tem a velha guarda com o olho cheio d’água… Isso que faz eu, a cada dia, vir para o meu barracão e fazer o carnaval da Renascer de Jacarepaguá.”, declara Alexandre.

Dois de Fevereiro e o Rio Vermelho

O desfile de 2019 da Renascer de Jacarepaguá vai trazer a história de um dos eventos mais relevantes, e de maior importância, do calendário baiano. A festa de Iemanjá, que acontece todo dia dois de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, move milhares de pessoas todos os anos. A reportagem do site CARNAVALESCO indagou a dupla de artistas da escola sobre como surgiu a ideia do enredo, e como eles pretendem desenvolvê-lo.

barracao renascer2019 8“Nós apresentamos três propostas para o Salomão (Antônio Carlos Salomão, presidente da Renascer) de enredo. E aí o Salomão veio com Bahia… A gente tinha um outro enredo de Bahia, só que com uma outra pegada. Mas o Salomão queria falar sobre o Rio Vermelho, só sobre o Rio Vermelho. E o bairro Rio Vermelho é uma Lapa hoje em dia. E o que acontece no Rio Vermelho? A festa de Iemanjá. E em uma conversa entre eu e o Raphael pela madrugada, depois de muito bater papo, ele me falou que achava inviável a gente falar só sobre o Rio Vermelho, e deu a ideia de irmos para Salvador. Viajamos para conhecer lá a fundo, pesquisar e trazer material para, em si, começar a desenvolver o enredo. E foi aí que a gente encontrou o nosso fio condutor, que é a festa de Iemanjá, que acontece dia dois de fevereiro. Uma festa muito conhecida, que se não me engano, depois da Lavagem (das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim), é a maior festa que acontece lá. Só que não é tão divulgada assim. Vai gente do mundo todo para essa festa. O bairro fica abarrotado. Daí com esse fio condutor, a gente começou a trabalhar o enredo, e apresentamos para o Salomão essa proposta junto com o Cláudio Russo. Sentamos os quatro juntos, debatemos, pegamos essa pegada que é um pouco para o afro e um pouco para o cultural também, para não sair dessa linguagem que é da Renascer de Jacarepaguá.”, relata Alexandre.

“Na verdade, eles queriam falar justamente sobre a festa, mas eles queriam falar também de todo o contexto do Rio Vermelho. O que eu falei pra o Alexandre foi que era inviável essa proposta, e que a gente teria de pegar um fio condutor. Todo enredo tem que ter início, meio e fim. Foi nesse momento que falei para começarmos com toda a história da chegada dos negros escravizados até a festa em si.”, complementa Raphael.

barracao renascer2019 6Contando com a participação de Cláudio Russo no processo e construção do enredo, a dupla de carnavalescos comentou sobre a relação deles com o compositor. Segundo Alexandre, a parceria se reflete no trabalho de ambos e consiste em ajuda mútua.

“É bacanérrima nossa relação com o Cláudio Russo. Antes de fazer o samba, a gente tem reuniões com ele, com o Moacyr Luz e com o Diego Nicolau. É um cara que a gente passa a sinopse para ele, que sempre a acompanha e dá sugestões. Ele participa ativamente e aponta algumas coisas que tem de mudar”.

A dupla também contou sobre as pesquisas que basearam o desenvolvimento do enredo, destacando o ponto que para cada um chamou mais atenção. Enquanto para Alexandre foi a história de Iemanjá e dos orixás, para Raphael foi a relação da rainha do mar com Oxum, rainha das águas doces.

barracao renascer2019 7“Falar sobre Iemanjá é uma coisa muito forte, falar sobre os orixás… É uma coisa muito delicada quando você fala de um orixá. Isso que me despertou muito interesse na hora de fazer a pesquisa. A cada imagem, a gente chegava lá e fotografava. A cada pessoa que a gente via, perguntávamos. Porque quando você vai fazer um laboratório, você tem que sentir realmente aquilo dali, se aquilo é pra você realmente. Quando você fala de um orixá é uma coisa muito séria, uma coisa que tem que ter um sentimento focado para aquilo dali. Nós ficamos uma semana em Salvador, então a gente foi pesquisando tudo, todos os detalhes. É um enredo riquíssimo, totalmente cultural. A cada momento ele vai abrindo uma base, ele vai abrindo um caminho novo”, disse Alexandre.

“O interessante é que quando a gente pesquisou e começou a ver o contexto do enredo, a gente viu que no próprio enredo de Iemanjá se encaixa com Oxum. Muito antes de você cultuar à Iemanjá, que é a orixá das águas salgadas, você tem que homenagear também Oxum, que é das águas doces. Eu achei isso muito interessante, porque um orixá é interligado ao outro. Foi a parte da pesquisa que mais me chamou a atenção, sem dúvidas”, alega Raphael.

Crise nos bastidores para 2019

Em meio a tantas dificuldades, tanto financeiras, quanto estruturais, a cada ano se torna mais difícil fazer carnaval na Série A. Para a dupla Alexandre Rangel e Raphael Torres é sim possível ter prazer em trabalhar no grupo, além de acreditarem em um futuro mais próspero.

“Não tem porque não sentir prazer em fazer carnaval. A gente gosta do carnaval, é uma coisa que fala mais alto, tem um amor envolvido. É o que faz a gente estar aqui hoje, dentro do barracão da Renascer: o amor pela arte e pelo carnaval. Essa é uma crise que eu creio que vai passar. É uma nuvem. Eu acredito que dias melhores vão acontecer. Depois da tempestade vem sempre a bonança, como diz aquele ditado popular”, citou Alexandre.

barracao renascer2019 3“Eu acredito também que essa crise vai passar. Isso é para gente ter um alerta antes de votar. A gente precisa votar em algo ou em alguém que realmente faça pelo carnaval, e não apenas promessas. Porque de promessas já estamos cansado. O mundo do Carnaval tem que se unir e votar na pessoa certa”, opinou Raphael.

Quanto ao uso de materiais para confecção do carnaval, é preciso ser criativo. Além dos problemas financeiros, a crise também se deu na oferta de materiais, muitos em falta no mercado. Por isso, é necessário achar soluções baratas e, muitas delas, alternativas.

“Aqui a gente usa tudo. Tudo é reciclado. Olha pra um lado, olha pro outro, vai com aquilo dali, transforma aquilo outro. Se um amigo tem algo para me dar, serve. Tudo serve para gente. Tudo a gente muda, a gente transforma, a gente cria. O verdadeiro artista é isso, é você se reinventar todo dia, você já sai de casa se reinventando”, declarou Alexandre.

“Nós viemos da Intendente de Magalhães. Já utilizamos todos os tipos de materiais e acredito que não tenha nada de diferente do que eu já tenha usado. Não temos vaidade, e assim, tudo o que a gente vê dentro do barracão é útil para a gente. Desde um pedaço de madeira ali no canto, até um pedaço de ferro, tudo para a gente é reciclado e tudo pra a gente é viável para colocar no nosso carnaval”, confidencia Raphael.

Dramas e as superações oriundas de outros carnavais

O atual cenário de crise da folia carioca afetou a todas as agremiações que fazem parte da festa, independente do grupo que elas estejam. Um cenário alarmante, porém longe de ser o pior encarado pela Renascer e pela dupla de carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel. Durante os preparativos para 2018, a escola teve seu barracão na Zona Portuária do Rio devastado por cinco incêndios no pré-carnaval. Os artistas tiveram de lidar com fato de não terem um lugar para construir seu carnaval e nem material, ambos consumidos pelas chamas. No entanto, contando com doações e todo o tipo de ajuda do mundo do samba para se reerguer, a Renascer surpreendeu a muitos com sua apresentação e mostrou o seu poder de superação.

barracao renascer2019 4“Ano passado, eu lembro que as pessoas vieram perguntar para nós se íamos conseguir colocar a Renascer na avenida. E a gente no barracão, seja com sol ou com chuva. No último momento, nossos dois macacos pegaram fogo, e o Raphael olhava para a minha cara, com a lágrima no olho, perguntando o que faríamos. Foi aí que fomos para a Cidade do Samba, para continuar a fazer aquele carnaval, mesmo com muitas dificuldades. Então, a gente não se abala assim. Acho que são esses desafios que deixam o ser humano mais forte, mais preparado pra vida aí fora. A verdadeira faculdade, realmente é a Série A, porque aqui só sobrevivem os fortes. Aqui somos todos guerreiros, não tem essa de vaidade com a gente. A gente não tem, a gente vai te pedir. Eu peço aos meus amigos, eles pedem à mim, tem aquela coisa de união com o outro, e essa união é que está fazendo a gente mover o carnaval da Série A esse ano, assim como aconteceu nos outros carnavais”, relembra Alexandre Rangel.

Entenda o desfile

barracao renascer2019 1A Renascer de Jacarepaguá será a segunda a desfilar no sábado de carnaval. Em 2019, a escola contará o enredo “Dois de Fevereiro no Rio Vermelho”, e levará para Marquês de Sapucaí um total de 1800 componentes, distribuídos em 21 alas e 4 carros alegóricos. O carnavalesco Raphael Torres explicou como a dupla dividiu o desfile:

Setor 1: “No primeiro setor a gente vem abordando a calunga grande, que é a chegada dos negros escravizados ao Brasil. Eles que trouxeram o culto à Iemanjá. Esse primeiro setor se resume a isso”.

Setor 2: “O segundo setor ele vem abordando a parte do ritual, da festa. Antes de cultuar a Iemanjá, orixá das águas salgadas, a gente tem que cultuar Oxum. Esse segundo setor vem abordando essa parte do dique tororó. Então, antes de cultuar à Iemanjá, a Renascer vem justamente cultuando a Oxum”.

Setor 3: “Já o terceiro setor entra na parte da festa do Rio Vermelho, da festa de Iemanjá, no qual o terceiro carro vem abordando a igreja de Santana”.

Setor 4: “O quarto setor vem fechando a parte a festa. A festa no mar no qual vai estar sendo abordado, no último carro, um grande barquinho de Iemanjá. Um gigante, que encerra o desfile da escola”.

Barracões: Bateria da Estácio de Sá homenageia Franklin Roosevelt em desfile de 2019 com toque latino

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O chapéu panamá é um acessório quase obrigatório a todo sambista. O que poucos sabem, entretanto, é que o acessório nunca foi fabricado no Panamá, mas na Colômbia. A alcunha ganhou notoriedade mundial quando o presidente americano, Franklin Roosevelt, ao visitar o Canal do Panamá posou com o chapéu e ele foi assim chamado.

Essa é uma das história que a Estácio de Sá abordará em seu desfile ‘A fé que emerge das águas’. A curiosa passagem estará retratada na fantasia da bateria Medalha de Ouro no segundo setor do desfile. Tarcísio Zanon, carnavalesco da agremiação, em entrevista concedida no barracão conta um pouco de como surgiu a ideia de desenvolver um enredo internacional com forte característica latina.

barracao estacio2019 1“Quando se fala em fá abre-se um leque de opções, emergindo das águas outro leque. Falamos do cristo negro que emergiu das águas no Porto Belo, Panamá. Essa imagem foi encontrada por pescadores e todo 21 de outubro tem uma romaria partindo da Cidade do Panamá até o Porto Belo. Existem alguns questionamentos sobre o enredo, mas acredito que esteja próximo de nós por se comunicar bem com o carioca. O meu link com o Brasil é a coincidência de nossa padroeira também ser negra e emergir das águas. Sempre enxergamos Jesus de uma forma renascentista. Os ocorridos que citei conferem representatividade ao nosso enredo. A Jessica Maia, ex-rainha do carnaval, foi quem sugeriu o enredo a mim. Ela morou 10 anos no Panamá. Em um primeiro momento não gostei, mas quando ela me contou essa história me apaixonei”, declara Zanon em entrevista ao CARNAVALESCO.

Além da fantasia da bateria, o projeto da Estácio chama a atenção pela opulência para uma agremiação da Série A. Sem entrar em detalhes, o carnavalesco aposta na comissão de frente para arrebatar a Sapucaí neste sábado de carnaval.

barracao estacio2019 2“Quando surgiu a ideia da comissão de frente fiquei encantado com o projeto. Nossa sinergia, minha da Ariadne, é muito boa. Sempre conseguimos alcançar um ótimo resultado. Com certeza é um trabalho que vai emocionar e arrebatar o público”, explica.

O Leão do São Carlos é apontado pela crítica especializada como uma das fortes candidatas ao título da Série A, ao lado de outras agremiações. Tarcísio não rechaça o favoritismo mas deixa claro que ele precisará ser comprovado na avenida.

barracao estacio2019 3“Eu acredito que o favoritismo é bom em alguns aspectos e ruim em outros. A posição de desfile é excelente e a comunidade está bastante motivada. Também vejo pela questão histórica da Estácio, que vem sim fazendo carnavais grandiosos nos últimos anos. As dificuldades são enormes. Na Série A há quase uma impossibilidade de fazer. Carnaval é na avenida, como sabemos”, destaca.

Embora seja considerada uma das favoritas, a Estácio não escapou da crise que praticamente inviabilizou o desfile da Lierj neste ano, como explica Tarcísio Zanon.

barracao estacio2019 4“A crise atrapalhou de uma forma muito pesado. Claro que a Estácio buscou se cercar de apoios. Esse foi até um dos motivos que nos fez lutar por esse enredo. Os atrasos relacionados à subvenção atrapalharam sensivelmente a construção do projeto. Todo ano ele é mexido, e esse ano a crise de matérias é muito forte. Isso compromete muito o trabalho dos carnavalescos até no Especial”, conclui.

Entenda o desfile

Contamos a história do Cristo Negro pelo olhar de um romeiro. Mostramos dessa forma uma nova cultura, como eu acredito que é um papel interessante do carnaval.

Setor 1: Saímos da Cidade do Panamá para chegar a Porto Belo. Dessa forma passamos pelas belezas naturais, a tradição das tribos. O Panamá é conhecido como abundante terras de borboletas e peixes e isso está retratado no nosso desfile.

barracao estacio2019 7Setor 2: Chegamos ao Canal do Panamá onde tivemos o boom econômico. Construído pelos franceses, foi explorado depois pelos EUA. O chapéu do Panamá na verdade é fabricado na Colômbia. Mas quando o presidente Franklin Roosevelt apareceu com o chapéu no Panamá acabou se difundindo como se fosse feito no país.

Setor 3: Chegamos às festas profanas e culturais do Panamá. A Diablada, o Festival das Flores, rei e rainha de Espanha.

Setor 4: A chegada a Porto Belo e o carnaval. A procissão do cristo negro se assemelha muito ao nosso carnaval. É entoada por tambores. Falamos sobre isso, trazendo o sincretismo colocando Obatalá. Amarro desta forma as duas culturas.

Barracões: Alegria da Zona Sul supera adversidades e prepara desfile para louvar a fé e a Umbanda

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barracao alegria2019 1A Alegria da Zona Sul vai desfilar no Carnaval 2019 da Série A tendo superado diversos obstáculos. O primeiro e principal foi a ausência de um espaço para construir suas alegorias. Após o último carnaval algumas escolas perderam seus barracões na Zona Portuária e a agremiação foi uma das afetadas, não tendo para onde ir com suas alegorias. Há um mês do desfile, a Alegria começou a erguer suas alegorias e a estrutura física da sua nova moradia carnavalesca. O presidente da escola, Marcus Vinícius, ressaltou a garra na produção do desfile de 2019.

“Fizemos quatro alegorias e vamos vir melhor do que muitas escolas que não tiveram nem 10% de todos os problemas que passamos. Conseguimos com muito sacrifício fazer um carnaval digno”, disse.

barracao alegria2019 2Perguntado sobre o enredo para este ano “Saravá, Umbanda”, o presidente
da Alegria diz que a fé na religião foi um divisor de águas para encontrar forças
em erguer um desfile que ficará marcado na história da escola.

“O enredo foi primordial para escola, e também culturalmente falando vamos mostrar um pouco da nossa história, logicamente, a nossa fé é o que nos move. Nossos parceiros espirituais estão nos ajudando e interagindo para a gente poder fazer essa homenagem da melhor maneira possível, com muita dignidade, amor, carinho, sacrifício e consideração com a religião”, afirmou.

Na escola há 4 anos, o carnavalesco Marco Antônio Falleiros diz que a ideia inicial para o desfile de 2019 era falar de uma determinada entidade, e após estudar e consultar diversas pessoas sobre a religião o enredo foi trocado por algo que desse mais conteúdo e rendesse mais emoção na Sapucaí.

barracao alegria2019 6“Nós íamos fazer um enredo sobre a história dos Pretos Velhos, mas quando fomos pedir a licença para fazê-lo foi pedido para fazer um trabalho com mais história e informações. Foi sugerido falar sobre a religião, não só sobre a entidade e sim sobre a Umbanda em que o mais interessante da própria religião é ela ser totalmente brasileira, misturando o sincretismos religioso a história de todas as guias” declarou.

Entretanto, as dificuldades fizeram o carnavalesco repensar na hora de produzir o desfile de tamanha qualidade plástica e visual. A maior vontade foi mostrar que com os problemas passados a escola teve um novo olhar para por um desfile de ponta na avenida.

“Costumo brincar que este foi o carnaval do jeitinho. O barracão feito em quatro semanas. Foi um ano muito difícil e complicado, além da crise e de ficarmos sem barracão, nós tivemos pouco tempo para tudo sem contar que, saquearam quase todo nosso material do carnaval passado como madeiras, ferros, motores dos carros e pneus, mas conseguimos fazer o carnaval usando bastante criatividade. Apostei em nos materiais mais fáceis e que remetam a religião como renda, flores, palhas, esteiras e espelhos” disse Marco.

barracao alegria2019 4Marco Antônio comenta que sua aposta será no início da escola.

“Eu sempre aposto na cabeça do desfile como a comissão de frente e abre-alas, que é composto por imagens sacras e o nosso mentor o Preto Velho. É um carro bem interessante e terá a iluminação como fator principal do abre-alas”.

A Alegria da Zona Sul será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na sexta-feira, levando o enredo sobre a história da religião Umbanda e fé de seus fiéis que nela exercitam o amor e caridade. Com dois mil componentes e quatro alegorias.

1° setor – ABRINDO NOSSOS TRABALHOS. (Abre-Alas: Congar, altar)

2° setor – CABOCLOS CURANDEIROS E PODER DAS ERVAS. (Carro: Caboclos e poder das ervas)

3° setor – A SORTE, A RUA E A MALANDRAGEM. (Carro: povo de rua, salve a Malandragem)

4° setor – 11º ANOS DE AMOR E CARIDADE. (Carro: Iemanjá, rainha do Mar)

Ficha técnica do barracão:
– Ferreiro: Pedro
– Marceneiro: Beto do Cavaco
– Escultores: Rema, Igor e Mineiro
– Pintura de arte: Rema e Igor
– Iluminação: Kibe
– Decoração: André e Cleberson
– Espelho: Anselmo