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Porto da Pedra leva os amores de Antônio Pitanga para a Avenida

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Por Juliana Cardoso

Porto da Pedra Desfile2019 037A Unidos do Porto da Pedra retratou em suas alas e alegorias toda a trajetória do ator Antônio Pitanga, que atuou em mais de 50 longas e mais de 30 novelas. Além da carreira do baiano, a escola também falou das amizades e amores que o artista cultivou durante sua vida. Entre as alas, havia uma sobre a Mangueira, escola de coração do Antônio. As baianas ainda representaram Maria Escolástica, mãe de santo, conselheira e amiga de Pitanga.

Porto da Pedra Desfile2019 103A ala “O Rio do Mestre Cartola e da Mangueira” teve sua fantasia inspirada no traje da comissão de frente da verde e rosa de 1977, quando o grandioso Mestre Cartola apresentou a agremiação a Antônio. Desde este dia, a Mangueira se tornou um dos maiores amores do ator.

 

Os integrantes 18ª ala vestiam uma fiel representação da roupa usada por Cartola: um terno rosa com gravata borboleta verde. Os óculos escuros que sempre eram utilizados pelo mestre também foram reproduzidos. Os desfilantes estavam animados por encenar uma parte da história da agremiação do Grupo Especial na Avenida.

“A Mangueira é uma escola tradicional e que possui um belo histórico no samba carioca. Gosto muito desta agremiação e estou muito feliz em poder fazer parte disso. O Antônio é um homem muito importante no cenário artístico, pois ele carrega a representatividade do negro nesse meio. Ele representa nosso país”, afirmou Marcela Ferreira, componente da escola.

Já as baianas, caracterizadas como “Mãe Menininha do Gantois”, vestiram fantasia totalmente branca, com pequenos detalhes prateados. Nos ombros, elas carregaram um cinturão de flores e búzios, elementos que também foram colocados na cabeça da fantasia.

Porto da Pedra Desfile2019 035

Para a baiana Inajara de Assis é uma honra, como negra e espírita, representar a mãe de um terreiro na Porto da Pedra. Ela, que está há 10 anos na escola, diz que já foi funcionária da agremiação, ritmista e diretora de ala.

A vermelha e branca foi a quarta a escola a desfilar na Marquês de Sapucaí.

Galeria de Fotos do desfile da Vai-Vai no Carnaval 2019

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Com abertura emocionante, Estácio faz desfile tecnicamente perfeito

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Por Diogo Sampaio 

Estacio Desfile2019 049

Apontada como favorita no pré-carnaval, a Estácio de Sá entrou na Avenida com a pressão de corresponder às expectativas criadas entorno do seu desfile, e não desapontou. Com uma comissão de frente impactante, um casal entrosado, harmonia e evolução corretas, além de uma plástica muito bem resolvida, a Estácio saiu da Sapucaí com a mão na taça, e encerrou a sua apresentação com 54 minutos.

Comissão de frente

Estacio Desfile2019 013Pelo segundo carnaval consecutivo, a comissão de frente da Estácio de Sá veio sob o comando da coreógrafa Ariadne Lax. Com o nome de “A fé que emerge das águas” a abertura se debruçou sobre a história da origem do Cristo Negro do Portobello, de uma apresentação que misturou dança e encenação.

A apresentação reconstituiu os últimos passos do Cristo Negro, em uma espécie de via-crucis, do martírio a redenção. Seu apogeu acontecia com o inédito encontro entre o Cristo Negro de Portobello e Nossa Senhora Aparecida. Após ser crucificado, Nossa Senhora surgia por detrás da cruz e o cobria com seu manto. Um momento que arrebatou o público e levou as arquibancadas ao delírio.

Mestre-sala e porta-bandeira

Estacio Desfile2019 027A abertura arrebatadora tinha a sua continuação com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, José Roberto e Alcione. Vestidos com a fantasia “O sagrado”, em cores predominantemente laranja e vermelha, eles trouxeram em seu figurino o símbolo do Sagrado Coração, fazendo referência a fé católica comum tanto a panamenhos como a brasileiros. A fantasia de Alcione também teve um outro detalhe em especial. A porta-bandeira ao invés de vir com um costeiro, como veio o mestre-sala, veio com um véu rendado, que corroboraram na caracterização e na mensagem.

Com uma dançada predominantemente de passos coreografados, que remetiam aos versos do samba, o casal demonstrou muito entrosamento e parceria, e juntos emocionaram o público.

Harmonia

Estacio Desfile2019 127Todas as alas passaram com componentes cantando muito a obra de Alexandre Naval, Edson Marinho e companhia. Em nenhum momento a escola deixou de cantar. O carro de som, comandados por Serginho do Porto foram fundamentais para dar gás aos integrantes da Estácio para não deixar o samba e o canto cair.

Evolução

Estacio Desfile2019 120A Estácio teve uma evolução acelerada, devido ao tamanho de seus carros e ao grande contingente de pessoas da escola. No entanto, não correu em nenhum momento de sua apresentação, além de ter mantido o mesmo ritmo do início ao fim. As alas também estavam bem arrumadas e enfileiradas, mas sem deixar de brincar e pular carnaval.

Samba-enredo

Estacio Desfile2019 111O samba-enredo da Estácio de Sá foi um dos grandes destaques entre as obras do grupo no pré-carnaval. Com uma letra poética e que conquista o público pela emoção, sua passagem pela Marquês de Sapucaí foi de arrepiar. O canto das alas foi fundamental para o samba acontecer, e o ritmo mais cadenciado da bateria colaborou para uma apresentação ainda melhor.

Enredo

Estacio Desfile2019 017A Estácio de Sá buscou em uma das maiores procissões católicas do mundo, o seu enredo para 2019. Desconhecido em terras tupiniquins, o Cristo Negro de Portobello, é uma das maiores manifestações de fé, que leva milhares de fiéis as ruas todos os anos. Ao desenvolver seu desfile, a Estácio não se restringiu ao âmbito religioso, e expandiu seu enredo para falar também do Panamá e da relação do país da América Central, e da fé que eles têm, com o Brasil e a fé do brasileiro.

Todavia, a ampliação do enredo pode ser o único senão da escola. Apesar de fantasias claras, o desenrolar narrativo escolhido pelo carnavalesco se mostrou um pouco confuso em alguns momentos da apresentação. Mas nada que tire o brilho da mesma.

Alegoria e adereços

Estacio Desfile2019 072O conjunto alegórico da Estácio se destacou pelo tamanho grandioso. Sem erros de acabamento, as alegorias não se utilizavam de materiais muito caros ou mesmo luxuosos em sua confecção. Porém, todos se destacaram pela solução encontrada e o impacto visual conseguido.

Fantasias

Estacio Desfile2019 082As fantasias seguiram o mesmo caminho das alegorias. Um conjunto sem luxo, mas muito bem resolvido. As plumas deram lugar para o acetato, e nem por isso a qualidade do espetáculo foi afetada. O requinte deu lugar a criatividade, e a fantasias de fácil assimilação de seu significado.

Bateria

Estacio Desfile2019 103A bateria Medalha de Ouro contou com o retorno de mestre Chuvisco, para o carnaval desse ano. Com os ritmistas fantasiados de “Presidente Roosevelt”, o figurino teve um excelente acabamento e não atrapalhou no desempenho dos ritmistas.

A batida mais cadência, optando por poucas convenções e bossas, colocadas apenas em momentos estratégicos da apresentação, foi um destaque. É algo incomum tanto para Medalha de Ouro como para Chuvisco, reconhecidos por suas características mais ligadas a batida mais acelerada e para frente.

Outro destaque

Estacio Desfile2019 096Com a fantasia “A Majestade da Soja”, Leyla Barros fez a sua estreia à frente da bateria medalha de ouro, e foi um dos destaques. As senhoras da ala das baianas da Estácio, vestidas de “Pássaros Resplandecentes”, defenderam muito bem o samba no gogó, além de terem arrebatado o público com o belíssimo figurino em vermelho. A ala de passistas, com o figurino “Exército americano”, também roubou a cena com muito samba no pé e na ponta da língua.

Galeria de Fotos do desfile da Mocidade Alegre no Carnaval 2019

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Vai-Vai arrepia o Anhembi com mensagem contra o racismo

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Vai Vai Desfile2019 34Sempre a escola mais esperada do carnaval de São Paulo, a Vai-Vai não decepcionou o público presente no Sambódromo do Anhembi. Quarta a desfilar na segunda noite do Grupo Especial, a escola levantou as arquibancadas com sua passagem e teve na atuação de Grazzi Brasil o seu grande trunfo para desempenhar uma das melhores harmonias deste ano. A Vai-Vai completou seu desfile em 63 minutos e apresentou o enredo ‘O Quilombo do Futuro’.


Comissão de Frente

Vai Vai Desfile2019 7A comissão de frente da Vai-Vai foi composta por 16 bailarinos e 1 elemento alegórico. Baseou-se em fatos bíblicos, representados pelo povo hebreu, povo este que foi escolhido pelo Deus supremo e que segundo as escrituras sagradas marchavam no deserto rumo à terra prometida em posse da Arca da Aliança, que é a presença do sagrado na Terra. O ponto alto da apresentação foi a presença de uma criança, que interagiu participando da coreografia e levando o público ao delírio.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Vai Vai Desfile2019 21O mestre-sala do Vai-Vai representava Piye, o campeão de Amon e a porta-bandeira, Amenirdes, a divina e adorada de Amon. Piye primeiro faraó negro da XXV dinastia egípcia de origem Cuxita (Núbia). O mais emblemático faraó negro a consolidar o domínio núbio sobre o Egito. Sua irmã Amenirdes, intitulada a divina adorada de Amon. A fantasia do casal fazia alusão às vestimentas usadas no Antigo Egito. A indumentária era suntuosa com muitos faisões nas cores da escola. Foi um dos casais mais competentes dos desfiles deste ano.

Harmonia

Vai Vai Desfile2019 31Vai-Vai pisou firme e comeu o asfalto do Anhembi. Um canto no padrão que a escola do Bixiga está acostumada a imprimir. Desde o começo e até o final da escola as alas cantaram com muita força o samba, que foi um dos que mais conseguiu interação com o público, desde o começo do desfile.

Enredo

Vai Vai Desfile2019 42A Vai-Vai propôs na avenida uma complexa proposta. Narrado por um ‘griôt afronauta’, o enredo é todo contado em primeira pessoa. O Afronauta se revela como um senhor viajante do tempo e declara a urgência de sua viagem. Chega até o Afronauta a mensagem através dos tambores (forma de comunicação com o sagrado), do povo preto reclamando por tudo que lhe foi subtraído.

Vai Vai Desfile2019 51O enredo começou a ser desenvolvido através do setor em que demonstra a África como origem das civilizações. O Egito negro, portal para todo o conhecimento do presente, passado e futuro. No segundo setor, o conceito da Maafa, a escravidão negra (faz referência à escravização dos povos africanos e à diáspora africana causados pela escravização, imperialismo, colonialismo, invasão, opressão, sequestro, desumanização e exploração). No terceiro setor o Vai-Vai apresentou as lutas em Diáspora e na sequência trouxe o protagonismo negro na quarta parte do desfile. O Quilombo do futuro, através de um conceito chamado ‘afrofuturismo’ deu fim ao enredo da escola do povo.

Evolução

Vai Vai Desfile2019 76A escola conseguiu passar pelo Anhembi sem qualquer percalço de evolução, concluindo o desfile de maneira bastante tranquila. As alas, mesmo algumas que tinham fantasias bastante volumosas, evoluíram muito, pulando, cantando, se movimentando, como é o pedido pelo manual do julgador.

Samba-Enredo

Vai Vai Desfile2019 62A melhor apresentação da noite. Grazzi Brasil, estreando sozinha como principal cantora da escola, provou de forma definitiva que uma mulher tem totais condições de conduzir o desfile de uma escola como o Vai-Vai. O samba teve funcionamento perfeito, impulsionado pelo comando da cantora, mesmo com o desempenho irregular da bateria. O refrão era um dos mais cantados do ano no carnaval de São Paulo.

Fantasias

Vai Vai Desfile2019 82A ala de baianas da escola veio representando as Candaces, as rainhas guerreiras africanas. Através do filme Pantera Negra a fantasia da bateria Pegada de Macaco busca dentro do enredo mostrar o protagonismo dos negros no cinema. Morta em março de 2018 a vereadora Marielle Franco foi homenageada na 15ª ala ‘Eu tenho um sonho! Todos presentes!’. Embora bastante bonitas e com uma variedade grande de materiais alguns figurinos do quesito tinham dificuldade de leitura, principalmente aqueles do primeiro setor sobre a África.

Alegorias

Vai Vai Desfile2019 84Grandioso, o abre-alas da Vai-Vai possuía três bases. Na primeira, a representação da ressurreição dos faraós negros da XV Dinastia de Cuxita. A segunda base a representação do império negro no Egito. Na terceira base a metalurgia e a escrita, dois legados do povo africano para a sociedade. Na segunda alegoria, os ‘Tumbeiros, lágrimas e sangue no atlântico’. O terceiro carro pedia poder para o povo preto. No carro ‘Sim, nós podemos’, o Vai-Vai tentou demonstrar que é possível romper barreiras que mantém a estrutura do racismo. A última alegoria, ‘Quilombo do futuro’ sintetizava o enredo da escola. No carro o povo de pele preta reconquista o domínio tecnológico.

Bateria

Vai Vai Desfile2019 55Através do filme Pantera Negra a fantasia da bateria Pegada de Macaco busca dentro do enredo mostrar o protagonismo dos negros no cinema. A bateria teve uma atuação com alguns problemas e chegou a atravessar após uma das paradinhas e levou alguns segundos para se readequar à métrica cantada. Mas não houve danos à harmonia e ao canto da escola.

Outros Destaques

Vai Vai Desfile2019 50Camila Silva, como sempre estonteante, se apresentou com uma fantasia toda de led, arrancando aplausos e suspiro do público. Como é tradição em desfiles da escola uma grande quantidade de bandeiras foi distribuída para o público, causando um efeito espetacular nas arquibancadas na arrancada da escola. A família da vereadora Marielle Franco, esperada para participar do desfile, não compareceu. A homenagem à política, morta em 2018, foi um dos pontos de maior comunicação com o público.

Eugênio Leal analisa o desfile do Vai-Vai

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Mocidade Alegre faz começo de desfile com postura de campeã, mas correria pode prejudicar o sonho

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Por Matheus Mattos. Fotos: Magaiver Fernandes

MocidadeAlegre Desfile2019035Terceira agremiação a entrar na avenida, a Mocidade Alegre trouxe uma estética indígena através do enredo “Ayakamaé – As águas sagradas do Sol e da Lua”. Logo no início o clima imposto pela agremiação levantou a arquibancada, e os espectadores correspondiam com gritos, aplausos, e movimentação de braços e bandeiras. A coreografia da bateria, harmonia constante, bailado entrosado do casal e comissão de frente com fácil interpretação foram os destaques positivos. Até o minuto 56 a escola apresentava uma pinta de campeã, porém os dirigentes não cronometraram o tempo correto, fazendo que a evolução fosse prejudicada em pelo menos duas cabines de jurados do quesito.

Evolução

MocidadeAlegre Desfile2019025A escola demonstrou ter o domínio do quesito no começo, porém sofreu com o tempo. Ainda no minuto 56, a bateria se encontrava no recuo e a última alegoria ainda não tinha cruzado a linha do meio do sambódromo. O andar mais acelerado ocasionou buracos entre as alas e prejudicou também o cantar dos componentes. A entrada no recuo da bateria não comprometeu o quesito.

A ala que melhor mostrou espontaneidade sem perder a organização, foi a “Olhos de Guaraná”, vista logo atrás do segundo casal. A coreografia “vermelho no sangue e na cor” foi feita por toda a escola, com participação direta do público nas arquibancadas. A ala “Pássaros de Arrebol” demonstrou efeito visual agradável ao realizar a coreografia.

Comissão de Frente

MocidadeAlegre Desfile2019009A comissão de frente trouxe uma encenação na qual o sambista personificado da Mocidade pedia licença aos Deuses para deslumbrar os mistérios e contemplar as magias que rodeiam o rio amazonas. Os personagens principais, Jaci e Guaraci, foram representados durante a encenação, assim como sua história de amor. O figurino trouxe uma riqueza nos detalhes dos bailarinos complementares, com atenção dada até nas costas. Um grande destaque do quesito foi a atuação do artista que representava o Deus Tupã, ele encarnou o personagem e impressionou pela intensidade do olhar. Os passos se mostraram ser bem elaborados e efetuados de forma correta.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

MocidadeAlegre Desfile2019021O casal oficial, Emerson Ramires e Karina Zamparolli, representou os dois principais personagens do enredo tratado, Guaraci e Jaci, que no desenvolver se transformam no Sol e na Lua. O grupo cênico trouxeram e enriqueceram o contexto romântico da narrativa. A fantasia do casal foi uma das mais bonitas do carnaval, além da beleza, volume e uso das cores de forma estratégica, o figurino surpreendeu também pela fácil representação dentro da proposta. A dupla carregou em sua passagem passos minuciosos, olhar constante entre eles, e com um detalhe de falta de sincronismo ainda no minuto 16, mas longe do campo de visão do jurado. Em frente à cabine, ambos mostraram entrosamento necessário, estendo o pavilhão e saudando o jurado da forma que o regulamento pede.

Harmonia

MocidadeAlegre Desfile2019030A escola apresentou um cantar constante e uniforme durante praticamente todo o desfile. Assim como nos ensaio técnicos, o 2° setor se destacou pela força imposta e evolução empolgante. O cantar dos componentes foi prejudicada nas últimas alas pelo ritmo acelerado imposto.

Alegorias

MocidadeAlegre Desfile2019068O abre-alas “Do Amor e Sol e Luas nasce Ayakamaé – As águas sagradas” trouxe duas base, onde a primeira fazia referência ao sol e a segunda a lua. A segunda “O Santuário da Vida” mostrou movimentação de esculturas de animais marinhos. O terceiro carro, “Sob os ramos da Samaumeira, o poderoso ritual de cura”, chamou atenção pela imagem de um tigre e por dois curupiras, na parte final, também com movimentação. A quarta alegoria teve um destaque negativo, ainda quando estava no setor B, uma escultura caiu, comprometendo o quesito pra agremiação. A última alegoria falou sobre o encontro do sol e da lua, e notou-se uma queda de nível em comparação as outras.

Bateria

MocidadeAlegre Desfile2019039A bateria Ritmo Puro, comandada pelo mestre Sombra, representou os Guerreiros Manaós-Ajuricaba, que são defensores leais do território indígena. A ousadia da batucada foi o ponto alto, ainda quando estavam em frente ao setor B, os ritmistas realizaram o tradicional cubo-mágico. Nada mais é que a bateria se divide, uma parte anda e os lados se invertem. O movimento levantou a arquibancada. Outro destaque também foi a bossa baseada no ritual indígena feita no segundo refrão. A rainha de bateria Aline Oliveira chamou a atenção por dois motivos. Coreografia com a ala da frente e por tocar surdo de terceira enquanto a batucada estava no recuo.

Samba-enredo

MocidadeAlegre Desfile2019105O intérprete Igor Sorriso cantou de forma solta e com ótima competência musical. O cantor realizava cacos que puxavam a animação da escola, mas em pontos específicos, sem exageros. O samba funcionou de forma clara, sendo cantado até mesmo pelos foliões de fora do desfile.

Enredo

MocidadeAlegre Desfile2019100A Mocidade Alegre apostou num tema indígena que conta, de uma forma lúdica e romântica, o surgimento do rio Amazonas. A lenda se inicia com a história de amor entre Guaraci e Jaci, um casal que foi impedido de ficarem juntos. Ao se relacionarem surgiu um cata crisma na terra e Deus Tupã interviu, enviando ambos como astros, um em forma e sol e a outra em forma de lua. A linhagem do enredo começa à partir disso, aprofundando o contexto de como o rio é importante para a região. A leitura da escola foi simples e fácil, um simples conhecedor da lenda entende o desfile de forma clara.

Fantasia

MocidadeAlegre Desfile2019084Todas as fantasias demonstraram ótimo acabamento e leitura simples, como as alas “Jacarés” e “Cobra Grande”. A agremiação trouxe muitos componentes com rostos pintados, casando com a proposta da fantasia. A ala “Arraias do encontro das águas” utilizou um material simples e barato, mas ocasionando um efeito visual bacana. No geral, a escola apresentou um dos melhores efeitos visuais do carnaval, cada uma com sua particularidade e com criatividade na cores.

MocidadeAlegre Desfile2019065Destaques

A presidente Solange veio logo no início, com uma roupa vermelha e maquiagem de índio. As baianas também cativaram pela cor e quantidade, foram mais e 70 mulheres na ala. A coreografia em praticamente todo trecho do samba enriqueceu a ala dos passistas.

Estácio 2019: galeria de fotos do desfile

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Amigos e familiares marcam presença em desfile da Porto da Pedra em homenagem a Antônio Pitanga

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Por Juliana Cardoso

Porto da Pedra Desfile2019 114Assim como a Santa Cruz, o Unidos do Porto da Pedra escolheu homenagear na Avenida em 2019 um veterano ator negro. Com o enredo “Antônio Pitanga, um negro em movimento”, a escola de São Gonçalo levou para seu desfile uma alegoria que festeja o ator e sua relação com o Rio de Janeiro. O quarto carro da escola cruzou a Passarela do Samba com a presença de Antônio, que desfilou radiante e vestiu um tradicional traje de malandro, e de amigos e familiares do artista.

“Estou muito feliz por receber esta homenagem em praça pública, no melhor espaço do mundo, que é o Sambódromo. É um teatro! A cultura é uma fonte enriquecedora. Vim para receber os aplausos dos cariocas e a alegria desse povo”, disse Antônio momentos antes de tomar seu lugar na alegoria.

O ator baiano chegou ao Rio de Janeiro na década de 1960 e se encantou pela singularidade do jeito carioca de ser. A alegoria que fechou o desfile foi intitulada como “O Rio de Janeiro Faz Festa para Antônio Pitanga” e trouxe referências a pontos turísticos da cidade que abraçou o artista. Um grande queijo em formato de chapéu foi colocado na dianteira do carro, lugar ocupado pelo homenageado.

Porto da Pedra Desfile2019 094Na parte lateral, o carro apresentou uma simbologia ao carnaval de rua carioca, com componentes vestidas de colombinas e posicionadas em cima de cartolas. Atrás, uma grande escultura de um pierrot deu um ar teatral à alegoria. A famosa estampa do calçadão de Copacabana dava acabamento a parte inferior do carro e os Arcos da Lapa, na parte da frente, abrigaram a velha-guarda e alguns amigos íntimos de Antônio.

Porto da Pedra 3“Sou amigo do Antônio há muito tempo, desde Corpo Santo em 1987. Eu o acho fundamental para a cultura brasileira e por isso estou aqui. Ele é raiz e representa um monte de gente. Acho uma obrigação estar aqui homenageando este grande pai em seus 80 anos”, afirmou o ator Chico Dias, que estava no carro.

Os filhos, Rocco e Camila Pitanga, também marcaram presença no desfile da vermelha e branca e se mostraram emocionados com a homenagem ao pai.

Porto da Pedra Desfile2019 092“Representar Antônio Pitanga na avenida é de uma responsabilidade imensa, é uma grande emoção. Ele é um negro de sucesso e representa a negritude. Porque nós, negros, somos a base deste país, que ainda precisa avançar muito e entender nossa história”, disse Camila.

E Rocco completou: “É uma verdadeira delícia representar a grande história do pai na Avenida. Eu e Camila somos os desdobramentos da grandioso caminhada de Antônio, mostrada na Marquês de Sapucaí”, disse, orgulhoso.

Tem Gringo no Samba? Francesas apaixonadas pelo carnaval carioca desfilam em alegoria da Renascer

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Por Gabriel Leal

Renascer Desfile2019 072A Renascer de Jacarepaguá foi a segunda escola a pisar na Sapucaí com o enredo homenageando o tradicional festejo baiano do dia 02 de fevereiro, dia de Iemanjá. Além da força da comunidade do largo do Tanque, a Renascer contou com alas comerciais para compor os componentes do seu desfile. Para este feito, muitos deles passaram por uma maratona para se “abrasileirar” e ajudar a escola a fazer uma bela passagem pela Avenida.

No enredo “Dois de fevereiro no Rio Vermelho”, a Renascer mergulhou fundo na estética negra e nos símbolos baianos presentes no imaginário popular. A escola trouxe para avenida toda a mitologia dos orixás nos dois primeiros setores, dedicando uma ala para cada orixá (ala 2: Oxalá, ala3: Iemanjá, ala 4: Nanã, ala 5: Ogum, ala 6: Xangô, ala 7: Oxóssi, ala 8: Iansã, Ala 9: Oxum) e a segunda alegoria fazendo menção às águas de Oxum. Este segundo carro era inteiramente dourada e decorada com espelhos e composto em sua grande maioria por mulheres, uma vez que Oxum é o orixá que rege a feminilidade, a beleza e a maternidade, segundo a mitologia Yorubá.

No time feminino de composições, além das já tradicionais integrantes cariocas, a Renascer de Jacarepaguá contou com cerca de 14 meninas francesas que desfilaram na Marquês de Sapucaí pela primeira vez. A ponte para esse encontro França-Brasil foi a professora de dança Alessandra Cabral. Há 18 anos ministrando oficinas de samba no pé por cidades, como Londres, Paris e Croácia, a ex-passista conta que o comprometimento é fator fundamental para integrar o grupo.

Renascer Desfile2019 069“Já tem um tempo que eu trabalho com isso. Eu faço workshop em vários lugares do mundo, e as pessoas pedem para desfilar. Então comecei a organizar isso. Mas pensei: ‘se vocês querem desfilar, não vai ser de qualquer jeito, vamos nos preparar, aprender o samba-enredo’. Foi quando comecei a organizar essas viagens há uns 8, 9 anos. Desde então, eu trago essas pessoas que são super interessadas pela nossa cultura”, comentou a professora de dança.

Mas muitos sambistas afirmam que a presença de gringos pode prejudicar a harmonia da escola de samba, uma vez que eles não falam português. A responsável pela caravana, no entanto, discorda desse posicionamento e felicita o carinho dos gringos pela cultura brasileira.

“Se você pegar as meninas e pedir para elas cantarem o samba-enredo, elas vão saber. Ensaiei com elas. Os estrangeiros valorizam mais a nossa cultura popular do que o próprio brasileiro. Lá fora eles são ávidos por aprender uma coisa que não é a cultura deles. Quando trabalhava aqui no Brasil, via muito essa coisa de musa, gente que quer desfilar, mas durante o ano não tem tanto interesse. Já elas fazem aula duas vezes por semana o ano inteiro”, garantiu Alessandra.

Num misto de português com inglês, os turistas comentaram a experiência de pisar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí e por uma escola com enredo que fala de negritude e das matrizes africanas.

Renascer Desfile2019 076“É magnífico! Na minha cidade também há carnaval, mas não é o mesmo. Não tem os carros alegóricos. Eu vou tentar dançar e espero não cair”, brincou a enfermeira Pascalini, que completou: “Vi que o enredo é sobre a festa de Iemanjá na Bahia. Existe muito da cultura negra nesse tema e isso é legal porque eu sou negra”.