Ao vivo lançamento do CD da Série A 2019
Publicado por Site Carnavalesco em Quinta-feira, 22 de novembro de 2018
Vídeo: assista todas apresentações das escolas da Série A na festa do CD
Intérprete Nego formará dupla com Zé Paulo Miranda no Arame de Ricardo

O Arame de Ricardo anunciou nesta quinta uma contratação de peso para o seu carro de som no desfile de 2019. Com passagens por Unidos da Tijuca, Império Serrano, Grande Rio, Imperatriz e outras grandes escolas de samba, Nego irá dividir o comando do carro de som da escola de Ricardo de Albuquerque com o intérprete Zé Paulo Miranda.
Irmão do intérprete da Neguinho da Beija-Flor, Nego iniciou a carreira como apoio na Beija-Flor. Sua primeira experiência como intérprete oficial foi na Unidos da Tijuca, onde ficou até 1992. Entre 1993 e 1999 defendeu a Grande Rio. Ainda passou pro Salgueiro e a própria Tijuca antes de assumir o microfone do Império Serrano, onde viveu as maiores glórias da carreira, defendendo na avenida o clássico ‘Aquarela Brasileira’ em 2004. Nego ainda cantou em escolas no Rio, em São Paulo e por todo o Brasil até ser contratado pela Acadêmicos do Sossego para comandar o carro de som no desfile de 2018.
O Arame de Ricardo apresenta em 2019 o enredo ‘O primeiro bailarino do carnaval’. O tema presta homenagem a Jerônymo da Portela, um dos mais emblemáticos mestres-salas da Majestade do Samba. A azul e branca de Ricardo de Albuquerque será a 6ª escola a desfilar na terça-feira de carnaval pela Série B da Liesb.
Portela canta em oração e mostra força em ensaio de comunidade a 100 dias do carnaval
Por Guilherme Ayupp. Fotos: Allan Duffes
Faltam menos de 100 dias para o Carnaval 2019 começar, mas para a Portela o desfile pode acontecer na semana que vem que seus 3.100 componentes estarão aptos a brigar pelos 40 pontos em harmonia e evolução. O que se viu e ouviu na quadra da escola, na noite desta quarta-feira, em seu ensaio de comunidade foi uma escola briosa, tocante e com muita fome de alcançar a sua 23ª estrela.
Geralmente, as escolas ainda estão buscando ajustes nesta fase do ano até encontrarem a melhor forma para cantar o samba. Para se ter uma ideia o CD oficial ainda nem foi lançado em sua versão total, mas o canto do portelense já se encontra naquele volume e padrão de desfile. O grande destaque do ensaio que a reportagem do CARNAVALESCO acompanhou esta noite no Portelão. Vale explicar que o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon e Lucinha, não participou do ensaio.
“Estamos no começo ainda, mas temos um início muito promissor. A escola está cantando muito. Tem ainda bastante gente querendo desfilar, mas está praticamente completa. Precisamos progredir a cada ensaio. Teremos 3.100 componentes no chão, o numero que adotamos desde a redução do tempo. Desses são apenas 500 de alas de alas comerciais”, explicou o diretor Fábio Pavão.
Harmonia
O portelense tem um padrão muito peculiar de canto. Não é aquele volume de esganiçar a voz como se nota em algumas agremiações, mas não se pode dizer que a comunidade não está cantando muito. Como esse enredo é muito caro ao coração de cada portelense e o samba é uma ode à Clara Nunes, a comunidade canta com alma, com aquele prazer de quem está defendendo não apenas a escola, mas um ícone de sua história. Alas reunidas e componentes se olhando e cantando o samba todo.
“É um grande samba. Sabemos que foi muito bem desenvolvido na disputa. Toda a escola escolheu. Podemos esperar uma grande vibração, pois é uma obra emocionante. Esperamos que o samba exploda e arrepie do início ao fim de nosso desfile”, afirmou o intérprete Gilsinho.
Samba-Enredo
Há de se destacar a capacidade musical de Gilsinho e sua equipe. Passa por ele o sucesso da harmonia da escola. O intérprete fez ajustes que melhoraram o samba e o tornaram ainda mais tocante. O trecho onde a letra evoca Oyá e Iansa com a saudação ‘Epa Hey’ é o que faz a obra crescer mais na quadra, inclusive, com uma coreografia de movimentos de braços acima da cabeça. A condução do samba pelo carro de som em conjunto com a bateria está próxima do ideal.
“Eu quando era da crônica exigia que o samba da Portela fosse o melhor de todos. Nossa obra está muito bem avaliada, mérito de nosso departamento musical. Mas para mim o mais importante é acontecer o que vem acontecendo. A escola queria esse. Espero que o samba emocione o público em nosso desfile”, disse o presidente Luis Carlos Magalhães.
Bateria
A bateria da Portela é considerada uma das melhores do carnaval não é à toa. O andamento adotado no ensaio desta quarta foi 143 BPM (batidas por minuto), porém ainda não é definitivo. Por essa razão o mestre Nilo Sérgio ainda não está fazendo as bossas que irão para o desfile enquanto não estiver seguro com o andamento que será determinado. O ritmo passou quase todo ‘reto’ no Portelão esta noite.
“Está legal o ritmo, mas ainda estamos vendo o andamento. Estamos decidindo entre 143, 144 ou 145. Vamos desfilar com 280 ritmistas. Não teremos atabaques, mas já posso adiantar que vamos ter efeitos ligados aos orixás. Eu só vou ensaiar bossas depois que o andamento estiver certo”, explicou o mestre.
Evolução
A análise do quesito em ensaios de quadra só pode ser realizada no que tange à espontaneidade das alas, pois o andamento da escola é muito diferente dos ensaios de rua e comunidade. Nesse sentido a Portela está próxima do ideal. Componentes soltos, evoluindo com muita alegria, já com o samba dominado o que permite uma evolução bastante solta.
Outros Destaques
A rainha Bianca Monteiro como sempre marcou presença, sambou muito e esbanjou simpatia. A noite foi especial para uma das mais ilustres componentes da Portela nesta quarta: Nilce Fran comemorou aniversário e foi muito festejada pela comunidade em um grande churrasco no fim. O presidente Luis Carlos Magalhães acompanhou o ensaio o tempo todo do palco e os integrantes da harmonia da escola se comunicavam para passar orientações ao componentes.
A Portela será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval do Grupo Especial em 2019. Com o enredo ‘Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá’, a carnavalesca Rosa Magalhães prestará uma homenagem à cantora Clara Nunes.
Sem ‘surpresas’, Mocidade passa a confeccionar todas as fantasias no barracão na Cidade do Samba
Por Eduardo Fonseca
A Mocidade Independente de Padre Miguel definiu que todas suas fantasias para o Carnaval de 2019 vão ser produzidas no barracão. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o vice-presidente Rodrigo Pacheco afirmou que a escola terá um controle maior para que não haja surpresa desagradável, como ocorreu no desfile de 2018 e acabou gerando décimos preciosos para a verde e branco.
“Nós mudamos toda a equipe que trabalha com as fantasias. Estamos com o trabalho bem adiantado em relação a reprodução. Iremos cuidar deste item e ter um controle e acompanhamento maior para que não tenhamos novamente surpresa desagradáveis neste quesito”, explicou Pacheco.
De acordo com Pacheco, 100% das fantasias estão sendo feitas no barracão e dentro do planejamento. O dirigente da Mocidade está bastante confiante com o rendimento do “Menino tempo” (personagem que está no samba-enredo de 2019 e foi acolhido pelo Independente).
“O samba tem as características muito bem definidas em relação ao que a escola pede. Tanto na parte melódica quanto a andamento e estamos confiantes de que irá funcionar”, frisou.
O vice-presidente da Mocidade é enfático ao dizer que o ensaio técnico no Sambódromo é importante não só para as escolas, mas para o público e o carnaval em geral.
“Torço muito e ainda acho que deve rolar o ensaio técnico. É muito importante ter os ensaios, tanto para o público quanto para as escolas”, disse.
Após terminar na sexta colocação em 2018, a Mocidade fechará a segunda-feira de carnaval em 2019. A Verde e Branco aposta no enredo “Eu sou o Tempo. Tempo é Vida”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada.
Liesa vende frisas para os desfiles do Grupo Especial na sexta-feira
Os interessados na compra de frisas para os desfiles do Grupo Especial, em 2019, poderão reservar seus ingressos na sexta-feira, enviando pedidos através do FAX no 21-3032-0099, das 9h às 13h (horário de Brasília). O pagamento dos ingressos de frisas será exclusivamente à vista.
O atendimento se fará nos mesmos moldes das reservas para a compra de camarotes. O sistema tem capacidade para o recebimento de 24 faxes simultaneamente, lembrando que o atendimento se dará pela ordem cronológica da chegada dos pedidos, de acordo com o limite de capacidade de cada setor da Avenida dos Desfiles.
FRISAS DE SEIS LUGARES – Situadas nos setores 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10 e 11, terão valores variando entre R$ 4.300,00 e R$ 8.000,00, por noite, para os desfiles de domingo (03 de março) e segunda-feira de carnaval (04 de março).
FRISAS DE QUATRO LUGARES NO SETOR 12 – Valores variam entre R$ 1.900,00 (fila A) e R$ 1.250,00 (fila B), por noite, para desfiles de domingo e segunda-feira de carnaval.
Para o Carnaval de 2019, assim como em 2018, além das FRISAS DE QUATRO LUGARES DO SETOR 13 nas filas A (R$ 1.900,00) B (R$ 1.250,00), também serão disponibilizadas as fileiras C, D, E, F e G a R$ 900,00, cada uma, por dia. Com isso não haverá mais cadeiras individuais no Setor 13.
PAGAMENTO – Os contemplados para a compra de frisas serão conhecidos a partir do dia 10 de dezembro de 2018 e deverão efetuar o pagamento entre os dias 12 e 14 de dezembro de 2018, na Central Liesa de Atendimento, na Rua da Alfândega, 25, lojas B e C, no Centro do Rio de Janeiro, no horário bancário. Os contemplados que não fizerem o pagamento no prazo fixado perderão direito de aquisição.
• No preenchimento do FAX, indicar: Nome, setor, o dia desejado (domingo, segunda-feira e/ou sábado das campeãs), telefone e e-mail/fax para contato.
• Pessoa Física: poderá adquirir 01 frisa para cada dia de desfile.
• Pessoa Jurídica: 02 frisas por dia de desfile.
• Cada ligação só poderá conter um pedido/fax.
Esclarecimento
Como a Liesa é constantemente questionada sobre a utilização do FAX nos procedimentos de reserva, cabe esclarecer que desde 2001 a entidade tem um “COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA” com o Ministério Público do Rio de Janeiro referente à venda de ingressos para o Carnaval do Rio de Janeiro – e o FAX garante a segurança da transmissão da informação, pois gera um comprovante/registro de sucesso ou erro que pode ser consultado pelo cliente e pela própria Liesa.
Informações importantes:
Ressaltamos que mesmo para aqueles que não possuem FAX, hoje existem diversas alternativas/aplicativos para computadores que fazem perfeitamente o papel do aparelho do FAX possibilitando o cliente/usuário fazer sua ligação e poder enviar o seu pedido de reserva tanto para camarotes, boxes especiais e/ou frisas.
EXEMPLOS DE TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS NO MERCADO QUE PODEM EXECUTAR FUNÇÕES DO FAX:
1 – SERVIÇOS DE FAX POR MEIO DE “SMARTPHONE”
Existem diversos aplicativos (apps) para celular que podem apoiar no envio de fax (alguns gratuitos, outros pagos) encontrados na Play Store (Android) ou na Apple Store (iOS).
Esses aplicativos permitem que seja enviado um texto digitado no próprio celular ou até mesmo uma foto. É importante que verifique as avaliações do serviço de sua escolha, e leia atentamente o tutorial de funcionamento do aplicativo, realizando testes antes do dia marcado para a reserva de ingressos na Central Liesa, para ter a garantia de que o serviço funcione dentro das expectativas.
2 – Para quem utiliza a INTERNET, existem sites com serviços especializados que podem ser gratuitos ou pagos, que permitem que o CLIENTE envie o FAX utilizando o seu navegador de INTERNET.
3 – Outra opção é utilizar uma PLACA DE FAX-MODEM USB que pode ser conectada em qualquer computador (DESKTOP ou NOTEBOOK) e dessa forma utilizar o serviço de FAX oferecido pelos Sistemas Operacionais existentes hoje;
4 – As IMPRESSORAS MULTIFUNCIONAIS que possuem placa de FAX internas permitem enviar o FAX da própria impressora;
IMPORTANTE: Para quem ainda possui o equipamento tradicional para transmissão de FAX, composto do aparelho ligado diretamente a linha telefônica colocar a folha e discar/enviar para o número indicado a ser transmitido.
CAMAROTES: Após o dia 27/11/2018 se ainda existirem camarotes disponíveis (reservas não pagas) a Liesa disponibilizará estes ingressos diretamente ao público em geral na Central LIESA de Atendimento e Vendas, na rua da Alfândega, 25, lojas B e C, no Centro do Rio. Tel.: (21) 2233–8151.
ARQUIBANCADAS ESPECIAIS E CADEIRAS INDIVIDUAIS DO SETOR 12
Venda via CARTÃO DE CRÉDITO – previsão 2ª quinzena de novembro.
Venda por TELEFONE/PRESENCIAL – previsão 2ª quinzena de janeiro.
Para o Carnaval 2019 serão disponibilizadas apenas Cadeiras Individuais do Setor 12.
ARQUIBANCADAS POPULARES (Setores 12 e 13)
Previsão de venda no dia 20 de fevereiro de 2019.
CARNAVALESCO apresenta os sambas essenciais sobre a negritude
Neste 20 de novembro celebra-se o Dia da Consciência Negra. O feriado não é nacional, mas é adotado em muitas cidades brasileiras. Para entender o que representa a importância desse dia a equipe do CARNAVALESCO traz um levantamento com os sambas fundamentais sobre a negritude que já passaram pela avenida. Como toda lista há sempre um toque de gosto pessoal influenciando a definição dos sambas. Por isso cabe esclarecer: o critério adotado foi através de sambas-enredo que versam sobre negritude, figuras negras enaltecidas em desfiles e mensagens contra o preconceito. Os chamados enredo de temática “afro” ficaram fora da abordagem. O levantamento também buscou sambas que se apresentaram no principal grupo dos desfiles.
Abaixo elencamos dez obras consideradas as mais fundamentais da história para se compreender a negritude e a histórica luta dos negros por valorização e o fim do racismo. Ao fim da lista trazemos outros sambas que acabaram ficando de fora da listagem principal devido aos critérios escolhidos.
Os sambas fundamentais da negritude
1) Salgueiro – 1960: Quilombo dos Palmares
Compositores: Noel Rosa de Oliveira, Anescar e Walter Moreira
A obra que abre a lista foi uma espécie de abertura das temáticas onde o negro deixa de ser um reles funcionário de barracão, e se torna o autêntico rei na folia, tornando-se o narrador dos discursos de enredos. Fernando Pamplona estreava no Salgueiro e decidia contar a história do mais importante dos Quilombos de resistência à escravidão. O resultado do desfile é até hoje polêmico. A apuração das notas do julgamento do Supercampeonato aconteceu no dia 03 de março. A informação de que, de acordo com o regulamento, todas as escolas, com exceção do Acadêmicos do Salgueiro, perderiam pontos por terem atrasado o início de seus desfiles gerou uma enorme briga, envolvendo sambistas, funcionários do Departamento de Turismo e a polícia presente. Acalmados os ânimos, resolveu-se apurar somente os pontos positivos, deixando a questão dos pontos negativos para uma ocasião posterior. Dessa forma, a Portela foi declarada campeã, lugar que caberia ao Salgueiro, caso o regulamento fosse aplicado. No dia seguinte, em nova reunião, as cinco primeiras colocadas decidiram em consenso anular o julgamento e dividir entre elas, em partes iguais, a premiação do concurso.
2) Salgueiro – 1963: Xica da Silva
Compositores: Noel Rosa de Oliveira e Anescarzinho
O primeiro campeonato de fato e de direito do Salgueiro veio com um histórico carnaval. A vermelha e branca trouxe para a avenida a história, hoje mundialmente conhecida e que virou até novela, da escrava que se torna sinhá ao ser comprada por um contratador que por ela se apaixona. O samba é um dos mais marcantes da história do carnaval e já foi regravado por diversos intérpretes. Na ocasião a primeira-dama do Salgueiro, Isabel Valença, incorporou de maneira inesquecível o personagem tema do enredo. E a Academia do Samba entrou de vez para o hall das gigantes do carnaval.
3) Salgueiro – 1964: Chico Rei
Compositores: Geraldo Babão, Djalma Sabiá e Binha
Já reconhecida como uma grande agremiação, o Salgueiro comoveu de novo em 1964. O samba e o enredo jogavam luz novamente a um até então completamente desconhecido personagem da história não contada do Brasil. Chico Rei, o escravo que escondia ouro nos cabelos para um dia comprar a própria alforria. Ele se torna rei e liberta todo o povo negro. A obra de Geraldo Babão, Djalma Sabiá e Binha deu ao Salgueiro o vice-campeonato naquele ano.
4) Unidos de Lucas – 1968: História do negro no Brasil ou Sublime pergaminho
Compositores: Zeca Melodia, Nilton Russo e Carlinhos Madrugada
Em 1968 a até então desconhecida Unidos de Lucas (escola nascida da junção da Unidos da CApela – uma das campeãs de 1960 – a a Aprendizes de Lucas) tirou um surpreendente 5º lugar. Mas o que ficou marcado na história de verdade foi o samba-enredo, até hoje ensinado em colégios e citados em teses que pretendem contar o período da escravidão. Como não se emocionar ao ouvir os versos “E um negro jornalista, de joelhos beijou a sua mão, uma voz na varanda do Paço ecoou: meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão”.
5) Portela – 1972: Ilu Ayê
Compositores: Cabana e Norival Reis
Historicamente a Portela não costuma enaltecer a negritude em seus carnavais. Mas para o carnaval de 1972 a direção da escola incumbiu a um departamento cultural sob a coordenação de Hiram Araújo o desenvolvimento do enredo. “Ilu ayê” foi o primeiro trabalho realizado por esse departamento, e contou com a participação do compositor Antônio Candeia Filho, grande defensor das tradições africanas no Brasil, que auxiliou Hiram no desenvolvimento do trabalho. O samba foi defendido na avenida por ninguém menos que Clara Nunes. A cantora gravou a canção. É uma das obras mais exaltadas da história da Portela.
6) Beija-Flor – 1983: A grande constelação das estrelas negras
Compositores: Neguinho da Beija-Flor e Nêgo
O quarto campeonato da Beija-Flor de Nilópolis foi embalado por um dos sambas preferidos do intérprete Neguinho da Beija-Flor. Autor da obra ao lado do irmão Nêgo, o samba enaltecia grandes figuras da música, do esporte e da cultura que eram negras. Certamente um dos sambas fundamentais que versam sobre a negritude. Inesquecíveis os versos que exaltam a nilopolitana Pinah, a passista que ganhou notoriedade ao sambar com o príncipe Charlie quando este visitou o Brasil em 1978. “Pinah êêê Pinah, a Cinderela negra que ao príncipe encantou, no carnaval com o seu esplendor”. Um samba para sempre.
7) Vila Isabel – 1988: Kizomba, festa da raça
Compositores: Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila
Para muita gente um dos maiores desfiles de todos os tempos. Que é o maior samba da história da Unidos de Vila Isabel pouca gente ousa discordar. Kizomba, a festa da raça, traz uma ode completa à negritude, mesclando a presença de figuras fundamentais na história de luta do movimento negro e que ao mesmo tepo estariam reunidas para uma grande festa na avenida. Reunião que fez o jornalista Sérgio Cabral (o pai) a escrever essas palavras em sua coluna para o Jornal O Dia na quarta-feira de cinzas de 1988, horas antes da abertura dos envelopes na apuração: “Ninguém poderá apagar a emoção que o desfile da Vila Isabel me causou. Foi uma apresentação revolucionária. Para um conservador, foi um desfile subversivo”.
8) Mangueira – 1988: 100 anos de liberdade, realidade ou ilusão?
Compositores: Hélio Turco, Jurandir e Alvinho
1988 jamais será esquecido pelos amantes do gênero samba-enredo. Ao celebrar os 100 anos da abolição da escravatura os poetas produziram obras memoráveis e eternas. A Mangueira tem uma para chamar de sua. O multi-campeão Hélio Turco, o consagrado Jurandir e o então jovem Alvinho (ele mesmo, o ex-presidente) produziram uma das mais definitivas obras sobre negritude da história do carnaval. São muitas as passagens que definem esse samba como uma verdadeira oração de luta contra o racismo e o preconceito, eternizada na voz de Jamelão. A composição aborda a retórica da pergunta, daquelas que incomodam e fazem pensar até hoje, “Será … que já raiou a liberdade ou se foi tudo ilusão?”. Será?
9) Viradouro – 1998: Orfeu, o negro do Carnaval
Compositores: Gilberto Gomes, Mocotó, Gustavo, P.C. Portugal, Dadinho
Para contar a lúdica história de Orfeu e Eurídice, uma adaptação brasileira passada com a realidade da favela e do carnaval, os compositores da então campeã do carnaval criaram uma das mais tocantes melodias e letras sobre negritude em todos os tempos. Celebrada até hoje, 20 anos depois, como um dos maiores sambas da história da escola. E da trágica morte de Orfeu e Eurídice (como tantas ocorrem diariamente em favelas e guetos pelo Brasil) tira-se a inspiração e a poesia: “O Grêmio do Morro venceu, e o samba do negro Orfeu tem um retorno triunfal”.
10) Paraíso do Tuiuti – 2018: Meu Deus! Meu Deus! Está extinta a escravidão?
Compositores: Cláudio Russo, Moacyr Luz, Jurandir, Zezé e Aníbal

Uma lista como essa jamais se fecha. Mas é bem recente a última referência de um samba que traz ao mesmo tempo uma mensagem de crítica social baseada no orgulho negro. O desfile deste ano do Paraíso do Tuiuti foi uma encantaria em um momento onde a raça negra vive sob ataque, constante. Nas favelas, no asfalto, na falta de políticas públicas. E a mensagem pode ser resumida através de um dos muitos versos dessa obra que já pode ser considerada eterna: “Meu Deus! Meu Deus! Se eu chorar não leve a mal, pela luz do candeeiro, liberte o cativeiro social”.
Playlist: outros sambas históricos que enaltecem a negritude
Mangueira – 1962: Casa grande e senzala
Salgueiro – 1971: Festa para um rei negro
União da Ilha – 1974: Lendas e festas das Yabás
Unidos da Tijuca – 1982: Lima Barreto, mulato, pobre, mas livre
Salgueiro – 1989: Templo negro em tempo de consciência negra
Salgueiro – 1992: O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro
Viradouro – 1994: Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal
Unidos da Tijuca – 1996: Ganga-Zumbi, Expressão de Uma Raça
União da Ilha – 1998: Fatumbi, A Ilha de Todos os Santos
Caprichosos de Pilares – 1998: Negra origem, Negro Pelé, Negra Bené
Mangueira – 2000: Dom Obá II, Rei dos esfarrapados, Príncipe do povo
Tradição – 2000: Liberdade! Sou negro, raça e Tradição
Tuiuti – 2001: Um mouro no quilombo. Isto a história registra!
Beija-Flor – 2001: A saga de Agotime, Maria mineira Naê
Unidos da Tijuca – 2003: Agudás: os que levaram a África no coração e trouxeram para o coração da África, o Brasil!
Caprichosos de Pilares – 2003: Zumbi, rei de Palmares e herói do Brasil. A história que não foi contada
Beija-Flor – 2007: Áfricas – Do berço real à corte brasiliana
Salgueiro – 2007: Candaces
Porto da Pedra – 2007: Preto e branco a cores
Vila Isabel – 2012: Você semba lá… que eu sambo cá! O canto livre de Angola
Imperatriz – 2015: Axé-Nkenda – Um ritual de liberdade – E que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz
Viradouro – 2015: Nas veias do Brasil, é a Viradouro em um dia de graça
Bateria é o grande destaque em primeiro ensaio de rua da Viradouro para o Carnaval 2019
Por Guilherme Ayupp. Fotos: Magaiver Fernandes
A bateria Furacão Vermelho e Branco quase botou a Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, abaixo no primeiro ensaio de rua da Viradouro rumo ao Carnaval 2019. Mestre Ciça e seus comandados brincaram nas paradinhas, coreografias e deram uma amostra grátis do que esperar do desempenho neste quesito na avenida. A equipe do CARNAVALESCO acompanhou o primeiro treino da vermelha e branca em uma das principais vias do município.
O ensaio teve início por voltadas 19h30 deste domingo e durou quase 90 minutos, se contados o esquenta e show realizado ao final do treino com sambas antigos. O intérprete Zé Paulo Sierra iniciou o esquenta relembrando os sambas de 1998 e 2014, além do samba hino da Viradouro. Ao final ainda reviveu os sambas de 2016 e 2007. O presidente de honra Marcelo Calil chamou os componentes aos brios, garantiu um carnaval competitivo e cobrou dos desfilantes um canto de escola que tem intenção de ser campeã.
“Exigir muito em um primeiro ensaio não é justo. Temos muita coisa a acertar. Ainda vamos evoluir bastante. O que posso dizer que o caminho a percorrer é longo. Teremos 2.800 componentes, aproximadamente 2.000 delas virão com as roupas de comunidade. Mas as alas comerciais vivem o dia a dia da escola e não temos preocupação. No caso da Viradouro temos um local ótimo para treinar, mas é claro que o nosso Maracanã (Sambódromo) faz falta. Embora o nosso CT seja ótimo”, brincou o diretor Alex Fab.
Harmonia
Quesito que ainda pode evoluir para a Viradouro alcançar seus objetivos, já publicamente assumidos, almejar as primeiras colocações. Como foi o primeiro ensaio na rua há ainda bastante tempo para colocar o canto no lugar até o dia do desfile. Tradicionalmente alas iniciais em ensaios são aquelas que mais cantam, mas no específico treino da Viradouro deste domingo, algumas dessas alas demonstraram que precisam melhoria no canto. Destaque positivo para algumas alas na parte final da escola, que já demonstraram um canto bastante evoluído.
“Esperamos muito desse samba. Ficamos felizes com a gravação. É uma obra de força, de refrão contagiante. Consegue também ser calor com relação ao enredo. Juntando todas essas ferramentas acredito que ele nos levará a um grande desfile”, comentou o presidente Marcelinho Calil, que falou da relação com o carnavalesco Paulo Barros.
“Temos tido uma química importante com o Paulo Barros, que já teve uma passagem aqui. Jogamos limpo desde o início, indicando qual era o projeto da escola. Paulo é um cara acostumado a vencer e isso agrega muito à nossa agremiação. É um casamento fundamental. Seremos conservadores onde for necessário e modernos em outros momentos. A Viradouro é muito eclética e o Paulo também”.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Julinho e Rute aproveitaram o espaço para fazer marcação de dança para cabine de julgadores, embora todos os casais possam utilizar o Sambódromo para realizarem treinos específicos, que ainda não começaram na Avenida. Em determinados momentos eles caminhavam e ofereciam a bandeira ao público, mas em quatro instantes realizavam uma apresentação técnica, simulando uma cabine de julgamento. A coreografia, no entanto, não se sabe se foi a oficial da avenida ou uma apenas para demarcação de tempo e de espaço. Os dois demonstraram a tradicional garra que marca a dupla. Julinho arriscou ousados passos.
“O ensaio de rua tem importância, pois temos a condição de trabalhar o andamento em linha reta. Temos aqui essa vivência algo próximo do que acontece na Sapucaí. Na rua tem algumas ondulações de asfalto. É legal pelo calor do público. Mas nos adequamos ao espaço que temos”, contou Julinho.
“Depois que a gente monta a coreografia de jurado a gente faz quatro vezes, simulando a avenida. Com ensaiador, onde podemos melhorar, condicionamento físico. Cada ano é um ano. O nosso quesito é importante para ajudar a Viradouro. Temos recebido um apoio muito grande da escola e por esperarem esse retorno de nós dois ao Especial, sem dúvida, que isso aumenta a nossa responsabilidade, que é imensa”, citou Rute.
Samba-Enredo
O destaque do samba da Viradouro é certamente o seu refrão principal, aquele com uma característica de arrasa quarteirão, típico de desfiles que marcaram a história da agremiação. O trecho final da segunda parte da obra, “das cinzas voltar, nas cinzas vencer”, além de ser uma sacada poética muito interessante, mexe com os brios dos componentes e faz com que o integrante chegue para o refrão com a voz já empostada para cantar forte. Zé Paulo conduziu com firmeza ao lado de sua equipe do carro de som.
“A expectativa para 2019 é muito boa, pois a comunidade se mostra empolgada, abraçando a escola. Esperamos chegar assim até o carnaval. O ensaio do Sambódromo ele é pertinente pelo aspecto de evento, para o público. Mas tecnicamente para o carro de som não é tão imprescindível, pois a sonoridade não é a mesma do desfile. Eu vou buscar uma caracterização, mas dentro de um perfil competitivo que a escola vai implementar. Será algo mais pé no chão, não pode atrapalhar”, afirmou o cantor Zé Paulo.
Bateria
Um show da Furacão Vermelho e Branca. Ciça e seus ritmistas foram ovacionados pelo público ao final da apresentação. O mestre já deu mostra do que pretende apresentar na avenida com duas coreografias treinadas na rua. Em uma delas os naipes de tamborim vão para o corredor central da bateria e, enquanto os demais ritmistas se ajoelham, eles tocam junto da rainha Raíssa Machado. Em outro momento toda a bateria faz uma saudação ao público, virando-se para ele.
“Temos de corrigir algumas coisas, estamos definindo ainda o desenho de tamborim. No próximo já estaremos com a correção. Essa coreografia dos tamborins terei de corrigir, achei pouca gente. Serão 280 ritmistas. Eu lamento profundamente, como sambista, a ausência do ensaio técnico. Isso tem me chateado muito. Cheguei a pedir ao nosso presidente fazer um lá só com a Viradouro, mas a questão logística é complicada”, explicou mestre Ciça.
Evolução
Outro quesito que necessita de ajustes até o desfile e encontra o tempo hábil para isso até o domingo de carnaval. Um aspecto que toda escola que faz ensaio de rua precisa observar é a interação com o público. Em alguns casos os populares embolam-se com as alas e comprometem a correta evolução das mesmas. Mas é um problema menor, uma vez que não há este componente no desfile oficial. A Viradouro usou toda a extensão da Amaral Peixoto e a bateria também se posicionou em dois recuos, como acontece no desfile oficial. A escola usou cerca de 70 minutos para ensaiar, também se aproximando do tempo regulamentar de desfile.
Outros Destaques
A avenida Amaral Peixoto esteve tomada de admiradores da Viradouro. Até o mestre de bateria da Acadêmicos do Cubango, Demétrius, foi acompanhar o ensaio. Entre as alas havia uma com casais de escolas do carnaval de Niterói.
A rainha Raíssa Machado como sempre esbanjou simpatia. Em um determinado momento do ensaio, o presidente de honra Marcelo Calil puxou a bela para sambar junto de uma garotinha. Raíssa não só sambou com a criança, como a levou para a frente da bateria. Um momento de extrema singeleza.
O dirigente, aliás, demonstrou todo o seu conhecimento da parte técnica de um desfile, orientando alas, corrigindo eventuais erros de evolução. No final do ensaio Zé Paulo ainda reviveu sambas antigos, enquanto passistas sambavam no meio da bateria. Por volta de 21h o treino foi finalizado com os ritmistas festejando com mestre Ciça.
A Unidos do Viradouro será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval pelo Grupo Especial. De volta à elite do carnaval em 2019, a vermelha e branca apresenta na avenida o enredo ‘Viraviradouro’, de autoria do carnavalesco Paulo Barros.