Se não pagar multa por virada em 48h, Liesa será acionada judicialmente pelo MP, diz jornalista
A terceira virada de mesa consecutiva do Grupo Especial custará aos cofres da Liesa R$ 750 mil. O Ministério Público, que havia feito um acordo com a entidade para evitar a estratégia, intimou a entidade a pagar a multa pelo descumprimento do termo de ajustamento de conduta (Tac). O prazo para efetuar o pagamento é de 48h. A informação foi divulgada pelo jornalista Edmilson Ávila.
Se isso não for feito, o Ministério Público vai entrar na Justiça. Em 2018, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, assinou um acordo com o Ministério Público se comprometendo a não interferir no rebaixamento das escolas, como previsto no regulamento do desfile de 2019. A quebra do regulamento já tinha acontecido nos desfiles de 2017 e 2018, segundo o MP, lesando o consumidor que pagou ingresso para ver um campeonato que teve disputadas alteradas.
Vice-presidente da Vila Isabel apoia Jorge Castanheira mas não descarta nova liga: ‘É uma possibilidade’
Após a terceira virada de mesa consecutiva no Grupo Especial, o presidente da Liesa Jorge Castanheira tomou a medida de renunciar ao cargo que ocupa desde 2007. Uma das escolas que se posicionou contra mais um golpe no regulamento foi a Unidos de Vila Isabel. O vice-presidente da escola, Luiz Guimarães, elogiou a postura de Castanheira e declarou seu apoio ao dirigente.
“Externamos nosso apoio incondicional à postura e decisão do presidente Jorginho, figura ímpar que tanto faz e briga por nossa causa, não merece passar por isso,agora é o momento de aguardar as cenas dos próximos capítulos”, declarou Luís em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO.
O jovem dirigente não se furtou a comentar sobre o futuro do carnaval, depois que o racha entre as escolas ficou evidente com a decisão de oito escolas a favor e cinco contra a virada de mesa. Embora considere prematura a criação de uma nova liga, Guimarães não descarta.
“É um tema complexo pois não é do dia para noite, leva tempo, ter uma sede, criar estatuto, caixa para movimentar, entre outras coisas,mas é uma possibilidade”, resumiu o vice-presidente da Vila.
Através de suas redes sociais a Unidos de Vila Isabel fez um posicionamento contrário à virada de mesa, por intermédio de uma nota oficial. No comunicado a escola destaca o repúdio à virada de mesa que salvou a Imperatriz e reitera o apoio à decisão de Jorge Castanheira de renunciar ao cargo.
Presidente da Imperatriz quis fugir da Série A por não ter confiança na administração

Ainda na Praça da Apoteose, na quarta-feira de cinzas, após a apuração de 2019 que rebaixou a Imperatriz Leopoldinense, o presidente da escola, Luiz Pacheco Drumond, falou em alto e bom som que não teria problema nenhum em desfilar no Grupo de Acesso. Porém, na reunião plenária de segunda-feira, que decidiu pela virada de mesa, e a manutenção da verde e branco, Luizinho voltou atrás e o motivo é único: falta de confiança na administração do Grupo de Acesso.
Nos bastidores do carnaval, a maior preocupação está no futuro da Série A. Após milhares de confusões desde a Associação, passando pela Lesga e a Lierj o clima de desconfiança voltou a surgir na principal divisão de acesso ao Grupo Especial. A maioria dos presidentes da Série A colocou em xeque a antiga gestão, reclamando da falta de transparência, inclusive, na prestação de contas, venda de ingressos e até de resultados.
Do outro lado, o novo comando trouxe para Luizinho Drumond a preocupação de desfilar na Série A e demorar para sair de lá, por não saber como será feita a escolha dos jurados, se haverá divulgação das justificativa das notas, e, acima de tudo, pela participação de um grupo de pessoas no controle de diversas agremiações.
Ao anunciar sua renúncia da Liesa, Jorge Castanheira mencionou que a decisão das oito escolas e de Luizinho Drumond foi “alegando dificuldades gerais do Grupo de Acesso e aquela parte toda”.
Procurada pelo site CARNAVALESCO, a nova direção da Lierj disse que “nada tem a ver com o que aconteceu na Liesa”.
“Particularmente, acredito que a virada já iria acontecer, inclusive, a Imperatriz nunca compareceu às reuniões da Lierj, independente da presidência da Liga. Tive relação com as agremiações da Liesb enquanto a Sossego, escola que eu presidia, desfilava na Intendente Magalhães. Hoje nosso trabalho é voltado para a Série A e nada vai tirar no foco e determinação, não podemos ser usados como justificativa de nada. A Lierj prima pela democracia entre as escolas de samba”, afirmou o presidente Wallace Palhares.
‘Fissura’ aberta em 2017 se rompe com nova virada de mesa e Liesa afunda na pior crise de sua história

Fundada em um momento de crise profunda no carnaval, em 1985, a Liesa é reconhecida como a entidade que organizou o desfile das escolas de samba e o transformou na potência turística e cultural mais representativa do Brasil. Entretanto, se aproximando dos 35 anos de fundação, a entidade enfrenta a mais profunda crise de sua história.
O que começou com uma fissura passível de ser corrigida acabou se agravando e o rompimento definitivo da paz na entidade se deu com a renúncia do presidente Jorge Castanheira, que comandava a entidade de maneira ininterrupta desde 2007. O presidente vinha sofrendo seguidas derrotas políticas dentro da Liga desde 2017, o ano onde a crise que eclodiu agora teve seu início.
Após os caóticos desfiles daquele ano, Jorginho rechaçou a possibilidade de não haver rebaixamento. Entretanto, as escolas determinaram em reunião plenária de emergência que ninguém seria rebaixada. A estratégia visava salvar principalmente a Unidos da Tijuca, que teve um grave acidente em uma alegoria e temia o descenso. Com a abertura das notas, porém, a última colocada foi a Paraíso do Tuiuti, que também sofreu com um acidente, que causou a morte da jornalista Liza Carioca. Na ocasião apenas a Mocidade foi contra a virada.
O carnaval que não terminou reservaria mais uma bomba e nova derrota política para Jorge Castanheira. Por um erro da Liesa o livro abre-alas do desfile da Mocidade não foi fornecido com uma errata enviada pela escola dentro do prazo regulamentar. Um julgador de enredo tirou um décimo da escola, que lhe custou o título. A escola recorreu e exigiu a divisão do título com a Portela. Através de um parecer jurídico a entidade afirmara não ser possível haver tal divisão. ‘Soberana’, a plenária rasgou o regulamento e determinou o empate. Castanheira era mais uma vez contrariado.
‘Por que a culpa recai sobre a Liesa se quem vota são as escolas?’
Sofrendo seguidas derrotas internas à sua revelia, Jorge Castanheira relutava em abrir mão do cargo de presidente e foi reeleito para mais um mandato depois do Carnaval 2018. Nova virada de mesa acontece sem a sua aprovação. A Grande Rio é rebaixada na apuração e consegue em mais uma plenária obscura evitar o seu desfile na Série A, além do Império Serrano. O presidente Helinho Oliveira debocha do resultado e afirma que “quem tem amigo não morre pagão”.
Um presidente do Grupo Especial que pediu para manter sua identidade sob sigilo saiu em defesa da gestão Castanheira e ressaltou que a Liesa não pode ser culpada por articulações sob as quais não possui controle.
“Jorge Castanheira conhece cada processo do carnaval. É um abnegado que se dedica diuturnamente. Por que somente a Liesa responde por essas viradas de mesa, se quem decidem são as escolas? Elas são as responsáveis”, disse.
Plenária escancarou rachas e clima pesado na entidade
A plenária que decidiu pelo não rebaixamento da Imperatriz foi extremamente tensa e pesada. A reportagem do CARNAVALESCO apurou que presidentes trocaram farpas e acusações quando o tema foi posto para discussão. Ao sair para falar com a imprensa, Jorge Castanheira comunicou sua renúncia e alegou que o motivo para salvar a Imperatriz seriam os problemas com a nova gestão da Série A.
O resultado expõe uma perda de poder inimaginável bem pouco tempo atrás. Anísio Abrahão David, presidente entre 1985 e 1987, e Capitão Guimarães, presidente entre 1987 e 1993 e entre 2001 e 2007, são dois dos grandes beneméritos mais poderosos da Liesa, ao lado de Luizinho Drumond e de Castor de Andrade, o primeiro presidente da entidade, morto em 1998.
Tanto Guimarães quanto Anísio foram contra a atual virada. Mesmo assim o desejo deles não foi acatado e oito agremiações optaram por virar a mesa. São Clemente, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mocidade, Grande Rio, Estácio de Sá, Salgueiro e Unidos da Tijuca votaram de maneira favorável. Desde a fundação da Liga, em 1985, o grupo formado por essas escolas obteve 11 títulos.
Do outro lado marcas gigantescas do carnaval não conseguiram convencer as demais a evitar uma nova página sombria na história da entidade. Somadas, Viradouro, Vila Isabel, Mangueira, Portela e Beija-Flor levaram 20 campeonatos desde que a Liesa foi fundada.
As disputas de poder não são novidade no carnaval. Elas existem desde os primórdios da festa, muito antes da criação da Liesa. Em várias fases do desfile rupturas aconteceram e ligas foram criadas e dissolvidas ao sabor de quem detinha o controle. A mais recente é a mais profunda da história da Liesa e culmina com a renúncia de seu mais longevo presidente. O modelo de desfile que a entidade consagrou teria ruído definitivamente?
Ministério Público tentará impedir virada de mesa no Grupo Especial, diz jornalista
O Ministério Público do Rio de Janeiro não pretende deixar barata a terceira virada de mesa consecutiva orquestrada por oito agremiações do Grupo Especial para salvar a Imperatriz Leopoldinense do rebaixamento. O promotor Rodrigo Terra informou ao Blog do jornalista Edmilson Ávila que, antes de ir à Justiça, vai aplicar a multa de R$ 750 mil, como previsto no termo de ajustamento de conduta (TAC).
São Clemente, Paraíso do Tuiuti, Estácio de Sá, Grande Rio, União da Ilha, Salgueiro, Mocidade e Unidos da Tijuca votaram pelo não rebaixamento da Imperatriz no ano que vem. O Império Serrano, também rebaixada novamente este ano e beneficiada pela virada de 2018, não obteve o mesmo benefício e desfila na Série A em 2020.
Mangueira, Beija-flor, Portela, Viradouro e Vila Isabel foram contra a virada de mesa. A Imperatriz não fez qualquer pronunciamento sobre o caso e o presidente da escola, Luiz Pacheco Drumond, se limitou a fazer gestos de bico calado ao deixar a plenária da Liesa na noite desta segunda-feira.
Após vergonha da terceira virada de mesa na Liesa, Beija-Flor cancela festa de lançamento do enredo
Após a grotesca terceira virada de mesa no Grupo Especial do Rio de Janeiro, a direção da Beija-Flor de Nilópolis, que foi uma das cinco agremiações que votou contra, anunciou o cancelamento da festa de lançamento do enredo para o Carnaval 2020.
Veja abaixo o comunicado:

Castanheira desabafa após nova virada de mesa no Grupo Especial: ‘Não tenho a menor condição de continuar’

Após a reunião plenária que definiu mais uma virada de mesa no Grupo Especial do Rio de Janeiro e a manutenção da Imperatriz Leopoldinense, Jorge Castanheiro anunciou que irá renunciar ao cargo de presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).
“Hoje nós tivemos a reunião de prestação de contas do Carnaval 2019. E os itens eram a prestação de contas e o orçamento para 2020. No assunto gerais foi colocado por alguns presidentes o pedido para apenas a Imperatriz ficar no Especial alegando as dificuldades no Grupo de Acesso. Oito votaram a favor da manutenção da Imperatriz no Grupo Especial. A minha sugestão era que se fizesse algo no futuro, em 2020, mas não foi aceito. Eu declarei em plenário que estaria me afastando, porque não concordo com essa situação de maneira alguma. A diretoria da Liga está se desfazendo nesse momento. Vou tomar as medidas de dar sequência nessa transição. Eu fiz um termo de ajustamento com o Ministério Público e tem a minha palavra e honra. Eu tenho compromisso com o público, os contratos, inclusive, com a televisão”, disse Jorginho.
O dirigente não soube responder como ficará o Império Serrano, que também foi rebaixado em 2019 e não teve o mesmo pedido que os presidentes tiveram com a Imperatriz.
“Não sei como ficaria a questão do Império Serrano e como seria juridicamente. Não sei como será o futuro”.
Perguntado sobre o termo de ajustamento de conduta feito com o Ministério Público após o Carnaval 2018 que exige um pagamento de R$ 750 mil caso aconteça mudança no regulamento pós carnaval, Castanheira disse que explicou passo a passo do acordo aos presidentes das escolas de samba.
“Não sei responder a respeito da multa. Será visto pelo departamento jurídico. É um termo que foi assumido com o Ministério Público. Quem tiver que conduzir o assunto terá que levar em consideração. Expliquei os pontos na plenária e as escolas entenderam que haveria necessidade de manter 14 escolas. Eu não tenho mais o que dizer a não ser tomar um outro rumo”.
Castanheira ainda falou sobre sua diretoria e o que irá acontecer com os outros cargos da Liesa. “Todo mundo tem liberdade para sair ou ficar. Quem quiser sair comigo vai sair. São nove diretores. Nada problemático. Ninguém recebe recurso por estar na Liga. Ainda respondo pela Liesa até que se faça a transição. Não tenho a menor condição de continuar”.
Vergonha! Pelo terceiro ano consecutivo, Liesa vira mesa, Imperatriz segue no Grupo Especial e Castanheira renuncia
Em reunião plenária, na noite desta segunda-feira, na sede da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), os representantes das escolas de samba do Grupo Especial e membros fundadores da Liga decidiram não rebaixar a Imperatriz Leopoldinense no Carnaval 2019. Com a decisão, o presidente Jorge Castanheira informou que por não concordar com a manutenção da Imperatriz vai renunciar ao posto de presidente da Liesa.
“Foi votado 8 a 5 a favor da manutenção da Imperatriz. Eu não concordo e manifestei minha decisão de me afastar da presidência. A diretoria da Liga está se desfazendo nesse momento. Vou tomar as medidas de dar sequência nessa transição. Eu fiz um termo de ajustamento com o Ministério Público e tem a minha palavra e honra”, disse Castanheira. Votaram contra: Portela, Mangueira, Vila Isabel, Viradouro e Beija-Flor.
Jorge Castanheira disse que o pedido desta segunda-feira foi apenas sobre a Imperatriz Leopoldinense. Não foi citado o que será feito com o Império Serrano. A reunião plenária durou duas horas e contou com as participações de Rogério Andrade, presidente de honra da Mocidade Independente de Padre Miguel, que geralmente não participa do encontro, e da ex-presidente do Salgueiro, Regina Celi.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Liesa não rebaixa uma agremiação no Grupo Especial. Com a medida dos presidentes, a Liga terá que pagar uma multa de R$ 750 mil pelo acordo feito com o Ministério Público após o Carnaval 2018, que segurou na elite do samba o Império Serrano e a Grande Rio.
