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Acadêmicos do Sossego substitui Crivella por Eduardo Paes em desfile

Por Philipe Rabelo

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Após o fim do desfile, nesta sexta-feira, o presidente da Acadêmicos do Sossego, Wallace Palhares, comemorava o fechamento do portão e esbravejava “estamos aí mais vivos do que nunca, quem achou que ia cair, olha só…”

Durante o pré-carnaval, a escola já tinha ganhado destaque nas redes sociais após a foto de uma escultura de um carro alegórico ter viralizado na web. Uma imagem que parecia fazer referência ao atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, com pele avermelhada e chifres, em uma menção ao demônio.

O presidente disse que a ideia da escultura apareceu no grupo da diretoria e que a equipe buscava um “anjo da intolerância”.

 

“Nossa cidade é plural, uma cultura que é conhecida pelo mundo inteiro, precisávamos de uma representação que estivesse fora desse contexto. Colocamos uma figura que pudesse lembrar aquela pessoa que ia para a África evangelizar os africanos. Eu acho que não é por aí, igual fizeram com os nossos indígenas, vieram para cá, botaram uma cruz e tentaram obrigar, acho que não é por aí”, disparou Wallace.

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Após o burburinho e o pedido feito pelo advogado Victor Travancas, coordenador de Captação de Recursos do Município, a escultura que parecia com Crivella acabou não entrando no desfile oficial, mas acabou se tornado personagem dos blocos de rua da cidade.

Com um lugar vago no último carro, o demônio deu lugar a uma figura mais serena. A escola trouxe um boneco que se parecia bastante com o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes. O presidente ao ser questionado sobre as semelhanças foi taxativo “você acha que é o Eduardo Paes? Se fosse seria uma maravilha, ele foi um cara que apoiou muito o samba. Esse é paz e amor purinho”, brincou.

Carro da Santa Cruz faz crítica à prática de blackface em trama da TV Globo exibida na década de 1960

Por Juliana Cardoso

A atriz Ruth de Souza, homenageada pela Acadêmicos de Santa Cruz no primeiro dia de desfiles das escolas da Série A, fez história ao ser a primeira mulher negra a protagonizar uma novela da TV Globo: “A Cabana do Pai Tomás”, exibida entre 1969 e 1970. No entanto, a polêmica escolha de um ator branco para pintar o rosto de preto, a fim de dar vida ao personagem negro que era casado com a escrava Cloé, vivida por Ruth, foi alvo de críticas na época. Em tom de protesto, a agremiação retratou o folhetim em seu terceiro carro, que cruzou a avenida levando o mesmo nome da trama.

santacruz desfile2019 9Na alegoria da verde de branca da zona oeste carioca, as cabanas da novela foram fielmente reproduzidas ao serem decoradas com palha por todo o carro. Na região superior do carro, havia uma rezadeira segurando folhas de arruda e abençoando toda a avenida. Na dianteira da alegoria, apresentada como a frente de uma carroça, havia uma representação da personagem de Ruth. Mais abaixo, sentados em objetos que lembravam queijos, componentes brancos faziam blackface em protesto ao personagem de Sérgio. Nas laterais, ainda havia desfilantes negros caracterizados de escravos.

Ainda em tom de manifestação, a Santa Cruz se propôs a remediar aquilo que foi considerado um erro histórico pela mídia brasileira na época: a escalação de Sérgio para protagonizar a trama. Seu personagem deixou de ser o destaque e cruzou a avenida na parte inferior do carro alegórico. As estrelas da alegoria, por sua vez, eram integrantes negros, que representavam a maior do elenco do folhetim.

Atrás do carro, a ala “Blackfaces” seguiu com a bandeira de protesto levantada no carro. Nas capas das fantasias dos componentes, eram vistas manchas pretas que remetiam à tinta utilizada na maquiagem feita nos atores brancos que davam vida a personagens negros. Diferentemente dos integrantes do carro, a ala trouxe desfilantes sem caracterização de blackface.

Grupo Especial do Rio de Janeiro começa neste domingo com escolas atrás de vencer tabus

    domingo arteChegou o momento do maior espetáculo a céu aberto do planeta começar. Neste domingo sete agremiações passam pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí e abrem o Grupo Especial no Carnaval 2019. Os desfiles começam a partir das 21h15 com o Império Serrano. A noite, além de prometer duelo de agremiações que buscam o título do carnaval, promete a luta por várias quebras de tabu.

    Depois do Império Serrano, a Viradouro pisa na Sapucaí cercada de expectativas e pode se tornar a primeira escola oriunda do acesso a voltar nas Campeãs depois de 19 anos. A Grande Rio vem na sequência e corre atrás da primeira conquista de sua história. Campeão pela última vez a dez anos, o Salgueiro será a quarta a desfilar, depois de um ano de bastidores muito complicados. A Beija-Flor, atual campeã e última a se sagrar bi (em 2008-09), jamais foi campeã desfilando na primeira noite. A Imperatriz será sexta a desfilar e ostenta o segundo maior jejum dentre aquelas que já venceram o Grupo Especial (não vence desde 2001). A noite será encerrada pela Unidos da Tijuca, justamente a última escola a conquistar o título do Grupo Especial desfilando no domingo de carnaval, a nove anos atrás.

    barracao imperioserrano2019 1IMPÉRIO SERRANO – O Império Serrano vai evitar o clima piegas e a apelação no enredo ‘O que é, o que é’ de autoria do experiente carnavalesco Paulo Menezes. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO no barracão da escola, o artista afirma que ele próprio se tornou um profissional versátil e que o próprio Império possui a subversão em seu DNA histórico. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    barracao viradouro2019 3VIRADOURO – Não parece, mas a Unidos do Viradouro foi a campeã da Série A em 2018. O título foi o portal para o regresso da vermelha e branca de Niterói ao Grupo Especial. A campeã do Carnaval 1997 pode quebrar três tabus de uma só vez no desfile deste ano, cada um com um grau de dificuldade. O primeiro seria permanecer no grupo, algo que uma escola oriunda do acesso não conquista (sem a necessidade de artimanhas de bastidor) desde 2010, com a União da Ilha. O segundo é voltar ao Sábado das Campeãs, vinda do acesso. Isso não acontece desde 2000, com a Unidos da Tijuca. O terceiro e mais ousado seria conquistar o campeonato, o que jamais aconteceu na história com uma escola vinda da segunda divisão no ano anterior. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    granderio ensaiotecnico 2019 20GRANDE RIO – Depois da polêmica virada de mesa que garantiu a Grande Rio na elite do carnaval carioca, a escola optou por fazer um enredo em que abordará a crise na educação brasileira, com direito a um mea-culpa onde a tricolor de Caxias assumirá o erro em ter virado a mesa na Liesa. A dupla de carnavalescos, Renato Lage e Márcia Lage falou ao site CARNAVALESCO sobre a proposta e confirma que a virada já virá no carro abre-alas. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    Salgueiro Prototipos Thiago.Cardoso002SALGUEIRO – Em um ano onde os enredos com críticas sociais e políticas dominam o carnaval carioca, o Salgueiro também vai deixar um importante recado no encerramento de seu desfile sobre Xangô no próximo domingo de carnaval. Na história que contará o orixá, em seu último setor, o carnavalesco Alex de Souza usará da característica de Xangô, o orixá da justiça, para criticar o sistema judiciário brasileiro. Alex conversou com a reportagem do CARNAVALESCO sobre o projeto e as dificuldades em se realizar o carnaval deste ano, e confirmou que o último setor do desfile terá uma crítica ao sistema judiciário. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    BeijaFlor ensaiotecnico 2019 18BEIJA-FLOR – Falar sobre a própria história na avenida é uma tarefa melindrosa. Primeiro porque há o risco de se tornar repetitivo contando algo já visto e segundo por conseguir condensar em um só desfile a rica história de uma agremiação. Por isso, a Beija-Flor de Nilópolis, atual campeã do Grupo Especial, usará a literatura das fábulas de Esopo para retratar em seu desfile o enredo ‘Quem não viu vai ver… as fábulas do Beija-Flor’. Esopo foi um escravo e contador de histórias que viveu Grécia Antiga. As fábulas de Esopo tornaram-se um termo genérico para coleções de fábulas brandas, usualmente envolvendo animais personificados. As histórias remontam uma chance popular para educação moral de crianças hoje. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    barracao imperatriz 2IMPERATRIZ – Fora do desfile das campeãs desde o Carnaval 2016 e sem a conquista de um campeonato há 18 carnavais, a Imperatriz romperá com seu estilo estético clássico este ano para tentar voltar aos seus dias de glória. A agremiação apostou na volta de Mário Monteiro e Kaká Monteiro para desenvolver o enredo ‘Me dá um dinheiro aí’. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Mário admite uma estética diferente e que beberá na fonte do maior campeão do carnaval nos últimos anos, Paulo Barros. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

    tijuca barracao2019 2UNIDOS DA TIJUCA – Dois anos fora das campeãs, algo que não ocorria desde o ano de 2009, fizeram a Unidos da Tijuca realizar mudanças em sua equipe para não somente voltar ao Sábado das Campeãs mas disputar o campeonato, que não vem desde 2014. Para isso dois multi-vencedores foram integrados à comissão de carnaval. Laíla e Fran Sérgio, que empilharam conquistas na Beija-Flor. * SAIBA AQUI COMO SERÁ O DESFILE

     

    Além de enredo da Santa Cruz, Ruth de Souza também será homenageada no cinema

    Por Philipe Rabelo

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    A homenagem da Acadêmicos de Santa Cruz para Ruth de Souza foi além das expectativas. Apesar da chuva, a atriz de 97 anos, veio à frente da escola, no abre alas. Junto dela, segurando um guarda-chuva para proteger a mãe, Daniele Ornelas, também atriz e filha do coração da grande homenageada. Elas se encontraram há mais de 20 anos.

    Daniele conversou com o site CARNAVALESCO e apontou sua mãe como uma inspiração para várias gerações de artistas e revelou que está sendo gravado um filme sobre a vida da atriz, intitulado “Diálogos com Ruth de Souza”. A equipe de filmagem acompanhou o desfile e segue acompanhado o dia a dia atriz.

    O projeto é dirigido pela cineasta Juliana Vicente, selecionada pelo programa Rumos 2015-2016, do Itaú Cultura. O filme deve chegar às telonas ainda esse ano.

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    Após cruzar a Avenida, Ruth de Souza foi levada para um camarote. Durante esse trajeto, que durou aproximadamente 10 minutos, a atriz foi parada inúmeras vezes. Vários fãs demonstravam respeito e admiração. As pessoas faziam saudações, mandavam beijos, batiam palmas, faziam selfies e reverências para a eterna Sinhá Moça, papel pelo qual foi indicada ao prêmio de melhor atriz no festival de Veneza, em 1954.

    De acordo com Daniele Ornelas, o carnavalesco Cahê Rodrigues já nutria o desejo de desenvolver esse enredo desde 2015.

    “O Cahê sempre quis fazer, agora ele conseguiu e foi muito feliz. Se você ouvir o samba, vai ver que realmente narra a história da vida dela toda”, contou.

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    Cahê Rodrigues falou ao site CARNAVALESCO que apesar da chuva tem certeza da missão cumprida.

    “A importância desse enredo é enorme e ela já merecia por tudo o que ela representa para a classe, uma mulher que sempre lutou pelo espaço do negro nas artes com dignidade. Apesar da chuva que atrapalhou a concentração, estou feliz por ter visto ela feliz e ter visto pessoas emocionadas pela homenagem. Todo o meu esforço e dedicação foi para ver a Dona Ruth feliz na Avenida e, eu vi! Pude olhar para ela e vê-la muito emocionada”, comemorou o carnavalesco.

    Rio recebe mais de 1 milhão de foliões neste sábado de carnaval

    blocos rio2019A chuva não desanimou 1 milhão e 250 mil foliões que foram às ruas brincar o carnaval neste sábado, em mais de 76 blocos por todas as regiões da cidade. E a festa ainda não acabou, porque seis escolas vão agitar a Passarela do Samba nesta segunda noite de desfiles da série A.

    Confira abaixo o público dos principais blocos deste sábado:

    500 mil no Bola Preta
    280 mil no Carrossel de Emoções
    220 mil na Banda de Ipanema
    90 mil no Escangalha
    30 mil no Barbas
    25 mil no Amigos da Onça
    12 mil no Empolga às 9

    Camarote do King traz a acessibilidade como mais uma novidade

    Por Philipe Rabelo

    O Camarote do King começou os trabalhos na Sapucaí na sexta-feira de carnaval com um baile de máscaras que animou os convidados. A presença do Cordão da Bola Preta chamou a atenção do público, que se divertia com as apresentações.

    camarote acessibildiade king 1As maiores novidades deste ano são a área de buffet e boate, que está com 200m² e fica no primeiro piso, além de ostentar um palco amplo para receber os shows. Já o buffet ocupa praticamente todo o terceiro andar, que tem uma vista panorâmica da Marquês de Sapucaí. Sem dúvida, uma noite memorável para todo mundo, mas você já parou parar pensar quem cabe nessa definição de “todo mundo”?

    O carnaval tradicionalmente é conhecido por ser uma festa de inclusão, de inversão dos valores, um local onde o preconceito não tem vez. Mas como fica a questão do acesso para as pessoas que tem uma mobilidade diferenciada? O Camarote do King recebeu uma convidada ilustre que pode desfrutar de todas as mordomias oferecidas para o público, justamente por ter pensando nas questões de acessibilidade.

    No mundo do samba, Lúcia Mello sempre foi muito conhecida pela simpatia e pelas belíssimas fotos. No ano de 2017 ela viu a vida ser transformada em função do acidente que sofreu, no setor 1, ao ser atropelada pelo carro alegórico desgovernado do Paraíso do Tuiuti.

    camarote acessibildiade king 2Lúcia ficou meses internada, passou por várias cirurgias e continua em tratamento no hospital Miguel Couto. De acordo com ela, os osso da perna estão na fase de calcificação. Por isso, a fotógrafa vive com auxílio da cadeira de rodas. O Carnaval de 2019 marca a volta da Lúcia para a Sapucaí e foi justamente no camarote do King que ela aproveitou a primeira noite.

    No ano passado, a fotógrafa também veio à Avenida, mas apenas conseguiu ficar por 20 minutos, pois foi colocada no setor 1, local do acidente. “Infelizmente me colocaram no setor 1 e eu não consegui ficar. Esse ano eu vim na lavagem e na hora que eu entrei ali, fiquei muito nervosa e veio tudo na minha cabeça, me veio uma sensação ruim e eu não gosto”, revelou.

    A fotógrafa também falou sobre o medo de ver o carro alegórico no desfile da sexta-feira de carnaval, mas disse se sentir segura, afinal, estava na varanda do terceiro andar do camarote, que a deixava mais alta que o carro. Lúcia trouxe a câmera a tira colo e aproveitou o espaço amplo para fazer fotos dos desfiles.

    camarote acessibildiade king 3“Fiquei preocupada quando recebi o convite, porque todos os camarotes que eu conheço são com escadas, mas esse tem elevador. Elevador é tudo de maravilhoso. As pessoas não têm noção do que é uma pessoa na cadeira de rodas. A gente que nunca viveu isso não pensa, é complicado para tudo. A pessoa que tem essa sacada está saindo mil vezes na frente. Eu acredito que devam ter milhões de pessoas que queiram vir para cá, porque a arquibancada é impossível, frisa também, por conta dos níveis de degraus e os cadeirantes também têm o direito de não quererem ficar no espaço reservado pegando chuva. As pessoas querem um lugar confortável, com boa comida e bebida. O King oferecer isso é maravilhosos, eles tiveram a sensibilidade de perceber que existem pessoas diferentes, que têm outras limitações e precisam de alguns cuidados especiais”, relatou.

    O camarote do King se preparou para ser acessível. A boate tem um pequeno degrau na entrada e lá existe uma rampa. Também tem os banheiros especiais no primeiro e no terceiro andar com portas amplas e barras de apoio. Lúcia aproveitou para citar a questão dos banheiros das áreas comuns do Sambódromo.

    “Não adianta ter no Sambódromo um banheiro para deficientes, onde só o vaso sanitário é diferenciado. O mais importante não tem, que é a barra de apoio”, queixou-se.

    camarote acessibildiade king 4A diretora executiva do Camarote do King, Lilian Martins, falou sobre a preparação para o público com mobilidade reduzida. “Eu acho que todos os camarotes deveriam estar adaptados para isso. Eu passei quase três meses com dificuldade para andar em função de uma cirurgia na coluna e as pessoas não imaginam como é difícil a questão da mobilidade. Aqui no Brasil, parece que quem não passou por uma situação assim, não entende as questões dos outros”, afirmou.

    Lúcia se divertiu durante a noite, encontrou vários amigos e se disse radiante com a estrutura do King. “Não sabia que existia algo assim na Sapucaí”.

    Ouça a transmissão dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo pela Sintonia Sasp