A Em Cima da Hora já tem seu ponto de partida definido para o desfile de 2026: a cidade de Saquarema, joia do litoral fluminense, será o coração do enredo “Socoa-y-Rema – Onde o altar encontra o mar”, assinado pelo carnavalesco Rodrigo Castro de Almeida. A escola será a segunda a desfilar no sábado, 14 de fevereiro, pela Série Ouro, na Marquês de Sapucaí.
Logo do enredo para o Carnaval 2026 da Em Cima da Hora
O título do enredo carrega em si o encontro entre o sagrado e o natural, refletindo a proposta da escola em mergulhar nas paisagens, lutas e tradições de Saquarema. Conhecida por suas praias exuberantes, pelo surfe e pela forte religiosidade, a cidade será retratada não apenas como destino turístico, mas como um símbolo da cultura popular do estado do Rio de Janeiro.
“Olhar para Saquarema é enxergar uma cidade para além do mar e da montanha. É compreender seu povo e os caminhos que construíram este lugar. E é a partir dos contos desse povo que vamos visitar, também, um pouco da história do nosso país”, explica o carnavalesco.
A proposta dá continuidade à linha temática da Em Cima da Hora, que tem valorizado a identidade brasileira e suas raízes. Depois de homenagear os trabalhadores e os orixás, a azul e branco de Cavalcanti agora se debruça sobre a espiritualidade e a força de um povo que transforma devoção em movimento, como no Círio de Nazaré, estabelecendo um paralelo com as manifestações de fé em Saquarema.
A escola promete levar para a Avenida um desfile carregado de simbolismos e sensações: da grandiosidade do altar da Igreja de Nossa Senhora de Nazareth ao impacto das ondas que atraem surfistas do mundo todo, passando pela música, pelo tambor e pelas histórias de resistência dos moradores da região.
Foto: Divulgação/Anaiara Gois
“Socoa-y-Rema” é um grito de afirmação da brasilidade que brota do litoral, onde a felicidade se encontra entre a fé, a natureza e a luta diária de um povo resiliente.
Teve início nesta terça-feira, pela plataforma Ticketmaster, a venda de ingressos para o setor 1 dos desfiles da Série Ouro 2026, que acontecerão na Marquês de Sapucaí nos dias 13 e 14 de fevereiro. Os bilhetes estão disponíveis a preço popular, com valores de R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada).
Para o presidente da Liga RJ, Hugo Junior, a mudança representa um avanço na organização e no compromisso com a ocupação democrática das arquibancadas. Ele destaca que a iniciativa foi cuidadosamente pensada para preservar a presença das comunidades e combater distorções no sistema anterior.
“A venda a preço simbólico é uma forma de garantir que o ingresso chegue ao público que realmente deseja estar ali para prestigiar as escolas. Notamos que muitos bilhetes estavam sendo utilizados para comercialização irregular e o setor 1 acabava com espaços vazios mesmo com todos os ingressos distribuídos”, afirmou.
Hugo Junior também reforça que a nova política de ingressos não prejudicará o papel social desempenhado pelas agremiações. As escolas de samba da Série Ouro continuarão recebendo cotas de entradas gratuitas, mas agora destinadas a outros setores do Sambódromo.
“É fundamental que as comunidades sigam representadas na Avenida. Esse sempre foi e continuará sendo um compromisso da Liga RJ. Estamos apenas ajustando os formatos para garantir justiça e presença real nos dias de desfile”, concluiu o dirigente.
Para o Carnaval de 2026, a Portela manterá o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Marlon Lamar e Squel Jorgea, e apresenta como novidade a chegada de Thainá Teixeira e Vinicius Jesus, novo segundo casal da escola. O time ainda ganha o reforço de Yuri Pires, que retorna à agremiação como terceiro mestre-sala ao lado de Osanna Baptista.
Thainá Teixeira, criada no projeto “Madureira Toca, Canta e Dança”, comandado por mestre Galo, é a nova segunda porta-bandeira da Portela. Ela dançará ao lado de Vinicius Jesus, promovido ao posto de segundo mestre-sala. O casal traz entrosamento e experiência, já que também representa o primeiro pavilhão da Inocentes de Belford Roxo. Ao longo da carreira, Thainá passou por escolas como Difícil é o Nome, Unidos da Ponte, Acadêmicos da Rocinha, Renascer de Jacarepaguá, Vigário Geral e Unidos da Tijuca.
“Minha história com a Portela começou na infância, acompanhando minha mãe, uma portelense apaixonada, nos ensaios e desfiles. Foi ali que me encantei pela arte de porta-bandeira, inspirada por Cris Caldas, na época. Retornar à escola para defender o segundo pavilhão é a realização de um sonho antigo”, celebrou Thainá.
Segundo casal da Portela, Vinicius Jesus e Thainá Teixeira
Outra novidade no quadro de casais é o retorno de Yuri Pires, cria da casa, que assume o posto de terceiro mestre-sala. Iniciado no mundo do samba na quadra da Portela ainda criança, Yuri é egresso da escola mirim Filhos da Águia e também passou por agremiações como Curicica, Tuiuti, Império Serrano e União da Ilha do Governador. Na Azul e Branca de Madureira, ele formará par com Osanna Baptista, que segue na função de terceira porta-bandeira.
Terceiro casal da Portela, Yuri Pires e Osanna Baptista
“Voltar à Portela ao lado da Osanna, minha amiga de infância, é a realização de dois sonhos ao mesmo tempo. Estou vivendo um momento único: defender o pavilhão da escola de coração! Depois de mais de 15 anos alimentando esse sonho, venho com o coração cheio de gratidão e a promessa de honrar essa responsabilidade com amor, respeito e total dedicação à nossa Águia”, declarou Yuri.
Mais do que narrativas de desfiles, os sambas-enredo se tornaram parte do imaginário afetivo do povo brasileiro. E é essa força que a cantora Teresa Cristina celebra no projeto B.R.E.C. – Bloco Recreativo Enredo Carioca, que retorna à cena carioca no dia 7 de junho, ocupando com entrada gratuita a área externa do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, em um espetáculo na Praça da Pira Olímpica.
Apaixonada confessa pelo universo das escolas de samba, Teresa montou um repertório que exalta clássicos de agremiações como Mangueira, Portela, Salgueiro, Mocidade, Imperatriz, Estácio, Viradouro, União da Ilha e Caprichosos de Pilares, entre outras. A proposta é transformar a praça pública em um grande terreiro de celebração da memória musical do carnaval carioca.
No palco, a cantora interpretará sambas que marcaram época, como o antológico “Kizomba, a festa da raça”, da Vila Isabel em 1988, o potente “100 anos de liberdade, realidade ou ilusão”, da Mangueira no mesmo ano, e o inesquecível “Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite”, da Portela em 1981. “Temos um acervo de maravilhas que não podem cair no esquecimento porque são sambas históricos que já nos deram muitas alegrias”, ressalta Teresa.
O evento deste ano ganha um simbolismo ainda maior ao celebrar os 90 anos do primeiro desfile com samba-enredo no Rio de Janeiro. Foi em 1935 que as escolas passaram a apresentar enredos com músicas especialmente compostas para o desfile. A Portela, com “O Samba Dominando o Mundo”, se sagrou campeã e iniciou uma trajetória vitoriosa que ajudou a consolidar o carnaval carioca como a maior festa popular do planeta.
Portelense de alma e coração, Teresa Cristina tem trajetória profundamente ligada ao samba e ao carnaval. Em 2022, foi comentarista do programa Seleção do Samba, da TV Globo, tornando-se a primeira mulher a interpretar o tema oficial do Carnaval da emissora. Já em 2023, levou milhares à Praça Mauá na estreia do B.R.E.C., e, em 2024, comandou o evento em homenagem ao centenário da Portela no Vivo Rio. Em janeiro deste ano, voltou à mesma casa de shows para mais uma celebração memorável, com convidados especiais como Milton Nascimento, homenageado na azul e branca.
“Estou muito animada em fazer esse show novamente, ainda mais de graça – como deve ser – e ali em frente ao CCBB, onde todo mundo consegue acessar com facilidade. Tenho certeza que vamos fazer uma festa linda!”, afirma a artista.
O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil e reforça a potência cultural dos sambas-enredo, que continuam emocionando, ensinando e unindo gerações por meio da música.
Show ENREDOS DA CIDADE
Com Teresa Cristina e B.R.E.C. – Bloco Recreativo Enredo Carioca
Data: 7 de junho de 2025
Local: Praça da Pira, em frente ao CCBB
Horário: 14h
Entrada gratuita
Retire seu ingresso na bilheteria e no site bb.com.br/cultura
Classificação: Livre
Fechando a segunda-feira de Carnaval, a Unidos da Tijuca levará para a Sapucaí como tema do seu enredo a maior escritora negra do Brasil: Carolina Maria de Jesus. Resgatar o passado, recuperar uma identidade e construir para o futuro uma nova perspectiva. Esse será o lema da Unidos da Tijuca para 2026. O enredo será uma homenagem a escritora, memorialista, compositora e multi-artista mineira, autora do best-seller “Quarto de Despejo – O Diário de uma favelada”, considerado uma das mais revolucionárias e impactantes obras da literatura brasileira.
Ante o apagamento histórico da homenageada e dos rótulos que recaíram sobre sua figura por mais de meio século, será a missão da escola contar a história de sua vida através de suas próprias produções, colocando-a como espelho de um Brasil que ainda pouco se conhece, e que muito precisa aprender sobre os seus.
“O título – o próprio nome da autora, ‘Carolina Maria de Jesus’ ainda alvo de dúvidas e confusões – foi escolhido em virtude da necessidade de afirmarmos sua identidade, de colocarmos em lugar de direito a “escritora que foi favelada” ao invés da “favelada que escrevia”. A agremiação desfraldará, feito pavilhão engalando, o lenço que foi a prisão imagética de Carolina, coroando-a de livros, recortes e poesias, num reencontro sensível e emocionante com a sua literatura visceral, verdadeira e comovente”, explica o carnavalesco Edson Pereira.
Em 2025 o Rio de Janeiro é a capital mundial do livro, e a Unidos da Tijuca será, até aqui, a única escola com enredo literário do carnaval. A última vez que a agremiação trouxe uma biografia literária como enredo, foi em 1982 com Lima Barreto, também negro e fundamental na construção do ideário brasileiro.
A entrega e explanação da sinopse aos compositores acontece nesta terça-feira, 3 de junho, às 19h no barracão da escola na Cidade do Samba. A Unidos da Tijuca desfilará na Marquês de Sapucaí dia 16 de fevereiro de 2026. O enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
“Eu sou um corpo. Um ser. Um corpo só. Tem cor, tem corte e a história do meu lugar. Eu sou a minha própria embarcação. Sou minha própria sorte”.
(Trecho de “Um Corpo No Mundo” de Luedji Luna)
É com muita alegria que damos início a essa etapa tão importante para a criação do desfile de uma escola de samba. Para o ano de 2026 vocês terão a nobre missão de transformar o texto do enredo “Das Mais Antigas do Mundo, o Doce e Amargo Beijo da Noite” no samba que irá ilustrar o desfile do G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra.
Ratificamos nosso entusiasmo em mais uma vez poder doar ao carnaval a possibilidade de todos os sambistas e expectadores deste espetáculo serembrindados com um enredo que transforma a Porto da Pedra em ponte para toda sociedade conhecer detalhes preciosos de personagens que sempre foram marginalizadas pela hipocrisia que dita regras sociais. Nossa intenção não é realizar uma ode a prostituição, ou como diz Lourdes Barreto: “normalizar a causa”. Buscamos na história dessas mulheres o doce e o amargo das suas vivências, como elas foram retratas pela arte, e por fim, a luta por valorização de quem atua no que popularmente é chamado de “vida”.
Nas páginas seguintes vocês encontrarão os textos que fazem parte da construção teórica deste carnaval. Este é o primeiro contato entre o enredo e a criação musical. Recomendamos a leitura completa, com atenção, deixando claro que a narrativa textual abrange todos os pontos importantes da história que será transformada em desfile.
Observação importante: De forma alguma limitaremos a criatividade das parcerias, ideias sempre serão bem-vindas, desde que, não fujam ao tema. Buscamos um samba forte, aguerrido, que cada componente e sambista cante alegria. Pensem neles! Confiamos no potencial poético de cada um de vocês que acreditou na escola, no enredo e no concurso. Qualquer dúvida estamos à disposição.
Boa sorte na disputa!
Mauro Quintaes
Carnavalesco
Diego Araújo
Enredista
Justificativa
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, com imensa satisfação, apresenta aos sambistas e aos admiradores do carnaval carioca, seu enredo para o Carnaval 2026.
O tigre de São Gonçalo historicamente sempre se permitiu a coragem de levar para a Avenida Marquês de Sapucaí enredos que abordassem temáticas com figuras que foram colocadas à margem da história pela sociedade. Foi assim com as pessoas com transtorno mental, os ladrões e o povo da rua, por exemplo. Está em nossa veia carnavalesca a ousadia!
Neste ano nos reencontramos com um enredo que ficou guardado por muito tempo. Tempo este que foi necessário para que ele não fosse considerado um símbolo de vulgaridade reforçando estereótipos enraizados na sociedade. Encaramos esse desafio com a certeza de que nossa missão enquanto escola de samba sempre será ser a voz do povo, sem amarras ou preconceitos.
Pedimos licença às donas da magia. Todas as Marias! Que guardem e abram os caminhos para nós e as personagens exaltadas neste cortejo carnavalesco. Do sagrado e do profano. Do luxo e da pobreza. As faces retratadas em todas as artes. Seremos a voz da luta de quem está na “vida” por tantos motivos que não nos cabem julgamento, mas, o abraço que acolhe.
Elas estão vindo feito mariposas da noite! Enluaradas, enfeitiçadas, aguerridas e empoderadas. E antes de amanhecer, elas deixarão na alma e nos corações de cada um de vocês a marca do inesquecível. Elas são os amores proibidos e…
Preparem-se para o prazer de receber,
“Das Mais Antigas da Vida, o Doce e Amargo Beijo da Noite”
Sinopse
“Boa noite, pra quem vem de longe
Boa noite, pra quem tá chegando
Boa noite, pra moça bonita
É pra ela que eu tô cantando
7 rosas vermelhas, lá na encruzilhada
É lá que essa moça mora, é lá que ela dá risada…”
Mulher. Palavra que emana poder. Meu corpo é a encruzilhada que veste o preto mistério sobre a luz das estrelas. Meus traços são faíscas incandescentes de desejos. Rubro ardor de loucura. Nos meus lábios, a vermelha tentação que beija a alma dos que ousam provar o deleite destas carícias.
Mulher. Atiço a poeira da magia. O ferro em brasa. O fervor do dendê. O perfume que exala pelas ruas. Boa noite para elas! Donas da magia que comandam essa avenida. Dama das rosas. Ponteira de aço firme nessa esquina da resistência feminina.
“À minha Senhora hei de cantar
Poesias escritas para além-mar.
Dourada, de doce sorriso
Além da compreensão humana, o divino sentido…”
Sagrado? Ora, tenho dons celestiais! A beleza que desnuda os pudores humanos. Dancei com sátiros nos bosques, me banhei no cálice dos prazeres divinos dos rituais, sou face feminina dos sonhos deíficos que acalentam os corações humanos que buscavam carinho.
Profano? Ora, visto-me de realidade! Os seios banhados com champanhe são as taças do desejo que cortejam as vontades da realeza. E tempos depois, por estas terras de onde não haveria temores, minha estrela se apagou e renegada de minha pátria, polaca perdição do cais. Estava aqui, no manguezal da labuta meretrícia, degradada entre o luxo e a pobreza. O bem e o mal de tantos!
“…E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos…”
Sou dona dos amores não correspondidos e do amargo da solidão. Forjada para lida das mãos que tocam meu corpo. Meu colo é teu carinho, afago da perdição das almas. Vivo a vida entre a lâmina fria da realidade e o perfume das flores que despetalam promessas neste velho cabaret.
Arreda, homem! Sou a feiticeira sedutora de Araxá que a sociedade conservadora não pode calar. Sou as asas da imaginação de um escritor, um anjo entre a pureza e a perdição. Sou a voz que não se cala, a baiana fervorosa, sou o suspiro que ecoa nos corredores do velho cortiço. Sou mulher- dama, o machado forte, os lábios da doçura do cacau.
Sou eu! Encontrei proteção no fio da navalha do desordeiro herdeiro das sete coroas que me acolheu. Satã das bonecas e da malandragem que travestiu o “balacochê” na Lapa boemia. Sou eu, sim! Maria que homem nenhum tomba! Do agreste fui expulsa e enfrentei o julgamento da perpétua moralidade. Sou um furacão de liberdade e rebeldia, o amor proibido, riscado por Deus e que ninguém rabisca.
“Baby!
Dê-me seu dinheiro que eu quero viver
Dê-me seu relógio que eu quero saber
Quanto tempo falta para lhe esquecer
Quanto vale um homem para amar você…”
Mulher da vida, é preciso falar! É preciso que vocês me ouçam. Nós somos mais que corpos a serem tocados. Sou mulher do lar, por que não? Sou feita de sonhos e esperanças que um dia partiram para o mundo, e nas voltas desse mundo, algumas não retornaram.
Entenda que sou profissional! Não sou objeto, sou cidadã com meus direitos e deveres. Eu luto pelo que você discrimina. Meu corpo não é objeto de exploração, abuso e violência. Minha voz não é do medo que cala, é da luta que persiste, e nem mesmo abominada, desiste!
Sou chique! Desatei os nós do preconceito costurando a verdade de tantas que ditaram elegância no cenário da moda. Vidas em retalhos que vestiram arte. Estou aqui! Por mais que esteja à margem da história, não irão mais nos invisibilizar, eu sou a íris multicolorida de igualdade e liberdade.
A ciência é parceira na prevenção e o cuidado. Minha proteção é a sua satisfação! Conecto suas fantasias aos meus segredos mais delirantes, te enlouqueço, você me deseja, eu obedeço. A tecnologia nos aproxima, o mundo e o prazer ao toque de uma tela.
Sou fascinante mariposa noturna. Só voo à noite, pois dela sou de todos os tempos, rainha! A luz da lua me guia por esses caminhos da vida. Quenga, rameira, meretriz, messalina, acompanhante. O amargo e o doce. Gabriela, Lourdes, Cleide, Rachel, Vivi, Indianarae, Monique e todas as outras que são da luta. E antes que finde esta madrugada, sairei voando por aí…
Sou a liberdade imoral rechaçada pela hipocrisia,
O proibido que habita os seus sonhos,
O pesadelo que assombra sua mente,
O desvario, a luxúria e a provocação.
Sou um corpo na multidão observada,
Mulher que você julga a conduta,
E tentas vezes put…ah, puta mesmo!
Sou eu sua fantasia liberta nesse carnaval,
De garras afiadas num delírio sensual,
O beijo da noite que te enlouquece,
Nos meus braços você adormece,
Mas te deixo quando dia amanhece.
Você promete me tirar desse lugar,
Sou a flor do sereno,
Sou o veneno e a cura,
A fatal que não se esquece.
Créditos / Enredo
“Das Mais Antigas da Vida, o Doce e Amargo Beijo da Noite”
Carnavalesco: Mauro Quintaes
Enredista: Diego Araújo
Referências Musicais
Ponto de Pomba-gira – Domínio Popular
Trecho de “Poema à Afrodite” de Lykaios
Trecho de “Resposta ao Tempo” de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc
Trecho de “Garoto de Aluguel” de Zé Ramalho
“Boate Azul” de Benedito Seviero e Tomaz
“Eu Vou Tirar Você Desse Lugar” de Odair José
Referências Bibliográficas
ALENCAR, José de. As Asas de um Anjo: comédia em um prólogo, quatro atos
e um epilogo. Rio de Janeiro: Editores Soares e Irmão, 1860.
AMADO, Jorge. Gabriela, Cravo e Canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
AMADO, Jorge. Tieta do Agreste. Rio de Janeiro: Record, 1977.
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012.
BARRETO, Lourdes. Puta autobiografia. São Paulo: Claraboia, 2023.
LEITE, G. Filha, Mãe, Avó e Puta: a história de uma mulher que decidiu ser prostituta. Rio de Janeiro: Objetiva. 2009.
PRADO, Monique. Putafeminista. Edição Português. 2018.
Referências Audiovisuais
Hilda Furacão [minissérie]. Direção: Glória Perez. Produção: Globo, 1998.
Na tarde desta segunda-feira, a Liga RJ assinou a renovação do contrato com a Band TV para a transmissão dos desfiles da Série Ouro pelos próximos três anos. O ato aconteceu na sede da emissora, em Botafogo, Zona Sul do Rio, com a presença do presidente Hugo Junior e de André Marini, diretor-geral da Band Rio.
Hugo Junior celebrou a continuidade da parceria, destacando o papel fundamental da Band na valorização e visibilidade dos desfiles da Série Ouro. Segundo ele, a emissora tem se mostrado uma aliada importante na promoção do carnaval e no fortalecimento do trabalho das escolas.
“A Band tem sido uma grande parceira da Liga RJ e das escolas da Série Ouro. A cobertura e a transmissão são sempre muito elogiadas, e isso tem contribuído para dar ao nosso grupo o destaque que ela merece. Essa renovação é motivo de comemoração para todos nós”, afirmou.
Hugo também ressaltou os avanços conquistados ao longo da parceria, como a transmissão em rede para todo o Brasil e o Prêmio Band Folia, que reconhece talentos e destaques dos desfiles. Para ele, essa continuidade permite ampliar ainda mais os horizontes do espetáculo.
“Estamos muito felizes em seguir com a Band por mais três anos. É uma emissora que acredita no nosso projeto, investe em qualidade e entende a importância do nosso carnaval. O Prêmio Band Folia, por exemplo, é um símbolo desse comprometimento e tem se consolidado como um momento especial para celebrar a arte e o esforço das agremiações, além de todas as matérias especiais, a transmissão para o país, dentre diversas ações”, completou Hugo Junior.
Durante o encontro, André Marini reforçou o compromisso da Band com o carnaval carioca e enalteceu o papel das escolas como protagonistas culturais da cidade:
“As escolas de samba são pilares da identidade cultural do Rio de Janeiro, verdadeiras guardiãs da memória, da criatividade popular e da alma vibrante da cidade. Por isso, a Band agradece a confiança dos presidentes das escolas de samba da Série Ouro”, afirmou o diretor-geral da Band Rio.
A Band já transmite os desfiles da Série Ouro há três carnavais. Com a renovação, a emissora passa a ter os direitos de exibição até 2028. No próximo ano, as 15 escolas do grupo desfilarão nos dias 13 e 14 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí, sendo sete na primeira noite e oito na segunda.
A Superliga Carnavalesca do Brasil informa que, em Assembleia Geral realizada nesta segunda-feira, com a presença dos presidentes das agremiações filiadas, foram definidas importantes diretrizes para o planejamento do Carnaval nos próximos quatro anos. As escolas da Série Prata vão desfilar no Domingo e Segunda-feira de carnaval em 2026. Os desfiles da Série Bronze vão acontecer na Sexta-feira e Sábado após a data do carnaval oficial. O Grupo de Avaliação será na Terça-feira de carnaval.
Foi também decidido que, para o Carnaval de 2026, não haverá filiação de novas escolas para o Grupo de Avaliação. O referido grupo será composto exclusivamente pelas agremiações rebaixadas da Série Bronze no Carnaval de 2025.
Com o objetivo de fortalecer e valorizar os desfiles realizados na Intendente Magalhães, atendendo também às demandas da opinião pública quanto à qualidade do espetáculo, ficou deliberado que haverá uma reestruturação gradual da Série Prata, conforme segue: Carnaval 2027: a Série Prata contará com 24 agremiações; Carnaval 2028: a Série Prata será composta por 20 agremiações; e Carnaval 2029: a Série Prata terá 16 agremiações.
Segundo a Superliga, essa redução progressiva visa oferecer melhores condições estruturais às agremiações e elevar o nível artístico e técnico dos desfiles.
Durante a leitura da sinopse do enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval de 2026, o diretor da escola, Cícero Costa, falou sobre a escolha da nova homenagem, os desafios que a agremiação enfrentará com a saída da Cidade do Samba e o momento de transição na presidência, com sua filha Lara Costa assumindo o comando da vermelho e branco da Zona Oeste do Rio.
A escola, que em 2025 homenageou Iyá Nassô e agora se prepara para retratar a história de Clara Camarão, guerreira indígena pouco conhecida, aposta novamente na força de narrativas femininas. “Esse enredo já veio com a ideia de ser mais uma homenagem a uma mulher”, contou Cícero. “Quando me apresentaram as propostas de enredo, eu já falei com a Lara: ‘É esse, tem que ser esse, entendeu?’, porque já gostamos de fazer isso. Estamos saindo da Iyá Nassô e agora vamos homenagear a Clara Camarão, pois acho que nada melhor do que contar uma história que poucos conhecem, por não estar nos livros”.
A leitura da sinopse também marcou um momento de despedida simbólica do Boi Vermelho da Cidade do Samba, onde esteve desde sua estreia no Grupo Especial. “Está programado para sairmos no dia 7 de junho”, informou o diretor, que admitiu um misto de frustração e resiliência com a mudança. “Para mim, é um pouco frustrante, mas faz parte. Vamos sair de lá com a cabeça erguida e a certeza de que entregamos o nosso melhor, e continuaremos trabalhando para voltar e nunca mais sair de lá”.
A volta ao antigo barracão, mais modesto, exige adaptações. “Muda tudo”, destacou ele. “Quando cheguei à Cidade do Samba e vi toda aquela estrutura física, tive que aumentar o número de chassis e as estruturas de largura, enquanto no Grupo de Acesso é tudo menor. A gente vai ter que se adaptar novamente ao nosso antigo barracão, que é, de fato, nosso”.
Com a presidência da escola agora sob o comando de sua filha, Lara Costa, Cícero vê o momento como simbólico e pertinente à proposta do novo enredo. “Se pararmos para analisar bem, estamos saindo de uma homenagem a uma mulher para outra, enquanto uma mulher assume a escola. O projeto está bem legal e alinhado, o pessoal vai gostar”.
Como pai e figura experiente no mundo do carnaval, ele compartilhou conselhos com a nova presidente. “Eu converso muito com ela para que tenha calma, muita sabedoria e ouça mais do que fale. Com o tempo, a gente vai aprendendo. Eu sei que ela é uma menina e que, quando se trata da Unidos, passa um filme na cabeça dela, e as frustrações chegam mais fortes, mas fazem parte. Eu acredito também que o melhor da Unidos ainda está por vir.”
Apesar do rebaixamento, a agremiação da Vila Vintém colheu frutos inesperados com o samba-enredo do último carnaval, “Egbé Iyá Nassô”, que segue sendo exaltado em eventos por todo o Rio. “Eu até comentei com o Bruno Ribas (intérprete), e falei: ‘Caramba, o samba explodiu para além do carnaval, olha que loucura’. Eu sabia que era um sambasso, muito bom, ele é maravilhoso, mas parece que as coisas aconteceram ainda mais depois do nosso rebaixamento”.
Sobre o que esperar da UPM no Carnaval 2026, Cícero Costa foi enfático: “Manter o padrão de alto nível já é um perfil nosso, que eu sei que o mundo do samba espera da gente, e não vai ser um rebaixamento que vai mudar isso. Já viramos a chave, mas, infelizmente, as coisas ainda estão recentes. Para nós, internamente, já passou. As frustrações se vão com o tempo. Já estamos trabalhando no carnaval de 2026. Vamos levantar a cabeça e prosseguir. Só queremos trabalhar. Deixa a gente trabalhar”.
Branco começou sua história no Carnaval de 2006 na Escola Mirim Filhos da Águia. Em 2008 tornou-se ritmista da bateria da Portela, atuou como ritmista e diretor de bateria em diversas agremiações. Passou como mestre no Embalo do Engenho Novo, Em cima da Hora, Vila Santa Tereza, Unidos da Ponte e no último carnaval esteve no comando da bateria da Botafogo Samba Clube.
“Só tenho de agradecer ao Presidente Wallace Palhares e toda sua diretoria pela confiança em meu trabalho. Chego na Niterói com sede de vitória e vamos buscar esses 40 pontos. Junto a bateria queremos conquistar altos voos com a agremiação nesta estreia no Grupo Especial. O trabalho já começou”, revela Branco.