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Bicampeã pela Vila Isabel, Rute Alves é eleita a porta-bandeira da história da escola

O site CARNAVALESCO está formando as equipes dos sonhos das escolas de samba do Grupo Especial. Há mais de duas semanas, os leitores indicaram os representantes e a votação geral foi aberta na segunda-feira. No caso da Vila Isabel, a categoria porta-bandeira nem teve discussão. Rute Alves recebeu mais de 90% das indicações e automaticamente entrou como porta-bandeira da história da azul e branco.

Ela foi bicampeã pela Unidos de Vila Isabel. Primeiro no título de 2006, quando dançou ao lado de Raphael. A segunda conquista veio em 2013, já tendo o mestre-sala Julinho, que até hoje é seu companheiro e são os atuais campeões do Grupo Especial pela Viradouro.

“Vivi grandes e inesquecíveis dez carnavais na Vila Isabel. É um caso de amor eterno. Ser escolhida pelos torcedores é de emocionar. Quem já pisou naquele chão e defendeu as cores de Noel sabe o que significa. Amo a Vila Isabel e os torcedores”, disse Rute, que aproveitou para elogiar o novo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho e Cris Caldas.

Bicampeã pela Vila Isabel, Rute Alves é eleita a porta-bandeira da história da escola
Rute com Julinho no desfile de 2013, o ano do tricampeonato da Vila Isabel. Foto: Liesa

“Torço muito pela nova dupla. A Vila Isabel está com um casal incrível e que tenho certeza que vai trazer bons resultados para escola”.

Os torcedores podem seguir votando nas demais categorias da Vila Isabel. O prazo de votação vai até o dia 21 de junho. * CLIQUE AQUI PARA VOTAR

Bicampeã pela Vila Isabel, Rute Alves é eleita a porta-bandeira da história da escola
Rute com o mestre-sala Raphael em 2006, ano do bi da Vila Isabel. Foto: Liesa

Unidos da Tijuca perde ex-diretor de harmonia vítima da Covid-19

A Unidos da Tijuca se despediu na manhã desta terça feira de Paulo César Dionísio, o Paulinho Haiti, diretor geral de harmonia do Carnaval 2014, ano do último campeonato da agremiação. Paulo, que era militar, havia se desligado da agremiação na época porque havia sido provido e foi servir a outro país, e retornou a agremiação como Harmonia, função que desempenhou até o último carnaval. O ex-diretor é mais uma vítima da Covid-19.

“O dia é de muita tristeza. Perdemos nosso amigo Paulinho Haiti para a covid-19. Paulinho tinha sempre um sorriso enorme para receber qualquer pessoa, emanava uma alegria enorme e era apaixonado pela vida e pela nossa Tijuca. Foi diretor geral de harmonia no título de 2014 e era harmonia nos últimos anos. Uma figura exemplar, carinhosa com todos a sua volta e que vai deixar uma saudade imensa para a nossa comunidade. Descanse em paz, Paulinho. Obrigado por tudo que fez pela nossa Tijuca. À sua família, desejamos muita força. Que o consolo esteja com todos aqueles que sofrem pela perda do nosso querido amigo”.

Unidos da Tijuca perde ex-diretor de Harmonia vítima da Covid-19
Paulinho Haiti faleceu na manhã desta quarta-feira. Foto: Arquivo pessoal

A agremiação segue cumprindo o isolamento social e realizando ações de solidariedade que têm auxiliado famílias vulneráveis do Borel, Providência e Morro do Pinto, além de integrantes da agremiação, nesse momento tão difícil que o Rio de Janeiro e o mundo enfrentam. A Unidos da Tijuca pede a todos que mais do que nunca que não saiam de casa e se saírem mantenham as regras de segurança.

Portela doa máscaras e cestas básicas para PMs, bombeiros, guardas municipais e policiais civis

A diretoria da Portela doou máscaras de tecido e cestas básicas para instituições e órgãos públicos da região de Madureira e adjacências, no último sábado. A ação, que faz parte da campanha Águia Solidária, promovida pela escola desde o início de abril, contemplou a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros.

Os trabalhos no Portelão começaram bem cedo, com a entrega de 200 cestas básicas para moradores pré-cadastrados pelo Departamento de Cidadania. Em seguida, foram fornecidas senhas para outras famílias que também estão no banco de dados. Desde o início da campanha, a escola já doou 1.266 cestas básicas.

Após o término do atendimento na quadra, voluntários saíram por Madureira para levar 100 refeições prontas e guaraná natural para moradores em situação de rua. As quentinhas, compostas por arroz, feijão, frango ensopado e legumes, foram preparadas por Thamyris Macedo, sócia da escola.

Portela doa máscaras e cestas básicas para PMs, bombeiros, guardas municipais e policiais civis
Comitiva portelense entrega máscaras e cestas básicas para instituições públicas. Foto: Divulgação

Outro grupo partiu para uma missão igualmente importante: ajudar instituições e agentes públicos. Foram doadas 200 máscaras para o 8º GBM, no Campinho, e outras 100 unidades para a 29ª DP (Madureira). Para o 9º BPM (Rocha Miranda), a escola destinou 200 máscaras e quatro cestas básicas, que irão para famílias de PMs mortos pela Covid-19 e em combate. A agremiação doou, também, 200 máscaras e uma cesta básica para o posto da Guarda Municipal do Parque Madureira (11ª Inspetoria).

Liderada pela diretora de Cidadania Hellen Mary, a comitiva que visitou os órgãos públicos contou com as presenças de Ruan Lucena, membro do Departamento Cultural, e de Edilasio Alex, integrante do time de diretores de Harmonia. Vale lembrar que todas as máscaras doadas foram confeccionadas no barracão da Portela, na Cidade do Samba, através de uma parceria com a Liesa.

Muitos anônimos e artistas já contribuíram para a campanha Águia Solidária, que segue recebendo doações através de transferência bancária ou pelo aplicativo PicPay, via cartão de crédito.

Campanha Águia Solidária

Dados para transferência bancária
Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela
Banco Bradesco
Agência 3469
Conta Corrente 026838-0
CNPJ: 42.255.075/0001-63

Link para doações pelo PicPay
http://bit.ly/portelapicpay

Império Serrano renova com casal de mestre-sala e porta-bandeira

O Império Serrano anunciou a renovação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Machado e Verônica Lima, que vai para o segundo ano seguido defendendo o pavilhão da Verde e Branco de Madureira.

Matheus tem o DNA do Império Serrano. Neto de Aluísio Machado e filho do senhor Américo e da Porta-Bandeira Andréa Machado, ele começou no Império do Futuro e há nove anos dança na escola principal, tendo se tornado o protetor do primeiro Pavilhão da escola no Carnaval 2020.

“Estou muito feliz, pois agora temos uma diretoria bem estruturada e tenho fé e esperança que o próximo carnaval será de glórias e o imperiano voltará a sentir orgulho de nossa escola. Tenho certeza que será gratificante”, destacou Matheus.

Verônica Lima chegou ao Império Serrano em 2019 e no último carnaval se juntou a Matheus Machado para defenderem o primeiro pavilhão da Verde e Branco. Confiante no trabalho, Verônica agradece o aval do presidente Sandro Avelar e destaca os treinos online em meio à pandemia.

Império Serrano renova com casal de mestre-sala e porta-bandeira
Casal vai para o segundo ano seguido defendendo o pavilhão da Verde e Branco. Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Será um ano especial, pois nosso presidente Sandro Avelar, além de cria do Império, tem o domina a arte do bailado, então nos dará a atenção que precisamos. Enquanto estamos em quarentena, contamos com nosso coreógrafo e preparador, Guilherme Akia, com os exercícios que temos feito online para manter a forma”, contou Verônica.

Já foram contratados pela nova direção do Império, o carnavalesco Leandro Vieira, o intérprete Nêgo, o coreógrafo da comissão de frente, Patrick Carvalho e mestre Vitinho, para a bateria Sinfônica, além da renovação do diretor de harmonia Cláudio da Vovó.

Mangueira informa que procurou Nelson Sargento e está à disposição da família

Uma nota publicada na coluna do jornalista Ancelmo Gois, de O Globo, nesta terça-feira, assuntou o mundo do carnaval. Nela, a informação era que Nelson Sargento, presidente de honra da Mangueira, passava por dificuldade financeira e teria que vender alguns de seus materiais históricos.

Em nota publicada em seu site oficial, a Estação Primeira de Mangueira informou que “procurou o filho e a nora do baluarte, com quem sempre fez contato para os assuntos referentes ao Nelson, que informaram que a situação está sob controle, sem motivos graves para preocupação e que ele não estava passando necessidade”.

Confira abaixo a nota completa da Mangueira:

“A Estação Primeira de Mangueira, através do seu presidente Elias Riche, informa que tomou conhecimento, através da imprensa, de que seu presidente de honra, Nelson Sargento, estaria passando problemas financeiros graves, por conta do cancelamento de sua agenda, devido a pandemia.

Mangueira informa que procurou Nelson Sargento e está à disposição da família
Nelson estaria passando problemas financeiros, por conta do cancelamento de sua agenda. Foto: Divulgação/Mangueira

Imediatamente ele procurou o filho e a nora do baluarte, com quem sempre fez contato para os assuntos referentes ao Nelson, que informaram que a situação está sob controle, sem motivos graves para preocupação e que ele não estava passando necessidade.

Diante dos fatos expostos, o presidente Elias Riche se colocou à disposição da família para ajudar no que for preciso, seu presidente de honra e um dos nomes mais importantes da agremiação, caso seja necessário”.

Minueto Nilopolitano nas Águas de Araxá

“Beija-flor de Nilópolis é a próxima! Penúltima escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, é a campeã do carnaval do ano passado, junto com a Mangueira, e vem em busca do bicampeonato…”. Nas palavras do locutor Fernando Vanucci, assim foi anunciada a entrada da Beija-flor de Nilópolis, durante a transmissão televisiva dos desfiles do carnaval carioca de 1999. Com o enredo “Araxá: lugar alto onde primeiro se avista o sol”, desenvolvido pela comissão formada por Cid Carvalho, Bira, Fran Sergio, Nelson Ricardo e Shanguai, sob o comando de Laíla, mesma configuração artística que tinha alcançado o primeiro lugar no carnaval de 1998, o desfile nilopolitano gerava grande expectativa, pela conhecida força da comunidade da escola, pelo campeonato conquistado no ano anterior e, também, pelo samba de enredo, consagrado como um dos favoritos da crítica durante o pré-carnaval.

O enredo enaltecia a cidade mineira de Araxá, apresentada como o lugar do Brasil onde primeiro se vê o nascer do sol. Embalada pela busca de novas fontes de
investimentos, como apresenta o historiador Luiz Anselmo Bezerra (2018), a Beija-Flor buscou empreitar o modelo que diversas agremiações vinham seguindo: tornar seus enredos comerciais através de parcerias, em sua maioria, com instituições municipais e estaduais. Tal estratégia, no contexto dos desfiles do Grupo Especial de 1999, foi levada a cabo por inúmeras escolas, de maneira direta (cujo resultado são os clássicos “enredos CEP”, caso do Salgueiro, que homenageou o aniversário de 450 anos da cidade de Natal, ou da Vila Isabel, que cantou a história, os festejos, as belezas naturais e os sabores de João Pessoa) ou indireta (quando um determinado lugar é exaltado enquanto peça para se completar uma narrativa maior, não presa a aspectos turísticos – caso do enredo que Rosa Magalhães criou para a Imperatriz Leopoldinense, escola que originalmente buscou investimentos na Holanda – mas o dinheiro europeu jamais chegou a Ramos).

E o benefício? Como essa questão era compreendida? É fato que negociações com o capital privado já ocorriam de maneira explícita desde a década de 1950, com os concursos financiados pela Coca-Cola, mas é na década de 1990 que o poder midiático conquistado pelos desfiles das escolas de samba passou, com força total, a incentivar negociadores a elaborar projetos de marketing e promoção turística baseados no desenvolvimento dos enredos. Vislumbrar a sua cidade, o seu estado ou o país-sede da sua empresa como fio condutor das histórias apreciadas pela Marquês de Sapucaí era considerada uma excelente oportunidade para uma ampla divulgação mercadológica nas mídias brasileira e estrangeira. Consequentemente, os corpos diretivos das escolas viam nessa troca de interesses a possibilidade de incrementar a verba para a produção das fantasias e alegorias, o que era bastante noticiado em matérias de jornais da época. Tal estratégia vingou e se cristalizou enquanto “filão” narrativo.

Araxá, aliás, é a primeira experiência de homenagem direta a uma cidade empreendida pela Beija-Flor, na década de 1990. Segundo Bezerra, no ano anterior (1998, quando a escola apresentou o imaginário caboclo da Ilha de Marajó, com o enredo “Pará: o mundo místico dos caruanas, nas águas do Patu Anu”) o processo de construção do enredo foi um tanto diferente, sem contratos de patrocínio noticiados pela mídia. Para o carnaval de 1999, diferentemente, existiu uma proposta direta de ajuda financeira. Como apresentado na sinopse do enredo e no desfile como um todo, a narrativa não fugia aos interesses dos patrocinadores; passaria na avenida a cidade de Minas Gerais, com destaque para diferentes episódios da sua história, a cultura popular, a culinária, as maravilhas das águas termais da região, a esplendorosa arquitetura.

O enredo foi bem aceito pela comunidade nilopolitana, desenhando o pré-carnaval de um ano em que Minas Gerais faria dobradinha na Sapucaí (a Portela cantaria o estado como um todo, em “De volta aos caminhos de Minas Gerais”). É possível, pois, passar ao aclamado samba de Wilsinho Paz, Noel Costa e Serginho do Porto. O Estandarte de Ouro, tradicional prêmio do carnaval carioca, coroou a letra e a melodia dedicadas a Araxá como o melhor samba do ano, o que é compreensível, pois embalou de maneira contagiante os brincantes da escola do início ao fim do desfile. Quando o intérprete Neguinho da Beija-Flor entoava o refrão de cabeça, “Araxá, Araxá…”, as arquibancadas e a comunidade devolviam: “Obá, obá!”. De um modo geral, pode-se dizer que o samba apresentava com bastante poeticidade o desenvolvimento de um enredo linear e descritivo. A letra inspirada e a construção melódica envolveram o Sambódromo de forma potente, com um refrão de meio corajoso e forte, exaltando mulheres cujas trajetórias se confundem com a história do lugar:

“Ana Jacinta de São José – é Beija!
Josefa Carneiro de Mendonça – Rara beleza!
Josefa Pereira é força e fé – que sedução!
A escrava Filomena é fascinação!”
Trecho do samba de 1999 da Beija-flor de Nilópolis

Na abertura da escola, a partir do carro abre-alas até a terceira alegoria, podia-se observar uma curiosidade: as fantasias das alas e os adereços eram predominantemente construídos em tons terrosos suavizados com tons de branco, sem o tradicional azul da bandeira nilopolitana. A explicação dada pelos narradores da TV Globo é que o enredo falava, naquele trecho, da terra, do chão, dos povos tradicionais que ali viveram e dos colonizadores que chegaram, dizimando populações inteiras. Um dos pontos altos do desfile, a famosa ala das baianinhas, vestida de “Arte Negra”, fazia parte do segundo setor, com bastante palha da costa em suas ombreiras e uma evolução impressionante. Destaque também para Jorge Lafond, presente na segunda alegoria como o “Chefe do Quilombo do Ambrósio”, com uma fantasia completamente branca e prata. Outra ala bastante comentada e premiada foi a ala de comunidade nomeada “Refúgio da Corte” e presente no quarto setor, que desenvolvia uma coreografia inspirada nos minuetos dos bailes da corte portuguesa, além de possuir diferentes figurinos, tanto em forma quanto em cor, o que chamava bastante a atenção.

No encerramento da narrativa do enredo era possível observar setores que expressavam os interesses dos patrocinadores, como o Grande Hotel de Araxá e a estância hidrotermal, cujo imaginário aquático permitiu diálogos com povos da Antiguidade, como egípcios e assírios. O dado curioso é que, apesar da presença de tais elementos, o patrocínio não apareceu, de acordo com o relatado por diretores da própria escola. Sobre a visualidade, é possível afirmar que, mesmo tendo sido construído por cinco artistas com diferentes estilos e trajetórias, as alegorias, as fantasias e o desfile como um todo apresentaram uma unidade muito grande, assinatura que marca a criação coletiva desse grupo à frente da escola.

A Beija-Flor se apresentou de forma grandiosa, unificando alegorias muito bem acabadas, fantasias inspiradas, uma comunidade aguerrida e, como apresentado anteriormente, um samba de fazer pulsar o coração de qualquer sambista. É, de fato, um bom desfile a ser revisitado. Apesar de ter ficado em segundo lugar, atrás apenas da Imperatriz Leopoldinense, o resultado consolidou a comissão de carnaval na produção dos desfiles nilopolitanos, que, de 1998 a 2005 conquistou quatro títulos e quatro vice-campeonatos.

Autor: Gabriel Haddad, Mestre em Artes, Pesquisador do OBCAR/UFRJ
Instagram: @obcar_ufrj

Referências
BEZERRA, Luiz Anselmo. As transformações nas redes de financiamento das grande escolas de samba do Rio de Janeiro (1984-2015).Tese (doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.

Lugar de fala! Site CARNAVALESCO ouve sambistas negros sobre os protestos nos EUA e o racismo no Brasil

Por Alberto João e Matheus Mattos

Uma onda de protestos nos Estados Unidos caminha para o oitavo dia. Tudo começou com a divulgação de um vídeo, no dia 25 de maio, onde George Floyd é imobilizado por um policial branco e asfixiado com os joelhos do agressor em seu pescoço. A vítima foi levada inconsciente, mas declarado morto ao chegar ao hospital. No dia seguinte, o vídeo viralizou e milhares de pessoas foram às ruas protestar. A frase “I Can’t Breathe”, que significa ‘Eu não consigo respirar’, foi as últimas palavras de George e virou grito marcante para as vozes protestantes. De acordo com as informações da imprensa norte-americana do último domingo, quatro pessoas foram mortas e mais de 1.700 presas.

No Brasil, existem inúmeros casos de assassinatos ao povo negro. Como por exemplo, o episódio do garoto João Pedro, de 14 anos, morto dentro de casa com um tiro de fuzil nas costas. No último domingo, manifestantes se reuniram em frente ao palácio do Guanabara, sede do Governo do Rio de Janeiro, para protestar pelos diversos casos ocorridos no país. O site CARNAVALESCO ouviu personalidades negras do carnaval sobre os protestos à favor da igualdade.

Simone Sampaio, madrinha da Dragões da Real

simone sampaio

“Senti a mesma coisa que sinto ao ver qualquer assassinato dos nossos brasileiros desta forma. Só sinto que o questionamento venha após o assassinato do George, após repercussão da grande potência que é os Estados Unidos. A sensação é de impunidade, a mesma quando morre Marielle Franco, João Pedro, Ágatha, Kauê, Jenifer e tantas outras vidas. Não é mais dolorosa do que eu como mãe, vendo a forma como nosso João Pedro sendo brutalmente assassinado dentro da própria casa pela força do Estado que deveria protegê-lo. Isso acontece todos os dias há muito, e parece que a cor negra neste momento fica invisível aos olhos de todos que deveriam se rebelar contra a discriminação e o genocídio negro. O movimento negro nos Estados Unidos deve ser referência, por ser tão consolidado, unido e forte. Podemos aprender diversas coisas. O racismo é racismo em qualquer território. Aqui no Brasil somos o maior país negro fora da África e muitas pessoas ainda insistem em dizer que o racismo não existe, enquanto vidas negras continuam morrendo por serem negras em ambos os países. No Brasil, negros são setorizados. Deixa de ser uma questão de competência, e passa a ser uma questão de falta de oportunidade: é raro ver profissionais negros em grandes cargos de chefia, nas universidades, nas telecomunicações, entre outros locais. Isso, sendo 54% da população brasileira. Quando conquistamos algo, a batalha é extremamente árdua. A luta continua. Temos a ágil e eficaz arma da comunicação. Através de um celular hoje podemos filmar e enviar a informação pro mundo inteiro instantaneamente. Neste sentido, a globalização é uma grande aliada. Acredito que infelizmente tendo o líder que temos nos EUA e o que temos no Brasil, a tendência é que os confrontos não cessem mais rápido. Mas por outro lado, ficamos na torcida da conscientização da população num todo. Não há mais espaço para opressão e precisamos todos entendermos que mudar isso é responsabilidade de todos”.

Lucinha Nobre, porta-bandeira da Portela

lucinha

“Esses dias eu li uma frase, acho que do Will Smith que dizia: “o racismo não está aumentando, ele está sendo filmado” e refleti muito sobre a união dos pretos nos Estados Unidos, no sentido de lutarem contra. Aqui no Brasil, infelizmente, existe primeiro uma negação da raça. Muitos pretos nem se reconhecem como tal, se declaram morenos, pardos… só aí já estamos em clara desvantagem. Paralelo a isso, tudo para nós é mais difícil, temos que nos esforçar três vezes mais para qualquer reconhecimento. É cansativo. Doloroso. Triste. Eu estou anestesiada. Tentando me reerguer através da fé. Da educação e do estudo. A gente tem que estar bem informado e bem preparado para não abaixar a cabeça. E ainda assim corremos riscos. Tenho um filho de 21 anos e costumo ligar pra ele de madrugada, quando ele sai, só para monitorar se ele está seguro, se ele tá protegido. É exaustivo. Lá nos Estados Unidos, a luta antirracismo é de todos. Aqui no Brasil a gente sofre o racismo e ainda tem que ouvir branco dizer pra gente que não foi racismo, ou seja, querem decidir por nós. Quem sabe se está sofrendo racismo é o preto e não cabe ao branco decidir isso”.

Patrick Carvalho, coreógrafo do Salgueiro e Império Serrano

patrick

“É um misto de indignação. Por mais que a gente tenha esse espaço de fala. O racismo feio, ridículo, escroto, ele não cessa. Uma hora ou outra vem alguém e aplica uma covardia dessa. Aquela imagem tira nossos olhares de uma grande pandemia que afeta o mundo. Vem o inimigo covarde de raça, presencialmente, vai lá e mata a pessoa. Nem o vídeo espanta o inimigo. O cara fala que está sem ar e a outra pessoa não para. É muita covardia. Venho do alto do morro, que é difícil descer e subir, tem que pedir permissão, quando eles querem apagam a luz, é uma senzala. A gente vive dentro de uma senzala mundial. É muito triste e doloroso. Isso precisa acabar”.

Rute Alves, porta-bandeira da Viradouro

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“Até quando um vírus que mata milhares de pessoas no mundo inteiro não será a nossa única preocupação? Até quando qualquer desculpas e “achismos” servirão para mascarar o preconceito que assola o mundo? É inacreditável, como sempre foi, que em pleno século XXl seres humanos são assassinados fria e brutalmente por sua cor de pele. Quantos Georges, João Pedros, Rodrigos… Serão confundidos? Que estatística cruel é essa? É de doer a alma ver um irmão suplicar para respirar. Mesmo que ele fosse o possível falsificador, não é essa a justiça que tem que ser feita. Uma família não pode perder seu menino de 14 anos, ou qualquer outra idade, porque tem uma residência em comunidade que a polícia pensa que só bandido poderia ter, e invadir atirando e, não satisfeitos, sumirem com o corpo. Onde estão os direitos humanos desses humanos? Punição! Enquanto não houver severa e verdadeira punição a quem cometer atos tão cruéis, desumanos e covardes, continuaremos caminhando por uma estrada onde o futuro dos negros, ao sinal de uma menor dúvida, será o tronco levando chibatadas até morte. Que em Minneapolis, São Gonçalo, no morro da Providencia, ou qualquer lugar desse mundo, essas mortes não tenham sido em vão, que além de todo sofrimento causado, sirva para alguma mudança. Estou sendo utópica? Até acredito que sim, mas só acreditando que se é possível que podemos lutar por mudanças”.

Gilsinho, intérprete da Portela

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“Achei aquele episódio o mais sujo teor de racismo. Isso, infelizmente, ainda existe no mundo. Desumanidade odiosa. Algumas pessoas sem a menor noção de amor e igualdade ainda insistem em alimentar o preconceito racial. O fato acontecido é muito lamentável. Rezemos para que um dia isso acabe, pois não é coisa de Deus”.

Lyllian Bragança, destaque de chão do Vai-Vai

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“Sinto dor, quando vejo um dos nossos sendo subjulgado, ameaçado e morto. Nos ameaçam todos os dias. Nos EUA e no Brasil, não há diferença de como a elite hegemônica que domina o mundo nos veem. O Estado armado, com estrutura para dizimar um povo. Penso que temos que olhar para a história da escravidão de cada país. Foram milhares de negros que desembarcaram no Brasil, mesmo após 1822, data da independência do Brasil. Ou seja, precisamos falar sobre essa elite que nos permeia e que perpetua o poder, mesmo após o fim da escravidão, e suas consequências. Vistas na desigualdade criada no Brasil,nas periferias. O mito da democracia racial, que no carnaval é de grande valia para essa sociedade, como já dizia Lélia Gonzáles: ‘mulata, doméstica e mãe preta’ no carnaval ela se torna rainha. O racismo nas duas nações é estrutural, está incrustado no seu alicerce, portanto difícil de aplacar. Não podemos mais serenar essas questões que perpetuam a morte do nosso povo. Seja onde for. Lá, nossos irmãos estão cansados. E nós aqui, como estamos? Cansados. Chega de ver nossas crianças sendo mortas”.

Vote: escolha a sua equipe dos sonhos da Vila Isabel

Após duas semanas de indicações chegou a hora dos torcedores votarem e definirem suas escolas dos sonhos. Para escolha do time da história da Vila Isabel o prazo de votação vai até o dia 21 de junho.

O calendário de divulgação resultados:

Dia 8 de junho: Viradouro e São Clemente (votação aberta)
Dia 15 de junho: Tuiuti e Imperatriz (votação aberta)
Dia 22 de junho: Vila Isabel e Tijuca (votação aberta)
Dia 29 de junho: Beija-Flor e Grande Rio
Dia 06 de julho: Portela e Mangueira
Dia 13 de julho: Mocidade e Salgueiro

Está na lista quem foi indicado pelo público. As categorias que tiveram mais de 90% das indicações entraram direto na equipe dos sonhos. Não precisaram passar por essa fase. É o caso de Rute Alves, que foi escolhida como a porta-bandeira da história da escola. Abaixo, você pode votar nas categorias.