Em reunião entre os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e de São Paulo, Ricardo Nunes, com os representantes da Liesa e da Liga-SP, foi acordado o adiamento dos desfiles das escolas de samba para o feriado de Tiradentes, 21 de abril. A programação é que os desfiles vão acontecer de 21 a 24 de abril.
“Vinha discutindo com o prefeito de São Paulo para tomarmos decisões integradas. Hoje, os secretários de Saúde entenderam que era prudente, apesar da visão otimista que no momento do carnaval teremos uma queda de casos, mas que era prudente adiar o carnaval e levar para 21 de abril. Respeitando a ciência e o encaminhamento técnico tomamos a decisão. Aqui no Rio, além da Sapucaí, temos os desfiles na Intendente e temos detalhes para acertar”, explicou o prefeito Eduardo Paes.
Os dois secretários de Saúde, Soranz e Edson Aparecido, falaram das decisões das duas cidades em adiar os desfiles para o fim de abril. “Tudo indica que em abril o cenário será muito mais segurando vendo a curva Ômicron hoje. A gente não tinha condição sanitária de fazer na data prevista em fevereiro. O mês de abril é muito mais seguro. O adiamento é por questão de segurança. Ele é necessário. Vamos ter muito mais segurança para realizar no final do mês de abril”, disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
“O carnaval das escolas de samba tem um protocolo muito rígido e você pode estabelecer o controle sanitário. É diferente dos blocos. As duas secretárias apontaram que diante da curva, o controle da doença e o avanço da vacinação nos da garantia que podemos realizar o carnaval do Sambódromo no feriado de 21 de abril”, completou Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo.
O encontro virtual teve no Rio de Janeiro, o presidente Jorge Perlingeiro, e o diretor de marketing, Gabriel da David. Em São Paulo, o presidente da Liga-SP Sidnei Carriuolo esteve presente. “A gente conversou agora as secretárias vão acompanhar a questão epidemiológica e mais para frente será tomada a decisão sobre manter o protocolo ou não”, disse o prefeito de São Paulo.
“Foi uma atitude acertada tanta de São Paulo e do Rio de Janeiro. A Liga-SP tem muito carinho pelos seus componentes. Não seria nesse momento que a gente arriscaria algo. Somos escolas de samba, entidade culturais, e jamais colocaríamos em risco o povo que está com a gente o tempo todo. A gente espera muito lá no dia 21 de abril fazer uma festa de alegria”, revelou o presidente da Liga-SP.
“A gente considera precoce para discutir carnaval. Não teremos ainda nessa segunda definições sobre o Carnaval. A variante Ômicron mudou todo o cenário epidemiológico. Primeiro, temos de entender quanto essa curva vai durar, e se de fato essa variante vai continuar se comportando de maneira leve. Nossa preocupação é proteger os não vacinados, e evitar ao máximo que tenham pessoas não vacinadas. Para que, depois, a gente possa planejar o que vai acontecer daqui a 40 dias. Ao meu ver, é precoce a gente prever qualquer coisa”, afirmou Soranz.
Cidade está com uma das menores taxas de hospitalização desde o início da pandemia – Marcos de Paula/Prefeitura
Segundo o secretário disse ao jornal O Dia, o número de casos graves do novo coronavírus, o aumento de transmissão e a vacinação com a dose de reforço serão os três principais indicadores analisados pela prefeitura.
Nilo Mendes Figueiredo, ex-presidente da Portela, faleceu, aos 85 anos, nesta sexta-feira, em decorrência de complicações com o Alzheimer. Ele comandou a Azul e Branco por nove anos, sendo reeleito nas eleições de 2007 e 2010. Nos últimos anos, Nilo Figueiredo vivia numa clínica de repouso, recebendo a visita dos amigos mais próximos e de parentes. Deixa filhos e netos, incluindo Nilo Mendes Figueiredo Junior, ex-vice-presidente da Portela. Velório está marcado para este sábado, 22 de janeiro de 2022, a partir das 11h, na Capela 02 do Memorial do Carmo. A cerimônia de cremação será às 14h.
Nilo começou a frequentar a Portela na década de 1960, numa época em que oficiais graduados das Forças Armadas ainda não participavam ativamente das escolas de samba. Ele quebrou barreiras e se tornou vice-presidente da Portela nos desfiles de 1970 e 1971, sagrando-se campeão com o enredo “Lendas e Mistérios da Amazônia”.
Afastou-se da escola após a eleição de Carlos Teixeira Martins, logo após o carnaval de 1971, mas manteve-se como uma das lideranças políticas da Portela ao longo da década de 1970. Por muitos anos foi um dos responsáveis pela segurança do Sambódromo, trabalhando junto à Liesa.
Mesmo afastado, jamais abandonou o sonho de um dia voltar a participar ativamente de sua escola do coração. Em 2003, liderou a ocupação da quadra de ensaios por um grupo de descontentes com a gestão de Carlos Teixeira Martins, o que gerou o movimento “Nova Portela”. Após uma série de disputas judiciais, em agosto de 2004 Nilo Mendes Figueiredo derrotou Marcos Aurélio Fernandes, candidato indicado por Carlinhos Maracanã, tornando-se Presidente da Portela.
No comando da Portela, a escola retornou nos desfiles das campeãs nos anos de 2008 (4ª), 2009 (3ª) e 2012 (6ª). Foi sob sua liderança que a Portela enfrentou uma das mais graves tragédias de sua história, que foi o incêndio que antecedeu ao carnaval de 2011, que fez a escola desfilar sem ser julgada.
O “Comandante Nilo”, como era chamado, sempre incentivou a participação de jovens, ajudando a renovar importantes segmentos da Portela, como a direção de harmonia e a bateria. Neste processo de renovação, nomes hoje consagrados, como Gilsinho e Nilo Sérgio, tiveram suas primeiras oportunidades. Também em sua gestão a escola mirim Filhos da Águia, fundada em 2001, finalmente conseguiu reconhecimento para desfilar, iniciando seu trabalho como formadora de novos talentos.
Faleceu na noite quinta-feira o carnavalesco Sylvio Cunha, aos 69 anos, que trabalhou na Estácio, Portela, Império Serrano e Unidos da Tijuca. A causa da morte foi complicação do diabetes. Seu último trabalho foi na Unidos de Vila Kennedy, onde apresentou o enredo “Castor de Andrade um enredo à Bangu”.
Veja abaixo a publicação da Portela. “A Portela lamenta a morte de Sylvio Cunha, que foi carnavalesco da Majestade do Samba entre os anos de 1989 e 1992, desenvolvendo os enredos “Achado não é roubado”, “É de ouro e prata esse chão”, “Tributo a vaidade” e “Todo azul que o azul tem”. Ele foi o responsável pela modernização da Águia da Portela nos desfiles, que, de uma simples escultura com o bater mecânico nas asas, passou a alçar os céus numa grua, movimentando, além das asas, também o bico e as garras.
Com Silvio Cunha, a Águia da Portela também adquiriu nova cores, incorporando tonalidades de azul ao tradicional branco, ou mesmo adquirindo aspectos de uma Águia de verdade, mais escura, em 1990. As Águias de Sylvio Cunha também passaram a emitir sons, o que desde então se tornou uma tradição a parte nos desfiles da Portela. Portelense de coração, Sylvio Cunha foi responsável pelo primeiro projeto de modernização do Portelão, em 1989, durante a gestão do Presidente Carlos Teixeira Martins. Amigo de longa data do Carnavalesco Renato Lage, para este carnaval de 2022 os dois produziram juntos os figurinos dos destaques de luxo da Portela.
O artista também passou por escolas como Estácio de Sá, Unidos da Tijuca e Império Serrano. O presidente Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão, os carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage e toda a diretoria se solidarizam com a família, amigos e admiradores do artista”.
“Torrão amado, o lugar onde eu nasci, o povo me chama assim” canta o Salgueiro em 2022. E, para fazer jus ao enredo escolhido, que além de tudo ressalta a negritude e a resistência do salgueirense, a escola no dia de São Sebastião, resolveu realizar um ensaio na sua quadra raiz, o Raízes Calça Larga, como é chamada, onde tudo começou. A diretoria levou o que a escola tem de melhor, ainda que de uma forma reduzida em alguns segmentos para que pudesse alocar todo mundo. A comunidade do morro do Salgueiro respondeu com presença maciça e muita festa. Houve uma conexão entre todos e o samba do Salgueiro para 2022 foi quem mais ganhou, sendo entoado a plenos pulmões durante todo o ensaio. Com o enredo “Resistência”, buscando seu décimo título, o Salgueiro será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval.
O presidente da vermelho e branco, André Vaz, explicou as razões que motivaram a transferência do costumeiro ensaio de quinta-feira para a antiga quadra da escola. “É a nossa história. O nosso enredo é resistência. O clima está muito bom. O que a gente vem passando com essa pandemia? Calhou de uma data tão especial como São Sebastião que é padroeiro da cidade, padroeiro do Salgueiro, em uma quinta-feira, em um feriado do Rio de Janeiro, trazer a escola para cá, para nós abençoar, para que a gente possa seguir nesse caminho de muita luta até o dia desfile e se Deus quiser conquistar o título”, desejou o presidente.
Emocionado, o diretor de carnaval Alexandre Couto falou sobre a influência que a energia do lugar mexe com a comunidade e como ele se sentiu tocado pela iniciativa do ensaio na quadra Calça Larga. “Eu particularmente nem consegui falar na reunião da harmonia, porque você está em um local onde o avô do Jô (Diretor Jomar Casemiro), que é o diretor de Harmonia, fez o último ensaio da vida dele e consagra essa quadra aqui como Calça Larga, é uma importância que não tem descrição para gente. A energia daqui é muito forte quando a gente vem para cá, e a gente acaba se emocionando a ponto de eu não ter conseguido falar hoje na reunião da harmonia, onde eu sempre falo alguma coisa. E o Jô passar essa energia para gente é uma coisa muito significativa para gente, e a gente tenta passar para todo mundo esse tipo de coisa”, explicou Alexandre.
Essência mexe com a comunidade
O ensaio começou com um esquenta preparado por Emerson Dias e Quinho cantando sambas históricos do Salgueiro buscando a essência para mexer com os componentes e com a comunidade. E a negritude da Academia esteve presente em sambas campeões como os primeiros que deram títulos a agremiação em 1960 homenageando Zumbi de Palmares e o de 1963 para o desfile sobre Xica da Silva. Depois, uma homenagem a Deusa da Mocidade, Elza Soares que nos deixou neste dia 20, a cantora interpretou na Avenida o samba de 1969 “Bahia de Todos os Deuses”. Por fim, a dupla também apresentou alguns trechos de hinos com grande apelo como o “Peguei um Ita no Norte” de 1993, “A Ópera dos Malandros” de 2017, e “Xangô” de 2019.
O treino desta quinta-feira também contou com a participação dos integrantes da Comissão de Frente do Salgueiro, comandada por Patrick Carvalho, que trouxe seus bailarinos para apresentar ao público um pouquinho do que pretende fazer na Sapucaí, além de dar aos seus comandados um pouco mais do calor da comunidade.
Samba-enredo
O carro de som do Salgueiro, além de contar com a dupla já extremamente entrosada Emerson Dias e Quinho, juntos desde 2019, tem como vozes de apoio, cantores experientes como Silas Leléu, um dos intérpretes oficiais da Inocentes de Belford Roxo, e Charles da Silva, da Unidos da Ponte.
Entre Quinho e Emerson, o entrosamento está bem afinado com cada um dando palco para o outro, e a já costumeira alegria da dupla bastante extrovertida. O início da interpretação do samba no ensaio, por exemplo, contou com Emerson em cima do suporte para as caixas de som, enquanto Quinho cantava no meio das alas, incentivando cada componente. Quinho explica que no carro de som não há espaço para ciúme e que a ideia é cada um brilhar. “E como eu falei, o Salgueiro tem um canto forte, um carro de som coeso, sem vaidade, que é primordial. Eu e o Emerson. Emerson e Quinho, Quinho e Emerson. A ordem dos fatores não altera o produto. O importante é que o carro de som está unido em canto, ritmo e dança, então vamos para cima”, revelou o intérprete.
Quinho também falou sobre a ausência dos ensaios de rua e como a comunidade tem ajudado o samba de 2022 a crescer. “O Salgueiro tem uma comunidade muito forte, haja visto hoje aqui, dia 20 de janeiro, prestando continência onde tudo começou. O Salgueiro tem um canto forte, está bem ensaiado, uma administração maravilhosa. E vamos para mais um carnaval e que sejamos felizes. O Salgueiro sempre tem compromisso com a vitória. Mas só pode vencer um. Espero que seja o Salgueiro que já passou da hora. Depois que teve esse problema, que nós ficarmos sem os ensaios de rua, nós continuamos fazendo nossos ensaios na quadra, como sempre fizemos as quintas-feiras”.
Harmonia
A escola cantou como um todo durante o ensaio. Houve uma grande troca entre os componentes que evoluíam na quadra com a torcida nas arquibancadas. É claro, que algumas partes do samba se sobressaiam em relação a outras. O refrão principal com a entrada na repetição de “Salgueiro” explodia no canto e se destacava. Outro trecho que se distinguia dos demais não só na força do canto como na interpretação dos componentes eram os fortes versos “Da bala que marca, feito chibata/Vermelho na pele dos meus heróis/Lutaram por nós contra a mordaça”.
Alexandre Couto falou da influência do Morro para o desenvolvimento do canto, mas citou também o trabalho que já vem sendo realizado na quadra da Rua Silva Teles. “Aqui a gente explode, o Salgueiro explode, apesar de que o nosso samba já está explodindo desde o primeiro dia de ensaio. O nosso samba, a escola e a comunidade toda abraçou e funcionou desde o início, então hoje a gente tem só uma forma de consagração aqui no Morro”, entende Alexandre.
Outro que está empolgado com o canto da escola é Emerson Dias que ressalta a comunidade mesmo com as dificuldades enfrentadas nesses dois anos pela pandemia. “O canto da comunidade para mim está surpreendente porque a gente está tendo uma sequência muito pequena de ensaios. E quando a gente vê o povo cantando com essa garra que foi o ensaio de hoje, é para transbordar de emoção e esperança. Acho que o Salgueiro tem tudo para avançar e muito”, acredita o intérprete da Academia.
Bateria
Salta a vista a organização dos mestres Guilherme e Gustavo. Os irmãos que estão à frente da Furiosa desde o carnaval de 2019, estão sabendo como ninguém as vantagens de ter dois mestres a frente do coração de uma escola de samba. Assim como o que se tem visto no carro de som, não há vaidade e cada função tem sido dividida pela dupla para melhoria do trabalho. No ensaio desta quinta-feira, enquanto Gustavo estava à frente da furiosa dando os comandos, Guilherme observava de um nível mais alto da quadra, ao mesmo tempo que avaliando a produção da Furiosa como também realizando a comunicação gestual com a direção de carnaval, harmonia e com o carro de som. Mestre Guilherme falou um pouco do trabalho integrado da bateria com o resto da escola.
“A gente tem conversado muito com a diretoria, a gente precisa acertar alguns detalhes ainda, a gente tem conversado diretamente com o Emerson, com o Quinho, com o carro de som e a gente tem uma abertura muito boa. Então, a gente está acertando alguns detalhes em questão de andamento ainda, finalizando isso, a questão das bossas, dando uma limpada. Semana passada a gente fez um ensaio muito bom só de carro de som e bateria, que ajudou muito a gente. Hoje o ensaio foi bom demais também. Acho que é isso, é dar esse tempo para o carnaval que falta e continuar ajustando para chegar no dia com tudo cravadinho”, explicou Guilherme.
O intérprete Emerson Dias confirmou o entrosamento afinado entre carro de som e bateria. “A gente é muito amigo. Os mestres de bateria fazem parte do grupo de whatsapp do carro de som. Quanto mais entrosado, mais entrosado a gente estiver, melhor vai ser o resultado de todo mundo. E, assim que a gente pensa e assim, que a gente está conseguindo fazer o nosso trabalho da melhor maneira possível. A gente está fazendo ensaios técnicos restritos. Carro de som e bateria. A gente não pode perder o tempo das coisas, a gente tem que estar sempre batalhando”.
A bateria apresentou muita segurança nas bossas. Mestre Gustavo admitiu que ainda há aspectos a se melhorar, mas se viu satisfeito com o ensaio e projetou a bateria pronta para o desfile nas próximas semanas. “O que a gente sempre costuma dizer é que esse ano, foi um ano muito atípico, essa temporada de 2020 que foi pro carnaval de 2021 que não teve, aí agora veio para 2022, foi uma temporada maior e muito atípica pelo Covid. E, é uma situação que a gente começou os ensaios com poucos ritmistas, a galera ainda estava com um pouco de medo. A galera, então, começou a se juntar e agora veio essa nova onda. Então, está sendo um ano muito difícil. Mas, graças a Deus, a gente está conseguindo reverter, a gente está conseguindo ajeitar a galera. No ensaio de hoje, eu já senti uma confiança muito maior com a galera. E, a galera fazendo as bossas que nós passamos desde a escolha do samba. Então, hoje, o ensaio foi muito proveitoso, porque hoje eu consegui sentir uma segurança muito legal na galera, apesar da bateria estar um pouco menor por conta de espaço, a gente traz um pouco menos de instrumento, mas, a galera, quando eu entrava dentro da bateria, eu sentia uma confiança muito grande da galera fazendo com convicção todas as bossas que a gente estava pedindo”, revelou Gustavo.
Uma das bossas de maior destaque, acontece no refrão principal, em que a bateria para de tocar na entrada do trecho “Salgueiro, Salgueiro” e os ritmistas permanecem com o punho erguido, símbolo de resistência. Mestre Guilherme contou que a performance dessa bossa ainda tem algumas surpresas guardadas que só serão reveladas na Marquês de Sapucaí.
“Eu acho que o ‘Salgueiro’ refrão com o punho erguido, eu acho que vai ser emocionante ali, a gente ainda está terminando, ainda falta uma surpresinha ali, que eu acho que vai ser a cereja do bolo. Mas, aí é só no dia do desfile”.
Evolução
Como em outras escolas, para simular alguma evolução, a diretoria do Salgueiro colocou a bateria no meio da quadra e espalhou os componentes ao redor da Furiosa para evoluir já como alas se deslocando pela quadra. O que se pode ver foi bastante espontaneidade e intensidade em cerca de uma hora de ensaio realizado na quadra Calça Larga. Um destaque ficou para a ala de passistas comandada por Carlinhos Salgueiro que demonstrou além de muito samba no pé e técnica, espontaneidade e improviso. Carlinhos ia dando chance para brilhar um a um dos passistas que arrancavam aplausos e gritos do público. Também sob o comando de Carlinhos do Salgueiro, estava tradicional ala do Maculelê que trazia passos bastante vigorosos e com uma expressão de orgulho e pujança principalmente nos trechos do samba que eram mais específicos sobre a negritude.
O diretor de Carnaval Alexandre Couto também falou sobre a dificuldade de se ensaiar o quesito sem os tradicionais ensaios de rua. “O Salgueiro precisa sempre de estar junto. A gente não é uma comunidade simples. Nós tornamos uma comunidade, em uma família. Então, a importância de a gente estar junto, independente se seja na rua que a gente está evitando agora por conta da loucura que está, a gente está dentro de uma quadra fechada, ou dentro do Morro que é uma quadra fechada também, para gente tem uma importância muito grande. Porque aqui a gente não tem uma comunidade, a gente tem uma família. A gente só precisa desfilar para ser campeão, porque a gente “tá” pronto para ser campeão”.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Sidclei Santos e Marcela Alves se apresentam juntos no Salgueiro desde 2014. Entrosados, apresentaram bastante garra e vontade de vencer, confiantes e focados para o desfile de 2022. Na dança a tranquilidade de sempre, aliada a técnica. A experiência de quem defende o quesito desde 1997 no caso dele, e desde 1998 no caso dela. No último carnaval, receberam cinco notas 10.
De se destacar dos dois no ensaio, o trecho do samba, no refrão do meio que fala sobre Zumbi e Xica da Silva, em que Marcela Alves incrementa o bailado com alguns passos mais específicos das religiões de matriz africana. Marcella contou um pouco sobre o estágio que o casal está na preparação para o desfile.
“Estamos na fase final do trabalho que é de treinamento mesmo, o corpo se adotar cada vez mais com a movimentação proposta e conseguirmos preparo físico ideal para a sustentação da excelência de performance durante todo o desfile… E podermos comemorar a volta da nossa festa e acima de tudo nos divertimos com o desfile do salgueiro”, explicou a experiente porta-bandeira.
Sidclei confirmou que a dupla está trabalhando duro com o foco total de que a apresentação do casal acontecerá em fevereiro apesar de haver qualquer indecisão sobre os desfiles. “A gente já está em uma pegada desde outubro, e virou o ano, a gente está em uma pegada clima de carnaval pois acreditamos que vai ter carnaval, trabalhando a mesma coisa que a gente trabalhou nos outros anos que teve carnaval. Esse é o nosso cronograma que a gente sempre faz, por mais que haja alguma dúvida se terá carnaval, no Salgueiro, eu e a Marcela a gente não tem essa dúvida. E a gente vai estar bem preparado no dia do desfile. A gente ensaia e treina todos os dias praticamente. Os nossos treinos com Bruno Germano, é um treino, o ensaio específico com a nossa coreógrafa Marcela Gil. Então, estamos nos preparando todos os dias até o carnaval”, revela o mestre-sala.
O Brasil perdeu nesta quinta-feira, dia 20 de janeiro, a cantora Elza Soares, homenageada pela Mocidade Independente de Padre Miguel no desfile de 2020. Aos 91 anos, ela faleceu por causas naturais, segundo sua assessoria de imprensa.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”.
O torcedor e componente da Mocidade viu no desfile da escola em 2020 a realização de um sonho. Há décadas o Independente pedia que Elza Soares fosse homenageada. Chamada de Deusa no título do enredo, a escola homenageou a mulher que sentiu no corpo e na alma as dores da vida. Tornando-se símbolo de resistência e esperança para a comunidade de Padre Miguel.
“Estou muito emocionada com tudo o que vi e tenho certeza que será um desfile lindo. O Jack conseguiu entender a minha vida de uma forma única. Estou ansiosa pelo desfile e pra ver o meu povo de Padre Miguel entrar com muita com muita garra na Avenida. Vamos lutar forte pelo título”, afirmou Elza, na época em que visitou o barracão da Mocidade.
O apresentou Serginho Groisman também se pronunciou sobre a perda de Elza Soares. “Perdemos muito com a ida de Elza. Incrível cantora. Incrível história. Sempre atenta. Muito amorosa sempre e Uma história de superação de preconceitos Uma mulher que vai deixar um legado para a história do Brasil O legado de nunca desistir e sempre resistir”.
A cantora Teresa Cristina também postou nas redes sociais sobre o falecimento de Elza. “Elza é eterna, sempre será. Ainda tô no susto, só penso em agradecer tudo o que ela ensinou”.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, lamentou o falecimento de Elza Soares. “Que tristeza. A história de vida dessa mulher é simplesmente incrível. Nossa “voz do milênio” nos deixou hoje. Tive a honra de contar com o apoio de Elza Soares, uma referência da cultura brasileira. Meus sentimentos aos parentes, amigos e a enorme legião de fãs de Elza!”
Maria Rita falou de Elza Soares: “Uma perda facilmente estimável: descansa uma das maiores do nosso país, representante da resistência e resiliência de seu povo. Dona elza, missão cumprida! E agora começa a nossa missão: celebra-la sempre! que seja recebida em festa, essa incrível mulher de Luz…!”
A Mocidade Independente de Padre Miguel fez uma publicação nas redes sociais:
És a ESTRELA!
Seu povo esperou tanto pra revê-la!
E reviu!
Reviu o seu amor Independente passar na Avenida da forma mais linda possível!
Em 1999, Elza Soares foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, Soares aparece na lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil.
A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, em acordo com as agremiações filiadas, optou por reformular a programação de ensaios técnicos para o Carnaval SP 2022. Os ensaios que estavam agendados para os dias 20, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 29 e 30 de janeiro, portanto, estão desmarcados. A programação de fevereiro, consequentemente, também será alterada.
Foto: Divulgação
Pensando no melhor cenário para seus componentes, as 34 escolas de samba já estão se organizando para a reformulação e, em breve, uma nova grade de ensaios técnicos para o próximo mês será disponibilizada ao público.
O ensaio técnico é uma oportunidade de testar os detalhes planejados para a perfeita execução de um desfile, dentro do tempo estipulado para cada um dos grupos. Para o público, é a chance de assistir, gratuitamente, à simulação do espetáculo que acontecerá nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro.
Conforme o Decreto Estadual 64.959/2020, o uso de máscara cobrindo nariz e boca é obrigatório para todos, desfilantes e espectadores, em quaisquer dependências do sambódromo do Anhembi, salvo as devidas exceções. Para assistir aos ensaios em fevereiro, a apresentação do Passaporte da Vacina também é obrigatória.
Carnaval SP 2022
Os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo acontecem nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro, no sambódromo do Anhembi. O ciclo encerra no dia 5 de março, com o Desfile das Campeãs. Participam da última noite a campeã do grupo de Acesso II, a primeira e a segunda colocada do grupo de Acesso e as cinco escolas com as maiores somas de notas do grupo Especial, incluindo a grande campeã do ano.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) divulgou seu posicionamento sobre os ataques que as escolas de samba vem sofrendo e defendeu a realização dos desfiles, garantindo ter “total capacidade de seguir os protocolos de segurança que forem estabelecidos”. Veja abaixo na íntegra.
Foto: Divulgação/Liesa
“A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) repudia veementemente as notícias e discursos que relacionam os desfiles das Escolas de Samba aos casos da Covid-19 no Brasil. Cabe relembrar que o marco zero das infecções é oficialmente um caso registrado em São Paulo em 26 de fevereiro de 2020, de um paciente que havia viajado para a Itália durante o feriado carnavalesco. Nunca houve a informação, por parte dos órgãos oficiais brasileiros, nacionais, paulistas ou fluminenses, de que o homem em questão tenha contraído a doença no Carnaval ou contribuído com a disseminação dela em eventos do tipo. Em respeito à trajetória de todos os profissionais que têm na festa a sua única fonte de renda, e que estão empenhados em ajudar os brasileiros na superação da pandemia, reforçamos aqui o nosso pedido neste momento-chave que antecede a realização dos desfiles de 2022.
A Liesa pede respeito às instituições do Samba, que reúnem milhares de artistas e componentes, representantes de comunidades e profissionais de diversas categorias que durante todo o ano trabalham nos barracões e quadras dessas Agremiações para realizar a grande festa na Marquês de Sapucaí. A economia criativa do Carnaval merece respeito. O maior espetáculo cultural a céu aberto do país, internacionalmente reconhecido como um dos nossos principais cartões-postais, é fonte de emprego e renda para muitas famílias, que desde o início da pandemia têm sofrido perdas em seus orçamentos. E é essa força da comunidade que compõe a economia criativa do Samba e faz a magia acontecer, gerando um impacto econômico gigantesco. Em 2019, por exemplo, o Carnaval injetou R$ 3,8 bilhões na economia do Rio de Janeiro, segundo dados da Riotur. Foram mais de um milhão e meio de turistas na cidade e a ocupação da rede hoteleira chegou a mais de 90% durante o período carnavalesco.
Cabe destacar que, desde o início da pandemia, as escolas de samba estão seguindo — atuantes — na defesa dos protocolos determinados pelos municípios onde estão sediadas. Em nenhum momento, as agremiações adotaram medidas que fossem contra os decretos e protocolos determinados pelas autoridades. A preservação da vida é uma prioridade para todos nós. Vale lembrar que, logo depois do cancelamento do Carnaval de 2021, a Liesa realizou uma força-tarefa em prol dos profissionais de saúde – que estavam sem material para trabalhar – destacados para o atendimento da população que apresentava os sintomas da Covid 19. A Liga comprou tecidos próprios para a confecção de material hospitalar, acrílico e aviamentos necessários para a confecção de máscaras e aventais. As escolas de samba organizaram um mutirão de costureiras e boa parte do material destinado a médicos, enfermeiros e atendentes passou a ser produzido nos barracões Cidade do Samba. Simultaneamente, milhares de máscaras eram confeccionadas para as comunidades dessas Agremiações. Além disso, desde então, as escolas deixaram de ter o Carnaval como meta principal, e cada uma delas mergulhou em projetos sociais, distribuindo cestas básicas, mantimentos para crianças e tentando preencher lacunas deixadas pelo poder público.
Destacamos que as exigências e as regras restritivas para a realização do Carnaval na Sapucaí devem valer para todos os eventos realizados até o final de fevereiro. Pois se não cabe somente a cobrança de passaporte vacinal para a entrada ao Sambódromo, também não funciona para o acesso a estádios de futebol, shows e demais eventos. A Liesa está atenta e em contato diário com especialistas, autoridades e órgãos competentes para orientar nas melhores decisões em respeito à vida e à dignidade das pessoas, seja na questão de saúde e/ou financeira.
Por acontecer em um ambiente de acesso controlado, a Liessa tem total capacidade de seguir os protocolos de segurança que forem estabelecidos. E reforça que garantir um ambiente seguro para todos os componentes, público e profissionais é uma das suas prioridades. Não há qualquer possibilidade de realizar o evento sem que a segurança de todos os envolvidos não esteja considerada, seja ela qual for. Assim que for aprovado pelas autoridades sanitárias, as quais estamos trabalhando em conjunto desde 2021, divulgaremos todo o protocolo de segurança e sanitário para a realização dos desfiles”.
A Viradouro, atual campeã do carnaval carioca, elevou o nível da competição no Grupo Especial do Rio de Janeiro. Canto da comunidade e do intérprete Zé Paulo, evolução alegre e vibrante, entrosamento bateria e carro de som, tudo está envolvido e encaixado em um clima de paixão e amor ao carnaval. Os ingredientes, mais uma vez, estão reunidos e os componentes seguem afiados e preparados para luta pelo bicampeonato consecutivo, que não acontece desde 2008, quando a Beija-Flor faturou com o enredo “Macapabá: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas ao Meio do Mundo”. A equipe do site CARNAVALESCO esteve no ensaio de quadra da Viradouro, na noite desta terça-feira, e identificou diversos pontos favoráveis para vermelho e branco de Niterói.
O canto está muito forte e os componentes cantam palavra por palavra. A fluência impressiona, trabalho espetacular da direção de harmonia e de carnaval da vermelho e branco. Mauro Amorim, diretor de harmonia, tem o dom de comandar a comunidade sem berrar ou xingar. A “ordem” chega através de sorriso. “Tento ano a ano, não mudar o perfil, mas acabar com o perfil (harmonia brigão). Em todas escolas, o trabalho é muito parecido. O que passou, passou. Era outro mundo. O trabalho evoluiu e as pessoas também. Hoje, as escolas se propõe cuidar das comunidades. É ser mais harmonia e ser menos diretor”, disse Mauro Amorim.
O ensaio de quadra traz a dificuldade avaliar a evolução da agremiação. Na Viradouro, o notado é que o componente não fica parado. Um dos pontos altos está no verso “Tirei a máscara no clima envolvente”. Com uma máscara nas mãos e sem tirar a do rosto, eles giraram como se fosse uma festa de torcedores nas arquibancadas dos estádios de futebol. Ao site CARNAVALESCO, o presidente Marcelinho Calil se mostrou muito contente com o resultado do trabalho.
“Estou muito satisfeito com nossos ensaios. Falta lapidar algumas coisas, caso não faltasse estaria errado no meu cronograma. A gente sempre procura botar a crescente para chegar no desfile no pico. O ensaio de rua é uma peça nesse processo e a gente se adapta. Faltam 5% a 10% finais. São números, ajustes finais. Com muita segurança e confiança no que está sendo feito. É natural e planejado para chegarmos no desfile no ápice, como foi em 2019 e 2020. Posso garantir que será em 2022 também”, disse Calil.
Para o diretor de carnaval, Dudu Falcão, que trabalha com Alex Fab, por mais que a escola esteja preparada para o desfile, sem haverá algo para ajustar até o momento da apresentação no Sambódromo. “Não passa nunca na nossa cabeça que não tem nada para consertar. Tanto que estamos trazendo setores separados para ensaiarem na quadra. Atingir um grau de excelência é árduo, mas manter é mais ainda. Sempre vamos achar que até o último minuto tem algo para ajustar. A gente prega o respeito pelo componente. É uma troca. O momento da vida não é fácil, mas eles entenderam que para ter resultado é necessário ensaiar. Digo que a gente começa o carnaval com 50 diretores de harmonia e terminamos com 3050, porque os desfilantes compram o nosso baraulho”.
O samba-enredo vem sendo conduzido com maestria pelo intérprete Zé Paulo. O calor não afeta o cantor. No fim do ensaio desta terça-feira, ele parecia que tinha tomado um banho de tanto suor e não reclamou, pelo contrário, estaria no palco até agora se fosse possível. “Tem que ser assim. É uma característica minha. Quis trazer essa identidade para o meu trabalho. Isso ajuda na evolução da escola. Quando olham para mim e vejam que estou feliz e cantando, sentem que vão retribuir. Nunca entrei com menos de 100% em ensaio e desfile. Tenho um privilégio de estar na Viradouro há 9 anos. Será assim até o dia em que me aposentar. Ainda é um processo de amadurecimento. Estamos chegando no nível que é para aparar. Processo de maturação. Estamos no momento certo e achando o nível para que o samba possa render tudo que ele possa na Avenida. Cantei grandes sambas. Na Viradouro, o “Alabê” tinha sido grande destaque na minha voz. O “Ensaboa” também me marca muito. O samba de 2022 é desafiador demais, é o samba que mais me entrega para cantar, preciso estar 200% no samba. Perder dois quilos é mole em cada ensaio, explicou.
Mestre Ciça, o mais experiente comandante de uma bateria no Grupo Especial do Rio de Janeiro, deixou o samba perfeitamente encaixado com o ritmo da Furação Vermelho e Branco. A rainha Erika Januza participará da coreografia feita em cima de uma paradinha e mostrou que vestiu a camisa da Viradouro. Na parte técnica é preciso ressaltar a bela performance do naipe de caxias.
“Ainda temos que lapidar e corrigir algumas coisas. Esse período da pandemia está atrapalhando muito, porque perdemos ensaiamos extras. Agora, vamos correr para acertamos os detalhes. Vamos fazer uma bossa duelo entre caixa e repique, a bateria vai ajoelhar, terá coreografia da rainha, será um negócio bacana. Estamos ensaiando muito, mas precisamos de mais ensaiamos. Conversei com os ritmistas e quem não estiver vacinado no dia da entrega da fantasia não poderá desfilar. O comprovante será exigido. Esperava realmente o encaixe do samba com a bateria. Colocamos um andamento legal para o samba e na quadra cresceu demais. A pegada está ótima. Não é correria, o nosso andamento é confortável demais. Essa é a nossa proposta. Não é só do mestre, mas da escola. A gente senta com todas pessoas envolvidas no carnaval para acertarmos o andamento e entendermos o que a escola quer. Nada é feito sem ser planejando”, afirmou mestre Ciça.